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Responsabilidade civil objetiva do empregador nos danos morais decorrentes do acidente do trabalho

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(1)

CAMILA ALMEIDA DIAS

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NOS DANOS MORAIS DECORRENTES DO ACIDENTE DO TRABALHO

Palhoça 2009

(2)

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NOS DANOS MORAIS DECORRENTES DO ACIDENTE DO TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial á obtenção do título de Bacharel.

Profª Orientadora: Martha Lúcia de Abreu Brasil.

Palhoça 2009

(3)

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NOS DANOS MORAIS DECORRENTES DO ACIDENTE DO TRABALHO

Este Trabalho de Conclusão foi julgado adequado á obtenção do grau de bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 22 de junho de 2009.

_________________________________________ Profª. Orientadora Martha Lúcia de Abreu Brasil

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________ Profª. Jamila Garcia

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________ Profª. Alessandra Ana Medeiros

(4)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NOS DANOS MORAIS DECORRENTES DO ACIDENTE DO TRABALHO

Declaro, para todos os fins de direito que se fizerem necessários, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 22 de junho de 2009.

_______________________________

(5)

A meus pais, Joel César e Celina, por todo amor e carinho.

A meus avôs, Ary (in memória) e Cezário (in memória), pela lição de vida.

A minha irmã, Dalva, por sempre torcer pela minha vitória.

A meu companheiro Geraldo, pelo apoio e compreensão nas horas mais difíceis. Aos meus amigos, pelos momentos inesquecíveis.

(6)

A meus pais e minha irmã que sempre me apoiaram nos estudos.

A professora e orientadora Martha Lúcia de Abreu sempre atenciosa e solicita.

(7)

A responsabilidade civil do empregador decorrente do acidente do trabalho desponta como assunto impreciso, ou seja, no que diz respeito a indenização acidentária apresenta-se duas teorias de responsabilização, sendo ora adotada a teoria subjetiva e ora sendo adotada a objetiva. Desta forma surge a argumentação em torno de qual teoria deve prevalecer no ordenamento jurídico brasileiro para o empregador que ocasionar dano ao empregado. Caracterizado o acidente do trabalho tem o empregador o dever de reparação do infortúnio afim de restabelecer a situação jurídica anterior ao prejuízo causado.O objetivo deste trabalho é mostrar o que seria o acidente do trabalho e suas conseqüências tanto para o empregador quanto para o empregado, no que diz respeito à indenização e a responsabilização civil. As regras contidas na Constituição Federal, artigo 7°, XXVIII, e no artigo 927, parágrafo único estabelece essa premissa de proteção ao trabalhador acidentado e conseguinte o dever de manter equilibrada a relação de emprego.

(8)

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 ACIDENTE DO TRABALHO ... 11

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS LEIS ACIDENTÁRIAS ... 11

2.2 CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO ... 16

2.3ESPÉCIESDEACIDENTESDOTRABALHO ... 18

2.4 ACIDENTE DO TIPO ... 18

2.5 DOENÇAS OCUPACIONAIS ... 19

2.6 DOENÇAS DO TRABALHO ... 20

2.7 CONCAUSAS ... 22

2.8 ACIDENTE DE TRAJETO ... 24

2.9 COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO – CAT ... 25

3 DANO MORAL ... 28

3.1 DANO MORAL ... 28

3.2 AS ORIGENS DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL ... 32

3.3 DANOS MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO ... 34

3.4 A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM RELAÇÃO AO DANO MORAL ... 36

3.5 PRESCRIÇÃO DO DANO MORAL NAS AÇÕES QUE DECORREM DE ACIDENTE DO TRABALHO ... 38

3.6 PROVA DO DANO MORAL ... 42

3.7 FIXAÇÃO DO VALOR DO DANO MORAL ... 44

3.8 DANO MORAL ORIUNDO DE OFENSA À ESTÉTICA ... 46

4 ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR ... 48

4.1 RESPONSABILIDADE NOS PRIMEIROS TEMPOS E SEU DESENVOLVIMENTO ... 48

4.2 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL ... 51

4.3FUNÇÃODARESPONSABILIDADECIVIL ... 52

4.4 RESPONSALIDADE CIVIL SUBJETIVA ... 53

4.5 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA ... 55

(9)

4.6.1 Risco Integral ... 59

4.6.2 Risco Proveito ... 59

4.6.3 Risco Criado... 60

4.6.4 Risco Excepcional ... 61

4.7 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR DECORRENTE DE ACIDENTES DO TRABALHO ... 62

4.7.1 Contrato de Trabalho ... 62

4.7.2 Responsabilidade Civil Subjetiva do Empregador ... 63

4.7.3 Responsabilidade Civil Objetiva do Empregador ... 65

4.8 POSICIONAMENTO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO E DO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO ... 69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 74

(10)

1 INTRODUÇÃO

A presente monografia tem por objetivo efetuar uma análise acerca do instituto responsabilidade civil objetiva do empregador pelos danos morais causados ao empregado em virtude de acidente do trabalho.

