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APOSTILA-EXPLICAÇÃODAPLANILHADEAVALIAÇÃODOANTEPROJETODEPA4

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Academic year: 2021

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PROJETO

ARQUITETÔNICO DE

GRANDES VÃOS:

CRITÉRIOS DE

AVALIAÇÃO DO

ANTEPROJETO

Texto e ilustrações: Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto

1. APRESENTAÇÃO.

O trabalho do ateliê de ensino de projeto arquitetônico de Grandes Vãos é dividido em três partes: na primeira, fazemos três importantes exercícios de fundamentação (a topografia física, com o levantamento topográfico expedito com nível d’água e réguas artesanais; a topografia de opiniões, com o levantamento de sugestões para o programa arquitetônico feito com diversos tipos de pessoas interessadas, como estudantes e professores; os estudos de casos, de projetos de arquitetura relacionados ao tema e aos interesses de cada estudante). Quando o terreno já foi exaustivamente descrito através do procedimento da topografia expedita, como foi o caso dos estudos sobre o Canteiro Experimental da FAUUnB, substituímos esse trabalho pela elaboração de uma série

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de croquis a mão (há programas que permitem elaborar “croquis auxiliados pelo computador).

A segunda parte é o desenvolvimento de estudos preliminares e anteprojeto de arquitetura, numa só etapa. Essa decisão se deve, sobretudo ao tempo disponível para a disciplina – num semestre de apenas 15 ou 16 semanas úteis, com apenas 2 aulas por semana. Em outras versões dos ateliês de ensino, os Estudos Preliminares são crucialmente separados do Anteprojeto.

Neste quarto semestre regular do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, contudo, os estudantes já estão razoavelmente instruídos acerca da distinção que os projetistas fazem entre essas duas etapas do projeto. Ao longo dos três primeiros semestres do Curso, nas disciplinas iniciais de ensino de projeto, a maior parte do tempo foi dedicada especialmente ao desenvolvimento de Estudos Preliminares e ao ensino dos conceitos fundamentais das metodologias de desenvolvimento de projetos de arquitetura. Embora os procedimentos de cada professor variem enormemente, não é descabido que o maior esforço, neste momento, neste quarto semestre, seja dedicado ao Anteprojeto de arquitetura.

O que é o Anteprojeto de Arquitetura? Vamos pedir ajuda ao Instituto de Arquitetos do Brasil, que, em 1993, desenvolveu o importante Roteiro para o Desenvolvimento do Projeto de Arquitetura da Edificação. Esse documento teve como objetivo dirimir dúvidas acerca de termos-chave de nossa prática profissional. Vejamos o excerto que diz respeito às principais fases de desenvolvimento do projeto:

“O projeto de Arquitetura da Edificação compreende as fases de Estudo Preliminar, Anteprojeto e/ou Projeto de Aprovação, Projeto de Execução e Assistência à Execução da Obra que se caracterizam

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como blocos sucessivos de coleta de informações, desenvolvimento de estudos/serviços técnicos e emissão de produtos finais, objetivando, ao término de cada um deles:

a) avaliar a compatibilidade do projeto com o programa de necessidades, em especial no que se refere a:

- funcionalidade;

- dimensionamento e padrões de qualidade; - custos e prazos de execução da obra;

b) providenciar, em tempo hábil, as reformulações necessárias à concretização dos objetivos estabelecidos no programa de necessidades, evitando-se posteriores modificações que venham a onerar o custo do projeto e/ou da execução da obra;

c) constituir o conjunto de informações necessárias ao desenvolvimento da fase subseqüente.

O Estudo Preliminar constitui a configuração inicial da solução arquitetônica proposta para a obra (partido), considerando as principais exigências contidas no programa de necessidades. Deve receber a aprovação preliminar do cliente

O Anteprojeto constitui a configuração final da solução arquitetônica proposta para a obra (partido), considerando todas as exigências contidas no programa de necessidades e no Estudo Preliminar aprovado pelo cliente. Deve receber a aprovação preliminar do cliente. O Projeto de Aprovação é uma sub-fase ao Anteprojeto, desenvolvida, conforme o caso anterior, concomitante ou posteriormente a ele. Constitui a configuração técnico-jurídica da solução arquitetônica proposta para a obra considerando as exigências contidas no programa de necessidades, o Estudo Preliminar ou Anteprojeto aprovado pelo cliente e as normas técnicas de apresentação e representação gráfica emanadas dos órgãos públicos (em especial, Prefeitura Municipal, concessionárias de serviços públicos e Corpo de Bombeiros). Nos casos especiais em que não haja necessidade de aprovação do projeto pelos poderes públicos, esta sub-fase deixa de existir.

O Projeto de Execução é o conjunto de documentos técnicos (memoriais, desenhos e especificações) necessários à licitação e/ou execução (construção, montagem, fabricação) da obra. Constitui a configuração desenvolvida e detalhada do Anteprojeto aprovado pelo cliente.” IAB-Direção Nacional 92-93.

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Como veremos a seguir, o que nós desenvolveremos como Anteprojeto de Arquitetura é um misto do que o IAB conceitua como Anteprojeto e como Projeto de Aprovação. Essa é uma importante observação, que deve deixar “a salvo”, desde já, o trabalho que, no final do Curso de Graduação, será desenvolvido pelo estudante como seu TFG (Trabalho Final de Graduação). As diferenças entre o que faremos neste semestre e o que CADA estudante fará em seu TFG é enorme, sem demérito para nenhuma das partes.

ANTEPROJETO PARA A APROVAÇÃO POR PREFEITURA OU INSTÂNCIA COMPETENTE TIPOS DE ANTEPROJETOS NO ENSINO E NA PRÁTICA

A

C

P

ANTEPROJETO PARA A COORDENAÇÃO DOS PROJETOS EXECUTIVOS DE

ENGENHARIA E ARQUITETURA

ANTEPROJETO PARA A PUBLICAÇÃO OU PARA CONCURSO PÚBLICO DE ARQUITETURA E/OU URBANISMO

Como o diagrama acima busca evidenciar, podemos ter 3 tipos de Anteprojetos a considerar, do ponto de vista do ensino de projeto e, com algumas precauções, para a prática profissional da arquitetura. Nosso Anteprojeto busca atender às principais exigências do Código de Edificações do Distrito Federal e, assim, ser um Anteprojeto TIPO A (de Aprovação).

Mas também temos uma série de importantes

desenvolvimentos no campo das soluções de INTERFACE com os projetos executivos de Engenharia, sobretudo quanto ao Projeto Estrutural, de Instalações Elétricas (com aspectos de Projeto Luminotécnico), Hidráulicas, Sanitárias e de Captação de Águas

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Pluviais. Assim, nosso Anteprojeto também é do TIPO C (de

Coordenação de Projetos), pois explicita, necessária e

obrigatoriamente, alguns dos principais aspectos a serem estabelecidos para que a concepção arquitetônica ORIENTE os projetos executivos de Estruturas, de Engenharia de Instalações Elétricas, Hidro-Sanitárias e de Captação de Águas Pluviais.

Mas não apenas isso: há pelo menos dois aspectos técnicos fundamentais que acrescemos à INTERFACE de Aprovação e Coordenação de projetos. São os aspectos de ACESSIBILIDADE à edificação e de SEGURANÇA da edificação. Esses dois importantes aspectos, entre outros, ainda não são especialmente exigidos pelas Prefeituras Municipais e por muitos órgãos públicos, na atualidade.

