• Nenhum resultado encontrado

O fator previdenciário no regime geral de previdência social

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O fator previdenciário no regime geral de previdência social"

Copied!
70
0
0

Texto

(1)

DILNEI MARCELINO JÚNIOR

O FATOR PREVIDENCIÁRIO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Florianópolis 2012

(2)

DILNEI MARCELINO JÚNIOR

O FATOR PREVIDENCIÁRIO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Adir José da Silva Júnior, Msc.

Florianópolis 2012

(3)

DILNEI MARCELINO JÚNIOR

O FATOR PREVIDENCIÁRIO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 05 de dezembro de 2012.

______________________________________________________

Prof. e orientador Adir José da Silva Júnior, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Carolina Giovannini Aragão de Santana.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Roberto Acampora Gonçalves da Silva.

(4)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

O FATOR PREVIDENCIÁRIO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 07 de novembro de 2012.

_____________________________________ DILNEI MARCELINO JÚNIOR

(5)

RESUMO

O objeto do presente trabalho é a análise do Fator Previdenciário. Isto porque, no Brasil, devido as reformas previdenciárias decorrentes principalmente da Emenda Constitucional (EC) 20/98 e a Lei 9.876/99, tencionavam fazer ajustes nas regras de aposentadoria e de benefícios, antes da EC 20/98 esse critério era estabelecido na Constituição e dispunha que o benefício seria calculado pela média dos últimos 36 salários de contribuição. A aprovação da EC 20/98 tirou da Constituição a fórmula de cálculo dos benefícios, que por sua vez, permitiu que o executivo enviasse para o Congresso uma proposta de Lei Ordinária alterando a sua fórmula de cálculo com a introdução do Fator Previdenciário. Assim, o Fator Previdenciário criado pela Lei 9.876/99 não chegou a mudar o regime de repartição simples adotado no Brasil para o de capitalização, entretanto permite o atrelamento dos valores trazidos ao sistema pelos segurados aos valores dos benefícios a serem pagos aos mesmos. O problema da pesquisa é responder se, de acordo com as atuais discussões no Congresso Nacional, acerca de uma possível reforma previdenciária, se a substituição do Fator Previdenciário pela fórmula 85/95, atualmente utilizada nos Regimes Próprios de Previdência Social, será mais benéfica aos segurados do Regime Geral de Previdência Social.

Palavras-chave: Fator Previdenciário, Segurado, Expectativa de Sobrevida, Tempo de Contribuição.

(6)

LISTA DE SIGLAS

ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade CAPS – Caixas de Aposentadorias e Pensões CF – Constituição Federal

CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social CRFB – Constituiçãoda República Federativa do Brasil EC – Emenda Constitucional

FUNPRESP – Fundação Nacional Previdência Complementar do Servidor Público IAP – Instituto de Aposentadorias e Pensões

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INPS – Instituto Nacional de Previdência Social INSS – Instituto Nacional do Seguro Social LC – Lei Complementar

LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social

MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social MPS – Ministério da Previdência Social

PBC – Período Básico de Cálculo

RGPS – Regime Geral da Previdência Social RPPS – Regime Próprio da Previdência Social SAT – Seguro Acidente Trabalho

(7)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 OS BENEFÍCIOS PROGRAMÁVEIS NOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIROS ... 11

2.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS ANÁLISE GERAL ... 11

2.1.1 Regime Geral de Previdência Social - RGPS ... 14

2.1.2 Regime Próprio de Previdência Social - RPPS ... 19

2.1.3 Regime Complementar e Militar ... 22

2.2 BENEFÍCIOS PROGRAMÁVEIS ... 24

2.2.1 Aposentadorias por tempo de contribuição e por idade no RGPS... 25

2.2.2 Aposentadoria voluntária comum por idade e tempo de contribuição com proventos integrais no RPPS ... 26

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOCIOPREVIDENCIÁRIOS ... 29

3.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL ... 31

3.1.1 Princípios específicos da Previdência Social ... 38

3.1.2 Equilíbrio financeiro e atuarial ... 40

3.1.3 Pacto intergeracional ... 43

4 FATOR PREVIDENCIÁRIO ... 46

4.1 HISTÓRICO DE IMPLANTAÇÃO ... 48

4.2 CARACTERÍSTICAS ... 51

4.3 COMPARATIVO COM O FORMATO ADOTADO NO RPPS ... 58

5 CONCLUSÃO ... 62

REFERÊNCIAS ... 64

ANEXO 01... 69

(8)

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivoestabelecer um paralelo entre o atual critério de cálculo utilizado nas aposentadorias por tempo de contribuição e por idade do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) com aplicação do fator previdenciário em face da utilização da fórmula 85/95, atualmente utilizada no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), sendo esta uma das alternativas propostas pelo governo para o fim do Fator Previdenciário.

A previdência social no Brasil, tem seu início em 1923, com a chamada Lei Eloy Chaves. Inicialmente a cobertura do sistema previdenciário era destinada somente aos trabalhadores das estradas de ferro.

Ao longo dos anos, o modelo previdenciário foi se ajustando à nova realidade dos trabalhadores e empresas do Brasil, até chegarmos à atual configuração.

Para que se mantenha o chamado equilíbrio financeiro e atuarial e para atrair mais segurados ao sistema previdenciário pátrio, deve-se enfrentar areforma previdenciária, ou, em alguns poucos anos, o sistema estará efetivamente fadado ao insucesso.

A relevância do tema se dá em função da ampla quantidade de atuais e futuros segurados do RGPS abarcados por tal modificação.

Para o presente trabalho alcançar seus objetivos, será utilizado o método de abordagem dedutivo, uma vez que o conteúdo será analisado partindo dos aspectos gerais dos benefícios programáveis dos regimes de previdência social brasileiros, passando pelos princípios constitucionais socioprevidenciários e a abordagem histórica e conceitual do fator previdenciário.

No que tange ao tipo de metodologia empregada, a pesquisa será aplicada, com característica exploratória, através do estudo de legislações, doutrinas, jurisprudências, artigos científicos, jornais, revistas, monografias, internet e etc.

O trabalho está estruturado em três capítulos, além da introdução e conclusão.

O primeiro capítulo abordará os benefícios programáveis nos regimes de previdência social brasileiros com um breve relato histórico, sua definição conceitual, seus beneficiários e suas principais características.

(9)

O segundo capítulo, por sua vez, tratará dos princípios constitucionais socioprevidenciários, conceituando-os e demonstrando sua evolução histórica.

Já no último capítulo será apresentado o histórico de implantação do Fator Previdenciário com as suas características e o comparativo basilar da pesquisa.

Neste sentido, apresenta-se o presente trabalho, sem a pretensão de esgotar a temática, mas tentando suscitar o debate em torno de um tema tão polêmico e importante.

(10)

2 OS BENEFÍCIOS PROGRAMÁVEIS NOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIROS

O presente capítulo trata dos benefícios programáveis nos regimes de previdência social no Brasil. Os benefícios programáveis são aqueles em que há uma previsão anterior, ou seja, para o seu acontecimento ocorrerá um evento futuro e certo. Já os benefícios não programáveis também há uma previsão anterior, porém, para sua concretização, o evento poderá ser presente ou futuro e incerto, ou seja, não há como prever o momento de sua ocorrência.

