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Análise dos Elos da Cadeia de Suprimentos de Autopeças

2 Fabricantes de Autopeças (Não-sistemistas)

9.2 Análise das Características dos Elos da Cadeia de Autopeças

9.2.3 A Dimensão do Grau de Relacionamento

O comportamento geral do grau de relacionamento entre as empresas nos processos estabelecidos guarda uma semelhança com os gráficos de integração dos processos. No caso do canal oficial, cujos resultados são ilustrados no Gráfico 56, observa-se que, tanto as montadoras como as empresas fornecedoras de matéria-prima, possuem um grau de confiança e comprometimento declarado maior do que o das fabricantes de autopeças em todas os processos pesquisados. Em termos numéricos, os dois primeiros oscilam entre 4,0 e 5,0 (de moderado a alto grau de confiança e comprometimento), enquanto que as empresas sistemistas e não-sistemistas variam entre 3,5 a 4,5 (de baixo a moderado grau de confiança e comprometimento).

Outro aspecto também merece atenção: as curvas das montadoras e dos fabricantes de autopeças guardam uma alta correlação, embora os valores absolutos sejam significativamente diferentes. Este fenômeno reflete a assimetria de poder estabelecida nas relações entre estes elos e que pode ser observada em todas as áreas da empresa. Este mesmo fato não ocorre entre os outros elos da cadeia. Ainda que a assimetria continue existindo, ela é verificada de maneira diferente nas diversas atividades da empresa. Em algumas áreas ela se reflete com mais intensidade e em outras com menos. Um exemplo notório é o igual grau de relacionamento entre os fabricantes de autopeças não-sistemistas e os fabricantes de matéria- prima no processo de compras (aproximadamente 4,2). Esta equivalência já não ocorre no processo de logística de entrada onde a diferença é maior do que meio ponto na escala adotada. Por último, neste canal, é importante verificar os baixos índices de confiança e comprometimento das concessionárias em quase todos os processos pesquisados. Este resultado é o reflexo direto das históricas e constantes disputas comerciais entre as montadoras e seus canais oficiais de distribuição. As políticas de preços e de quotas são apenas dois ingredientes neste longo rol de obstáculos a serem vencidos.

1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 Planejamento Compras

Relacionamento nos Processos

Média das Respostas em cada Elo

Fornecedores de Matéria-Prima Fabricantes de Autopeças (Não-sistemistas)

Fabricantes de Autopeças (Sistemistas) Montadoras

Concessionárias

No canal independente também se observam semelhanças entre o comportamento geral do grau de relacionamento entre as empresas com os níveis de integração de seus processos. O maior destaque do Gráfico 57 é, infelizmente, negativo. Percebe-se que o grau de confiança e comprometimento na grande maioria das empresas responsáveis pela distribuição, comercialização e aplicação das autopeças é muito baixo quando não são nulos. Este fato revela o enorme distanciamento nas relações entre os elos que fabricam as autopeças e os que as comercializam no canal independente. Da mesma forma com que ocorre na integração de processos, este acentuado desnivelamento também compromete o desempenho e, conseqüentemente, a competitividade da cadeia.

1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0

Planejamento Gestão de RH Des. Tecnológico Compras Logística de Entrada Operação Logística de Saída Operações Comerciais Serviços Pós- Venda Relacionamento nos processos

Média das Respostas em cada Elo

Fornecedores de Matéria-Prima Fabricantes de Autopeças (Não-sistemistas)

Fabricantes de Autopeças (Sistemistas) Distribuidores Independentes

Varejistas Independentes Reparadores Independentes

9.3 Considerações Finais do Capítulo

Este capítulo tratou da análise do desempenho dos elos da cadeia de suprimentos da indústria de autopeças brasileira. Inicialmente, com o modelo matemático obtido previamente, a performance média de todos os elos desta cadeia foi determinada. A partir destes valores, procedeu-se uma discussão sobre os diversos aspectos relevantes para este tema.