ACESSIBILIDADE e SEGURANÇA representam aspectos

complementares entre si, em nossa abordagem de ensino, que nos levam a uma nova maneira de considerar a experiência do usuário da edificação, de forma diretamente relacionada ao projeto físico da edificação. SEM COTAS OU ESCALA GRÁFICA... SEM ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAIS... AUSÊNCIA DE ELEMENTOS INTEIROS DA REPRESENTAÇÃO TÉCNICA (VISTAS DE COBERTURA... FACHADAS... LOCAÇÃO...)

SEM CORTES SUFICIENTES PARA A COMPREENSÃO DA CONSTRUÇÃO E DA GEOMETRIA DA EDIFICAÇÃO... SEM INTERFACES DETALHADAS PARA OS PROJETOS EXECUTIVOS OU PARA COMPREENDER A EXECUÇÃO DESENHOS “LIMPOS” COM A INFORMAÇÃO REDUZIDA À FORMA MAIS EVIDENTE E ELEMENTAR

SEM EXPLICAÇÕES SOBRE ESQUADRIAS E MOBILIÁRIO... SEM EXPLICAÇÕES SOBRE

INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS... SEM DETALHES RELEVANTES...

ALGUMAS VEZES, SEM DETALHE ALGUM...

O diagrama acima, por sua vez, ilustra alguns dos aspectos mais comumente “frustrantes” dos Trabalhos Finais de Graduação.

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Os aspectos criticamente apontados são MUITO freqüentes, apesar de alguns raros alunos lutarem por apresentar propostas bem informadas tecnicamente, sem frustrar os que os avaliam. Há outros aspectos problemáticos nos TFGs, mas os aspectos agora apontados vão especialmente nos interessar, a seguir. Esses aspectos frustrantes são, paradoxalmente, compreensíveis: os TFGs apresentam um nível de informação comum nos concursos públicos de projetos de arquitetura! Num concurso público assim, os arquitetos não buscam demonstrar que são capazes de elaborar projetos executivos, ou que são realmente capazes de coordenar projetos especializados.

Simplesmente, nos Concursos, se admite, tacitamente, que todos os Concorrentes sabem, sobejamente, como exercer competentemente seu ofício. Nos concursos públicos de projetos de arquitetura busca-se expor, da forma mais sucinta, direta e impactante possível, qual é o partido adotado, quais suas características fundamentais, quais suas vantagens (e, por dedução, seus defeitos e deficiências).

PROJETO EXECUTIVO DE ARQUITETURA

O

A

N

TE

P

R

O

JE

TO

D

E A

R

Q

U

IT

ET

U

R

A

CO

O

R

D

EN

A

...

PROJETOS DE ESTRUTURAS PROJETOS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PROJETOS DE INSTALAÇÕES SANITÁRIAS PROJETOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PROJETOS DE COLETA DE ÁGUAS PLUVIAIS PROJETOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

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Assim os TFGs não deveriam ser apresentados como algo que tem tantos aspectos frustrantes, mas estamos numa escola de arquitetura, onde poucas coisas devem ser pressupostas: até a conclusão da graduação, o aluno deve exercitar, estudar, aprender e demonstrar domínio sobre o desenvolvimento de projetos de arquitetura que levem a obras de arquitetura.

Os TFGs têm o nível heterogêneo de exigência que têm porque um grande volume de habilidades e conhecimentos é dado como perfeitamente dominado por TODOS os alunos – o que raramente é verdadeiro.

Conhecimentos Assumidos pela Legislação Profissional Conhecimentos Exigidos pelas Escolas (TFGs)

CURVA AZUL: o que os professores pensam que eles ensinaram e que você aprendeu. CURVA VERMELHA: o que um aluno mediano, persistente e estudioso, aprende (curva ascendente e suave) ÁREA 3 ÁREA 5 ÁREA 1 EI X O D O S C O N H EC IM EN TO S

EIXO DO TEMPO ENSAIO TEÓRICO& INTRO. TFG TGF

COME ÇO D O CUR SO ÁREA 2 ÁREA 4

No diagrama acima, uma análise carregada de ironia sobre alguns acontecimentos nesse processo de formação de um jovem arquiteto. Observe que: (1) os conhecimentos assumidos pela Legislação Profissional são bem mais abrangentes do que as Escolas de Arquitetura exigem nos TFGs; na verdade, a discrepância é

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imensa, e essa análise é feita em disciplinas como Prática Profissional; (2) A “área 1” é uma área de intensa absorção de conhecimentos pelo aluno, e pode determinar aspectos fundamentais de sua maneira de ver a arquitetura, pelo menos no âmbito dos 5 anos do curso; em especial, quando o estudante se torna um “formalista radical”, isso inevitavelmente se deve à orientação dada por seus professores nesse período; (3) a “área 2” é um período de intensa dissonância, em que as principais carências teóricas podem tomar forma; os professores atuam de forma descoordenada, e os estudantes se perguntam por que fizeram aquele teste de Habilidade Específica; a Arquitetura não é mais arte: é um feixe esquisito de técnicas fracamente ensinadas e compreendidas; um aluno mediano busca estágios e outras fontes de informação, e percebe que pode saber, naquele momento, mais que alguns de seus professores; (4) a “área 3” representa todo o esforço que o aluno mediano deve fazer para não abandonar o curso; seu potencial não pode ser desperdiçado, e o aluno percebe que deve desenvolver-se de forma autodidata; ele não compreende porque as disciplinas de projeto parecem nada ter a ver com tudo o mais que está a aprender, e vice-versa; seu ressentimento contra a incúria de alguns professores arrogantes e ausentes pode se tornar evidente, o que é piorado com a dispersão de sua turma de colegas; é um período confuso para muitos alunos, de de-socialização e de reconhecimento do primitivismo das redes sociais que encontrará no mercado profissional; (5) a “área 4” indica o momento de avaliação, pelo estudante, de seu preparo para o ingresso no mercado profissional; o aluno sabe que o aproveitamento de todas aquelas disciplinas foi medíocre, e que o mercado profissional exige muito mais – mas o que pode fazer, a uma altura dessas? Todo o seu esforço solitário é dedicado a terminar o curso. Em nome desse ideal final, será capaz

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de perdoar a tudo e a todos; (6) a “área 5” é pura magia: a escola sabe que tem uma boa dívida com os estudantes, são muitos professores e pouca assistência efetiva, e agora supõe que muito conhecimento foi passado; tanto conhecimento é suposto que bem pouco é realmente exigido nos trabalhos finais; a “área 5” é uma área de doação, onde as exigências praticamente se anulam, o que viabiliza a despedida de praticamente todos os alunos. Sejam Felizes.

A forma atual dos TFGs não permite, efetivamente, uma avaliação completa do formando em arquitetura e urbanismo: uma avaliação que cubra os conhecimentos e habilidades fundamentais para uma prática profissional de qualidade. Sem se sentir integralmente avaliado – o que é esperado, como desfecho de um processo de formação bem qualificado – os formandos são desistentes: parte deles desiste de continuar a estudar, de complementar sua formação, de eliminar suas deficiências.

De um modo inequívoco, a nossa disciplina Projeto Arquitetônico de Grandes Vãos é parte do TFG, é parte do grande processo de formação de nossos estudantes. Isso significa que, se tantas coisas serão DADAS como aprendidas, é imperativo que TENHAM SIDO, efetivamente, aprendidas. Esse é o raciocínio que fundamenta a organização de uma disciplina como a nossa, e que deve ser contrastado com as demais experiências de ensino de projeto arquitetônico em andamento. Todas essas experiências se complementam, e cada estudante deve ter uma imagem lúcida, aguçada, do que se passa em todo esse processo repleto de marchas e contramarchas, de pequenas falências e grandes pretensões.

O estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo é “convidado” (como em poucos cursos universitários ocorre) a CURSAR

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graduação há um Meta-Projeto de formação do arquiteto, e não se pode deixar de considerar outros níveis ainda mais abrangentes: o projeto de Sociedade, o projeto de Civilização Urbana. Essa é uma observação que faço com prazer: há uma tradição em nossa escola de Brasília de se auto-analisar, de se criticar de forma contrastante com o projeto da Capital do Brasil. Esse é um traço intelectual que ora se enfraquece (está bem enfraquecido neste início da segunda década do Século 21), ora se fortalece. Bruxuleia.

E - Disciplinas de Engenharia C - Disciplinas de Conforto T - Disciplinas de Desenho Técnico H - Disciplinas de História S - Disciplinas de Sociologia A - Disciplinas de Desenho Artístico L - Disciplinas de Legislação P - Disciplinas de Psicologia E - Disciplinas de Economia PO - Disciplinas de Pesquisa Operacional TA - Disciplinas de

Teorias da Arquitetura TU - Disciplinas deTeorias Urbanas

M - Disciplinas de Metodologias Projetuais M M M E E E E TA TA TU TU H H H

A pretensão de ensino em um ateliê de projeto arquitetônico não é mesmo pequena: à medida que o aluno avança na CADEIA DE

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PROJETO, os ateliês devem fazer referências e contra-referências a todas as disciplinas que estão a ocorrer simultaneamente.

Outra maneira de dizer isso é:

Cada Ateliê de Ensino de Projeto de Arquitetura retoma, criticamente, seletivamente, desafiadoramente, reflexivamente, e de forma aplicada, TODOS os conhecimentos já apresentados ao estudante de Arquitetura – sejam eles “historiográficos”... “sociológicos”... “tecnológicos”... “jurídicos”... “antropológicos”... “psicológicos”... “matemáticos”... ou de qualquer outra natureza.

Assim, obrigatoriamente, o curso de formação do arquiteto e urbanista pode e deve ser integralmente revisto e criticado a partir da Cadeia de Projeto que, por isso, deve se estender desde o primeiro até o último semestre.

Essa é uma visão que enfatiza a FORMAÇÃO PROFISSIONAL, e isso é visto como uma espécie de reducionismo por professores que

advogam uma

FORMAÇÃO CRÍTICA, como se essas duas ênfases

fossem incompatíveis.

Evidentemente, não são.

Mas apresentam um

grave problema: parecem ser raros os professores de arquitetura que se interessam por esse difícil

equilíbrio. Os

“profissionalistas” podem ter verdadeira aversão aos “críticos”, aos quais FORMAÇÃO “TÉCNICA” FORMAÇÃO “DILETANTE” CRITICISMO CONTRA OS “CRÍTICOS” CRITICISMO CONTRA OS “PROFISSIONALISTAS”

JANELA DE OPORTUNIDADES PARA UMA FORMAÇÃO EQUILIBRADA

*

*

FORMAÇÃO

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críticos acusam os profissionalistas de serem alienados, intelectualmente limitados, apolíticos, tecnicistas, reducionistas – entre outros termos pejorativos que a Academia é tão boa em gerar, aplicar, administrar.

Contudo, não faltam “janelas de oportunidade ao longo dos cursos de graduação e da vida profissional para experienciar os vários equilíbrios possíveis entre esses dois precários pólos de formação. Arquitetos praticantes que participam da arena pública, de debates urbanos convivem, nesse mundo menos imperfeito, com intelectuais arquitetos sempre interessados nos específicos projetos que lhes são solicitados, alguns a exigir significativa especialização profissional. “Dois em Um”, ou “Muitos em Um”, é o nosso ideal.

O PROBLEMA DA AVALIAÇÃO DO ANTEPROJETO

Essas observações se relacionam, em parte, com o modo de orientação e avaliação do Anteprojeto de Arquitetura que faremos na disciplina. Como vemos no diagrama abaixo, podemos apontar pelo menos 10 (dez) aspectos para a avaliação de nosso Anteprojeto.

REPRESENTAÇÃO SOLUÇÃO ESTRUTURAL SOLUÇÃO CONSTRUTIVA SOLUÇÃO FUNCIONAL SOLUÇÃO DE CONFORTO AMBIENTAL SOLUÇÃO DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS SOLUÇÃO DE LINGUAGEM SOLUÇÃO DE IMPLANTAÇÃO SOLUÇÃO DE SEGURANÇA SOLUÇÃO DE ACESSIBILIDADE E COMUNICAÇÃO VISUAL

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Esses aspectos, como veremos, se dividem em outros tantos “sub-aspectos”, de forma a que a maioria dos itens que as Prefeituras Municipais brasileiras, os órgãos públicos contratantes de Estudos Básicos e Anteprojeto, e mesmo o Instituto de Arquitetos do Brasil (com referência à orientação citada anteriormente) exigem, para a aprovação de nosso trabalho, é submetida à avaliação.

A aplicação dessa visão pragmática tem algumas importantes conseqüências, vinculadas à conduta de orientação no Ateliê de Ensino de Projeto. A primeira é de que cada aspecto pode ser abordado de forma independente ao longo das aulas. Podemos falar

de aspectos da concepção estrutural ANTES, DEPOIS,

SIMULTANEAMENTE a assuntos como os sistemas de cotas ou as soluções de iluminação e ventilação naturais.

Cada aspecto proposto para a avaliação é “ponto de orientação”, que nunca perde o “prazo de validade”. Como a planilha faz parte do Plano de Curso entregue ao estudante no primeiro dia de aula, os estudantes são convidados a perscrutar toda essa listagem – e a fazer perguntas, ou até mesmo “reescrever a listagem”, propondo novos itens de avaliação e orientação. Contudo, para que um item seja eliminado ou reescrito, exige-se que a turma esteja de acordo, pois deve alterar o procedimento de avaliação de todos.

A segunda importante conseqüência é a de que o professor não se comporta como uma “caixa preta” (termo usado em ciência da informação para designar processos que não sabemos como funcionam, e parecem gerar respostas aleatórias). A conduta é, predominantemente, de “caixa transparente”. O estudante sabe exatamente o que deve fazer para (a) ser aprovado; (b) mais que ser aprovado, obter menções excelentes; (c) mais que ser aprovado e

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receber menções excelentes, aprender um pouco mais, consolidar conhecimentos de forma organizada.

Quando o professor é uma “caixa preta”, ele avalia positivamente os aspectos que mais simpatiza no trabalho DESTE aluno, e pode subestimar o trabalho de outros alunos, somente porque não cativaram a sua “simpatia”. O professor caixa-preta, por mais bem-intencionado que seja ou queira parecer, é imprevisível e pode mais confundir do que orientar. Sua opinião pode variar de um dia para o outro, de uma aula para a outra. E quando está mal humorado, pode reagir das seguintes formas aos questionamentos, às dúvidas, aos eventuais erros apresentados por seus estudantes:

“Como você chegou até aqui sem saber isso?”

“Você tem certeza de que quer mesmo ser um arquiteto?” “A verdade é que alguns nascem arquitetos, e outros, não”

“Pergunte aos seus colegas; tem gente aí que está sabendo disso há muito tempo”

A DESQUALIFICAÇÃO de um estudante que quer aprender é inaceitável, inadmissível, absurda, partinfo de um professor de arquitetura – e nos demais casos, de qualquer professor. Mas os professores com má formação didática, profissional ou mesmo pessoal, não hesitam quanto a DESQUALIFICAR seus estudantes.