Serão abordados os regimes brasileiros de previdência social, considerando o histórico da Previdência Social no Brasil, com ênfase nas características do regime geral e próprio da previdência social, e uma apreciação sobre o regime complementar e militar. Para tanto serão tomados como base alguns dos especialistas do tema, com destaque para os doutrinadores Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari, Marcelo Barroso Lima Brito de Campos, Frederico Amado e Darcy Francisco Carvalho dos Santos.

2.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS ANÁLISE GERAL

Os regimes previdenciários são os sistemas protetores que visam garantir para os seus segurados e dependentes, benefícios e serviços com suas condições e normas já implantadas para serem utilizados de forma segura pelos seus segurados específicos e tais regimes têm benefícios programáveis ou não programáveis.

O regime é a organização estrutural do sistema previdenciário vigente no país, e na visão de Marco André Ramos Vieira, (2002, p.33)é a:

Forma como o sistema previdenciário se organiza, indicando beneficiários, forma de aquisição de benefícios, modo de contribuir. São regimes de previdência: o Regime Geral da Previdência Social- RGPS, os Regimes Próprios dos Servidores Efetivos, o Regime de Previdência Oficial Complementar e o Regime de Previdência Privada.

Pelo art. 9º da Lei nº 8213/91 compreende a previdência social: o Regime Geral de Previdência Social e o Regime Facultativo Complementar de Previdência Social, este ficou sem efeito em virtude da emenda Constitucional nº 20/1998, que conferiu nova redação ao artigo 201, § 7º da CF/1988. Por sua vez, o art. 6º do Decreto nº 3.048/1999, dita que compreende a previdência social: o RGPS e os regimes próprios.

(11)

Segundo os ensinamentos de Castro e Lazarri (2006, p. 122):

Entende-se por regime previdenciário aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si em virtude da relação de trabalho ou categoria profissional a que se está submetida, garantindo a essa coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo o sistema de seguro social – aposentadoria e pensão por falecimento do segurado.

Para Campos, (2009, p. 68):

O regime previdenciário consiste no conjunto de normas, regras e princípios harmônicos que informam e regem a disciplina previdenciária de determinado grupo de seres humanos.Em verdade, os regimes de previdência são definidos não só pelas peculiaridades de suas respectivas regras, normas e princípios, mas, especialmente, pelo universo de segurados e dependentes que cobrem.

Nos tempos pretéritos a preocupação com a proteção previdenciária não era o foco principal da coletividade. Porém, como destaca Tsutiya (2011, p. 31) “[...] O primeiro sistema de proteção conhecido foi o assistencialismo, que já existia na Antiguidade.”

Contudo, na Pré-História, carecia-se de um elemento coletivo, pois a proteção que ali ocorria era de forma individual e, quando muito, para o grupo familiar ou do clã ou da tribo do indivíduo. (CAMPOS, 2009, p. 36).

As primeiras formas de proteção social dos indivíduos no Brasil tinham caráter eminentemente beneficente e assistencial. Assim, ainda no período colonial, tem-se a criação das Santas Casas de Misericórdia no ano de 1785 e com a criação do plano de beneficência dos órfãos e viúvas dos oficiais da marinha. (CASTRO, 2006, p. 64).

A partir do final do século XIX, a questão se tornou importante dentro da ordem jurídica dos Estados, como relata Russomano (apudCASTRO; LAZARRI, 2006, p. 35):

[...] o mundo contemporâneo abandonou, há muito, os antigos conceitos de Justiça Comutativa, pois as novas realidades sociais e econômicas, ao longo da história, mostraram que não basta dar a cada um o que é seu para que a sociedade seja justa. Na verdade, algumas vezes, é dando a cada um o que não é seu que se engrandece a condição humana e que se redime a injustiça dos grandes abismos sociais.

(12)

As instituições previdenciárias, precedentes a 1920, tinham uma abrangência restrita e poucas atingiam uma implementação completa. (SANTOS, 2009, p. 31).

Em 1923, a partir da Lei Eloy Chaves, um modelo de proteção nos moldes do utilizado na Alemanha de 1883 foi implementado. Identificavam-se três características fundamentais: a obrigatoriedade de participação dos trabalhadores; contribuição por parte de trabalhadores e empregadores; e uma série de benefícios definidos em lei. (LAZZARI, 2010, p. 31).

No início dos anos de 1930, ocorre uma crise no sistema previdenciário, e em 1933, surgem os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Neste novo modelo, as contribuições passam a ser tripartites, ou seja, com participação dos empregados, empregadores e governo. (CAMPOS, 2009, p. 33).

Em meados dos anos 40, mais precisamente em 1945, o sistema voltou a ter problemas de endividamento; já em 1946, a Constituição reservou um capítulo para tratar em nossa lei maior, sobre normas da previdência.

Já nos anos 50, temos duas amplas e fundamentais alterações, a primeira se refere à promulgação em 1952, do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, de acordo com a Lei 1.711/52, que passou a regular a aposentadoria dos ocupantes de cargos públicos federais. Por sua vez, em 1953, através do Decreto 34.586/53, é estabelecida a fusão de todas as Caixas de Aposentadorias e Pensões, ainda remanescentes. (LAZZARI, 2010, p. 33).

Em 1960, foi promulgada a Lei 3.807/60, chamada de Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, unificando o plano de benefícios dos institutos. Já em 1967, ocorre a unificação da previdência urbana brasileira através do Decreto Lei 72/1966, criando o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. (AMADO, 2012, p. 93).

Ainda nos anos 60, o governo resolve incorporar ao tesouro, os recursos do Montepio Militar, assumindo o compromisso de arcar com o pagamento dos inativos e das pensões militares. (ROMANOWSKI, 2011).

Nos anos 70, por meio da Lei 6.435/77, foi autorizada a criação da Previdência Complementar Privada, podendo esta modalidade de previdência ser gerida por entidades abertas e fechadas. (ROMANOWSKI, 2011).

No final de 1980, é instituído o Regime Previdenciário dos Militares das Forças Armadas, através da Lei 6.880/80. (ROMANOWSKI, 2011).

(13)

Por fim, em 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, dedica-se do artigo 194 ao artigo 204, para tratar do tema seguridade social, tema este subdividido em três grandes pilares, são eles: assistência social, previdência social e saúde pública. (ROMANOWSKI, 2011).

Já no final dos anos 90, ocorreram duas grandes alterações, a chamada reforma da previdência social, advinda da Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.1998, que alterou regras tanto do RGPS quanto do RPPS. Por sua vez, em 29.11.1999, houve a promulgação da Lei 9.876, que implantou no ordenamento jurídico brasileiro o Fator Previdenciário, objeto do presente trabalho.

Em continuidade às alterações realizadas no sistema previdenciário brasileiro, nos anos de 2000, ocorreu a promulgação das Emendas Constitucionais n. 41/2003 e 47/2005, ambas com alterações direcionadas ao RPPS.

