3.1.3. Parâmetros utilizados; métodos de coleta e análises laboratoriais.
Todas as amostras foram coletadas na porção superior dos corpos
d’água em frascos de polietileno e de vidro âmbar. As amostras foram refrigeradas
em temperatura de 2 a 8
oC em caixa de isopor, e encaminhadas para análise em
laboratórios de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo. As coletas e análises laboratoriais foram
realizadas em acordo com "Standard methods for the examination of water and
wastewater” (APHA, AWWA, WPCF 1993).
Segue indicação dos parâmetros e métodos utilizados para estudo de
qualidade de água:
• Coliformes Totais e Coliformes Fecais: determinação do número
mais provável (NMP/100 ml) pelo método de tubos múltiplos;
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): 5 dias de incubadora a
20
oC;
• Demanda Química de Oxigênio (DQO): Oxidação da matérica
orgânica em meio ácido (dicromato de potássio);
• Fósforo Total: Método Espectrofotométrico (digestão e reação
com molibdato de amônio e acído ascórbico);
• Nitrogênio Total: Método Titulométrico (digestão e destilação da
amônia)
• pH laboratório: método potenciométrico – medidor de pH
DMpH-2 – Digimed;
• pH campo: fita de pH Merck.
3.2. Obtenção de dados complementares
Os dados complementares foram obtidos em processo de interação
deste autor com a dinâmica local por meio das visitas a campo, onde além da
realização de coletas, também houve a visitação a atrativos turísticos e a sede do
parque na cidade de Apiaí / SP, condução de grupos em visita a atrativos naturais,
visitas técnicas em locais de disposição de resíduos sólidos do município de
Iporanga, e finalmente, entrevistas a funcionários do parque e de outras instituições,
moradores, lideranças locais e demais pessoas envolvidas com o ecoturismo. A rigor,
para a obtenção de dados em entrevistas não foi aplicado qualquer questionário
estruturado que objetivasse a tabulação de dados, mas sim, foram realizadas
consultas sobre assuntos específicos, cujas respostas tiveram devido registro como
comunicação pessoal.
As atividades de visitação a atrativos turísticos e de condução de
grupos foram muito proveitosas para melhorar o conhecimento das dinâmicas de
visitação na respectiva unidade de conservação, processo que fomentou interpretação
sobre os problemas oriundos da visitação turística, bem como devido entendimento
da fragilidade do patrimônio ambiental acessível ao turismo. Os atrativos visitados
no decorrer da pesquisa estão relacionados no capítulo 4, especificamente no item
4.5. Atrativos turísticos.
Dentre os grupos conduzidos no decorrer deste estudo constam alunos
de curso técnico do Programa Comunidade Solidária (novembro de 2000), alunos do
curso de graduação em enfermagem do UniFMU (julho de 2002), colegas e
colaboradores desta pesquisa provenientes, em maioria, da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo (em sucessivas viagens no ano de 2002).
Considerando a evolução da visitação turística como de grande
relevância para a problemática ambiental na região de estudo, obtiveram-se dados de
visitação turística ao PETAR na sede do parque na cidade de Apiaí e também na
portaria do Núcleo Santana.
4. CENÁRIO DE ESTUDO
Os elementos componentes desse capítulo foram obtidos por meio do
conhecimento gerado em visitas a campo assim como em pertinente levantamento
bibliográfico. A apresentação do conteúdo que se segue objetiva a fomentar as
discussões posteriores quanto a ecoturismo, impactos ambientais e desenvolvimento
social na área de estudo.
4.1. Patrimônio Natural do Alto Vale do Ribeira
Na estrada que liga Iporanga a Apiaí têm-se, no alto da Serra de
Paranapiacaba, um mirante do qual é possível avistar o profundo vale do Rio Betarí.
A quem contempla tão bela paisagem é possível notar um pouco do rico patrimônio
natural desde as altitudes que se avista passando pelas íngremes encostas e até o
distante fundo do vale, que abriga o leito desse rio de águas cristalinas escondidas de
quem observa de cima pela densa e vigorosa cobertura vegetal.
Registra-se que o vale deste curso d’água segue padrão extremamente
inclinado e retilíneo em forma de “V”, fisiografia peculiar decorrente da ação
desigual de agentes erosivos nas lentes de calcário e filito (CHÁVEZ 1986 apud
ALLEGRINI 1997).
Enquanto patrimônio ambiental local destacam-se as bacias
hidrográficas do Rio Pilões, do Rio Iporanga e do Rio Betarí, esta última, de grande
significado no presente estudo. A bacia do Rio Betarí apresenta bom estado de
conservação, com antropização em 5,70% de sua área de 216.734 Km
2(figura 4),
indicando um avanço de 1,12% de área antropizada entre os anos de 1986 a 2000,
permanecendo então com 94,30% de área coberta por vegetação natural. A situação
de conservação da cobertura vegetal na bacia do Rio Betarí apresenta contraste com
demais regiões do Estado de São Paulo, isso se deve aos insucessos em termos de
desenvolvimento econômico, condicionados em parte pela inadequação dos solos à
agricultura, relevo acidentado, dificuldades de acesso e a existência de instrumentos
legais que protegem a região de atividades predatórias como a mineração
(DOMINGOS 2002).
No sentido de melhor observar a diversidade natural do Alto Ribeira é
preciso percorrer o interior dos vales, observar os rios com suas corredeiras, as
inúmeras cachoeiras, a cobertura vegetal com os aspectos de seus diferentes estratos
e, sobretudo, as cavernas com intrínsecos sistemas de drenagem subterrânea,
compreendendo sumidouros e ressurgências por meio dos quais a água percorre
tortuoso caminho até o Ribeira de Iguape.
No tocante aos solos da região, MANTOVANI (1994) cita que “os
principais solos encontrados sobre a Serra de Paranapiacaba são rasos (como os
Solos Litólicos e os Cambissolos, ocorrendo ainda os Solos Podzólicos
Vermelho-Amarelos e os Latossolos Vermelho-Vermelho-Amarelos) em geral pobres em nutrientes e
ácidos, podendo haver associações e gradações entre vários deles”.
No documento
Ecoturismo e impactos ambientais na região de Iporanga – Vale do Ribeira – São Paulo
(páginas 64-68)