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O Uso da Tecnologia de Informação nas Empresas

2.2 Comércio Eletrônico 1 Conceituação

Comércio Eletrônico (CE) tem encontrado definições diversas no trabalho de diversos autores, usadas em diferentes contextos e propósitos. Para Cameron (1997), o CE inclui qualquer negócio transacionado eletronicamente, onde estas transações ocorrem entre dois parceiros de negócio ou entre um negócio e um cliente.

Já para Kalakota e Whinston (1997), o CE deve é definido a partir de perspectivas, a saber: (a) de Comunicação, o CE caracteriza a entrega de informação, produtos ou serviços por meio de redes de computadores, linhas de telefone ou qualquer outro meio eletrônico; (b) de Processo de Negócio, o CE constitui-se no uso de tecnologia para automatização de transações e fluxos de dados; (c) de Serviço, o CE é uma ferramenta que possibilita às empresas o corte de custos enquanto melhora a qualidade das mercadorias e aumenta a velocidade da entrega do serviço; e (d) On-line, o CE possibilita a compra e venda de produtos e informações na Internet e em outros serviços on-line.

Já em relação às aplicações, segundo os mesmos autores, o CE pode ser dividido em três grandes grupos, em função dos elementos envolvidos: entre organizações diferentes, dentro de uma mesma organização e entre a organização e o indivíduo.

Outros autores, como Bloch et al. (1996), sugerem que o CE é suporte para qualquer tipo de transações de negócio sobre uma infra-estrutura digital. Finalmente, a definição mais completa encontrada, visto que as outras, em sua grande maioria, se complementam, é que Comércio Eletrônico pode ser entendido como

a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, através da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo os objetivos de negócio. Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial, incluindo as transações negócio-a-negócio (B2B), negócio-a-cliente (B2C) e intraorganizacional, numa estrutura predominantemente pública de fácil e livre acesso e baixo custo. (ALBERTIN, 2004a, p. 15)

Este mesmo pesquisador propõe um modelo integrado para esta atividade. Este desenvolvimento teórico, apresentado no Esquema 03, está detalhado a seguir.

Esquema 03 - Modelo Integrado de Comércio Eletrônico.

O modelo integrado utiliza o conceito de camadas. Estes elementos compõem o próprio ambiente de Comércio Eletrônico e sua integração com o ambiente empresarial.

Políticas e regras públicas

As políticas e as regras públicas estão relacionadas com aspectos legais, regulamentação dos setores e mercados e com as normas oficiais.

Políticas e padrões técnicos

Políticas e padrões técnicos estão relacionados com aspectos de padronização para a compatibilização dos componentes do ambiente técnico, políticas de tratamento e comunicação de informações e interfaces.

Infovia pública

A infovia pública é a rede formada tanto pela rede mundial Internet como pelos serviços on- line que tenham ligações com ela. A ênfase é o acesso livre e de baixo custo e a integração entre os vários ambientes sem nenhuma restrição

Aplicações e serviços genéricos

As aplicações e os serviços genéricos são aqueles oferecidos pelo ambiente, por meio de seus provedores, serviços on-line e fornecedores, disponíveis a todos. O correio eletrônico é um exemplo típico.

Aplicações de comércio eletrônico

As aplicações de CE são as desenvolvidas com base nas camadas anteriores que atendam às necessidades de uma organização ou grupo delas, tais como home banking e shopping centers virtuais.

Estas quatro primeiras camadas podem ser consideradas como a infra-estrutura do Mercado Eletrônico. Já a seta de duas direções que transpassa as diversas camadas determina a influência que uma exerce sobre as demais, bem como a influência recebida. Se por um lado essa influência inclui que uma camada está limitada pelas restrições impostas pelas outras assim como limita às demais, por outro uma camada garante que as outras possam existir e fornece a base e os recursos para que as demais possam desenvolver-se.

Finalmente, é interessante ressaltar que para outros autores e diversas empresas importantes na área de tecnologia de informação o entendimento sobre este conceito varia. Por exemplo, a IBM define e-Business como sendo uma forma segura, flexível e integrada de fornecer valor a gestão, pela combinação de sistemas e processos, de forma simples e eficiente, alavancada pela aplicação de tecnologia da internet. Como resultado, o e-Business passa a englobar todo o conjunto de sistemas de uma empresa que, interligado aos sistemas de diversas outras organizações, interage de modo a viabilizar as transações comerciais.