No corrente ano, ocorreram alterações advindas da aprovação do Estatuto da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal – FUNPRESP, com a promulgação da Lei 12.618/2012. Com esta alteração, passa a existir o Regime de Previdência Complementar Público, em conjunto com o privado, este último já em vigor desde 1977. (NETO, 2012).

Atualmente temos quatro espécies de regimes previdenciários: Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), Regime de Previdência Complementar (Privado/Público) e Regime Militar. Abordaremos cada um deles nos subitens a seguir.

2.1.1 Regime Geral de Previdência Social - RGPS

O Regime Geral de Previdência Social, está definido na CRFB/88, em seu art. 201, e nas leis 8.212 e 8.213 de 1991, e ambas regulamentadas pelo Decreto 3.048/99 (BRASIL, 1988).

Em 1919, ao empregador foi determinado o dever de indenizar o empregado ou a família, quando no exercício do trabalho o empregado contraísse moléstia ou se acidentasse de forma a determinar lesões corporais ou perturbações funcionais que constituindo a causa da morte ou incapacidade para o trabalho, conforme disposto no Decreto 3.724 de 1919.

A previdência social no Brasil, temsua origem em 1923, através do Decreto 4.682, de 24/01/1923, popularmente conhecida pela Lei Eloy Chaves. Neste

(14)

modelo inicial, o sistema previdenciário era organizado em Caixas de Aposentadorias e Pensões, as chamadas CAPs. (SANTOS, 2009, p. 31).

A organização das CAPs, num primeiro momento, previa a cobertura do sistema previdenciário por empresas e com regulação do Estado, que funcionavam em regime de capitalização. O primeiro ramo empresarial a ter uma CAPs organizada foi a das empresas ferroviárias. (SANTOS, 2009, p. 38).

Em seguida, outros ramos empresariais foram se organizando e estendendo a cobertura previdenciária para os demais trabalhadores brasileiros.

Ao longo dos anos, o modelo previdenciário foi se ajustando à nova realidade dos colaboradores e empresas do Brasil. (SANTOS, 2009, p. 38).

Já no governo de Getúlio Vargas, na chamada “Era Vargas”, surgiu um novo modelo previdenciário, os Institutos de Aposentadorias e Pensões, os chamados IAPs. Os IAPs eram vinculados a categorias profissionais e passaram a ser geridos pelo Estado, e funcionavam em regime de repartição. As contribuições neste período eram realizadas de forma tripartite paritária, ou seja, segurados, empresas e governo com contribuições iguais. (SANTOS, 2009, p. 38).

No inicio dos anos 60, a Lei Orgânica da Previdênia Social (LOPS), foi promulgada e regulamentada, e este diploma legal previa a unificação dos benefícios concedidos pelas IAPs. Somente em 1966, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), as IAPs se uniram formando uma mesma entidade, desta união formou-se o atual modelo previdenciário do RGPS existente no Brasil. (SANTOS, 2009, p. 38).

Outro ponto relevante a destacar em relação ao surgimento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), criado pelo Decreto-lei n. 72, de 1966, eram os problemas de déficit enfrentados por vários institutos classistas, e por essa razão, os estudiosos da área, reclamavam a unificação dos institutos com o objetivo de diminuir o déficit. (CASTRO;LAZZARI, 2006, p. 69).

Ainda em 1967, o Seguro de Acidentes de Trabalho – SAT – foi incorporado à previdência social, através da Lei n. 5.316, de 14.09.1967, deixando o SAT de ser realizado por instituições privadas para ser exclusivamente realizado por meio de contribuições vertidas ao caixa único do regime geral previdenciário. (CASTRO, 2006, p. 69).

Com o fim das IAPs, as contribuições deixaram de ser tripartites, porém houve uma ampla extensão nas coberturas previdenciárias a categorias antes não

(15)

contempladas, como: trabalhadores rurais (1971), empregadas domésticas (1972) e trabalhadores autônomos (1973). (SANTOS, 2009, p. 38).

A unificação da então chamada Previdência Social Urbana, não tinha por função apenas a unidade das regras de proteção. Como relata Castro e Lazzari (2006, p. 69):

[...] a previdência brasileira, sob o argumento de controle e da segurança nacional, começou a perder seu rumo, pois todos os recursos dos institutos unificados foram carreados para o Tesouro Nacional, confundindo-se com o orçamento governamental.

Já em 1976, foi criada a lei n. 6.367, sendo esta a última legislação que regulou a matéria específica de acidentes de trabalho, no fim dos anos 70. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 70).

Por sua vez, em 1984, a última Consolidação das Leis da Previdência Social – CLPS, reuniu toda a matéria de custeio e prestações previdenciárias, mais as decorrentes de acidentes do trabalho. Foi criado pelo decreto-lei n. 2.284/86 o benefício do seguro-desemprego, para garantir um abono temporário nos casos de desemprego involuntário. (CASTRO;LAZZARI, 2006, p. 71).

A promulgação da CRFB/88, é o divisor de águas e o parâmetro norteador dos atuais regimes previdenciários atualmente existentes no país. A carta magna no caput do seu art. 201, inverbis:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei [..] (BRASIL, 1988).

Logo, conclui-se que o RGPS não abriga a totalidade da população economicamente ativa, mas somente aqueles que, mediante contribuição e nos termos da lei, fazem jus aos benefícios, não sendo abrangidos por outros regimes específicos de seguro social. Ficando excluídos do RGPS: os servidores públicos civis, regidos por sistema próprio de previdência; os militares; os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público; e os membros do Tribunal de Contas da União, todos por possuírem regime previdenciário próprio; e os que não contribuem para nenhum regime, por não estarem exercendo qualquer atividade. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 72).

(16)

Com a CRFB/88, a previdência social se justifica para o benefício da população visando ao bem-estar e à justiça social. A valorização do trabalho é norma determinante para caracterizar o direito da obtenção do benefício, contudo é dever da seguridade social prover da assistência aqueles que não têm condição de exercer o trabalho, seja por motivo momentâneo, seja por fato que lhes determine a incapacidade permanente.

A norma constitucional prevê que todos os trabalhadores devem ser incluídos compulsoriamente em um regime previdenciário, quer como segurado, quer como contribuinte, eliminando, sobretudo, as diferenças entre trabalhadores rurais e urbanos.

A Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, dispôs sobre a organização da Seguridade Social e instituiu seu novo Plano de Custeio, enquanto a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, instituiu o Plano de Benefícios da Previdência Social.

Segundo os ensinamentos de Amado (2012, p. 173), o Regime Geral de Previdência Social, é:

O grande plano previdenciário brasileiro, pois abarca a grande maioria dos trabalhadores, exceto os servidores públicos efetivos e militares vinculados a Regime Próprio de Previdência Social instituído por entidade política, tanto que, muitas vezes, a legislação, a doutrina, a Administração Pública e a jurisprudência tomam a expressão “previdência social” como sinônima de Regime Geral de Previdência Social.

Já Martins (2012, p. 75), define previdência social, como:

É a previdência social um conjunto de princípios, de normas e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei.

O texto constitucional do diploma legal de 1988, define em seu art. 194, de seguridade social, inverbis: “[...] compete ao Poder Público organizar a seguridade social e a define como o conjunto integrado de ações do Estado e da sociedade, com fim de assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social.” (BRASIL, 1988).