Em paralelo, abordar-se-á a responsabilidade subjetiva do empregador decorrente do acidente do trabalho como instituto de responsabilização para aquele que transgride um dever.

Para tanto, será utilizada a pesquisa bibliográfica como metodologia, valendo-se de diversos juristas de renomada reputação literária.

No segundo capítulo, serão tecidas breves considerações sobre temas essenciais para a compreensão do presente estudo, como a definição de acidente do trabalho e as variáveis das leis acidentárias no Brasil ao longo da história até a edição da Lei n. 8.213/91, e as espécies de acidente de trabalho existentes no ordenamento jurídico brasileiro.

Logo depois, será trabalhado as primeiras providências a ser tomadas pela empresa na ocorrência de acidente do trabalho.

No terceiro capítulo, tratar-se-á do dano moral como requisito para uma futura responsabilização civil do empregador decorrentes do acidente do trabalho.

Ato contínuo, será citada a problemática da constatação do dano moral, uma vez que se trata de um elemento subjetivo no universo jurídico.

Sucessivamente serão introduzidas as controvérsias doutrinárias acerca da competência entre a Justiça do Trabalho e a Justiça Comum no julgamento de ações acidentárias que são oriundas do dano moral.

Já no final do terceiro capítulo serão apresentadas as posições doutrinárias sobre a prescrição dos danos morais, a dificuldade de se fazer a prova do evento danoso, bem como a complexidade da fixação dos valores indenizatórios de atos ilícitos originários do dano moral e os danos morais provenientes de ofensa a estética

No quarto e último capítulo, dar-se-á destaque a responsabilidade civil do empregador decorrente de dano moral em acidente do trabalho, trazendo-se as principais características do instituto responsabilidade, e a extrema importância do tema para os estudiosos e profissionais do direito.

(11)

Ainda no quarto capítulo, será apresentada as teorias subjetiva e a teoria do risco como justificativas na configuração da responsabilidade civil do empregador.

Já no tocante ao contrato de trabalho dar-se à relevância aos elementos que são alicerces do dever de reparação do empregador e finalidade

Por fim, buscar-se-á demonstrar os subsídios da responsabilidade civil do empregador decorrente do acidente do trabalho consagradas no novo Código Civil de 2002, no parágrafo único do art. 927 em consonância com art. 7°, XXVIII da Constituição Federal de 1988, atribuindo ao empregador o dever de indenizar o dano moral em virtude do acidente do trabalho.

(12)

2 ACIDENTE DO TRABALHO

Diante da importância da constatação do acidente do trabalho, bem como em razão de suas particularidades, serão abordados nesse capítulo a evolução histórica das leis de acidente do trabalho, o conceito, a classificação das espécies de acidente, e as formalidades decorrentes do acidente do trabalho.

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS LEIS ACIDENTÁRIAS

A problemática sobre acidente do trabalho remonta ás origens da humanidade, o aspecto evolutivo da proteção do trabalho foi caracterizado por distintas fases na utilização do trabalho humano, sendo imperioso destacar cada fase do processo de evolução das leis acidentárias como forma de entender a abordagem das normas relativas a saúde e proteção do trabalho dos primórdios da civilização até mesmo os dias atuais.1

Na antiguidade os trabalhos considerados pesados eram efetuados pelos escravos que eram adquiridos em guerras entre as nações, o trabalho escravo no mundo antigo era desempenhado em troca da manutenção da subsistência, ou seja, o escravo trabalhava para poder se alimentar e nada mais, não possuindo o mínimo de dignidade de vida.2

Inúmeros relatos mostram que o trabalho desempenhado na pré-história, ocasionavam sequelas e deformações físicas provenientes de abusos exercidos pelos patrões.3

A partir do século XIX com incremento da industrialização e com o aparecimento de toda uma maquinaria com precárias técnicas de segurança deram surgimento a um aumento volumoso de acidentes na camada assalariada da época.4

1 FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascaro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História

do trabalho, do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998, p. 31.

