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Nesse tópico tentaremos elucidar qual a visão que os professores têm acerca dos Currículos Oficiais Prescritos e Vigentes que são apresentados. As questões propostas tendem a permitir uma análise de quais são as concepções desses profissionais, que lidam de forma direta com o ensino e aprendizagem de Matemática, quanto à utilização do currículo apresentado. É intenção explicitar se eles tem autonomia para realizar escolhas dos conteúdos a serem ensinados na sala de aula e ainda, se trabalham de maneira linear ou com uma proposta mais dinâmica, retomando os conteúdos em diversos contextos além de estabelecerinterfaces com outras áreas de conhecimento e conexões entre os diversos temas matemáticos propostos para o ano letivo em que lecionam.

A seguinte pergunta foi aferida aos professores: “Você tem autonomia

para elaborar o currículo de matemática”?

Como resposta da questão, obtivemos de cada professor brasileiro:

PBR1: “Acredito que indiretamente, por meio da formação de professores que a Prefeitura de São Caetano do Sul oferece. Nessas formações tenho aprendido que é importante rever minha postura em sala de aula e sobre as escolhas de sequências didáticas que apresento aos alunos. No entanto não posso fugir do que é proposto pela secretaria de Educação daqui.”

PBR2: “Sim e neste ano faremos nas primeiras semanas iniciais, uma avaliação diagnóstica, para depois decidirmos o currículo, mas sempre abordando os conteúdos da Proposta Curricular do Estado de São Paulo.”

PBR3: “Sim, desde que não fuja muito dos conteúdos da Proposta Curricular e que contemple a continuidade deste currículo. Neste ano, por exemplo, aplicaremos uma avaliação diagnóstica nas semanas iniciais e só depois decidiremos o currículo. Esta avaliação visa detectar as principais dificuldades do aluno, traçar estratégias para promover o aprendizado efetivo, corrigir práticas pedagógicas não eficazes e tentar outras possíveis.”

PBR4: “Não, tendo em vista que a determinação dos conteúdos a serem ministrados em cada série deverá ser obedecido conforme a proposta curricular do estado”.

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PBR5: “Sim, desde que esteja dentro das orientações da Proposta do Estado de São Paulo. No inicio de cada ano analisamos cada sala para verificarmos como está o nível de aprendizagem em Matemática e assim em conjunto com os demais professores tomamos a decisão de quais inserções, resgates e conteúdos devem ser realizadas. A autonomia que temos é no sentido de fazer com que o aluno ganhe com isso, jamais para simplesmente acomodar um currículo que facilite a vida do professor”.

PCH1 – “Sim, existe um currículo que é considerado núcleo comum e

obrigatório e os professores tem autonomia para acrescentar o que considerar ser importante para o aluno. “Isso pode variar de acordo com a região onde o aluno reside”.

As análises sobre essas respostas enredam o nível de objetivação do currículo, que Sacristán (2000) menciona com “O currículo apresentado aos professores”. Não obstante, afirma que comumente os currículos prescritos são muito genéricos e que para o professor, necessita de uma adequação da linguagem que revela-se nos livros didáticos. Assim, ao questionar os professores queríamos explicitar se ele pode realizar escolhas dos conteúdos propostos de acordo com a realidade e necessidade de seus alunos.

Quanto ao nível, “O currículo moldado pelos professores”, Sacristán (2000) entende que o professor é o agente ativo e decisivo na concretização dos conteúdos e dos significados dos currículos.

Os professores, em suas respostas, revelam que possuem certa autonomia para incorporarem algumas mudanças no currículo proposto, porém, devem seguir aquilo que é determinado pelas secretarias sejam elas municipais ou estaduais. Essas determinações têm sido apresentadas aos professores por meio de sequências didáticas prontas, propostas, livros didáticos etc.

É a decisão do professor que determinará o currículo a ser praticado na sala de aula. O professor mediará às atividades conduzindo o aluno a construir seu próprio conhecimento por meio de diferentes estratégias e experiências que viverão na sala de aula.

Pertinente, foi dirigida aos professores, a seguinte pergunta: “Você

PBR1: “Sim. O currículo é elaborado com base nos PCN’s. E ainda, desenvolvo projetos que abordam os temas transversais. Este ano, por exemplo, trabalharei Meio Ambiente. E os objetivos para o Ensino Fundamental II estão de acordo com o que é exigido pelo PCN”.

PBR2: “Sim, porque a Proposta Curricular está baseada no PCN. Sempre no aspecto de garantir ao aluno o direito de usufruir do conjunto de conhecimentos reconhecidos como necessários para o exercício de sua cidadania”.

PBR3: “Sim, visto que a Proposta Curricular está baseada no PCN, sigo sim”.

PBR4: “Na medida do possível sim, principalmente em temas transversais que podem ser incorporados a determinados conteúdos no decorrer do ano letivo, em forma de trabalhos complementares, sem comprometer o cumprimento dos conteúdos e atividades direcionados pela proposta curricular e os respectivos cadernos do aluno, distribuídos e seguidos bimestralmente”.

PBR5: “Sim, em relação a atividades que relacionam a matemática com o cotidiano do aluno”.

As respostas dadas sacramentam a existência de um currículo oficial prescrito e vigente no Brasil, na visão dos professores, pois todos são unânimes ao afirmarem que as atividades devem estar de acordo com as orientações dos PCN. Na fala deles, as propostas de São Paulo, por exemplo, estão fundamentadas nas orientações e princípios do PCN. Identificamos nesse momento o nível “O currículo prescrito” de Sacristán.

Para o professor chileno foi perguntado: “Você segue algum documento oficial para lecionar Matemática? Em quais aspectos”? Como resposta:

PCH1: “Sim, temos a Lei Geral da Educação que traz todas as

orientações didáticas e metodológicas, os Plano de Estudo, além dos pressupostos teóricos que embasam os princípios e orientações curriculares.

Seguindo, também foi perguntado: “Você tem autonomia decidir o que ensinar de Matemática na sala de aula?” Obteve-se a seguinte resposta:

PCH1: “Como disse anteriormente, existe uma lista de conteúdos

obrigatórios, mas temos autonomia para acrescentar outros temas que

entendemos ser importantes”.

Pelas respostas dadas, entendemos que o professor tem amparo de documentos curriculares, para embasar seu trabalho pedagógico. Existem determinados conteúdos, dos quais ele tem que cumprir ao longo do ano letivo e

195 ainda, pode inserir outros conteúdos matemáticos que julgar pertinente para seus alunos. É marcante nesse cenário a presença do nível “O currículo prescrito” proposto por Sacristán (2000), que ratifica “existe algum tipo de prescrição ou orientação do que deve ser seu conteúdo, principalmente em relação à escolaridade obrigatória” (SACRISTÁN, 2000, p. 104).