A seguridade social é um sistema composto por dois subsistemas, o subsistema não contributivo, que compreende assistência social e saúde pública, e o

(17)

subsistema contributivo, composto somente pela previdência social. (AMADO, 2012, p. 193).

Deste modo, conclui-se que a seguridade social, é formada por um conjunto de ações, que objetivam garantir os direitos de toda uma sociedade. Sendo um desses direitos a previdência social.

Vieira (2002, p.2), define a previdência social, como:

A previdência social pode ser definida como a verificação, previsão, antecipação de determinadas contingências sociais, algumas das quais a nossa atual Constituição Federal denominou eventos (artigo 201, inciso I). [...]

Com isso verificamos que a previdência social brasileira está centrada e justificada sua existência na finalidade de cobertura de determinados eventos (doença, morte, invalidez e idade avançada), bem como na proteção a determinadas situações (maternidade, desemprego involuntário, reclusão e amparo à família). Esses eventos e situações são os denominados benefícios e serviços previdenciários, cobertos pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS, Lei 8.231 de 24/7/1991 e alterações posteriores, com exceção do seguro-desemprego que não está incluído no RGPS, sendo regulado atualmente pela Lei nº. 7.988, de 11/1/1190.

A legislação infraconstitucional, em especial o artigo 1º. daLei 8.213/91, nos traz o objetivo principal da previdência social:

A previdência social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários, meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.(BRASIL, 1991).

Além da previsão constitucional e infraconstitucional já citadas, o RGPS também se utiliza de princípios norteadores específicos, que são: princípio da contributividade, obrigatoriedade de filiação, equilíbrio financeiro e atuarial, universalidade de participação nos planos previdenciários, uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais, seletividade e distributividade na prestação dos benefícios, irredutibilidade do valor dos benefícios, vedação ao retrocesso social, entre outros. No capítulo 3 abordaremos os conceitos de alguns desses princípios.

O Regime Geral de Previdência Social, é compulsório para os trabalhadores em geral, exceto para os titulares de cargos públicos civis efetivos e militares, filiados respectivamente ao Regime Próprio da Previdência Social ou ao Regime Militar. (Amado, 2012, p. 99).

(18)

A filiaçao ao RGPS é compulsória e automática para os segurados obrigatórios, permitindo, ainda, que pessoas que não estejam vinculadas como obrigatórias e não tenham regime próprio de previdência, inscrevam-se como segurados facultativos, passando também a serem filiadas ao RGPS. É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de segurados facultativos, em consonância ao princípio da universalidade do atendimento. (LAZZARI, 2010, p. 111).

A administração do RGPS é realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal responsável pela concessão e manutenção dos benefícios e serviços do RGPS. (LAZZARI, 2010, p. 112).

São segurados do RGPS, a pessoa física que exerce atividade remunerada, efetiva ou eventual, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, a título precário ou não, bem como aquele que a lei define como tal. Também é segurado aquele que se filia facultativamente e espontaneamente à Previdência Social, sendo que, em relação à espécie, os segurados se classificam em obrigatórios e facultativos. (LAZZARI, 2010, p. 114).

Os segurados da Previdência Social fazem jus às seguintes prestações: aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição,aposentadoria especial, auxílio doença, auxílio acidente, salário-família e salário-maternidade. Já os seus dependentes, às seguintes prestações: pensão por morte e auxílio reclusão, sendo o serviço social e a reabilitação profissional devida tanto aos segurados quanto aos dependentes.

Para finalizar, o RGPS é a maior seguradora da América Latina e um dos maiores programas mundiais de redistribuição de renda, por isso é fundamental que tenha regras e normas claras para que os seus segurados e dependentes não tenham prejuízos no futuro.

2.1.2 Regime Próprio de Previdência Social - RPPS

Em regra, os segurados do Regime Próprio de Previdência Social, são os denominados de estatutários, por terem vínculo efetivo com a administração pública em qualquer uma das suas esferas de poder, porém, por falta de recursos para organizarem os seus regimes próprios, alguns municípios brasileiros ainda mantêm seus colaboradores vinculados ao RGPS.

(19)

Como ensina, Amado (2012, p. 101):

Regime Próprio da Previdência Social, é obrigatório para os servidores públicos efetivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como os militares, caso tenham sido criados pelas respectivas entidades políticas.

Já para Castro e Lazzari (2006, p. 123):

A Constituição Federal concede tratamento diferenciado aos agentes públicos ocupantes de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como os das autarquias e fundações públicas, ao prever a instituição de regime previdenciário próprio, o qual também se aplica aos agentes públicos ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do Ministério Público e de Tribunais de Contas) – art. 40, caput, com redação conferida pela EC n. 41, de 2003.

De acordo com Campos (2009, p. 68):

Os Regimes Próprios da Previdência Social (RPPS) disciplinam a previdência dos servidores públicos titulares de cargos efetivos vinculados a cada um dos entes federativos (CF, art. 40, caput). Portanto, temos os RPPS dos servidores da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, também denominados de “regime jurídico peculiar” dos servidores públicos.

O regramento geral dos regimes previdenciários dos servidores públicos efetivos e militares está posto no artigo 40, da CRFB/88, com as alterações das Emendas 41/2003 e 47/2005, bem como nas leis 9.717/98 e 10.887/04, cabendo a cada entidade política aprovar as suas leis criando e regulamentando os seus RPPS’s, observada a regulação genérica federal. (AMADO, 2012, p. 101).

O regime próprio da previdência social dos servidores públicos tem as seguintes características: próprio, básico, solidário, de filiação obrigatória, estatal, contributivo, fechado, de equilíbrio financeiro e atuarial, de contribuição definida e com unidade de gestão. (CAMPOS, 2009, p. 80).

A nossa lei maior define no caput do art. 40, que são os segurados e as principais características do RPPS, in verbis:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e

(20)

inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (BRASIL, 1988).

Vale lembrar que os regimes próprios não podem conceder benefícios distintos dos previstos no RGPS, salvo disposição constitucional. (CAMPOS, 2009, p. 167).

Em relação aos segurados do RPPS, estes possuem direito às seguintes aposentadorias: aposentadoria por invalidez, aposentadoria compulsória, aposentadoria voluntária e aposentadoria especial. Vale lembrar que a aposentadoria por invalidez pode ser com proventos integrais ou proporcionais; a compulsória é devida ao servidor que completar 70 anos de idade; a voluntária está dividida em comum e do professor, sendo que a comum ainda se subdivide em idade e tempo de contribuição e somente idade, já a aposentadoria especial aguarda desde a promulgação da CRFB/88 a regulamentação por lei complementar para que este benefício seja implementado. (CAMPOS, 2009, p. 168).

No RPPS não há o benefício do auxílio doença existente do RGPS, mas sim a licença para tratamento de saúde, sem prejuízo do cargo e da remuneração. (CAMPOS, 2009, p. 168).

