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COMPARATIVO COM O FORMATO ADOTADO NO RPPS

4 FATOR PREVIDENCIÁRIO

4.3 COMPARATIVO COM O FORMATO ADOTADO NO RPPS

O comparativo do Fator Previdenciário com o formato de cálculo adotado no RPPS, qual seja, a fórmula 85/95, será apresentado com o intuito de estabelecer qual o melhor critério a ser seguido pelos segurados do RGPS.

O Governo Federal vetou a extinção do Fator Previdenciário, mesmo após a aprovação da Câmara e do Senado.

Desde então, vêm-se discutindo outras alternativas para eliminar o Fator Previdenciário, do cálculo das aposentadorias.

Segundo Brigatti (2012) o governo:

[...] aceita acabar com o fator previdenciário em troca de uma fórmula que acompanhe o aumento da expectativa de vida dos brasileiros.

Assim, a exigência para o segurado conseguir o benefício integral começaria em 85/95 e aumentaria aos poucos.Além disso, mantém a proposta da idade mínima para aposentadorias de novos segurados. Observamos que a pretensão do governo é substituir a forma de cálculo do Fator Previdenciário, utilizada no RGPS, pela fórmula 85/95 aplicada atualmente no RPPS.

Quanto ao RPPS, as regras estabelecidas para concessão daaposentadoria voluntária comum por idade e tempo de contribuição com proventos integrais, compreende a aplicação da fórmula 85/95 para sua plena eficácia. Desta forma o servidor se aposentará com a última remuneração.

Já os segurados da previdência social, que sofreram a aplicação negativa do Fator Previdenciário, ou seja, redução de seu benefício no inicio de sua aposentadoria, porém com recomposição quando do alcance da expectativa de sobrevida, não precisaram comprovar o requisito etário, bastando somente à comprovação do tempo de contribuição.

A comprovação somente do tempo de contribuição para os segurados do RGPS, para solicitação de sua aposentadoria é uma forma de estabelecer justiça aos segurados que iniciaram suas contribuições com tenra idade, caso de muitos segurados do RGPS, que iniciam cedo a sua vida laboral.

Na realidade, o Fator Previdenciário só reduz o valor da aposentadoria por tempo de contribuição e, assim mesmo, não é em todos os casos. (SANTOS, 2009, p. 98).

Segundo relatório da Câmara dos Deputados (2010, p. 18), ”[...] apenas 6% dos benefícios concedidos representam aposentadoria por tempo de contribuição e estão sujeitos obrigatoriamente ao cálculo do Fator Previdenciário”. Significa dizer que a substituição da forma de cálculo atual beneficiaria menos de 6% dos participantes do sistema, pois nem todas as aposentadorias por tempo de contribuição sofrem redução.

Outro ponto que merece especial atenção, é que os trabalhadores do RGPS não gozam de um importante instrumento que os servidores do RPPS

possuem, qual seja a estabilidade garantida constitucionalmente, nos termos do art. 41, parágrafo 1º, incs. I, II, III da CRBF, como segue:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (BRASIL, 1988).

Assim, os servidores do RPPS, têm uma proteção constitucional que lhes permite permanecer em atividade até a implementação da idade mínima. Adequando a fórmula 85/95 à realidade fática daquela categoria, uma vez que a sua desvinculação do cargo é protegida por uma garantia que lhes é particular, a garantia da estabilidade no serviço público.

Contudo, os segurados do RGPS não possuem tal estabilidade e podem, a qualquer tempo, perderem seus empregos, porém, se já tiverem implementado o tempo de contribuição, mas não atingirem o requisito etário mínimo, em caso de mudança de regra, eles nada poderão fazer. Por sua vez, se permaneceram as regras atuais e alcançado o tempo de contribuição, poderão aposentar-se.

A relação empregado com mais idade e mercado de trabalho é transcrita por Horvath Júnior (2009), como:

Para o mercado brasileiro, o trabalhador com mais de 40 anos está obsoleto, ultrapassado, para a nova realidade do mercado. Verificamos a dificuldade colossal de recolocação de profissionais com faixa etária superior à supra mencionada. O que acarreta a fuga destes profissionais, via de regra, para a informalidade no âmbito do mercado de trabalho e consequentemente no âmbito da proteção previdenciária.

Diante deste quadro, a possibilidade de ter acesso a uma aposentadoria por tempo de contribuição, sem a idade mínima torna-se primordial.

Fica evidenciado, (conforme Anexo 2), que 68,2% (sessenta e oito vírgula dois por cento) dos benefícios previdenciários pagos em dezembro/2011 pelo INSS, são de até um salário mínimo, ou seja, mais de dois terços dos benefícios previdenciários não ultrapassam o salário mínimo, motivo pelo qual, se mantido o Fator Previdenciário, a maioria dos segurados não seria atingido por ele, conforme o parágrafo 2º. do art. 201 CF, in verbis: “Nenhum benefício que substitua o salário de

contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.”

Enfim, a substituição do Fator Previdenciário pela fórmula 85/95, poderá ser benéfica em alguns casos específicos, porém será prejudicial para um grande número de segurados, principalmente para aqueles que iniciaram com pouca idade as suas contribuições previdenciárias. Podendo também ser prejudicial ao próprio sistema, e por via de consequência a todos, pois desestimularia o inicio das contribuições antes dos 25 anos de idade.

Ressalta-se que a substituição do Fator Previdenciário pela fórmula 85/95, inviabilizará as aposentadorias precoces, mesmo que com condições menos vantajosas, o que não pode, nem de longe, ser considerado uma vantagem.

Extrai-se deste comparativo que a aplicação do Fator Previdenciário para os segurados do RGPS, em face da fórmula 85/95 aplicada ao RPPS, se constitui-se em uma ferramenta mais eficaz, por abranger as particularidades de um universo maior de segurados, principalmente do que diz respeito ao inicio das contribuições, ao tempo de contribuição e especialmente sem o estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria por tempo de contribuição.

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