• Nenhum resultado encontrado

A “COMPARTIMENTAÇÃO” DE FORMAS EDIFICADAS LEVANTA UMA IMPORTANTE SÉRIE DE QUESTÕES PARA AS TEORIAS DA ARQUITETURA, RELACIONADAS AOS MODOS COMO AS

REP – INDICAÇÕES E ESPECIFICAÇÕES

A “COMPARTIMENTAÇÃO” DE FORMAS EDIFICADAS LEVANTA UMA IMPORTANTE SÉRIE DE QUESTÕES PARA AS TEORIAS DA ARQUITETURA, RELACIONADAS AOS MODOS COMO AS

FORMAS “SEGUEM A FUNÇÃO”. COMPARTIMENTAMOS PARA SEPARAR ATIVIDADES, PARA CONDICIONAR AMBIENTES COM ECONOMIA, PARA PROTEGER PESSOAS E OBJETOS, ETC. MAS, AO DESENHARMOS AS COMPARTIMENTAÇÕES, ESPAÇOS IMPREVISTOS PODEM GANHAR IM- PORTÂNCIA, SOBRETUDO QUANDO DERIVADOS DE CIRCULAÇÕES OU DA CRIAÇÃO DE “O- PORTUNIDADES DE USO” DE FRAÇÕES DE ESPAÇO QUE RESULTARAM DA GEOMETRIA DA PRÓPRIA OPERAÇÃO DE DISTINÇÃO DAS ÁREAS INTERNAS À EDIFICAÇÃO. COMO SABER QUAN- DO DENOMINAR UMA DESSAS “OPORTUNIDADES”, AS MAIS FELIZES, AINDA QUE FORTUITAS, INESPERADAS? B2(?) B3(?) B4(?) (?) (?) A8 A3 A4 A1 A2 A5 A6 A3 A4 A1 A2

Essa “univocidade” é relevante não somente para o disciplinamento do uso da edificação, para a explicitação desse uso,

6

Por permanente não significamos continuado, mas que é reiteradamente, repetidamente realizado, ainda que de forma esporádica. A denominação descreve esse uso mais importante, que se deseja ver associado

mas para a identificação das PARTES da edificação.

Ao denominar cada ambiente, cada compartimento, cada fração que possa abrigar uso oportuno, permanente, o projetista “presta contas” acerca de aspectos fundamentais do projeto de arquitetura: é uma PRIMEIRA DEMONSTRAÇÃO de que o esquema projetado tem uma BOA PROBABILIDADE de funcionar como é esperado pelo cliente. Um dos grandes mistérios da arquitetura contemporânea é o de que nossos esquemas não precisam ser complicados – a maioria DEVE ser simples e conservadora, sobretudo quanto aos padrões de acessibilidade e circulação – para funcionar, em uma grande variedade de tipologias edificadas.

Ao desenhar esses esquemas, sempre há margem para muitos ajustes, a depender da abordagem de coordenação modular adotada, da tolerância do cliente quanto à variabilidade dimensional e construtiva. Assim, desde já ADVERTE-SE para a eventual criação de situações IMPREVISTAS, na forma de ambientes, espaços e suas frações, que podem receber DENOMINAÇÕES “SERENDIPITY”7.

Enfatizam-se essas situações extraordinárias para se reforçar aquilo que é ordinário: todos os ambientes, compartimentos e frações espaciais significativas DEVEM receber denominações adequadas, compatíveis com (e previstas, na maioria, pelo) programa arquitetônico.

- indicação sistemática dos materiais de piso, parede e teto – essa indicação sistemática está associada aos compartimentos, ambientes e frações espaciais que receberam denominações. Ambiente designado é, invariavelmente, ambiente especificado.

0 ,10

7

Serendipity é uma conhecida expressão do mundo da pesquisa científica. Significa as boas e inesperadas descobertas abençoadas pela sorte do pesquisador. Mas é preciso reconhecê-las.