A criação e extinção de RPPS, se darão mediante lei do respectivo ente da Federação, inclusive por Constituição Estadual ou Lei Orgânica distrital ou municipal. Em caso de extinção do RPPS, os servidores a ele filiados ficam automaticamente vinculados ao RGPS. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 124).

Temos também nos RPPS uma característica particular em relação ao RGPS, incidirá contribuição de inativos e pensionistas sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo RPPS, que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS de que trata o art. 201 CRFB/88, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 127).

A reforma da previdência social ocorrida com Emenda Constitucional 20/98, trouxe inovações ao texto constitucional no art. 40, parágrafo 14 da CRFB/88, em relação a possível criação do regime de previdência complementar do servidor público, como segue:

§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos

(21)

servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201.

Já a reforma da previdência social, ocorrida com Emenda Constitucional 41/03, alterou o art. 149, parágrafo 1º. da CRFB/88, ratificando a intenção pretendida com a EC 20/98, in verbis:

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. (BRASIL,1988).

Por derradeiro, no corrente ano, com promulgação da Lei 12.618/2012, o Regime de Previdência Complementar Público, por meio da FUNPRESP, inovou ao estabelecer o fim das aposentadorias integrais para os novos servidores públicos federais, limitando os proventos de aposentadorias concedidas pela União, ao teto aplicado ao RGPS, sendo o objetivo principal da FUNPRESP complementar os valores entre o teto do RGPS e o efetivo ganho do servidor público federal. Porém, o servidor público federal poderá optar em contribuir ou não, pois sua adesão ao novo regime é facultativa.

Caso almeje receber o valor integral de sua remuneração no momento de sua aposentadoria, terá que aderir a este novo regime complementar recém- instituído, que passa a vigorar a partir do início de 2013. (NETO, 2012).

O RPPS é um regime um pouco mais restrito do que o RGPS, pois no RPPS não se admite a forma de filiação facultativa e a principal característica de seus segurados é a vinculação de forma efetiva com a administração pública.

2.1.3 Regime Complementar e Militar

O Regime Complementar da Previdência Social é um regime que pode ser público ou privado, de filiação facultativa, administrado por entidades de previdência reguladas pelo poder público. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 133).

(22)

Só é admitido o desenvolvimento da atividade de previdência complementar em caráter supletivo, ou seja, não se pode optar em deixar de contribuir para um sistema compulsório em detrimento do sistema complementar.

No Brasil, a criação inicial dos fundos de pensão ocorreu primeiramente de forma empírica por fundos contábeis, sem rigor técnico e atuarial, para ser regulamentada posteriormente. O sistema se consolidou atrelado às empresas estatais e ao “milagre econômico” da década de 70, mas teve uma expansão tímida até o ano de 2001, quando passou a ser entendido como política pública de Estado. Ano em que foram editadas as Leis Complementares 108/01 e 109/01(em substituição à Lei 6.435/77) para estabelecer um novo arcabouço legal capaz de incentivar a expansão da previdência complementar. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 134).

Quanto aos planos, os benefícios complementares podem ser, com benefícios definidos ou contribuições definidas.

O plano de benefícios definidos é aquele em que existe uma regra pré-estabelecida para a determinação do valor do benefício. Em qualquer tipo de plano de benefício, três aspectos são considerados em sua formulação: benefícios, investimentos e contribuições. No caso desse tipo de plano, os benefícios são fixados, e a rentabilidade dos investimentos e as contribuições são variáveis. Dessa forma, "[...] você não sabe exatamente de quanto será o rendimento do fundo nos próximos trinta, cinquenta anos. Se ele for maior, e se você fixar os benefícios, as contribuições serão menores". (WOERNER, 1988).

Já no plano de contribuições definidas, é pré-estabelecido o nível de contribuições dos participantes e da patrocinadora, ficando como variáveis o benefício e o investimento. Neste caso, segundo Lawrence Woerner (1988), o benefício pode ser projetado, “[...] com base em hipóteses de taxa de juros, crescimento salarial, crescimento do benefício do INSS, salário mínimo, e etc, mas é impossível dizer, com certeza, que essa contribuição vai gerar exatamente o que foi previsto.”

O Regime Previdenciário dos Militares das Forças Armadas está disciplinado na lei n. 6.880, de 09.12.1980, que trata sobre o Estatuto dos Militares, considerados assim os membros das Forças Armadas. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 137).

(23)

Os militares por força da Emenda Constitucional n. 18, de 05.02.1998, não são mais considerados servidores públicos, e por consequência têm um tratamento diferenciado em relação às normas de sua Previdência Social. (CASTRO; LAZZARI, 2006, p. 137).

Assim, destaca-se o artigo 50, e os incisos I, II e III da lei 6.880, in verbis: São direitos dos militares:

I - a garantia da patente em toda a sua plenitude, com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quando oficial, nos termos da Constituição;

II - o provento calculado com base no soldo integral do posto ou graduação que possuía quando da transferência para a inatividade remunerada, se contar com mais de trinta anos de serviço;

III - o provento calculado com base no soldo integral do posto ou graduação quando, não contando trinta anos de serviço, for transferido para a reserva remunerada, ex-ofício, por ter atingido a idade-limite de permanência em atividade no posto ou na graduação, ou ter sido abrangido pela quota compulsória. (BRASIL, 1980).

Os militares têm direito a proventos integrais após cumprirem trinta anos de efetivo exercício da atividade militar. Ao contrário de outros regimes, os militares não possuem contribuições previdenciárias, pois contribuem para a pensão militar com 7,5% e para a assistência médico hospitalar com até 3,5%.

Outro ponto a destacar é que os militares não se aposentam, eles ingressam na inatividade passando para a reserva ou são reformados, sendo que a reserva nada mais é do que uma inatividade remunerada que pode cessar quando de uma convocação; já a reforma representa por analogia a aposentadoria por invalidez do RGPS ou RPPS.

2.2 BENEFÍCIOS PROGRAMÁVEIS

Os benefícios programáveis são aqueles que têm prazo certo e determinado para sua ocorrência, ou seja, atingir o tempo de contribuição ou a idade mínima necessária para obter um benefício previdenciário, como por exemplo: aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição.

Em relação aos regimes previdenciários (RGPS/RPPS) mais comuns em nosso ordenamento jurídico, destacaremos quais os benefícios programáveis de cada um deles.

(24)

No RGPS tem-se como benefícios programáveis a aposentadoria por idade (urbana e rural), aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial. Já no RPPS, os benefícios programáveis são a aposentadoria compulsória e aposentadoria voluntária.

A seguir serão analisados nos tópicos abaixo, as formas de cálculo e os critérios utilizados atualmente para concessão dos benefícios programáveis de aposentadoria por idade urbana e por tempo de contribuição do RGPS, e da aposentadoria voluntária comum por idade e tempo de contribuição do RPPS.

2.2.1 Aposentadorias por tempo de contribuição e por idade no RGPS

Dentre os benefícios programáveis do RGPS, serão analisados a forma de cálculo e os critérios de concessão da aposentadoria por tempo de contribuição e por idade urbana.

Está disposto na CRFB/88 (BRASIL, 1988) em seu artigo 201, parágrafo 7º., inciso I, II, como segue:

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas às seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

E na legislação infraconstitucional encontra-se positivado no seu art. 48 e 52 da Lei 8.213/91:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

[...]