Para a nossa conduta, esse é um ponto importante. Uma planilha de avaliação que guia a orientação, e ancora os vários conteúdos de conhecimentos necessários à formação do arquiteto pode ser um singelo instrumento para que os nossos importantíssimos anteprojetos sejam uma boa experiência de ensino e aprendizado.

A seguir vamos proceder à explicação de cada item de avaliação do Anteprojeto exigido. Observem que, nas orientações individuais, esses itens balizam as recomendações do professor.

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LISTAGEM DE ASPECTOS DA AVALIAÇÃO,

COM COMENTÁRIOS

PARTE 1 - REPRESENTAÇÃO – máximo de 2 pontos

Observações Preliminares: O conjunto mínimo a apresentar é composto por: Planta geral (ou Plantas, caso a distribuição de níveis exija, para total clareza da proposta) + 2 a 3 Cortes ortogonais entre si + 4 Fachadas + Vista de cobertura + Locação + Situação.

Escalas Recomendadas:

- Planta Geral, Cortes e Fachadas: 1:50 (MANDATÓRIO1... com a

alternativa de escalas menores, como 1:75 ou 1:100, nos casos em que “a Planta não cabe na Prancha”...); Atenção para os cortes, que devem passar, necessariamente, pelos prismas de circulação vertical e de ventilação e/ou iluminação, assim como por caixas d’água e pelos elementos “notáveis” da solução dos GRANDES VÃOS; Atenção para a diferença entre FACHADAS, ELEVAÇÕES e VISTAS, que estabelecemos na apostila sobre elementos básicos de representação;

- Vista da Cobertura: 1:100 (Atenção: faremos VISTAS de Cobertura, e não “Plantas de Cobertura”, a não ser que você projete um pavimento especial que denominou “Cobertura” e fará a sua devida Planta...);

- Locação: 1:100 a 1:500 (Uma planta especial, técnica, que mostra a exata posição dos principais limites e elementos estruturais que tocam o solo, com relação aos limites do lote ou a uma referência pré-existentes, persistente, confiável);

- Situação: 1:500 a 1:2000 (A mais mal-representada das

1

Compreenda que um desenho na escala 1:50 necessariamente exige e permite a apresentação de mais detalhes que desenhos na escala de 1:75, e ainda mais que na escala de 1:100. Nossa disciplina exige o maior esforço possível no sentido da definição de todos os elementos da edificação, e a escala 1:50 é

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Plantas, de todos os tempos! Raramente, muito raramente um estudante se dispõe a representar corretamente a situação. Ela deve ter informações cruciais para que o “IRMÃO CAMINHONEIRO” encontre seu lote, encontre seu Canteiro de Obras, e que possamos localizar corretamente o seu lote no traçado urbano pré-existente ou em consolidação).

A ausência de um desses elementos do conjunto MÍNIMO torna o trabalho inaceitável para o exame. A inclusão de mais elementos (Cortes e mais Cortes, em especial, como é possível obter como o excelente programa REVIT da Autodesk, ainda que desnecessários) não é objeto de pontuação adicional - mas pode tornar a proposta mais compreensível; o exame fica mais facilitado e completo quando temos um “bom número” de cortes, especialmente numa edificação com alguns milhares de metros quadrados de área!

O estudante deve compreender o caráter dessa avaliação, que é BUROCRÁTICA e PRESUMIDAMENTE TÉCNICA. O que isso pode significar? O professor se comporta como um funcionário de Prefeitura

Municipal, restrito ao exame de um DOCUMENTO2. Para as finalidades

de Exame e eventual Aprovação, o Anteprojeto de Arquitetura nada mais é que isso: um Documento Oficial, que deve permitir a análise edilícia (isto é, relativa à Edificação). Essa análise é feita a partir de uma Lei Municipal específica, que define exatamente o que pode e

2

Como está colocado em nosso Plano de Curso, o exame “qualitativo” da proposta – sua avaliação estética e de linguagem, sua compreensibilidade, sua adequabilidade, entre outras interessantes apreciações – será feito pela BANCA EXAMINADORA final. Em minha proposta didática, busco realmente separar a avaliação do Projeto-Documento do Projeto-Concepção, embora isso seja bem difícil, se possível for. A intenção é gerar no aluno o entendimento dessas duas “famílias” de critérios, os critérios documentais (que enfatizam os aspectos formais de representação, concepção técnica, ou aspectos geralmente quantificáveis) e os critérios conceptuais (que enfatizam a solução do partido como linguagem e expressão de arquitetura, como obra de arte que expõe o gênio criador do estudante). Essa diferenciação parece ser crucial para o presente estágio do aprendizado: os alunos estão ainda a coordenar os conhecimentos técnicos e sua formação estética. Avanços nessa coordenação podem ser beneficiados com a distinção proposta. Uma nova apreciação do quanto o “técnico é estético” e do quanto o “estético é técnico”, em Arquitetura, pode surgir com maior clareza e domínio. Pelo menos é essa a pressuposição adotada.

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deve ser observado no Anteprojeto de Arquitetura. Essa Lei é denominada Código de Edificações (ou de Obras, etc.). Podemos ter mais Leis Municipais incidindo sobre essa análise (por exemplo, Leis de Prevenção de Incêndios, de Sinistros (como inundações e outros desastres naturais) e, em especial, o Plano Diretor Urbano. O nosso procedimento de avaliação, na verdade, é uma espécie de “síntese” de vários desses instrumentos legais, que visam defender a cidadania, a cidade, o ambiente urbano e natural. De um modo algo simplista, pode-se afirmar que um ALUNO NOTA DEZ nesta planilha provavelmente vai conseguir aprender a aprovar seus Anteprojetos de Arquitetura com facilidade, sem traumas e ressentimentos (por não ter sido introduzido a essa elementar face da prática profissional ainda na Graduação), no futuro.

REP – COTAS E COORDENADAS

- cotas verticais parciais e totais – são as cotas que devem permitir a análise dos CORTES. Cortes devem ser integralmente cotados, como cotamos as plantas! Exponha as cotas internas e externas; não permita contradição entre as cotas e os níveis indicados nos CORTES. O destaque é merecido: a maioria dos estudantes, até aqui, parece não ter noção de como cotar, onde cotar, por quê cotar, em CORTES. Regra (antiga e óbvia, mas pouco observada): somente cotamos o que desenhamos. O que você está a desenhar nos cortes? O sistema de cotagem deve ser coerente: lembre que não há um sistema de regras infalível para uma boa representação de cotas em arquitetura, mas que o sistema deve permitir a plena avaliação de todos os aspectos VISÍVEIS de sua solução. Ela ainda não foi construída, e ainda está por ser explicada. Explique direito, com

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suficiência. Pense no olhar TÉCNICO que caracteriza a avaliação do Anteprojeto de Arquitetura.

ERROS COMUNS nas cotas verticais: não indicar as espessuras de lajes e as alturas das vigas... não indicar o pé-direito dos compartimentos... não indicar as alturas, espessuras e espaços contidos pelos FORROS... não indicar as alturas dos espelhos das escadas... não indicar as alturas dos elementos dos corrimãos... não indicar a cota de COROAMENTO da edificação, mesmo que pelo somatório de cotas parciais... não indicar as alturas das bancadas e mobiliário fixo projetado (já para as peças pré-fabricadas ou industrializadas, como vasos sanitários, não há necessidade)... não indicar as alturas de peitoris... não indicar as dimensões das calhas... das telhas... dos elementos das estruturas locais de suporte de telhados... não indicar as dimensões em corte das caixas d’água, assim como sua eventual suspensão, para a passagem dos barriletes... não indicar as dimensões das estruturas cortadas e visíveis nos cortes (em especial, os balanços costumam ser muito mal representados e explicados)...