Essa designação dos materiais de revestimento é freqüentemente questionada pelos estudantes iniciantes, com toda a razão! Os estudantes “farejam” aí certa contradição entre os princípios modernos da VERDADE ESTRUTURAL, da simplicidade da arquitetura moderna, e as indicações de revestimentos que parecem OCULTAR as estruturas portantes... que parecem invisibilizar as paredes... que parecem comunicar que essa PELE REVESTIDORA pode constituir uma outra expressão de arquitetura. Se você é um purista, no sentido de ser um verdadeiro amante da VERDADE ESTRUTURAL deve querer que o “revestimento” seja nada mais nada menos que a superfície externa dos pilares de aço, de concreto, de madeiras, etc. Que a superfície dos tijolos seja o próprio revestimento de uma parede de tijolos, em toda a sua beleza, verdade, simplicidade – é assim que o Minhocão (o Instituto Central de Ciências da UnB, onde está a sua escola de arquitetura) se apresenta.

No entanto, mesmo uma parede de tijolos pode receber vernizes protetores... um pilar de concreto pode receber revestimentos de proteção... um pilar de aço pode receber pinturas que retardem a sua inevitável corrosão... e tudo isso DEVE ser indicado.

Essa é uma fundamental lição da ARTE DE CONSTRUIR: devemos proteger cada parte da edificação das intempéries, dos desgastes do seu uso, da deterioração causada por processos naturais incidente nos materiais.

Para as prefeituras, para a autoridade pública responsável por supervisionar a qualidade das construções, os revestimentos significam FATORES DE QUALIDADE das edificações, sobretudo relacionados à sua higiene e segurança. Uma questão fundamental para a maioria dos Códigos de Edificações é saber se uma área de

banho, uma área onde deve ocorrer sistematicamente, perenemente, a lavagem de... louças, utensílios, automóveis, etc., é mesmo adequada, é minimamente IMPERMEÁVEL. Os revestimentos indicados (granitos, azulejos, cerâmicas, ladrilhos, epóxi, mantas, etc.) podem indicar que essa importante qualificação pode ser atingida. No caso de áreas internas “molhadas” que não são impermeáveis, temos que a água penetrará em suas paredes e as arruinará, assim como as paredes das casas, apartamentos, edificações vizinhas. Além disso, a higiene dita que os compartimentos devem ser LAVÁVEIS! Como saber se “este ou aquele” compartimento tem os revestimentos adequados ao seu uso?

Somente através da INDICAÇÃO SISTEMÁTICA DOS

REVESTIMENTOS em todos os ambientes, compartimentos e frações significativas da edificação é que os responsáveis pelo exame do projeto arquitetônico, em nome da Autoridade Pública, podem saber corretamente se suas especificações são adequadas, corretas.

Além disso, essa informação é crucial para a avaliação do custo da obra: como saber seu custo se não conhecemos a totalidade dos materiais de construção – o que inclui, necessariamente, os seus revestimentos?

Finalmente, essa informação é crucial também para seu cliente: as famílias, as instituições, os construtores, os financiadores, querem saber como efetivamente será a aparência FINAL da edificação, de suas superfícies, de suas partes visíveis e expostas ao uso!

Entenda a importância dessa informação quando iniciar o trabalho de pesquisa e tomada de decisões acerca dos materiais de revestimento.

Outra pergunta freqüente dos estudantes iniciantes é: BASTA UMA ÚNICA INDICAÇÃO PARA CADA AMBIENTE / COMPARTIMENTO? Eventualmente uma parte “não-denominada”, indiferenciada, pode receber indicações de materiais específicos para ela, mas é exceção das exceções. Na maior parte dos casos da arquitetura mais praticada em nossas cidades, um compartimento tem um mesmo material de revestimento piso, outro mesmo material de revestimento de teto e um outro mesmo material de revestimento de paredes. A palavra mesmo significa, aqui, extensivamente: se falamos das paredes, por exemplo, trata-se do revestimento de TODAS essas paredes deste compartimento em estudo.