Art. 52. A aposentadoria por tempo de serviço será devida, cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo feminino, ou 30 (trinta) anos, se do sexo masculino. (BRASIL, 1991).

Importante ressaltar que, a partir da Emenda Constitucional n. 20/98, a nomenclatura de aposentadoria por tempo de serviço, deixa de existir para então

(25)

vigorar com o nome de aposentadoria por tempo de contribuição. Com o claro objetivo de fortalecer o entendimento do aspecto contributivo do regime previdenciário. (IBRAHIM, 2005, p. 29).

Após a alteração ocorrida em 16.12.1998, com a promulgação da EC 20 de 1998, menos de um ano depois, a forma de cálculo dos benefícios programáveis de aposentadoria por tempo de contribuição (compulsoriamente) e por idade (facultativamente), sofreu inovação com a publicação da Lei n. 9.876/99, que instituiu o fator previdenciário. Inovação esta que será tratada detalhadamente do capítulo 3.

Logo, temos em vigor a seguinte formatação para concessão das aposentadorias por tempo de contribuição: para os homens é necessário 35 anos de contribuição, já para as mulheres é necessário 30 anos de contribuição, porém, para ambos é indispensável obter a carência mínima de 180 contribuições e aplicar obrigatoriamente o Fator Previdenciário. Vale salientar que não há necessidade de atingir uma idade mínima, basta implementar os requisitos citados.

Já para concessão das aposentadorias por idade urbana, para os homens é necessário 65 anos de idade, já para as mulheres, 60 anos de idade, porém para ambos é indispensável obter a carência mínima de 180 contribuições e aplicar facultativamente o Fator Previdenciário, ou seja, o fator só irá compor o cálculo da aposentadoria caso não prejudique o segurado.

2.2.2 Aposentadoria voluntária comum por idade e tempo de contribuição com proventos integrais no RPPS

Entre os benefícios programáveis do RPPS, passaremos a analisar a forma de cálculo e os critérios de concessão da aposentadoria voluntária comum por idade e tempo de contribuição com proventos integrais.

Diz-se aposentadoria voluntária aquela que, preenchida as condições legais, confere ao seu titular a faculdade de requerê-la. (CAMPOS, 2009, p. 172).

A regra atual do art. 40, parágrafo 1º., III, “a” da CRFB/88 (BRASIL, 1988), prevê que:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário,

(26)

mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher;

Os critérios dispostos acima devem ser reunidos de forma cumulativa para a obtenção dos proventos integrais, ou seja, deve o servidor contar com o tempo mínimo de 10 anos de serviço público, estar a pelo menos 5 anos no cargo em que se dará a aposentadoria, e se homem, ter pelo menos 60 anos de idade e trinta e cinco de contribuição, já se mulher, 55 anos de idade e trinta anos de contribuição.

A previsão contida na alínea “a” do inciso III do parágrafo 1º. do art. 40 de nossa lei maior, não é outra senão a popular fórmula 85/95, ou seja, para que a mulher implemente as condições para obtenção de sua aposentadoria com proventos integrais, esta deve contar com pelo menos 55 anos de idade e 30 anos de contribuição, que somados atinjam os 85 pontos, sendo que os homens devem contar com pelo menos 60 anos de idade e 35 anos de contribuição, que somados atinjam os 95 pontos. É de fundamental importância esclarecer que esta condição pode ser modificada em função do inciso III, art. 3º. da Emenda Constitucional n. 47/2005, como segue:

III idade mínima resultante da redução, relativamente aos limites do art. 40, § 1º, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, de um ano de idade para cada ano de contribuição que exceder a condição prevista no inciso I do caput deste artigo.

Em verdade, se o servidor homem contar com 36 anos de contribuição e 59 anos de idade, este poderá se aposentar com os proventos integrais, pois a soma do tempo de contribuição mais a idade totalizam 95 pontos, porém, se este mesmo servidor contar com 61 anos de idade e 34 anos de contribuição, que somados fecham os 95 pontos, neste caso não será possível o jubilamento, uma vez que o tempo mínimo de contribuição não foi atingido, tempo este que é de 35 anos de contribuição na atualidade.

(27)

Procurou-se, neste capítulo,analisar os regimes de previdência social existentes no Brasil, definindo-os, conceituando-os e assinalando os seus beneficiários.

Abordaram-se os benefícios programáveis e seu objetivo em um regime previdenciário, além de caracterizar os benefícios basilares da presente pesquisa.

No próximo capítulo serão abordados os princípios constitucionais socioprevidenciários.

(28)

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOCIOPREVIDENCIÁRIOS

Neste capítulo, abordar-se-ão os princípios constitucionais socioprevidenciários que embasam o sistema previdenciário brasileiro.

Antes, entretanto, cumpre apresentar o marco teórico adotado para a definição das regras e os princípios, que são os meios norteadores da aplicação de uma norma jurídica.

Para Frederico Amado (2012, p. 36), a definição dos princípios:

É possível definir os princípios como espécie de normas jurídicas com maior carga de abstração, generalidade e indeterminação que as regras, haja vista não disciplinarem por via direta as condutas humanas, dependendo de uma intermediação valorativa do exegeta para sua aplicação.

No descrever de Dal Bianco (2011, p. 16), regras são:

[...] normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos. Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível. Isso significa que a distinção entre regras e princípios é uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau. Toda norma é ou uma regra ou um princípio.

Já para Miguel Horvath Júnior (2012, p. 93), a diferença entre regras e princípios:

Enquanto as regras estabelecem o que é devido e o que não é devido em circunstâncias nelas próprias determinadas, os princípios estabelecem orientações gerais e, por isso, necessitam de uma atividade ulterior de concretização que os relacione a casos específicos.

Segundo Celso Bandeira de Mello (2006, p. 902-903), princípio é por definição:

[...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.

(29)

Na construção de uma ciência se parte de certas premissas que servem de base para a formação de institutos. Estes, uma vez sistematizados, formarão seu arcabouço. As premissas que servem de alicerce para a construção da referida ciência são os seus princípios.

Para José Joaquim Gomes Canotilho (1998, p. 1123), princípios são:

Normas que exigem a realização de algo, da melhor forma possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas. Os princípios não proíbem, permitem ou exigem algo em termos de “tudo ou nada”; impõem a otimização de um direito ou de um bem jurídico, tendo em conta a “reserva do possível”, fática ou jurídica.

O doutrinador Ráo (1999, p.48), afirmava que a ignorância aos princípios "[...] quando não induz a erro, leva à criação de rábulas em lugar de juristas”.

Os princípios representam a consciência jurídica de uma sociedade, e têm o dever de zelar pelos valores desta mesma sociedade. (HORVATH JÚNIOR, 2012, p. 82).

Ruy Samuel Espíndola, (1999, p. 55), quanto à eficácia positiva e negativa dos princípios, diz:

[...] por eficácia positiva dos princípios, entende-se a inspiração, a luz hermenêutica e normativa lançadas no ato de aplicar o Direito, que conduz a determinadas soluções em cada caso, segundo a finalidade perseguida pelos princípios incidíveis no mesmo; por eficácia negativa dos princípios, entende-se que decisões, regras, ou mesmo, subprincípios que se contraponham a princípios serão inválidos, por contraste normativo.