MAIS ERROS COMUNS: na definição das cotas verticais, os estudantes devem se certificar de que todas as alturas dos pontos mais elevados das edificações estão indicados ou podem ser deduzidos das medidas indicadas.

Um erro “fatal” e muito comum é o de que os alunos colocam cotas “esparsas” ou “perdidas”, indicando medidas isoladas, que não auxiliam a ter INFORMAÇÕES objetivas sobre as alturas, sobre as distâncias verticais, GRAVITACIONAIS, do sistema de componentes da edificação.

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- cotas horizontais parciais e totais – são as cotas que devem explicar as dimensões de suas PLANTAS. Lembre-se: “Planta Baixa só tem uma, a do Térreo... as demais são apenas PLANTAS”. Todo compartimento de formato retangular (a maioria esmagadora dos ambientes de nossas arquiteturas é retangular) pode e deve ser cotado em sua LARGURA e COMPRIMENTO. É comum ter alunos que apresentam somente uma das cotas em compartimentos retangulares. Sempre indique as dimensões das paredes ou painéis. Atente para o fato de que você pode cotar paredes, em especial, pelas FACES ACABADAS (você considera como a parede vê ficar depois de totalmente pronta, pintada, etc.), NO OSSO (desconsiderando os acabamentos, como os rebocos, as cerâmicas, os azulejos, as aplicações em madeira, etc., e mostrando suas dimensões somente com os tijolos ou outro tipo de solução de alvenaria / estrutura divisória, etc.), NO EIXO (seja como for, o eixo por onde vai passar a parede, o painel divisório, etc. é a referência das cotas). Em geral, temos que os Anteprojetos destinados ao exame pelas autoridades municipais ou por examinadores preocupados com os Espaços Mínimos, são desenvolvidos com as cotas nas FACES ACABADAS. Já os projetistas de estruturas e os construtores preferem indicações NO EIXO dos elementos construtivos.

Desenhe as cotas em seqüências sempre que possível (por exemplo, uma série de salas adjacentes pode ter uma de suas dimensões cotadas por séries de cotas alinhadas. Transmita ordem e controle dimensional na sua apresentação das cotas. Não esqueça de colocar, nas seqüências de cotas, as cotas “totais”, somatório dessas seqüências. Como você descreve compartimentos não-retangulares? Por exemplo, num compartimento poligonal regular, cada lado deve ser cotado, assim como cada ângulo deve ser indicado (ver as

0 ,05

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observações sobre ÂNGULOS). Recomenda-se a indicação de ALTURAS e APÓTEMAS3 nesse caso dos compartimentos poligonais regulares.

Nos casos dos compartimentos poligonais irregulares, todos os lados e todos os ângulos devem ser indicados (repete-se a recomendação da indicação das alturas e apótemas). E os compartimentos que são compostos por superfícies planas e curvas, com vários ângulos e variações dimensionais?

ERROS COMUNS nas cotas horizontais: Apresentar diferentes graus de precisão em diferentes cotas do mesmo desenho, em diferentes desenhos da mesma prancha, em diferentes desenhos de pranchas diferentes: a precisão recomendada é de DUAS CASAS DECIMAIS quando usamos o METRO como Unidade; quando usamos o CENTÍMETRO como unidade, é recomendado o uso de APENAS UMA CASA DECIMAL (além disso: use a mesma precisão em todo o Anteprojeto... Não cotar elementos eventualmente “isolados”, ilhados no meio do desenho (como pilares “soltos”)... Não cotar as distâncias entre as faces da construção e os limites do terreno, ou entre as faces da construção e as faces da construção vizinha... Não cotar as larguras dos espaços de circulação (!)... Não cotar os vãos internos dos prismas de ventilação e/ou iluminação (também chamamos alguns desses prismas de aeração e luz de “shafts”, palavra da língua inglesa que significa “poços”)... não cotar as eventuais “intrusões” que pilares ou outros elementos fixos fazem no interior dos ambientes, ou nas superfícies expostas, de um modo geral... não cotar as profundidades e as larguras dos degraus, assim como dos patamares (observe-se que os diâmetros ou larguras de pega de corrimãos podem ser indicadas por texto no próprio desenho)... Não cotar os elementos

3

APÓTEMA - em um polígono regular, altura de um triângulo com vértice no centro do polígono e cuja base é um dos lados desse polígono (HOUAISS, 2010).

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complementares e externos, como as calçadas, as vagas dos estacionamentos, as faixas livres de rolamento, as placas e ícones de identificação, etc.

- cotas oblíquas – tanto nas Plantas quanto nos Cortes, podemos ter, eventualmente cotas “oblíquas”. Evidentemente, essa qualificação é relativa: somente tem sentido quando os eixos das estruturas, paredes e elementos divisórios, demais elementos construtivos, são paralelos entre si ou perpendiculares entre, na maioria dos casos. Quando a maior parte dos elementos da construção pode ser localizada numa trama ortogonal, aqueles elementos que se dispõem em ângulos distintos são OBLÍQUOS. Isso significa que as cotas oblíquas “pedem” por medidas de ângulos que descrevem a obliqüidade (bem, se são oblíquas, se referem a elementos da construção cujos eixos não são ortogonais a outros eixos, e cujos ângulos devem ser explicitados).

ERROS COMUNS: por quê você indicaria uma “cota oblíqua”? É porque... há elementos oblíquos, não-verticais e não-paralelos ao plano horizontal. Examine o modo como você vai informar com precisão essa “obliqüidade”. Você não somente precisará da cota oblíqua, mas também da indicação do ÂNGULO envolvido! Uma maneira de informar essa dimensão é o uso do teorema de Pitágoras, onde a informação é deduzida de duas cotas (catetos), uma vertical e outra horizontal.

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- indicação de ângulos – os ângulos retos, em plantas e cortes, são geralmente subentendidos como RETOS. Esses ângulos não são, em geral, indicados – mas todos os ângulos entre eixos, que sejam diferentes de 90 / 180 / 270 graus DEVEM ser indicados. Como

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também estamos desenhando com programas CAD (Computer Assisted Design), ou melhor, estamos a desenhar, sobretudo, com programas CAD, examine com cuidado as opções de representação das linhas de cotagem, das fontes, dos posicionamentos. Determinados projetos, com uma grande variedade de eixos não-ortogonais, ou com a sobreposição de malhas regulares ou irregulares em várias direções, podem nos levar ao USO DAS PRÓPRIAS MALHAS para a coordenação da informação sobre os ângulos que devem ser explicitados.

ERROS COMUNS: as fontes que os programas usam para indicar os ângulos e cotas são muito ruins (txt), mas podem ser modificadas para que todo o projeto apresente a mesma fonte, em escalas diferentes – o erro, no caso, é a aceitação do formato nativo do programa, que pode impor um mal resultado ao desenho impresso... a imperfeita indicação dos eixos / superfícies / limites dos componentes que são a referência para a medida dos ângulos (fica-se sem saber a que elemento o ângulo se refere)... a precisão: de um modo geral, as medidas devem expor até a SEGUNDA CASA DECIMAL, embora os ângulos também possam ser indicados com a referência aos MINUTOS e SEGUNDOS (e, eventualmente, a décimos de segundo); uma tal precisão pode significar apenas que o traçado regulador (a geometria orientadora do projeto) foi mal planejado, e os ângulos “estão todos quebrados”; também pode significar que o projetista deve ser altamente preciso, o que raramente é o caso quando elaboramos Anteprojetos de edificações que utilizam métodos construtivos que não demandam mais que DUAS CASAS DECIMAIS. No detalhamento de arquitetura e de engenharia, contudo, níveis de precisão mais apurados podem ser necessários.