Na seqüência, as características dos elos desta cadeia, classificadas segundo as dimensões da utilização de recursos de TI, da integração dos processos interempresariais e do grau de relacionamento entre as organizações, foram descritas e analisadas com profundidade.

Entende-se, assim, que a meta de se elaborar um panorama sobre a atual situação da cadeia de autopeças, observada sob a perspectiva do desempenho de seus elos, foi atingido. Na seqüência, o último capítulo deste trabalho endereça as principais conclusões e contribuições desta pesquisa e evidencia as limitações do estudo. Por fim, apresentam-se algumas sugestões para estudos futuros, abertos a partir dos direcionadores de pesquisa desta tese.

Capítulo 10

Conclusões

Nestas últimas décadas, verifica-se que o ambiente de negócios vem passando por rápidas e intensas mudanças provocadas pelo fortalecimento da economia global, pela transformação de economias e sociedades industriais em economias de serviço, e pelo aparecimento da empresa digital. Estas alterações provocaram um aumento significativo da competição em todos os setores do mercado onde, fatalmente, nem todas as empresas sobreviverão. É em meio a este complexo cenário, que as organizações vem, incessantemente, buscando alternativas para aumentar sua produtividade, qualidade de serviço e capacidade de competir.

Uma das iniciativas mais relevantes, que se encontram no leque de opções dos executivos para fazer frente a estes desafios, é a implementação do processo de administração estratégica. O seu objetivo é compatibilizar as condições de um mercado em acelerada transição, com a estrutura das capacidades, competências e recursos de uma empresa em constante evolução, de modo que ela alcance vantagens competitivas e aufira retornos superiores à média.

Dentre os pilares que apóiam a administração estratégica, a gestão da cadeia de suprimentos constitui-se em um dos elementos importantes de sustentação desta plataforma. Neste novo ambiente, a probabilidade de que uma empresa seja bem-sucedida está diretamente relacionada com a sua competência e habilidade de administrar, ou participar ativamente da gestão, da cadeia de suprimentos na qual ela está inserida. Muitos pesquisadores chegam a apontar que, no limite, a concorrência deixará de ocorrer entre empresas para acontecer entre cadeias de suprimentos. Este contexto, portanto, faz com que o desempenho da organização, quando observada sob a perspectiva da sua atuação como elo de uma cadeia, passe a ter valor estratégico.

Por outro lado, infelizmente, ainda existe uma acentuada carência de modelos analíticos robustos que possam auxiliar tanto na avaliação do desempenho da cadeia de suprimentos e de seus elos, como também nas tomadas de decisões referentes à priorização de iniciativas que objetivem melhorias sistêmicas. O resultado, no cotidiano gerencial, é que muitas decisões são tomadas com base na experiência, intuição ou fé, sem que as questões tenham sido objetivamente estruturadas e equacionadas.

Neste cenário, a rede de suprimentos da indústria de autopeças brasileira é, em particular, uma das que mais sofre pela ausência destas ferramentas para auxílio à tomada de decisão. O elevado número de participantes em todos os níveis da cadeia; a grande heterogene idade das organizações, sob o ponto de vista do nível tecnológico e de estruturação interna; o mercado- alvo pulverizado e geograficamente disperso, conjugado com os altos custos de logística física, são alguns dos motivos que justificam a afirmação. Estes fatos fazem com que, certamente, esta indústria esteja entre os setores que maior retorno poderia auferir de uma gestão eficiente de seus elos e da sua cadeia de suprimentos.

Este trabalho teve como objetivo principal identificar quais são os aspectos, tecnológicos e os relacionados à integração de processos interempresariais, que impactam no desempenho de uma empresa atuando como elo de uma cadeia de suprimentos. Utilizou-se, para tanto, a indústria brasileira de autopeças como campo de investigação para este estudo, dado os argumentos apresentados anteriormente.