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O presente trabalho estruturou-se com o intuito de esclarecer se a substituição do Fator Previdenciário pela fórmula 85/95 atualmente utilizada no RPPS, é mais benéfica aos segurados do RGPS.

A motivação da presente pesquisa foi o veto presidencial ao Projeto de Lei n. 3299/2008, de autoria do Senador Paulo Paim. Este projeto previa a alteração do art. 29 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, e revoga os arts. 3º, 5º, 6º e 7º da Lei n. 9.876, de 26 de novembro de 1999, modificando a forma de cálculo dos benefícios do RGPS.

Sendo a extinção do Fator Previdenciário, o objetivo do referido projeto de lei, para que o salário de benefício (aposentadoria) volte a ser calculado de acordo com a média aritmética simples até o máximo dos últimos 36 (trinta e seis) salários de contribuição, apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses, ou seja, retornar a forma de cálculo aplicada anteriormente à promulgação da Lei 9.876.

Com o veto presidencial, passaram-se a estudar alternativas para extinção do Fator Previdenciário, sendo uma delas o objeto da presente pesquisa.

No entanto, existem algumas dificuldades para que se consiga eliminar de vez as diferenças existentes em regimes distintos, para isso, as mudanças só surtiram os efeitos desejados quando pensadas para o bem maior da coletividade.

Segundo entendimento do art. 194 da Lei Maior, tem-se os seguintes princípios constitucionais que servem para nortear toda a organização da seguridade social: universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade na forma de participação no custeio; diversidade na base de financiamento, e caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.

Além dos princípios da seguridade social, também é importante destacar que existem princípios específicos da previdência social, no qual destacamos o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial. Princípio este, que deve conduzir o legislador na aplicação das leis e normas previdenciárias.

Sendo assim, numa breve síntese evolutiva, pode-se dizer que a partir da EC 20/98, foi introduzido o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial no texto constitucional em seu art. 201, e já aplicado com a promulgação da Lei 9.876.

A partir da implantação do Fator Previdenciário, as aposentadorias por tempo de contribuição obrigatoriamente e as aposentadorias por idade facultativamente do RGPS, passaram a ter aplicada a nova sistemática de cálculo.

Conforme explanado na presente pesquisa, demonstra-se um equívoco pensar, que o Fator Previdenciário é um redutor, aliás, ao contrário, o segurado ao aposentar-se recebe um subsídio que varia de acordo com o tempo de contribuição, idade e expectativa de vida. Enfim, o Fator Previdenciário só será um redutor se analisarmos somente o presente sem projetarmos o futuro.

Outro ponto a ressaltar é a sustentação financeira que o Fator Previdenciário, busca dar ao RGPS para manutenção dos pagamentos de benefícios presentes e garantia dos pagamentos futuros.

Conclui-se que a substituição do Fator Previdenciário pela fórmula 85/95 não é a mais benéfica aos segurados do RGPS sendo a manutenção do Fator Previdenciário o modelo mais adequado em face da fórmula utilizada no RPPS.

Haja vista que o Fator Previdenciário não é a solução ideal para um sistema previdenciário, mas até que se institua um modelo que contemple a necessidade da maioria dos segurados, ele deve permanecer em vigor. Pois, estabelecer um requisito de idade mínima em um país em que a grande maioria dos trabalhadores do RGPS, inicia suas atividades laborais com pouca idade e ao completarem pouco mais de 40 anos, já são considerados excluídos do mercado, seria, no mínimo, adotar um critério injusto e desigual.

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ANEXO 01-Tabela utilizada nos benefícios concedidos a partir de 01 de

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