• Nenhum resultado encontrado

Competência dos órgãos de direção, administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas

No documento Organização escolar: o tempo (páginas 58-60)

O Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio, aprovou o regime jurídico de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, tendo estabelecido que a adoção de normas próprias sobre horários, tempos letivos, constituição de turmas e ocupação de espaços integrava a primeira fase do processo de desenvolvimento da autonomia das escolas, cf. o artigo 49.º. Na vigência deste diploma competia ao conselho pedagógico definir os critérios gerais a que devia obedecer a elaboração dos horários, cf. a alínea m) do artigo 26.º, e à direção executiva superintender na constituição de turmas e na elaboração de horários, nos termos da alínea e) do n.º 2 do artigo 17.º.

O Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 224/2009, de 11 de setembro, e alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, revogou o Decreto-Lei n.º 115-A/98 e aprovou o regime jurídico de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário atualmente em vigor. Na matéria que ao estudo interessa, atribuiu ao conselho pedagógico a competência para definir os critérios gerais a que deve obedecer a elaboração dos horários (al. k), do artigo 33.º), ao conselho geral a competência para se pronunciar sobre os critérios de organização dos horários (al. l) do n.º 1 do artigo 13.º) e, por fim, ao

diretor a competência para superintender na constituição de turmas e na elaboração de horários (al. c) do

n.º 4 do artigo 20.º.

Ainda com interesse na matéria, citam-se as normas constantes dos artigos 56.º a 58.º relativas aos contratos de autonomia e seu conteúdo.

22,5 22,5 24,5 24,5 22,5 22,5 25,5 24,75 24,75 7,5 7,5 5,5 5,5 3,7 3,7 0 5 10 15 20 25 30 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º Tempo a cumprir Tempo não obrigatório

ESTUDO | Organização escolar: o tempo 59

Contratos de autonomia Artigo 56.º

Desenvolvimento da autonomia

1 - A autonomia dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas desenvolve-se e aprofunda-se com base na sua iniciativa e segundo um processo ao longo do qual lhe podem ser reconhecidos diferentes níveis de competência e de responsabilidade, de acordo com a capacidade demonstrada para assegurar o respetivo exercício. 2 - Os níveis de competência e de responsabilidade a atribuir são objeto de negociação entre a escola, o Ministério da Educação e Ciência e a câmara municipal, mediante a participação dos conselhos municipais de educação, podendo conduzir à celebração de um contrato de autonomia, nos termos dos artigos seguintes. 3 - A celebração de contratos de autonomia persegue objetivos de equidade, qualidade, eficácia e eficiência.

Artigo 57.º Contratos de autonomia

1 - Por contrato de autonomia entende -se o acordo celebrado entre a escola, o Ministério da Educação e Ciência, a câmara municipal e, eventualmente, outros parceiros da comunidade interessados, através do qual se definem objetivos e se fixam as condições que viabilizam o desenvolvimento do projeto educativo apresentado pelos órgãos de administração e gestão de uma escola ou de um agrupamento de escolas. (…)

Artigo 58.º Atribuição de competências

1 - O desenvolvimento da autonomia processa-se pela atribuição de competências nos seguintes domínios: (…) d) Adoção de normas próprias sobre horários, tempos letivos, constituição de turmas ou grupos de alunos e ocupação de espaços; (…)

De acordo com a Portaria n.º 44/2014, de 20 de fevereiro, as escolas com contrato de autonomia estão obrigadas a cumprir uma carga horária semanal igual ou superior ao total definido na matriz curricular nacional para cada ano, ciclo, nível e modalidade de educação e formação, sendo-lhes apenas permitido:

- decidir e gerir o tempo letivo a atribuir a cada disciplina ou área disciplinar, ao longo do ano letivo e do ciclo de estudos, desde que a carga horária total das disciplinas de Português e Matemática não seja inferior ao tempo mínimo previsto na matriz curricular nacional e que a das restantes não seja inferior a 75% do tempo mínimo previsto na referida matriz curricular (carga horária por disciplina não inferior a 45 minutos por semana);

- oferecer, dentro do tempo curricular total anual, outras disciplinas ou áreas disciplinares complementares, em função do seu projeto educativo;

- gerir a distribuição das diferentes disciplinas em cada ano ao longo do ciclo de escolaridade, exceto nas disciplinas de Português e Matemática.

A implementação destas decisões está dependente do parecer favorável do conselho pedagógico e da aprovação do conselho geral.

Importa ainda referir que, no âmbito do processo de descentralização de competências em matéria de educação, foram transferidas para os municípios, designadamente as atividades de enriquecimento curricular (AEC) no 1.º ciclo do ensino básico, cf. a al. c) do n.º 1 do artigo 2.º e o artigo 11.º do

Decreto-Lei n.º 144/2008, de 28 de julho20.

Por seu turno, o Decreto-Lei n.º 30/2015, de 12 de fevereiro, que estabeleceu o regime de delegação de competências nos municípios e entidades intermunicipais no domínio de funções sociais, em desenvolvimento do regime jurídico da transferência de competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais, aprovado pela Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, previu, no domínio da educação, e no que se

20 Alterado pelas Leis n.ºs 42/2016, de 28 de dezembro, 7-A/2016, de 30 de março, 82-B/2014, de 31 de dezembro, 83-C/2013, de

31 de dezembro, 66-B/2012, de 31 de dezembro, 64-B/2011, de 30 de dezembro, 55-A/2010, de 31 de dezembro e 3-B/2010, de 28 de abril.

ESTUDO | Organização escolar: o tempo 60

refere ao ensino básico e secundário, que são delegáveis nos órgãos dos municípios e das entidades intermunicipais, designadamente, as competências em matéria de gestão do calendário escolar.

Atento o disposto na Portaria n.º 644-A/2015, de 24 de agosto, a componente de apoio à família (CAF) é implementada por autarquias, associações de pais, instituições particulares de solidariedade social ou por outras entidades que promovam este tipo de resposta social, mediante acordo com os agrupamentos de escolas devendo desenvolver-se preferencialmente em espaços não escolares. Por fim, as AEC podem ser promovidas por agrupamentos de escolas, autarquias locais, associações de pais e de encarregados de educação e instituições particulares de solidariedade social (IPSS). Compete ao Conselho Geral do agrupamento de escolas deliberar sobre os domínios de oferta das AEC e fixar as respetivas durações diária e semanal, mediante parecer do Conselho Pedagógico e auscultação da entidade promotora, no caso de esta não ser o agrupamento de escolas.

No documento Organização escolar: o tempo (páginas 58-60)