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Modelagem do Desempenho dos Elos para a Cadeia de Autopeças

8.2 Identificação dos Fatores

O referencial teórico descrito nos capítulos anteriores aponta para um conjunto de trinta e seis indicadores que podem influenciar o desempenho dos elos de uma cadeia de suprimentos. Nesta etapa, a partir da Análise Fatorial Exploratória, identificam-se quantas e quais são as dimensões que podem substituir o conjunto original de variáveis correlacionadas.

O primeiro passo é calcular o grau de associação entre as variáveis para se avaliar, preliminarmente, a adequabilidade da técnica. A matriz de correlação é apresentada no Apêndice B. Pelos resultados, pode-se observar que existem variáveis com alto grau de inter- relação. Portanto, pode-se concluir que há grande probabilidade de se obter resultados satisfatórios.

A próxima análise refere-se à adequação da amostra ao estudo. Para tanto, calcula-se a Medida de Adequação da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin. Esta estatística indica a proporção da variância nas variáveis escolhidas que podem ser explicadas pelos fatores implícitos. Valores próximos de 1,0 (um) indicam que a análise fatorial deve ser útil para este conjunto de variáveis. Por outro lado, valores inferiores a 0,50 indicam justamente o contrário, ou seja, que esta técnica não deve produzir bons resultados.

Ainda, como parte desta etapa, deve-se proceder também o Teste de Esfericidade de Bartlett. Este processo verifica a probabilidade da matriz de correlação ser uma matriz identidade. Caso não haja evidências empíricas para se rejeitar esta hipótese nula, deve-se aceitar a alternativa de que as variáveis selecionadas não são correlacionadas. Conseqüentemente, a Análise Fatorial Exploratória não será capaz de produzir resultados satisfatórios.

No caso do presente trabalho, pode-se afirmar que esta técnica estatística é adequada, face aos bons resultados obtidos. Estes valores estão apresentados abaixo.

? Medida de Adequação da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin = 0,887.

? Teste de esfericidade de Bartlett ?2 = 6233,403.

Graus de Liberdade = 630. Sig. =0,000.

De posse destes resultados positivos, parte-se para a escolha do método de extração dos fatores. No presente trabalho, opta-se pelo cálculo das dimensões a partir das componentes principais, uma vez que a preocupação maior é se determinar o número mínimo de fatores que respondem pela máxima variância nos dados, que serão utilizados nas análises multivariadas subseqüentes.

A seguir, deve-se determinar do número de fatores a serem extraídos. Nesta pesquisa, optou- se pela utilização do critério de determinação com base nos autovalores por ser a técnica mais usada e aceita neste tipo de trabalho (HAIR et al., 1998). A partir dos cálculos executados (Apêndice B), observa-se que existem três fatores com autovalores superiores a 1,0. São eles que sumarizam as trinta e seis variáveis escolhidas a partir do referencial teórico. É importante ressaltar que estas mesmas três dimensões também seriam selecionadas, caso se tivesse optado tanto pelo critério de determinação dos fatores com base no Scree Plot ou com base na Percentage m da Variância Explicada (79,9%). Este fato faz com que o resultado seja ainda mais consistente.

A quinta etapa, conforme dita a metodologia apresentada, é a escolha do método de rotação. No presente caso, opta-se pelo processo varimax por produzir fatores não-correlacionados, ou seja, independentes. A intenção é facilitar a análise de regressão múltipla subseqüente evitando-se, assim, a multicolinearidade. Os resultados, apresentados no Apêndice B, permitem agrupar as trinta e seis variáveis nas três dimensões conforme as suas maiores cargas.

Uma vez identificados os fatores e as variáveis que os oneram fortemente, a última etapa é reservada à interpretação destas dimensões. O primeiro fator (F1), responsável por 67,7% da variabilidade do conjunto inicial de indicadores, sintetiza todas as variáveis relacionadas à integração dos processos (P1 a P9) acrescidas as variáveis de tecnologia relacionadas com a infra-estrutura de apoio e transacional (T1 a T8). Esta dimensão deve ser entendida como todo o esforço de alinhamento e harmonização dos processos inter e intra-empresariais apoiados em uma plataforma de TI.

A segunda dimensão (F2), que responde por 8,2% das variações, resume todas as variáveis relacionadas com a magnitude do relacionamento entre as organizações (R1 a R9), sendo mensuradas pelo grau de confiança mútua e comprometimento. Finalmente, o último fator identificado pela Análise Fatorial (F3) sumariza as variáveis associadas à infra-estrutura de TI informacional e estratégica (T9 a T18). Este fator conjuga, pois, tanto os aplicativos que provêem a informação necessária para a gestão da empresa como também os recursos tecnológicos que viabilizam ganhos de vantagem competitiva. Esta dimensão responde por 4,0% da variabilidade do conjunto das 36 variáveis selecionadas inicialmente.

É importante verificar que estes três fatores, que impactam o desempenho dos elos da cadeia de suprimentos, são os mesmos que foram identificados pelo modelo teórico construído anteriormente. Este resultado vem, portanto, conferir maior credibilidade ao desenvolvimento teórico realizado no sexto capítulo.

Uma vez que a primeira parte da pergunta de pesquisa tenha sido respondida, a próxima questão diz respeito à mensuração do impacto de cada um destes fatores sobre a performance dos elos da cadeia. Para tanto, é necessário, primeiro, validar-se a escala de desempenho para, em seguida, estabelecer a relação quantitativa causal.

8.3 Validação da Escala de Desempenho

A partir das respostas colhidas nos 85 questionários para as variáveis D1 a D12, e como auxílio do software SPSS®, testou-se a unidemensionalidade destes indicadores. Logo a seguir, são apresentados os valores referentes à técnica mais aceita para verificação da consistência interna: o Alfa de Cronbach e o teste de Hotelling.

? Alpha de Cronbach = 0,9837.

? Hotelling's T-Squared = 30,1571 F = 2,4152 Prob. = 0,0126.

Como pode ser apurado, o resultado assegura, com alto grau de confiança, a unidimensionalidade da escala de desempenho elaborada a partir dos doze indicadores (D1 a D12). O resultado completo do teste acima e de outras três outras técnicas empregadas (Guttman, Paralelo e o Paralelo Stritu) são apresentadas no Apêndice C. Vale destacar que os resultados são altamente satisfatórios em todos os testes realizados.