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A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM RELAÇÃO AO DANO

Destarte que em relação a competência entre justiça comum e a justiça trabalhista ainda traz inúmeras controvérsias,sendo assim há na doutrina duas correntes no que diz respeito a competência da justiça do trabalho em relação ao dano moral. 144

Conforme Sérgio Pinto Martins “verifica-se uma corrente que entende pela competência da justiça do trabalho para analisar questões de danos morais, se a questão decorre do contrato de trabalho”. 145

Ainda complementa que

A outra corrente declara ser incompetente a Justiça do Trabalho para examinar pedido de dano moral, pois a matéria é pertinente ao Direito Civil e não se insere no contrato de trabalho, não envolvendo questão trabalhista. A prestação jurisdicional deve-se pautar de acordo com a causa de pedir e o pedido, que decorre do ilícito do Direito Civil. Logo a competência seria da justiça Comum. 146

141

ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Responsabilidade civil do empregador e acidente de trabalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 36-37.

142 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 207.

143

GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 543.

144 SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 4. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 491.

145

MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 118.

146 MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 118.

Apreciando conflito de competência entre a Justiça Comum e a Justiça do Trabalho o Supremo Tribunal Federal já se posicionou no que se refere ao tema.

O ministro Sepúlveda Pertence, em seu despacho, enfatizou que:

DECISÃO: Recurso extraordinário, a, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul assim ementado: "COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. AÇÃO MOVIDA POR EX- EMPREGADO CONTRA O EMPREGADOR. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES DESABONATÓRIAS. Incompetência da Justiça Estadual para apreciar e julgar pedido de indenização por dano moral entre ex- empregado e seu empregador, nos termos do artigo 114 caput da Constituição Federal. A competência ratione materiae decorre da natureza jurídica da questão controvertida que, por sua vez, é definida pelos pedidos e pela causa de pedir. Atos decisórios anulados. Agravo provido". Alega-se, em suma, violação do artigo 114 da Constituição Federal. É inviável o RE. Tem razão o acórdão recorrido: originando-se da relação de emprego, a presente controvérsia deve ser julgada pela Justiça do Trabalho, não importando a circunstância de fundar-se o pedido em regra de direito comum. Assim se decidiu - com relação especificamente a ação reparatória de danos morais no RE 238737, Pertence, 1ª T, DJ 5.2.99. Assim, na linha dos precedentes, nego seguimento ao recurso extraordinário (artigo 557, caput, do C. Pr. Civil). Brasília, 17 de maio de 2004. Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE – Relator.147

No mesmo sentido o Tribunal Superior do Trabalho a súmula n. 392: Nº 392 DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 327 da SBDI - 1) - Res. 129/2005, DJ20, 22 e 25.04.2005.

Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho. (ex - OJ nº 327 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003).148

Ainda com a entrada em vigor da Emenda Constitucional n°. 45, de 08.12.2004, teve reforçada a idéia que as ações de indenização envolvendo dano moral cabe a Justiça do Trabalho processar e julgar, o art. 114 manifesta:

Art. 114 Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

147 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. RE 238737. Relator Ministro Sepúlveda Pertence. Brasília, 17 maio 2004. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=competencia%20da%20just iça%20do%20trabalho%20em%20relação%20dano%20moral(SEPÚLVEDA%20PERTENCE.NOR L.)%20NAO%20S.PRES.&base=baseMonocraticas>. Acesso em: 20 maio 2009.

148 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho.

Súmula n. 392: Disponível em: <http://www.tst.jus.br/Cmjpn/livrohtmlatual.html#Sumulas>. Acesso em: 20 maio 2009.

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.149

Conforme Diogo Nicolau Pítisica, apesar de existirem ainda discussões sobre a competência para julgar as ações de danos morais resultantes das relações laborais, a orientação doutrinaria e jurisprudencial dominante é no sentido de que a referida competência é da Justiça do Trabalho.150

No tocante a competência Carlos Henrique Bezerra Leite ensina:

A competência da Justiça Comum é para processar e julgar apenas as ações em que figure no pólo passivo o INSS, diante de sua responsabilidade objetiva parra assegurar ao trabalhador acidentado ou incapacitado em decorrência de doença ocupacional, por conta dos recursos (oriundos do SAT - Seguro de Acidente do Trabalho, que administra)

Para todas as demais outras ações atinentes a acidente do trabalho oriundas da relação de trabalho, inclusive as que tenham por objeto indenização por dano material ou moral ou que visem ao cumprimento das normas de segurança e saúde do trabalhador, incluídas as relativas ao meio ambiente do trabalho, a competência passou a ser da justiça do trabalho.151 Deste modo, a competência só será da Justiça Comum quando a questão envolver benefício previdenciário decorrente de acidente do trabalho, e o INSS configurar no pólo passivo da ação. 152

3.5 PRESCRIÇÃO DO DANO MORAL NAS AÇÕES QUE DECORREM DE