2.2.2 Redes de Negócios Digitais: as business-webs

Em seu trabalho, Tapscott et. al (2001) defendem que a era industrial foi um período caracterizado pela existência de gigantescas corporações verticalizadas, isto é, que executavam a maioria das atividades da cadeia produtiva desde a elaboração das matérias- primas até a entrega do produto ao consumidor final. Entretanto, nesta mesma obra, com a chegada da era da informação, os autores identificam uma nova forma de fazer negócios: um conjunto de colaboradores interligados em rede e de maneira fluida (às vezes altamente estruturados e às vezes amorfos) se reúne na Internet para criar valor para os clientes e riqueza para seus acionistas. Estes sistemas são definidos como redes de negócios ou business webs (b-webs).

São três as estruturas principais do universo b-web, a saber:

(a) Empreendimentos, equipes e indivíduos interligados em rede.

São os componentes fundamentais de colaboração e concorrência da b-web. Tipicamente, qualquer entidade individual participa de várias b-webs, inclusive concorrentes. Como exemplo, a Microsoft tem sua própria b-web e também participa como desenvolvedor licenciado na b-web concorrente Java.

(b) As próprias b-webs; e

(c) O ambiente da indústria, que é o distinto na qual as várias b-webs concorrem. O Esquema 04 ilustra as três fases da evolução corporativa para a formação das b-webs.

Esquema 04 - Evolução para as b-webs.

Para que uma b-web seja caracterizada, Tapscott et al. (2001) definem nove diferentes dimensões, descritas a seguir.

1. Infra-estrutura de Internet

Usam a Internet como sua principal infra-estrutura de comunicação e de transações comerciais.

2. Inovação da proposta de valor

Oferece uma nova proposta de valor exclusiva que torna obsoleto o antigo modo de fazer as mesmas atividades.

3. Mecanismo de capacidade

Arregimenta as contribuições de muitas empresas participantes. Os lideres das b-webs dependem dos parceiros para maximizar o retorno sobre o capital investido.

4. Cinco classes de participantes

Uma estrutura de b-web típica inclui cinco tipos de colaboradores de valor.

? Clientes que não apenas recebem como também fornecem valor a b-web.

? Provedores de contexto que facilitam a interface entre o cliente e a b-web. Um provedor de contexto lidera a coreografia, a realização do valor e as atividades de regulamentação do sistema.

? Provedores de conteúdo que projetam, fazem e entregam as formas intrínsecas do valor (bens, serviços ou informações) satisfazendo, assim, as necessidades dos clientes.

? Provedores de serviços comerciais que agilizam o fluxo do negócio, inclusive as transações e a gestão financeira, a segurança e a privacidade, a gestão da informação e do conhecimento, a logística e a entrega.

? Provedores de infra-estrutura que são os responsáveis pelas comunicações e pelo processamento computacional, pelos registros eletrônicos e físicos, pelas estradas, construções, escritórios e afins.

5. “Coopetição”

Os participantes das b-webs cooperam e competem uns com os outros. 6. Centrada no cliente

Concentram-se no valor para o cliente, cultivando relacionamentos mútuos e atendendo às necessidades dos clientes individuais no ponto da necessidade.

7. O Contexto é essencial

O provedor de contexto administra os relacionamentos com os clientes e orquestra as atividades de criação de valor de todo o sistema.

8. Regras e Padrões

Os principais participantes conhecem e aderem às regras do compromisso da b-web. 9. É embebida em conhecimento

Os participantes da b-web trocam uma variedade de dados, informações e conhecimento.

Finalmente, é relevante destacar que nem todas as b-webs são iguais. Tapscott et al. (2001) classificam-nas segundo duas dimensões principais: controle econômico e integração de valor. O primeiro estabelece que estas redes podem ser altamente hierarquizadas, onde um líder controla o conteúdo da proposta de valor, a precificação e o fluxo de informações até uma

b-web auto-organizada, onde o mercado e sua dinâmica definem o valor e o preço dos bens e

serviços. Já a segunda dimensão, varia segundo a intensidade de agregação de valor onde este último é definido como o benefício que um usuário ganha de um bem ou serviço. A combinação deste dois parâmetros define, como ilustrado no Esquema 05, os cinco tipos de b-webs: ágora, agregação, cadeia de valor, aliança e rede distributiva.

Esquema 05 - Tipologia das b-webs.

ÁGORAS