As normas constitucionais ditam preceitos, deveres e obrigações que devem estar implícitos nas demais normas do direito. As disposições contidas na Lei 8.213/91 devem atender aos princípios de igualdade, legalidade, do direito adquirido, da solidariedade social, sob pena de ser decretada a inconstitucionalidade de seus atos.

Em seus artigos 194 e 195, a CRFB/88, parágrafo único, determina caber ao Poder Público, a organização da Seguridade Social, colocando os princípios constitucionais que a regem, conforme disposto a seguir:

Art. 194 [...]

I – universalidade da cobertura e do atendimento;

II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;

(30)

V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento;

VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. [...]

Art. 195. [...]

§ 5º. Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.(BRASIL,1988).

Além dos princípios constitucionais da Seguridade Social, existem também os princípios específicos da Previdência Social, que serão abordados em tópico específico.

Sendo os princípios previstos na CRFB/88, deve-se observar o cumprimento deles e, se ocorrer qualquer fato em desacordo, ferindo tais princípios, pode-se e deve-se declarar a inconstitucionalidade, porque sendo uma lei constitucional deve ter plena eficácia.

3.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL

A seguir, descrevem-se os princípios constitucionais identificados pela doutrina especializada, com base, principalmente, no texto constitucional para a Seguridade Social. (BRASIL, 1988).

O princípio implícito no texto constitucional em seu art. 3º., I, CRFB/88, é o da solidariedade. Pode-se afirmar que a solidariedade é o ponto chave de todo e qualquer sistema de Seguridade Social.(DAL BIANCO, 2011).

Sentimento solidário leva pessoas a, voluntariamente, ajudarem-se umas às outras, sem nada pedir em troca. (DAL BIANCO, 2011).

Já Horvath Júnior (2012, p. 84), define o princípio da solidariedade, como: O princípio fundante de um sistema de seguridade social é o da solidariedade. O art. 3º., inc. I, da CF estabelece que um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

A solidariedade é essencial à Seguridade Social, pois os ativos devem contribuir para sustentar os inativos. (MARTINS, 2012, p. 14).

Entende-se que o sistema previdenciário constitui-se por princípios e diretrizes que definem e orientam suas ações. Um de seus princípios mais

(31)

relevantes é o princípio da solidariedade, no qual a população ativa economicamente contribui para financiar benefícios pagos à população fora da ativa, donde no entender de Martinez (2001, p. 75), resulta no fato de que “[...] no momento da contribuição, é a sociedade quem contribui. No instante da percepção da prestação, é o ser humano a usufruir”.

Passaremos a abordar os princípios específicos explícitos no art. 194, parágrafo único, e incisos da CRFB/88.

O princípio da universalidade deve abarcar o máximo de situações de proteção social do segurado e de sua família, tanto subjetiva quanto objetivamente, respeitadas as limitações de cada área de atuação. (TSUTIYA, 2011, p. 65).

O dever de dar proteção de cobertura e atendimento será praticado quando se tenha uma situação que indique estado de necessidade (morte, invalidez, idade avançada, deficiência física, maternidade, entre outros).

Segundo apresenta Ferreira (2011, p. 20):

A universalidade de atendimento refere-se aos sujeitos protegidos, ou seja, todas as pessoas em estado de necessidade devem ser atendidas pela Seguridade Social, inclusive aos dependentes do segurado que se encontra detido em prisão, pois já que a universalidade de cobertura diz respeito às contingências cobertas, ela significa cobrir todos os eventos que causem estado de necessidade e é objetiva porque diz respeito a fatos que deverão ser cobertos pela Seguridade Social.

Na assistência social, diante da universalidade, a limitação de acesso à Seguridade Social está condicionada à capacidade contributiva estatal e do que a lei dispor. (MARTINS, 2002).

Nesse contexto Castro e Lazzari (2006, p. 110), asseveram que:

Por universalidade de cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos os eventos cuja reparação seja premente, a fim de manter a subsistência de quem dela necessite. A universalidade do atendimento significa, por seu turno, a entrega às ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitem, tanto em termos de previdência social – obedecido o princípio contributivo – como no caso da saúde e da assistência social.

O princípio da universalidade de cobertura garante a todo o cidadão residente no país, o direito aos benefícios e serviços da seguridade social. Porém, é a lei que disciplinará como e de que forma o cidadão terá acesso a essa cobertura. (MARTINS, 2002).

(32)

Dentro da universalidade, todo fato gerador de necessidade social deve ser coberto, bem como todo o indivíduo que se encontre em necessidade, deve ser atendido pela Seguridade Social. Tendo em vista que as necessidades são sempre muito maiores e renováveis do que as reais condições econômicas do país, e verifica-se que a capacidade econômica estatal limita os atendimentos e as coberturas dessas necessidades.

Assim, tem-se o princípio da uniformidade e equivalência entre população urbana e rural. Porquanto, as prestações da Seguridade Social são os benefícios em prestações pecuniárias e serviços que são bens imateriais disponibilizados às pessoas como o serviço social, da habilitação e reabilitação.

A CRFB/88 preocupou-se em prever uniformidade no tratamento dos direitos trabalhistas urbanos e rurais. A igualdade relaciona-se aos benefícios e serviços e às mesmas proteções, donde o que é concedido ao trabalhador urbano concede-se também ao rural (MARTINS, 2002).

A equivalência diz respeito ao valor, isto é, os trabalhadores urbanos devem ter os benefícios no mesmo valor dos benefícios concedidos ao trabalhador rural, todavia, a ideia de mesmo valor significa que os benefícios serão calculados da mesma forma e não que todos os benefícios concedidos aos urbanos e rurais terão o mesmo valor (CRFB/88) (FERREIRA, 2011, p. 21).

Entende-se que a CRFB/88 tomou providências com justiça e equidade, no sentido de que as duas classes trabalhadoras são merecedoras de total igualdade perante a conjuntura da sociedade brasileira. Para tanto, não deve ocorrer distinção nem limitação no tocante ao recebimento dos benefícios. (FERREIRA, 2011).

Para Dal Bianco (2011, ps. 37-38), sobre a uniformidade e equivalência entre população urbana e rural, significa que:

[...] a lei não poderá impor diferenciação nos requisitos e no objeto das prestações oferecidas aos moradores das áreas urbanas e das áreas rurais, o que não deixa de ser um desdobramento do princípio da igualdade. [...]a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais significa que todos devem ter acesso aos mesmos benefícios, nas mesmas condições e requisitos, e ter serviços prestados com a mesma qualidade e eficiência.

(33)

Por equivalência, deve-se entender a vedação do estabelecimento de critérios diversificados para cálculo dos benefícios previdenciários.

A uniformidade indica mesmo nível de proteção para as populações urbanas e rurais.

Portanto se deve prevalecer a igualdade no âmbito da Seguridade Social, em relação aos seus segurados, sejam eles urbanos ou rurais.

