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Para o desenvolvimento da pesquisa, houve a necessidade de

organização em momentos específicos, devidamente caracterizados como: Aproximações com a temática, onde nessa etapa o trabalho concentrou-se na

busca de aportes teóricos, para que fossem realizados levantamentos de teses no portal da Capes, assim foi efetuada uma imersão, por meio de pesquisa

bibliográfica nos trabalhos que pudessem trazer contribuições ao problema de pesquisa que foi efetivamente proposto a investigar.

Pesquisa de documentos oficiais. Uma etapa, onde foi procurado localizar documentos legais que possibilitassem a análise de currículos prescritos nos dois países pesquisados para o nível de Educação Básica, conforme ditam Ludke e André (1986):

Embora pouco explorada não só na área de educação como em outras áreas de ação social, a análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema. São considerados documentos “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano” (Phillips, 1974, p.187). Estes incluem desde leis e regulamentos, normas, pareceres, cartas memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos, roteiros de programas de rádio e televisão até livros, estatísticas e arquivos escolares (LUDKE e ANDRÉ 1986, p.38).

Levantamento de informações sobre dados de ambos os países: nessa etapa buscou-se levantar e organizar, informações sobre dados socioeconômicos dos dois países, mas principalmente as que se referem aos sistemas educativos de cada um. Dado a essas premissas foram analisadas leis magnas e principais diretrizes para a educação.

Preparação para a pesquisa de campo: nessa etapa a dedicação foi voltada para entrar em contato com pessoas que pudessem contribuir para o trabalho, por meio de entrevistas, tanto no Brasil como no Chile. A meta foi de entrevista com igual número de pessoas em ambos os países, desde que houvesse experiências similares nas suas relações com os currículos de Matemática, ou seja, elaboradores, gestores e professores. Além dos contatos, da etapa organizaram-se instrumentos de coleta de dados, onde foi devidamente elaborado roteiros de entrevistas semi-estruturados, com a providência de documentos como termos de consentimento para divulgação do conteúdo das referidas entrevistas.

Realização da pesquisa de campo: no período de 25 a 29 de julho de 2011 foram visitadas no Chile, as cidades de Santiago, Val Paraíso e Viña Del Mar, onde foram realizadas as entrevistas com profissionais chilenos. No decorrer

79 de 2011 e inicio de 2012, o mesmo trabalho fora feito com profissionais brasileiros. As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas.

Desenvolvimento da análise comparativa entre os documentos e entre as entrevistas: nessa etapa, as informações foram organizadas e coletadas. Também fora efetuado o texto a ser apresentado no exame de qualificação.

2.4 Algumas informações sobre o processo de

realização de entrevistas

A pesquisa de campo com profissionais que atuam em diferentes postos nas redes de ensino públicos dos países pesquisados não só pretendeu desvelar, como vem sendo a implementação dos currículos de Matemática, mas também explicitar as recomendações metodológicas apontadas nos documentos oficiais do Brasil e Chile. A pesquisa de campo foi realizada por meio de entrevistas e observações.

Usada como principal método de investigação ou associada a outras técnicas de coleta, a observação possibilita um contrato pessoal e estreito do pesquisador como fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens. Em primeiro lugar, a experiência direta é sem dúvida o melhor teste de verificação da ocorrência de um determinado fenômeno. “Ver para crer” diz o ditado popular.

Sendo o principal instrumento da investigação, o observador pode recorrer aos conhecimentos e experiências pessoais como auxiliares no processo de compreensão e interpretação do fenômeno estudado. A instrospecção e a reflexão pessoal têm papel importante na pesquisa naturalística (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p.26).

As entrevistas realizadas com os profissionais que atuam nos sistemas educativos dos países pesquisados, configuraram-se como um tipo de investigação em educação que se insere no contexto das denominadas pesquisas

qualitativas, dado ao fato de apresentarem em sua metodologia, algumas

características singulares.

Segundo a visão teórica de Bogdan e Biklen (1994), essas pesquisas apresentam como características:

1. Na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o ambiente natural constituindo-se o investigador o instrumento principal.

2. A investigação qualitativa é descritiva. Os dados recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não em números. Os resultados escritos da investigação contêm citações feitas com base nos dados para ilustrar e substanciar a apresentação.

3. Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos.

4. Os investigadores qualitativos tendem a investigar os seus dados de forma indutiva. Não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou informar hipóteses construídas previamente; ao invés disso, as abstrações são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando.

5. O significado é vital na investigação qualitativa. Os investigadores que fazem uso deste tipo de abordagem estão interessados no modo como diferentes pessoas dão sentido às suas vidas. (p. 47-50)

Em visita a Santiago e Valparaiso no Chile, em julho de 2011, houve o privilégio contato pessoal e de entrevista com o Professor Doutor Fidel Oteiza, com a Professora Doutora Ismenia Guzmán Retamal e também com o Professor Doutor Raimundo Olfos, acadêmicos que possuem ligação com a elaboração dos currículos de Matemática, de maneira direta e/ou indireta.

São pesquisadores em Educação Matemática, que publicaram diversos artigos sobre o ensino e aprendizagem de Matemática na Educação Básica e que aceitaram receber e conceder entrevista, contribuindo assim com a pesquisa de doutorado.

Dr. Oteiza, que tem atuado como coordenador das últimas reformas curriculares no Chile, concedeu uma entrevista em Santiago, que pode ser gravada, se propondo a fornecer documentos que pudessem elucidar possíveis dúvidas.