Nesses casos, usamos o CÍRCULO DE ESPECIFICAÇÕES de materiais de revestimento preconizado pela ABNT.

Cada ambiente, cada compartimento, cada fração espacial que receba denominação adequada e necessária deve ter seus materiais de Piso, Parede e Teto indicados através de códigos explicados em legenda própria. Esse “círculo de especificações” é indicado pela ABNT, embora os escritórios de arquitetura apresentem suas variações acerca dessas indicações. Desde que claras, sempre são aceitáveis!

1

1

1

TETO PISO PAR ED E

Caso o estudante deseje utilizar outra convenção (eventualmente está a aprender outra forma de indicar os materiais nos escritórios profissionais de arquitetura), deve mostrar domínio – isto é, suas especificações devem ser compreensíveis, organizadas.

O círculo de especificações da ABNT indica os revestimentos mais comuns nas paredes, nos tetos, nos pisos. “Mais comuns” é bem diferente de “exatamente” ou “todo o revestimento”. Podemos ter, em uma parede, revestimentos diferentes, mas que ocupam

áreas menores – o que não os faz menos importantes. Imagine um ambiente com 6,00metros de pé-direito, mas que apresenta revestimento de cerâmica em suas paredes até a altura de 1,80metros; acima disso deve ser aplicada, digamos, apenas uma singela pintura. Como indicar isso? A indicação pode ser GERAL: “revestimento de cerâmica até a altura de 1,80m; pintura à base de água no restante da parede”. Contudo, se temos que apenas um canto deste ambiente for revestido?

Geralmente os revestimentos de uma dada superfície da construção são “únicos”, ou “dominantes”, ocupando a maior parte de sua superfície. Quando dois materiais “disputam” as superfícies, eventualmente podem ser UNIDOS numa mesma especificação, que fala dos dois. No exemplo acima, uma FAIXA horizontal de cerâmica circunda TODO o ambiente, e esse ordenamento facili- ta a compreensão do analista de projetos e do construtor.

Contudo, podemos ter ordenamentos mais específicos, que poderiam exigir “especificações unificadas” muito complicadas de descrever. Nesses casos, apelamos para as INDICAÇÕES TÓPICAS, em planta, que introduzem a noção de que determinados materiais “minoritários” estão a ocorrer em frações bem determinadas das superfícies do ambiente, da edificação. Essas indica- ções são necessariamente suplementadas pelos deta- lhes de paginação, por elevações e seções esquemáticas.

Nesses casos apelamos às INDICAÇÕES TÓPICAS de revestimentos, ou indicações localizadas, como desejar chamar.

Veja, acima, uma “planta” de um compartimento, cujas paredes possuem 2 situações de indicações tópicas. A indicação tópica 1 (triângulo com o número 1) diz respeito ao que parece ser um relevo (em cerâmica, em cortiça, em madeira, etc.); A indicação tópica 2 (triângulo com o número 2), indica que um certo “revestimento 2” se aplica a essa face INTEIRA da parede que o triângulo toca (se não é exatamente isso, a elevação, os diagramas de paginação devem esclarecer a especificação e sua área de aplicação). O círculo de especificações contém outros números “1” e “2”, mas não se trata dos MESMOS MATERIAIS, pois devem estar em tabelas de convenções diferentes.

2

1

2

2

1

Essas indicações podem ser feitas com uso o uso de pequenos triângulos numerados, onde os números correspondem a diferentes indicações de materiais.

Quando um determinado ambiente não é homogeneamente revestido - quando uma parede recebe um tratamento dife- rente das demais, quando uma fração de uma outra parede recebe uma textura especial, etc. - então devemos fazer as “indicações tópicas” com o uso de pequenos triângulos que possuem números de codificação que são lidos em tabelas auxiliares. Cada pequeno triângulo deve se referir a uma indicação por vez, assim como pode ter indicações que asso- ciam uma certa combinação de materiais, tratamentos, etc.

INDICAÇÕES