- coordenadas de centros de arcos – uma ARQUITETURA DE ARCOS, que use sistematicamente arcos de círculo para definir os

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espaços, deve ser excelentemente representada, de forma atenta aos princípios da geometria dos arcos. Quais as informações mínimas acerca da geometria dos arcos a serem consideradas, quando devemos informar projetos arquitetônicos que devem, por sua vez, informar os trabalhos de construção? Arcos têm PONTO DE INÍCIO e PONTO FINAL. Mas apenas isso não define suficientemente o arco. Arcos devem ter ORIGEM PONTUAL, que deve ser associada ao seu RAIO. Essas quatro informações iniciais devem bastar para a maioria dos casos, mas devemos ainda considerar o ÂNGULO COMPREENDIDO pelo arco, e sua respectiva CORDA. Para a orientação concreta da equipe de construção, explicitar o COMPRIMENTO do arco e a sua CORDA levam, com certeza, a uma correta execução desse “traçado regulador” mínimo (o arco).

ERROS COMUNS: sem dúvida, o erro mais comum é fazer curvas sem sua adequada descrição (coordenadas do centro, ângulo compreendido, coordenadas do início e do fim do arco).

- eliminação das linhas de chamada – As linhas de chamada são um atributo “default” (padrão nativo) do sistema de cotagem de programas CAD como o AUTOCAD. São aquelas linhas que ligam o final das linhas de cotas aos objetos que estão a ser cotados. Essas linhas acrescentam um “lixo de informação” desnecessária, que confunde a leitura dos desenhos técnicos. São, contudo, altamente recomendáveis para desenhos mecânicos, ou mesmo detalhamentos de arquitetura, de precisão. Mas, para as nossas finalidades, podem prejudicar a compreensão dos elementos representados. O uso ingênuo das linhas de chamada do sistema do AUTOCAD e de outros programas levou a incluir esse item na avaliação do Anteprojeto. Houve casos de não ser possível compreender a proposta, tal o emaranhado de linhas de chamada e de linhas de calçadas, de limites

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da edificação, etc.

Por outro lado, essa eliminação nada tem a ver com a introdução de elementos de desenho necessários, mas que parecem POLUIR os cândidos desenhos técnicos de arquitetura. Qualquer sistema de cotagem “suja” o desenho. Não se preocupe com isso, mas... busque ser elegante. O Anteprojeto de Arquitetura, como representação que busca a aprovação do projeto e a interface da arquitetura relativamente simplificada dessa fase com a arquitetura mais detalhada da fase de Construção, assim como com os projetos executivos de Engenharia, deve ter uma REPRESENTAÇÃO SUFICIENTE - ainda que pareça repleta de informações, que não pareça uma representação “limpinha”, daquelas que vemos nas revistas, nos livros sobre obras de arquitetura (...). Em Arquitetura, lapsos nas informações são imperdoáveis: por isso ganharemos HONORÁRIOS / SALÁRIOS MILIONÁRIOS!!! Controle da informação é Arquitetura.

- fontes idênticas e de tamanho adequado – A atuais gerações de estudantes de Arquitetura (digamos que significo por geração a renovação integral do corpo discente de nossa FAU, a cada 5 anos...) são o que chamo GERAÇÃO PLOTAGEM: somente sabem o que realmente “desenharam” no computador depois que é impresso nas grandes PLOTTERS, impressoras especiais para grandes formatos. Isso tem ocorrido sistematicamente desde meados dos anos 1990, quando a popularização dos computadores pessoais se tornou um fato para os nossos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo. A minha geração (eu me formei em 1981, mas estendo esse cumprimento até os formandos do começo da década de 1990) desenhava a mão, artesanalmente, e isso levava a um tipo de domínio do resultado GRÁFICO do projeto

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completamente diferente do que podemos obter com computadores. Entre as habilidades a serem dominadas pelos estudantes da GERAÇÃO PLOTAGEM estão: a correta definição do TAMANHO e do TIPO de fontes (alfabetos) a serem usados no projeto. Recomenda-se que o estudante uRecomenda-se A MESMA FONTE em todos os deRecomenda-senhos e elementos identificadores das pranchas – recomenda-se o uso da Fonte Arial ou outra fonte sem “serifa”. Desencoraja-se o uso de fontes que simulem a escrita-à-mão (não é desencorajamento terminativo e fatal, mas essa escolha revela uma impiedosa cafonice, tenham dó). Recomenda-se que o estudante use TAMANHOS QUE VOCÊ CONTROLE ESCALARMENTE para a fonte escolhida. Para isso, use a unidade métrica padrão do AUTOCAD ou outro programa que preferir. Em geral, os projetistas associam uma “Unidade Métrica CAD” a UM CENTÍMETRO; crie, em função dessa Unidade Métrica, uma matriz de fontes a serem usadas em seu trabalho (por exemplo, tomando o “a” minúsculo como referência, faça alfabetos com 2,5mm... 5,0mm... 7,5mm... 10mm...15mm); com 5 tamanhos, as cotas e especificações (2,5mm), as denominações dos ambientes (5,0mm e 7,5mm), os títulos dos desenhos (10mm), as indicações de Cortes (15mm), por exemplo, podem ser adequadamente representadas. Examine as variações de Maiúsculas e Minúsculas. De modo geral, fazemos especificações e medidas “corridas” (por escrito) em minúsculas; já os títulos dos ambientes, dos desenhos, das pranchas, etc. são feitos em MAIÚSCULAS.

Seja qual for o resultado, busque elegância na representação. Para muitos de nossos estudantes, esta será a PRIMEIRA VEZ em que realizam plotagens de desenhos de um Anteprojeto integral desenvolvido individualmente. São muitos desenhos, muitas

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experimentações, um bom aprendizado sobre o “saber plotar”! Não jogue suas pranchas plotadas fora, tão cedo: APRENDA com elas, com seus erros e acertos. MEÇA suas fontes utilizando como referência a cercadura do desenho, em especial (ela é fixa!)

REP – ORG. DESENHOS

- denominação correta de cada desenho – Todo desenho, num Anteprojeto de Arquitetura (assim como no seu desenvolvimento como Projeto Executivo, destinado à Obra) deve ter sua perfeita, única, correta, adequada denominação; cada desenho tem “autonomia”, no sentido de conter um determinado conjunto de informações que tão preciso... que é DESENHADO! É preciso compreender que, quando compreendemos algo tão bem que conseguimos fazer o DESENHO TÉCNICO desse “algo”, esse desenho contém, de modo simplificado, a informação essencial para a construção, instalação ou modificação desse “algo” – ou parte dela.

NÚMERO DO DESENHO

DENOMINAÇÃO

DO DESENHO

ESCALA DO DESENHO SÉRIE DO DESENHO

10

VISTA DA COBERTURA

1:100

ARQ

A figura anterior mostra o padrão ABNT de identificação de cada desenho. Exigimos todos esses elementos (Denominação, Numeração, Escala), com a exceção da informação da “Série” (se pertence à Série de Desenhos de Arquitetura – ARQ, de Estrutura – EST, de Instalações Hidráulicas, IH, etc.).