Outro o princípio a ser abordado é o da seletividade e distributividade, que consiste basicamente em selecionar prestações que melhor atendam aos objetivos da Seguridade Social, nos termos do artigo 193 da CRFB/88 (BRASIL, 1988).

Seletividade para Dal Bianco (2011, ps. 39-40), representa:

[...] a escolha dos riscos e contingências sociais de maior relevância social a serem cobertos, formatando-se benefícios e serviços para atendê-los, com base em parâmetros consistentes e de acordo com as possibilidades econômico- -financeiras do sistema. [...]Seletividade e universalidade não são princípios que se excluem, ao contrário, se complementam: o primeiro irá definir quais prestações serão oferecidas e a quem elas se destinam, e o segundo irá buscar que todas as pessoas que se enquadrem nos requisitos estabelecidos tenham acesso aos benefícios.

A seletividade e distributividade é um princípio destinado ao legislador para definir a quem e quais os critérios para obtenção de determinados benefícios e serviços da Seguridade Social. (TSUTIYA, 2011, p. 66).

Para Miguel Horvath Júnior (2012, p. 97), a distributividade implica:

[...] na criação dos critérios/requisitos para acesso aos riscos objeto de proteção, de forma a atingir o maior universo de pessoas, proporcionando assim uma cobertura mais ampla. O destinatário deste princípio é o legislador ordinário.

A seletividade consiste na opção dos riscos e contingências sociais a serem garantidos. (HORVATH JÚNIOR, 2012, p. 96).

Só há sentido na seletividade e distributividade quando há presença de incapacidade econômica em face às necessidades sociais obrigatórias de atendimento pela Seguridade Social. Faz-se necessário uma mais perfeita interpretação destes princípios, pois seu objetivo é cobrir necessidades dos segurados desamparados, não devendo excluir nenhuma classe que dela pode se beneficiar (LAZZARI, 2003).

De acordo com o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, os segurados devem manter o poder aquisitivo fruto das prestações previdenciárias.

(34)

Pode-se dizer que (FERREIRA, 2010, p. 23):

[...] é uma aplicação do princípio da suficiência ou efetividade na medida em que se determina que o valor dos benefícios não seja reduzido, esta vedação é quanto à redução nominal. Porém, apenas a proibição à redução do valor nominal dos benefícios não é garantia de que se evitará a sua irredutibilidade.

O princípio acima citado é decorrente da segurança jurídica, que além de não permitir a sua redução, impõe constitucionalmente ao Estado o dever de reajustar anualmente os benefícios previdenciários. (AMADO, 2012, p. 40).

Há três parâmetros principais que regem este princípio, são eles: Irredutibilidade do valor nominal: preserva-se a quantidade de unidades monetárias que cada indivíduo recebe; Irredutibilidade do valor real: o valor bruto do benefício deve ser mantido em moeda constante, protegido dos efeitos inflacionários, podendo haver reajuste da moeda; Vinculação ao salário mínimo: os benefícios corresponderiam a um múltiplo constante do salário mínimo, equivalente ao que representavam no momento de sua concessão. (DAL BIANCO, 2011, ps. 42-43).

Existe também o princípio da equidade na forma de participação no custeio. Entende-se que, a equidade é igualdade respeitando-se as diferenças. Seu objetivo é implementar os princípios da igualdade, conforme art. 5º, caput, da CRFB/88, e capacidade contributiva conforme artigo 145, parágrafo 1º, da CRFB/88, donde cada indivíduo contribua na medida de suas possibilidades. (LAZZARI, 2003).

Segundo o entender de Ferreira (2010, p. 24), “[...] o princípio da efetividade ou da suficiência afirma que a proteção da Seguridade Social não deve ser qualquer proteção, deve ser essa proteção suficiente de tal maneira que se possa debelar o estado de necessidade”.

E, conforme salienta Miguel Horvath Júnior (2012, p. 103), “O princípio da equidade pode ser entendido como justiça e igualdade na forma de custeio”. A equidade é o símbolo da justiça distributiva. (HORVATH JÚNIOR, 2012, p. 103).

Como exemplo aplicativo desse princípio, tem-se o artigo 20 da Lei n. 8.212/91:

Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso, é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário-de-contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela: [...](BRASIL, 1991).

(35)

O artigo 195, parágrafo 9º, da CRFB/88, por sua vez dispõe:

Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

§ 9º - As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (BRASIL, 1988).

No que se refere ao princípio da diversidade da base de financiamento, tem-se que pode ser objetiva, ao referir-se a fatos geradores da obrigação de pagar contribuições sociais como salário, renda de espetáculos esportivos, faturamento, lucro, resultado da comercialização da produção rural, folha de salários, concursos de prognósticos, entre outros; e subjetiva, ao tratar dos indivíduos que devem participar do financiamento (segurados, Estado, empresas, entre outros). (LAZZARI, 2003).

Princípio muito aplicado ao legislador, que deve otimizar os recursos da Seguridade Social. Cabe-lhe diversificar as fontes de financiamento na hora de seu estabelecimento, conquanto maior for a diversificação, há mais fatos geradores e maior estabilidade da Seguridade Social (LAZZARI, 2003).

Segundo Ferreira (2010, ps. 24-25), essa diversidade dá-se pelos seguintes motivos:

a) diversidade objetiva, diversidade de fatos geradores de contribuição social; e b) diversidade subjetiva, maior número possível de contribuintes para a Seguridade Social. Conclui-se, portanto, que deve o legislador estabelecer o maior número possível de fatos geradores de contribuição social e deve, também, distribuir o ônus de financiar a Seguridade Social pelo maior número possível de pessoas.

No mesmo contexto, Augusto MassayukiTsutiya (2011, p. 67), assevera que:

O custeio tríplice figura em preceito constitucional desde 1934. São diversas as bases de cálculo e os percentuais de contribuição devidos por cada um dos participantes do sistema contributivo. Enquanto a contribuição dos trabalhadores e dos empregadores incide primacialmente sobre a folha de salários, a parcela devida pela União é cobrada da sociedade, de modo indireto.

Referências

Documentos relacionados

Existem diferentes formas pelas quais a água pode fazer parte da composição dos sólidos, resultando nu- ma grande variedade de substâncias encontradas na natureza que contêm água ou

PLANO DE BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Os benefícios oferecidos pelo RGPS têm por objetivo assegurar aos contribuintes e a suas famílias meios indispensáveis

Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição são aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social.. a)

Nesse rumo, a aposentadoria é uma prestação previdenciária que pode se dar em razão de diferentes motivos, porém, independente da modalidade, seja por invalidez, por tempo

Regime Geral de Previdência Social Receitas Previdenciárias (I) Despesas Previdenciárias (II) Resultado Previdenciário (III) = (I - II). Regime Próprio de Previdência

A previdência brasileira está composta por três regimes distintos: o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e o Regime de

segundo entendimento desta Corte Superior, não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra Pessoa Jurídica de Direito Público à qual

Os híbridos obtidos com precursores derivados da modificação da MMT com polímeros sintéticos, como polipropileno (PP) e poliacrilonitrila, foram submetidos a tratamentos análogos