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3. METODOLOGIA

3.1. Estudo de impactos de poluição por esgotos domésticos

3.1.2. Coletas realizadas

Ao todo foram realizadas dezesseis campanhas de coleta de amostras

de água, sendo a primeira realizada como piloto, com intuito de estabelecer

definitivamente pontos de coleta de relevância sanitária, pertinentes aos objetivos do

estudo.

Em coleta piloto foram realizados dez pontos de amostragem ao longo

do Rio Betarí, no mês de novembro de 2001 (Anexo). Neste momento a principal

finalidade foi verificar entre locais distintos a montante, nas proximidades e a jusante

do Bairro da Serra, pontos de coleta que pudessem demonstrar o efeito do

lançamento de esgotos, principalmente daquelas cargas poluidoras oriundas do

referido bairro. Desse modo, alguns pontos foram estabelecidos em área de

influência de pluma de confluência com córregos tributários, como os que cortam o

Bairro da Serra e sofrem grande influência de lançamento de esgotos domésticos.

Contudo, a realização dessa campanha piloto demonstrou que a grande interferência

de fatores ambientais no ambiente lótico nas proximidades dessas áreas de

confluência dificultaria a interpretação de dados obtidos. Nesse sentido, optou-se por

estabelecer seis pontos de coleta de amostras de água definitivos, os quais foram

visitados durante as demais quinze campanhas de coleta.

Figura 2: Pontos de coleta no Rio Betarí e em córregos afluentes nas proximidades

do Bairro da Serra

Figura 4: Bacia hidrográfica do Rio Betarí,

uso e ocupação da terra em 2000

e pontos de coleta de amostras de água

Legenda

Atividades agropecuárias

Adensamentos populacionais

Vegetação natural

Rios

Rio Betarí

N

Fonte: IBGE escala 1:50.000

INPE, 2000 (apud Domingos 2002)

A seguir, apresentam-se fotos e descrição dos pontos de coleta:

Foto 6: Ponto 3 - Rio Betarí no remanso à montante da confluência com Córrego Monjolo

Com relação aos córregos tributários do rio Betarí utilizados para

coletas de água vale descrever características básicas dos mesmos.

O córrego Seco, correspondente ao ponto 2 de coleta, provém de uma

ressurgência de caverna de mesmo nome, constituindo-se como curso d’água

intermitente, de fluxo d’água interrompido durante a maior parte do ano, em outros

momentos com fluxo lento (GERHARD 1999), apresentando ocasionais correntezas

sob influência de fortes chuvas nos arredores.

O córrego Monjolo, também possui fluxo lento, no entanto com vazão

mais constante. Tanto o córrego Monjolo como o Seco cortam áreas mais

densamente ocupadas do Bairro da Serra, sendo passíveis de indicar poluição por

esgotos domésticos.

O córrego do Gaúcho, proveniente da caverna Lago Suspenso,

aparenta maior vazão do que os dois anteriores, certamente em decorrência de seu

maior curso, entretanto, corta porção do Bairro da Serra de menor densidade de

ocupação. Quanto a esse tributário foi decidido realizar a coleta na pluma de

lançamento do mesmo no rio Betarí, esperando com isso verificar lançamento de

cargas poluidoras provenientes de áreas mais à montante no bairro.

O número de 15 coletas realizadas posteriormente à coleta piloto foi

determinado no sentido de efetuar coleta de dados sazonal, também com a

preocupação de se verificar possíveis associações entre visitação turística na região e

níveis de poluição por esgotos domésticos nos corpos d’água. Todas as coletas foram

realizadas aos domingos com intuito de dar entrada de material em laboratório às

segundas-feiras, possibilitando realização de análises de acordo com a

disponibilidade dos técnicos nos laboratórios de Análises Físico-Quimicas e

Microbiológicas da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Alguns dias de coleta foram escolhidos em razão de coincidência com feriados

prolongados, ocasiões em que a visitação ao PETAR é intensa, suscitando maior

preocupação quanto à poluição dos corpos d’água, sobretudo nas proximidades do

Bairro da Serra.

Em consideração à massificação do turismo deflagrada em finais de

semana prolongados, sobretudo no Núcleo Santana, momentos em que o Bairro da

Serra recebe grande acréscimo de população flutuante, algumas coletas de água

foram efetuadas coincidentemente a essas datas de maior concentração turística.

Diante do fato de que os visitantes do Núcleo Santana hospedam-se em grande parte

no Bairro da Serra, torna-se conveniente registrar o fluxo turístico nesse núcleo com

intuito de obter indicação da flutuação populacional nesse bairro em área de entorno.

Assim, procurando registrar número de visitantes inclusive de feriados prolongados,

tomou-se informação na guarita de acesso do Núcleo Santana do somatório de

visitantes em quatro dias, em período correspondente à coleta, somando-se, portanto,

o número de visitantes da quinta, sexta, sábado e domingo – dia de realização das

coletas.

Considerando que a pluviosidade determina grande variação nas

vazões dos corpos d’água locais, propiciando a diluição e substancial interferência

nos valores de parâmetros de qualidade de água, foi realizado o somatório das alturas

pluviométricas diárias locais em quatro dias, também compreendendo o dia de coleta

e os três dias anteriores. A decisão de utilizar esse somatório pluviométrico baseia-se

na observação de dias com ocorrência de elevado índice pluviométrico e em estudo

das características da vazão da bacia do Rio Betarí realizado por Domingos (2002),

demonstrando a rapidez com que chuvas atingem o curso desse rio e o retardo no

escoamento de chuvas muito volumosas em decorrência de peculiaridades locais do

carste.

A datas de realização de coletas foram:

9 Coleta N

o

2: 24/02/2002

9 Coleta N

o

3: 31/03/2002

9 Coleta N

o

4: 21/04/2002

9 Coleta N

o

5: 12/05/2002

9 Coleta N

o

6: 02/06/2002

9 Coleta N

o

7: 23/06/2002

9 Coleta N

o

8: 14/07/2002

9 Coleta N

o

9: 25/08/2002

9 Coleta N

o

10: 15/09/2002

9 Coleta N

o

13: 15/12/2002

9 Coleta N

o

14: 02/02/2003

9 Coleta N

o

15: 23/02/2003

9 Coleta N

o

16: 09/03/2003

Por solicitação da Associação Serrana Ambientalista, coletas

complementares foram realizadas, em virtude da preocupação com possível

contaminação ambiental nas imediações do Núcleo Santana e os pressupostos riscos

para a saúde pública, sobretudo para aqueles que freqüentam o Rio Betarí no Núcleo

Santana e o utilizam como fonte de água para fins recreacionais e potáveis. Assim, a

coleta de número 12 contou com amostragem adicional nas seguintes localidades:

• Ponto 7: Bica de "água potável" no núcleo Santana

• Ponto 8: Rio Betari a montante do camping no núcleo Santana

• Ponto 9: Rio Betari a jusante do camping no núcleo Santana

• Ponto 10: Rio Betari a jusante da cachoeira do Couto

Também na coleta de número 15 houve nova amostragem no ponto 7,

tendo em vista a suspeita de contaminação desta que é fonte de água potável para

visitantes, guias e funcionários do Parque.

Foto 10: Ponto 7: “Água Potável”