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Cada um desses precisos conjuntos de informação – referimo-nos aos Desenhos de Arquitetura - se associa aos demais, até que todo o JOGO DE MONTAR uma edificação (definição de Projeto de Arquitetura) esteja totalmente descrito. Portanto CADA PEÇA desse jogo deve ser perfeitamente identificada. É interessante observar que cada sistema construtivo, cada arquiteto, cada obra, pode exigir uma forma diferente de denominar os desenhos: podemos ter desenhos identificados por CÓDIGOS (em sistemas pré-fabricados ou montados a partir de catálogos), assim como identificados por DENOMINAÇÕES TÉCNICAS PADRONIZADAS (por exemplo, uma parte de nossos desenhos é identificada como “plantas”, “cortes”, “fachadas”, “forma”, etc., como terminologia padronizada em Normas Técnicas e no corpo da legislação), além de outros critérios – como o JARGÃO de construtores populares (em projetos de restauração, por exemplo), DENOMINAÇÕES TÉCNICAS EXCLUSIVAS (em projetos que usam componentes, materiais, técnicas de montagem, etc. patenteadas, sem precedentes na terminologia técnica ordinária). Observe que DENOMINAR um desenho também implica em posicioná-lo no ESPAÇO GRÁFICO DA PRANCHA de forma inambígua, distinta, inconfundível.

ERROS COMUNS: simplesmente denominar um desenho de forma incorreta (como, por exemplo, denominar a prancha de um pavimento-tipo como “Planta Baixa”, quando essa denominação, se usada, se restringe ao PAVIMENTO TÉRREO, de acesso)... posicionar a denominação de forma a que não se saiba QUAL é o desenho denominado...

- posicionamento dos desenhos, sem espaços vazios na proporção de cada desenho apresentado – Para os que aprenderam a desenvolver projetos de arquitetura desenhando à mão, chega a

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ser chocante o produto do trabalho de jovens estudantes dessa “Geração Plotagem”. A totalidade dos estudantes, há pelo menos duas ou três “gerações” (espaço de tempo minimamente suficiente para renovar o corpo discente da FAU), nunca fez um projeto integralmente desenhado à mão, e todo o que aprende e faz tem a intermediação de computadores e programas CAD. Isso não é mau, ao contrário – mas exige um enorme esforço inicial para dominar completamente alguns desses programas, como o AUTOCAD, o SketchUp, o REVIT, o Adobe Ilustrator, Adobe Photoshop, CorelDraw, Corel Photopaint, entre outros mais populares na atualidade, e no Brasil. Passo-a-passo, os jovens estudantes passam a “montar pranchas” de forma totalmente compatível com a velha prática de desenho-à-mão. A próxima revolução na informática aplicada à Arquitetura e Urbanismo será, com certeza, a total superação da própria Plotagem, da impressão de pranchas que imitam o velho desenho à mão. A Geração Plotagem tem seus dias contados! Enquanto isso, os estudantes devem utilizar o ESPAÇO GRÁFICO de suas pranchas da forma mais inteligente, racional, elegante e funcional possível. Em especial, isso significa NÃO DEIXAR GRANDES ÁREAS DAS PRANCHAS EM BRANCO, inaproveitadas. Simplesmente isso. Quando desenhávamos à mão, procurávamos alinhar desenhos, buscávamos compor a prancha de modo a que cada uma dessas pranchas fosse uma espécie de meta-desenho (uma composição que compõe... composições, ou uma composição de composições, um desenho de desenhos). Na situação atual, é plotando que se aprende. Antecipe o efeito final da prancha impressa, apreciando-a em sua inteireza. Pessoalmente, desenvolvo a integridade de meus projetos no computador (minha geração de arquitetos é intrusa na Geração Plotagem) no AUTOCAD utilizando

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a modalidade de desenho e layout do “Model Space”. Embora apresente vários aspectos desvantajosos com relação à modalidade “Paper Space”, eu consigo dominar imediatamente o resultado final da composição da prancha, sem decepção. Mas não recomendo essa conduta com absoluta convicção: ao contrário, recomendo a permanente consulta aos professores especializados no ensino de técnicas de representação com programas CAD. Use corretamente o programa de sua preferência... Lembre-se que uma das vantagens imbatíveis dos programas CAD é o absoluto controle dos padrões de desenho, da geometria do desenho, assim como, por outros aspectos, sua rapidez, sua padronização, sua repetitibilidade, sua economia de tempo.

- numeração seqüencial dos desenhos – essa diretriz se associa à denominação de cada desenho. O número deve identificar o desenho na prancha e na extensa seqüência que TODO o conjunto de desenhos de um Anteprojeto de Arquitetura deve conter para que a obra seja suficientemente informada. Assim, para identificar CADA desenho, precisamos de sua denominação (seu “nome”) e de seu número (sua “ordem”). Essa numeração obedece a, pelo menos, duas lógicas: (a) numeramos TODOS os desenhos em uma ordem única, “corrida”; assim, se cada prancha contiver 10 desenhos, temos que a Prancha 1 conterá os Desenho1 a 10, e a Prancha 50 conterá os desenhos 501 a 510. Quais os desenhos, nesse caso, que a Prancha 1.000 conterá? Também podemos (b) INICIAR e ENCERRAR a seqüência numérica em CADA prancha; assim, se cada prancha contiver 10 desenhos, a Prancha 1 conterá desenhos de 1 a 10, assim como todas as demais. Nesse caso, para identificarmos cada desenho, devemos montar um índice geral de desenhos, onde conseguimos “endereçar” qualquer um deles na seguinte forma:

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“Desenho “n” da Prancha “m”, etc. Esses índices gerais de desenhos são obrigatórios em Cadernos de Especificações e Encargos, pois as

orientações escritas e desenhadas se complementam

rigorosamente. Esse rigor dos Cadernos de Especificações e Encargos é, por sua vez, obrigatório no Serviço Público. Pense num índice geral de desenhos quando, no caso da numeração “corrida”, o desenho 501 tiver que ser alterado, gerando, eventualmente, TRÊS outros desenhos. O que você faria? Criaria os Desenhos a, 501-b e 501-c? Ou manteria a ordem, e alteraria todos os desenhos subseqüentes, até o fim da longa fila? Recomendamos, por isso, que a numeração seja iniciada e terminada em cada prancha, e que o estudante faça o seu próprio índice geral de desenhos.

- indicação de escala – todo desenho técnico é feito, necessariamente, em escala, mesmo quando “não tem escala”, quando se diz que é “somente indicativo”. A proporção entre as linhas do desenho e as dimensões correspondentes do objeto real (ou do objeto a ser realizado) deve ser controlada com rigor pelo projetista, sob pena de seu trabalho ser ininteligível. Os programas CAD permitem uma boa variedade de controles da escala, inclusive a sua alteração direta. As dimensões explicitadas nas cotas também podem obedecer a qualquer proporção de escala (você pode parametrizar a escala do seu estilo de cotagem). A indicação de escala deve ser feita na forma de fração (1/100) ou de divisão (1:100). Indique a escala de CADA desenho, mesmo que uma determinada prancha contenha vários desenhos na mesma escala. Também indique as escalas utilizadas nos desenhos de cada prancha no respectivo carimbo. Essa é uma redundância fundamental. Falaremos de outras a seguir.

