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Como são organizadas as atividades complementares

3 RESULTADOS

3.4 PRÁTICAS E ATUAÇÃO DO PROFESSOR

3.4.1 Como são organizadas as atividades complementares

Segundo os entrevistados, as atividades complementares são organizadas de forma bem diversificada e melhoram a cada ano. Várias dinâmicas são utilizadas pelo setor responsável por essas atividades, para atender às necessidades de cada faixa etária dos estudantes e os objetivos desejados para cada grupo. No entanto, parece ficar explícito que os alunos gostam da corresponsabilidade pelo encontro, ajudando na sua construção e participando dos trabalhos de grupos. Como coautores das manhãs de formação, eles não vão apenas assistir à atividade. Nesse sentido, demonstra a entrevistada que o grupo passa a ser muito importante na troca de experiências entre iguais, com a mediação dos educadores.

É, como eu estudo aqui há muito tempo eu vou passando por um processo, cada ano eles vão aperfeiçoando os métodos né, então tem dinâmicas assim de teatro, dinâmicas espirituais, é tem filmes com mensagens de moral para gerar crítica mesmo e reflexão nos alunos que participam. ( L., 17)

No dia de formação nós vamos para chácara do colégio, e pela manhã tem atividades de concentração que possibilita que a turma se conheça melhor. Um trabalho de grupo, um filme sobre um tema. Depois das atividades a turma fica livre para o momento de lazer. (L., 15)

Às vezes, atividades são organizadas a partir da vivência dos estudantes. Este é o caso da atividade descrita abaixo, a qual foi pensada a partir de um fato concreto vivenciado em sala pelo grupo de estudantes. Ao notar que a turma tendia a um discurso preconceituoso em relação à raça, o professor providenciou a exibição de um vídeo sobre preconceito e um debate sobre o tema após sua exibição. A ação do professor em trazer um vídeo sobre o preconceitos, na perspectiva do entrevistado, foi positiva, pois aprofundou a percepção da turma sobre o tema modificando a perspectiva dos alunos em relação ao preconceito.

Atividade dessa natureza, desenvolvida pela escola revela, na fala da entrevistada, a necessidade da organização do grupo para troca de experiências e debates para juntos superar os preconceitos existentes no convívio escolar. Os instrumentos utilizados para assegurar o envolvimento e a reflexão da turma sobre o problema do preconceito foram considerados fundamentais, na observação da estudante. O uso de recursos visuais e dinâmicas interativas provocaram o diálogo entre os estudantes, levando-os a uma postura diferente no retorno para a sala de aula. Houve uma diferença após o dia de formação, na opinião da entrevistada. Ao que parece, a atividade acaba por levar a refletir sobre alguns aspectos importantes e que contribuem para o amadurecimento do grupo.

Um caso de um vídeo que foi passado na atividade sobre preconceito e percebi que ajudou a turma. Percebi que a turma tinha muito preconceito e após o vídeo melhorou, porque foi debatido com o grupo e relacionado o assunto do vídeo com o que se percebia na turma entre os colegas. Por isso quando voltamos foi diferente. (L. ,15)

Entre as atividades facilitadoras do protagonismo juvenil desenvolvidas nas dinâmicas, destacam-se as que valorizam o espaço do grupo e da escuta. Momentos de conversa com os jovens significam para o entrevistado, dar vez e voz para que o jovem fale, afirme suas opiniões, discuta entre seus pares (colegas da mesma idade) o que contribui para melhorar a dinâmica da sala de aula, pois ajuda no relacionamento e na interação entre os colegas, favorecendo o compartilhamento de experiências, inclusive de aprendizagem. Além disso, as

dinâmicas fundam-se na compreensão da própria personalidade, a qual se encontra em curso de desenvolvimento e consolidação.

.... através de dinâmicas, vídeos, trabalhos de grupo, momentos de conversa com os jovens. (T.,17)

O depoimento seguinte, por exemplo, reforça os argumentos anteriores e enfatiza que o dia de formação é um momento de conhecer os colegas da turma e com os iguais refletindo sobre a vida em sociedade, sobre o cotidiano das relações entre os jovens e suas ações no ambiente escolar. Práticas como essas, que favorecem espaço de escuta e troca entre jovens, mesmo quando partindo de uma iniciativa da escola, estimulada pelos organizadores da pastoral escolar, têm relevância e são fundamentadas na proposta educativa da escola. Como aponta a entrevistada, a escola estimula a convivência do grupo, mostrando que o jovem vive em sociedade e precisa manter relações fraternas e unidade entre os seus integrantes como princípios de boa convivência.

O dia de formação, que é um dia que você sai com o pessoal da sua turma... e vai pra chácara do colégio, durante a manhã a gente tem dinâmicas de grupo, eu acho que é o momento de você conhecer as pessoas da sua sala e começar a conversar o que são as coisas para elas, como que é viver em sociedade, como é viver naquele ambiente. A escola está sempre influenciando você a pensar que você não tem que viver sozinho, você tem que viver em grupo. (T.,16)

Uma prática bastante comum para construção e desenvolvimento de valores, utilizada pela escola é citada no trecho de fala a seguir. A estudante relata que a escola costuma trabalhar valores nos momentos celebrativos. Por ser uma escola católica, em sua atuação, oportuniza a experiência de celebrações e nela exercita valores. Como diz o entrevistado, as disciplinas de sociologia e ensino religioso trabalham valores.

Na escola, é trabalhado como um todo, nos momentos celebrativos que a escola faz. Essa é uma escola católica que valoriza muito a formação dos valores e nas disciplinas de sociologia, ensino religioso. (L.,15)

Um meio de trabalhar valores nos encontros de formação, apontado pelo estudante entrevistado, é através de filmes que despertam, entre outros, sentimentos de solidariedade.

Trabalhar questões diversificadas com os estudantes, mostrando-lhes as várias realidades e desafios que outros jovens enfrentam numa sociedade tão desigual. O impacto disso pode ser percebido na fala a seguir em que a participante considera que o vídeo utilizado chamou a atenção para a desigualdade social. Parece haver uma inusitada esperança de que os estudantes possam compreender melhor situações sociais desiguais e que despertem para a cidadania, transformando-se à medida que procuram e experimentam vivências em atividades como essa citada no encontro de formação.

...eles passaram um vídeo de uma menina e um menino que viviam em uma sociedade extremamente pobre, de outro país, depois eles pegam e trazem isso para nossa vida. (T., 16)

....então eu acho que mostrando outras realidades, mostrando que as pessoas são diferentes, você desperta esses valores de que, como que é viver em sociedade e o que é o verdadeiro amor. (T., 16)

Na fala abaixo, pode-se perceber o grau de importância dado ao momento formativo que acontece na chácara da escola onde essa pesquisa aconteceu. O interesse da turma por ter mais de um encontro durante o ano letivo é para a respondente uma oportunidade para reflexão. A estudante enfatiza que, apesar de alguns colegas terem o foco apenas na brincadeira (que para ela, também é importante), o elemento essencial dos encontros são as reflexões produzidas.

Olha, teve ano que os encontros de formação, aconteciam três vezes no ano. Agora temos menos vagas para disponibilizar na chácara do colégio para esses momentos. Eu sinto falta de mais encontros, mas tem pessoas que vão no intuito da brincadeira, do lazer, eu acho que isso também é bom, mas eu acho que o importante é o momento reflexivo que eles fazem. (L., 17)

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