2 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. São Paulo: LTr, 2006, p. 39.

3 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 15.

4 SAAD, Terezinha Lorena Pohlmann. Responsabilidade civil da empresa nos Acidentes de

(13)

Segundo os ensinamentos de Hertz5:

As máquinas existentes nos primórdios das civilizações eram muito rudimentares e como o homem sempre foi dotado de imperfeições, os riscos de acidentes eram constantes, até porque ainda não existia as idéias de treinamento e aperfeiçoamento profissional.

Foi neste momento que as primeiras preocupações com o acidentado começaram a surgir, visto que o homem passou a trabalhar com máquinas, estas muitas vezes perigosas que acarretavam o infortúnio no trabalho.6

Os reflexos sociais advindos da revolução industrial contribuíram para que normas jurídicas de proteção ao acidentado tornassem primordiais para minorar a situação eliminando assim conceitos ultrapassados de relacionamento entre patrão e empregado. 7

Ainda a respeito das conseqüências da evolução industrial:

Ao longo de mais de um século a legislação pertinente á segurança no trabalho vem sofrendo processo evolutivo, constante aprimoramento que visa a melhor atender aos anseios da classe trabalhadora, especialmente nas categorias mais sujeitas ás lesões traumáticas ou ás doenças resultantes das condições de trabalho. 8

Até a atual Lei n. 8.213/91 as legislações que abordavam o tema de acidente de trabalho percorreram um longo caminho buscando solucionar o infortúnio laboratorial.9

As primeiras menções á matéria de acidente do trabalho no Brasil foram previstas no Código Comercial (Lei 556/1850), nos arts. 79, 534, 560, 561, 562, § 2°, e 764, § 7° que forneceu as orientações gerais sobre acidente do trabalho. 10

O doutrinador Cléber de Almeida ao tratar da reparação dos danos decorrentes do acidente do trabalho assevera: “Antes do advento do Decreto Legislativo n. 3.724/19 a questão era resolvida pelas regras do Direito Comum, ou seja, á luz da teoria da culpa extracontratual ou aquiliana”.11

5

HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 19. 6

MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 248.

7

OLIVEIRA, Aristeu de. Prática trabalhista e previdenciária: enfoque constitucional: emenda constitucional n. 20, de 15-12-98. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 206.

8 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 41.

9 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

Paulo: Saraiva, 1998, p. 08.

10 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 41.

11 ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Responsabilidade civil do empregador e acidente de trabalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 43.

(14)

O Decreto Lei n° 3.724 de 15.01.1919 foi a primeira legislação com importância vital para o mundo jurídico brasileiro, que procurou versar sobre a proteção ao trabalhador acidentado. 12

Sobre a referida norma assevera Hertz13:

Significou a emancipação da infortunística do cordão umbilical que a mantinha de alguma forma presa ao direito comum, reforçando sua autonomia do direito trabalhista específico, não obstante as resistências dos saudosistas da monarquia.

Assim sendo esta legislação expressa o acesso a proteção do trabalhador doente ou acidentado, bem como pode ser considerado o marco inicial da proteção das classes trabalhadoras e menos favorecidas. 14

De acordo com o Decreto Lei n° 3.724/19 não se discutia quem era o culpado pelo acidente do trabalho, ou seja, havendo o acidente a responsabilidade pela indenização era do empregador, eliminando desta forma qualquer necessidade de se discutir quem teve culpa no acidente. 15

Destarte que o Decreto Lei n° 3.724/19 contemplava com direito á indenização apenas os acidentes ocorridos em virtude de caso. 16

O acidente de trabalho era caracterizado como a reunião de vários elementos: subitaneidade, involuntariedade e exterioridade conforme o art. 1° do Decreto Lei n° 3.724 /19, expressões estas que não se ajustavam á realidade dos infortúnios no trabalho, pois nem sempre o acontecimento é súbito e violento.17

Averiguando-se temos que a expressão causa súbita, violenta, externa não foram cogitadas no ordenamento da época, sendo assim assevera Hertz18: “O acidente ocorrido por ato de imprudência, negligência ou imperícia do trabalhador, por se tratar de ato voluntário ficava excluído da reparação, por força da letra da lei”.

Acompanhando a ordem cronológica das legislações acidentárias temos o Decreto Lei n. 24.637 de julho de 1934, estabelecendo em sua redação as doenças

12 TORTORELLO, Jayme Aparecido. Acidentes do trabalho: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 05.

13

HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 46.

14 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 34.

15 MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 295.

16 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 47.