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que mostram alguns exemplares das medidas (ou módulos de medidas) para a compreensão rápida, visual e intuitiva, das dimensões do desenho. Geralmente usamos seqüências de pequenos retângulos a formar uma espécie de “régua”, ou mesmo “réguas” desenhadas, com a marcação das medidas mais freqüentes, etc. Um mau entendimento desta solicitação, nesta presente Planilha de Avaliação, é o de que TODOS os desenhos devem ser acompanhados de Escalas Gráficas. NÃO É, DE FORMA ALGUMA, O CASO! Recomendamos o uso de escalas gráficas em desenhos que são sucintamente cotados, e que possuem vários aspectos que o avaliador, o leitor, o apreciador do desenho, desejará conhecer (aproximadamente) as suas respectivas medidas. Bons exemplos são as Plantas de Situação, as Vistas de Cobertura, os Cortes de Contextualização e outros desenhos onde as cotas sejam empregadas com concisão, e haja vantagem no uso de escala gráfica. Não há a menor necessidade de se ter escala gráfica nas plantas da edificação, pois elas devem possuir cotas de todos os seus compartimentos e componentes visíveis.

ERROS COMUNS: as escalas gráficas devem ter indicações de medidas comuns na coordenação modular do projeto. Se o projeto tem uma coordenação modular regular, digamos, de 1,20m, a melhor escala gráfica explicita medidas parciais de... 1,20m... 2,40m... 4,80m... 9,60m, etc. Usar medidas duplicadas e associadas ao módulo dimensional mais comum é uma solução simples, fácil de compreender. Um erro comum é usar medidas pouco ou infreqüentes, e em proporções complicadas (por exemplo: 1,00m... 1,50m... 2,00m... 5,00m... 7,50m...etc., como um estudante certa vez produziu).

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necessariamente impresso ou “plotado”, as regras de

hierarquização das penas utilizadas deverá seguir as

recomendações do respectivo programa, como o AUTOCAD. As penas seguem a seguinte seqüência de cores (em inglês): Red, Yellow, Green, Cyan, Blue, Magenta, Black, para as penas 0,1mm, 0,2mm, 0,4mm, 0,5mm, 0,6mm, 0,8mm, 1,00mm. Essa calibração pode ser modificada. Novas cores podem substituir qualquer dessas cores oferecidas inicialmente. ATENÇÃO: Exija dos operadores das impressoras total RESPEITO à sua hierarquia de cores, pois essa hierarquia DEVE corresponder às penas da impressão. NÃO ACEITE UMA PLOTAGEM DE MÁ QUALIDADE. Não mande plotar um desenho com linhas não-hierarquizadas, indiferenciadas (caso pretenda que sejam diferenciadas pelas espessura). COM CERTEZA, você se prejudicará na avaliação, caso seja tolerante com uma plotagem de má qualidade. Esse é o MOMENTO DO DESENHO FÍSICO, que formará as suas pranchas de avaliação: é como se você desenhasse de verdade4...

ERRO COMUM: “perder a moral” na contratação da plotagem, e aceitar que o operador da máquina determine aleatoriamente a configuração das penas para imprimir seu projeto. NEGOCIE, esclareça, imponha o respeito às suas configurações!!!

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- representação e indicação correta de linhas de projeção – esse é um ERRO SISTEMÁTICO, comum à quase totalidade dos

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As gerações de arquitetos treinados para desenhar Anteprojetos e Projetos Executivos, como documentos técnicos da maior seriedade, À MÃO, já está extinta, ou quase isso. Continuamos a exercitar o desenho na fase dos estudos preliminares e nas preparações de desenhos que serão passados a limpo através de programas CAD, e virarão arquivos eletrônicos. É interessante notar o quanto o desenho à mão passou a ser uma atividade com renovado valor heurístico (de descoberta e exploração, nas metodologias de solução de problemas) e artístico, para as atuais gerações de arquitetos – desde que, nos ateliês de ensino de projeto arquitetônico, os croquis sejam valorizados, utilizados, tenham mesmo sentido. Na atualidade, no início da década de 2010, nem que os antigos desenhistas a nanquim (tinta preta de boa qualidade, para desenho direto com penas) desejassem, não poderiam ir muito longe com seus desenhos em papel vegetal: não há mais máquinas heliográficas, que tiram cópias por um processo fotográfico extenso e barato, envolto numa névoa de amoníaco, que nos fazia, estudantes, chorar um bocado...

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estudantes. Por quê? Porque (a) quando “o projetista entra nas projeções” certamente trabalho está bem avançado, e sua atenção é voltada para os aspectos mais, digamos, chamativos e difíceis de sua proposta, ou (b) por deficiências no aprendizado das regras de desenho técnico, pois poucos estudantes dominam a diferença entre a projeção de linhas que estão ATRÁS do plano projetivo e as que se ocultam ALÉM do plano projetivo, ou ainda (c) por deficiências no paulatino aprendizado do projeto arquitetônico, em que a sobreposição de planos, volumes, elementos compositivos, elementos construtivos, etc., ainda foi pouco estudada. Atenção para o planejamento do desenho: TODAS as linhas de projeção relevantes devem ser representadas com linhas TRACEJADAS, pena 0,1mm; cuidado com a especificação dessas linhas tracejadas quando da PLOTAGEM; plotagens ruins NÃO RESPEITAM essas sutis diferenciações entre os tipos de linhas. Linhas de projeção mais prováveis (1): nas PLANTAS, as linhas das projeções das coberturas, das marquises, dos elementos estruturais que “voam no vão” e que mereçam menção e destaque no desenho, como determinadas tesouras e vigas notáveis... assim como as passagens de galerias técnicas aéreas ou em subsolo... os avanços de subsolo... os pavimentos em subsolo, quando não coincidem com a projeção do pavimento que estamos a projetar... as posições mais “agressivas” de elementos móveis das edificações, como as aberturas aéreas de portas de garagens, de grandes brises, etc.; os balanços de pavimentos inteiros, sobre as nossas cabeças (imagine o que significa esquecer algo assim!)... ou os elementos mais humildes, mas também em balanço (como requadros em janelas, pequenos brises e painéis, varandas... assim como as reentrâncias ou os chamados “cachimbos” de fachadas... os castelos d’água, quando

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AQUÉM do plano de projeção... os pergulados... as aberturas zenitais... os prismas de ventilação ou iluminação, quando interrompidos no andar representado... as bordas das lajes ou vigas de mezaninos suspensos sobre as nossas cabeças... as bordas de lajes de pavimentos cujo perímetro não coincide com o perímetro do pavimento que estamos a projetar... os degraus de escadas quando ficam AQUÉM do plano projetivo... [eventualmente, em Plantas de Situação e em Plantas de Locação, pode haver a necessidade ou obrigatoriedade de mostrar a projeção de elementos construídos em subsolo, dentro ou fora do nosso lote, mas que podem afetar a compreensão da construção, o planejamento da construção; em especial lembramos aqui as galerias de águas pluviais das grandes cidades, pré-existentes ou projetadas... também lembramos os leitos de passagem de tubulações de esgotos urbanos, entre outras obras de infraestrutura urbana].

Linhas de projeção mais prováveis (2): nos CORTES, as partes das escadas ocultas por elementos estruturais e/ou da própria escada... os delineamentos das lajes em “caixão perdido”... os contornos de muros de arrimos... os contornos de poços ingleses... as passagens de galerias subterrâneas ou aéreas, paralelas / oblíquas ao plano de projeção... as fixações de grandes elementos estruturais, para que não pareçam “presos apenas ao reboco ou à tinta das paredes” (é mágico!)... [devemos observar que, nos Cortes, as linhas de projeção são utilizadas de forma mais parcimoniosa que nas Plantas, e devemos sempre discutir, caso em dúvida, acerca do que delinear com o auxílio de linhas de projeção].

- designação de cada linha de projeção – Como seqüela do item anterior, temos ainda o problemas dos projetistas que, apesar de indicarem corretamente as linhas de projeção de componentes

Referências

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