81 Em Valparaíso, Dra. Ismênia conversou informalmente, na sede do Instituto de Matemática, contudo, não foi possível gravar ou filmar, pois havia para ela, compromissos agendados. No entanto, estava combinado que apresentasse Raimundo Olfos, que poderia dar atenção às dúvidas, além de apresentar escolas e professores para observações e entrevistas.

Dr. Olfos, caracterizou o cenário de implementações de currículos em seu país, desde Frei Montalva, no ano de 1966. A conversa foi muito esclarecedora para algumas dúvidas sobre aspectos, os quais nos documentos oficiais não estavam claros.

Mais tarde, Dr Olfos encaminhou algumas escolas subvencionadas30, contudo a intenção fosse a de conhecer escolas públicas. Por seu intermédio conhecemos um professor que atua na rede pública e na rede particular, assim foi aberto caminho para a entrevista nas dependências da biblioteca da Universidade Católica de Valparaiso em Vina Del Mar.

Uma professora e um diretor de escola subvencionada, que alegaram ter experiência na rede pública ficaram de enviar por e-mail, respostas para os questionamentos, pois alegaram não haver tempo no período destinado a esse trabalho no Chile, contudo não enviaram.

Dr. Olfos entregou vários documentos para trazer ao Brasil e analisar com tranquilidade. Alguns documentos considerados por ele como “únicos”, assim foram fotografados ou xerografados para posterior análise.

Dra Ismênia tem contribuído muito com o trabalho por e-mail, além de indicações de endereços eletrônicos para coleta de informações e pessoas que podem contribuir com a investigação.

No período de visita ao Chile, muitas escolas públicas estavam em greve (Santiago e Valparaiso), por esse motivo algumas observações foram comprometidas. Não houve oportunidade de ver os cadernos de alunos e de conversar com mais professores e gestores atuantes nessa rede.

30 Escolas subvencionadas são escolas particulares que recebem subsídio do governo federal

No Brasil participou da entrevista, o Prof. Dr. Ruy César Pietropaolo, que de maneira ativa contribuiu na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental

Contatado também, um professor da rede municipal de São Caetano do Sul, que aceitou e concedeu entrevista.

Foi solicitada ajuda para um diretor da escola estadual paulista situada em Guarulhos.

Foram igualmente entrevistados, mais seis professores que trabalham na rede estadual de São Paulo, onde lecionavam para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Dois deles atuam como formadores de professores do Ensino Fundamental Ciclo I e II.

Outras duas profissionais da Educação, sendo uma diretora e uma professora do Ensino Fundamental Ciclo I, foram convidadas, e que, também, atuam em São Caetano do Sul como formadoras de professores polivalentes31.

A seguir apresentamos um quadro com o total de entrevistados nos dois países:

Quadro 2: Número de entrevistados

IDENTIFICAÇÃO Entrevistado Brasil Chile Elaboradores do currículo prescrito e vigente EBR 01 ECH 01

Diretor(a) de Escola DIRBR 02 DIRCH -

Formador(a)

Pedagógico(a)/pesquisador (a)

FPBR 03 FPCH 02

Professores da escola pública do Ciclo I e II

PBR 05 PCH 01

Número de entrevistados 11 04

31

83 A seguir, é apresentado o perfil dos entrevistados brasileiros, onde identificamos a idade, o sexo, o tempo de experiência no magistério e o local que trabalham atualmente.

Quadro 3: Perfil dos entrevistados brasileiros

PESQUISADO SEXO TEMPO NO

MAGISTÉRIO CAMPO DE ATUAÇÃO

EBR1 – Doutor em Educação Matemática

Masculino 30 anos Pesquisa, Formação de Professores e Ensino Superior

DIRBR1 – Pedagoga com Pós em Psicopedagogia

Feminino 30 anos Formação de Professores

DIRBR2 – Mestre em Educação Matemática

Masculino 30 anos Diretor, Professor da Educação Básica e do Ensino Superior

FPBR1 – Mestre em Educação Matemática

Masculino 10 anos Professor da Educação Básica e do Ensino Superior

FPBR2 – Mestre em Educação Matemática

Masculino 15 anos

Pesquisa, Formação de Professores Professor da Educação Básica e do Ensino

Superior

PBR1 – Graduado Masculino 5 anos Professor da Educação Básica

PBR2 – Graduada Feminino 10 anos Professor da Educação Básica

PBR3 – Graduado Masculino 15 anos Professor da Educação Básica

PBR4 – Mestre em Educação Matemática

Masculino 12 anos

Professor da Educação Básica e de Ensino Superior

PBR5 – Mestre em Educação Matemática

Masculino 20 anos

Professor da Educação Básica e de Ensino Superior

Quadro 4: Perfil dos entrevistados chilenos

PESQUISADO SEXO TEMPO NO

MAGISTÉRIO CAMPO DE ATUAÇÃO

ECH – Doutor em

Currículo e Instrução Masculino 30 anos Pesquisa, Consultor e Professo de Ensino Superior

FPCH1 – Doutora em

Educação Matemática Feminino 20 anos Pesquisa, Formação de Professores e Ensino Superior

FPCH2 – Doutor em

Educação Matemática Masculino 31 anos Pesquisa, Formação de Professores e Ensino Superior

PCH1 – Graduado

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CAPÍTULO 3

SISTEMAS EDUCACIONAIS

DE BRASIL E CHILE