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Na revisão de literatura foram analisados tutoriais seguindo dois critérios:

a) publicações mais antigas, que descrevem a construção de um tutorial, o que garantiu um conhecimento dos tutoriais mais importantes do ponto de vista histórico, como o TILT, The Data Game, Nettrail e outros, que datam do final dos anos 1990 ou começo dos anos 2000. Alguns deles, como o TILT e o Nettrail ganharam novas versões e continuam sendo muito usados. Segundo Hrycaj (2005), 15% dos tutoriais em uso nos EUA são versões adaptadas do TILT;

b) os dez tutoriais mais recentes premiados no sítio da PRIMO, que funciona como uma vitrine de bons tutoriais, pois há uma revisão feita por especialistas da área.

Esses critérios garantiram acesso aos melhores tutoriais em funcionamento nas bibliotecas universitárias de todo o mundo.

Entre os tutoriais analisados na revisão de literatura, não se encontrou nenhum implementado em alguma linguagem de programação. Os autores que fizeram comentários a respeito da implementação, apontaram aplicativos como o Flash ou Macromedia Authorware como as soluções adotadas, certamente por ser este o caminho mais fácil, especialmente se a equipe que construiu o sistema não contava com programadores especializados. A implementação com linguagem Java requer maior conhecimento técnico e um investimento de tempo maior para o domínio da ferramenta, mas os ganhos são enormes, como por exemplo o fato de permitir a execução de programas complexos em diferentes plataformas, como é comentado por Albuquerque (2001), ou o fato de ser

constituído por “objetos”, que são, como comentam Deitel e Deitel (2001), componentes de software reutilizáveis que modelam itens do mundo real, tornando a programação muito mais produtiva.

A implementação foi feita na forma de um applet, que é, como explica o próprio criador da linguagem, James Gosling, o termo usado para uma mini-aplicação construída em Java, que roda dentro de uma página Web. O acesso é simples e rápido, feito por qualquer navegador, sem a necessidade de instalação de nenhum software especial.

Estas características dão uma certa originalidade ao GPS-BCE, com vantagens patentes:

a) não depende de relações comerciais com fabricantes de software de autoria, tornando mais acessíveis também as futuras atualizações e manutenções;

b) facilita a estruturação interna dos dados, permitindo a adoção de um certo grau de inteligência no funcionamento do tutorial;

c) pode ser facilmente acoplado a outros programas que as bibliotecas universitárias utilizam para auxiliar os alunos, como os sistemas de localização de livros, reservas e outros;

d) o tutorial pode funcionar em qualquer plataforma computacional, que é uma das características marcantes da linguagem Java.

Do ponto de vista do conteúdo específico escolhido para o tutorial GPS-BCE, poucos exemplos podem ser encontrados que abordem este assunto. O motivo principal é que a maior parte dos tutoriais são americanos, e a codificação utilizada na maioria das universidades americanas segue a classificação da Biblioteca do Congresso, que é uma codificação específica e muito mais simples do que a CDU, utilizada nas bibliotecas universitárias brasileiras e também na UnB. Um exemplo está apresentado na figura 12, que mostra um teste utilizado para auxiliar alunos na localização de livros na estante, no tutorial TILT. Neste exemplo, a resposta foi incorreta, e o TILT forneceu uma explicação, enquanto aguardava uma nova resposta.

Este é um exemplo que reforça a afirmação de que um tutorial para estudantes brasileiros deve levar em conta suas necessidades específicas, como procura fazer o GPS-BCE.

Figura 12 – Teste para localização de livros no TILT

Na tabela 11 mostra-se um resumo das avaliações feitas na revisão de literatura, para os 10 tutoriais mais recentemente premiados pela PRIMO, além do TILT e do GPS-BCE. Os tópicos apresentados na tabela 11 são, além do país de origem e do ano de lançamento do tutorial, uma avaliação sobre sua interatividade (alta, média ou baixa), se possui animação, áudio, testes de avaliação, inteligência, se o visual é agradável, e se o conteúdo é geral ou específico.

O GPS-BCE tem uma apresentação visual agradável, o que foi comprovado pelos comentários dos alunos na avaliação da terceira versão. Ainda não dispõe de áudio, nem animação, mas como está implementado em linguagem Java, esses recursos poderão ser acrescentados nas futuras versões. Trata-se de uma experiência pioneira no que se refere à associação de inteligência a tutoriais para orientação de usuários e as avaliações dos alunos mostrou como este público é heterogêneo, tornando útil este recurso.

Tabela 11 – Avaliação de tutoriais

nome país ano interatividade animação áudio avaliação testes agradável intelig. visual uso

Info 101 Canadá 2005 média não não não sim não geral

PORT EUA 2005 baixa sim sim sim sim não geral/espec.

InfoSkills Austrália 2005 média não não não sim não geral

Doing… EUA 2005 alta sim não sim sim não geral

CLUE EUA 2005 baixa não sim sim sim não geral/espec.

CINAHL EUA 2005 alta não não sim sim não espec.

How… EUA 2005 baixa sim sim não sim não geral

NetTrail EUA 2005 baixa sim não sim sim não geral/espec.

DISCUS Alemanha 2005 alta sim sim sim sim não geral

American EUA 2005 baixa não não sim não não geral/espec.

TILT EUA 1999 alta não sim sim sim não geral

GPS-BCE Brasil 2006 alta não não sim sim sim espec.

No Brasil, este é o primeiro tutorial para orientação de alunos disponibilizado na Internet com características de interatividade e apresentação gráfica comparáveis aos melhores tutoriais dessa natureza disponíveis na Internet.

9 CONCLUSÕES

Esta pesquisa exploratória partiu das necessidades de orientação que um aluno novato tem na utilização da Biblioteca Central da Universidade de Brasília, para estabelecer propostas para um tutorial a ser disponibilizado na Internet, dotado de inteligência. Para mostrar a viabilidade da construção de um tutorial dessa natureza, foi implementado e avaliado o tutorial GPS- BCE.