17 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 295. 18

(15)

profissionais atípicas, bem como constituindo a obrigação do seguro ou depósito em dinheiro como garantia do pagamento de indenizações. 19

Salienta-se que este decreto nos conduz a interpretação de que a cada decreto publicado o conceito de acidente do trabalho se aperfeiçoava e as conseqüências para aqueles que descumprissem as determinações de proteção ao trabalho passariam a responder juridicamente pelos danos causados a terceiros. 20

Contudo, podemos dizer que além das normas específicas sobre Seguridade e Previdência Social, quando se trata de acidente do trabalho, outros diplomas legais procuram disciplinar a matéria, como a CLT, em seu capítulo V, Sob o título ”Da segurança e da Medicina do Trabalho”, e é ainda um dos instrumentos mais eficazes quando se fala em prevenção de acidentes. 21

Com o aparecimento da Consolidação das Leis Trabalhista (CLT) por meio do Decreto-Lei n. 5.452, de 1.5.1943 ficou estabelecida as primeiras normas de higiene e segurança do trabalho, prevenção de acidentes do trabalho e doenças profissionais, bem como delineou as atividades insalubres e perigosas e ainda aproveitou para consagrar a obrigação dos empregadores quanto á segurança e higiene no ambiente do trabalho. 22

Somente dez anos depois foi criada a terceira lei acidentária, o Decreto Lei n. 7.036 de 10 de novembro de 1944. 23

Foi com o advento do Decreto Lei n. 7.036/44 que nasce a definição da terminologia da concausa, no art. 3º. 24

Outras inovações surgiram com o aparecimento do Decreto Lei n. 7.036/44, entre as diversas modificações proposta pelo Decreto podemos citar o arts. 77 e 79 que implantou a obrigação do empregador de proporcionar a seus empregados a segurança e a higiene no ambiente de trabalho, e em contrapartida o

19

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 34.

20 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. São Paulo: LTr, 2006, p. 106.

21

MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

Paulo: Saraiva, 1998, p. 09.

22 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. São Paulo: LTr, 2006, p. 106.

23 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 34.

24

(16)

dever do empregado de cumprir as normas de segurança despachadas pelo empregador. 25

Ainda destaca-se que o conceito de acidente do trabalho passa a abranger aquele que ocorresse durante o intervalo para refeições, ou destinados a satisfazer necessidades fisiológicas ou para descanso no local de trabalho; e ainda admitiu a acumulação da indenização acidentária com a de direito civil, desde que houvesse dolo do empregador. 26

A quarta lei surgiu por força do Ato Institucional n. 4 que perdurou por apenas seis meses, a norma foi o marco de um retrocesso legal, ou seja, o mencionado ato institucional conseguiu recuar no que tange ao acidente do trabalho.27

Terezinha Saad dissertou sobre o presente diploma legal: ”foi um dos diplomas legais mais impróprios, retrocedendo a tudo quanto de bom havia sido conquistado na legislação sobre infortunística”.28

No mesmo ano da promulgação do decreto 7.036/44 foi editada a quinta lei de acidente de trabalho, o Decreto Lei n. 5.316, de 14 de dezembro de 1944. 29

Inovações na seara do seguro acidente foram detectadas com o Decreto-Lei n. 5.316/67, na qual firmou entendimento por meio do art. 1°, que o seguro acidente obrigatório previsto no art. 158, XVII, da Constituição deveria ser realizado pela previdência social, já o art. 12 sugeria que o custeio das prestações por acidente do trabalho ficaria na responsabilidade exclusiva da empresa. 30

Posteriormente houve a edição da sexta Lei acidentária o Decreto Lei n. 6.367/76 que sabiamente aperfeiçoou o conceito do trabalho e suas causas, incluindo em seu texto a doença da contaminação acidental do pessoal da área médica como situação equiparada a acidente de trabalho. 31

25

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 36.

26

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 297. 27 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 35.

28

SAAD, Terezinha Lorena Pohlmann. Responsabilidade civil da empresa nos Acidentes de

trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 1999, p. 101.

29 TORTORELLO, Jayme Aparecido. Acidentes do trabalho: teoria e pratica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 06.

30

ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Responsabilidade civil do empregador e acidente de trabalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 45.

31 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

(17)

Neste momento do processo evolutivo das leis acidentárias é que os juristas acreditam que a teoria do risco profissional aparece no cenário das legislações acidentárias. 32

Ainda no Decreto Lei n. 6.367/76 constava em seu texto, art. 14, o prazo de 24 horas para a comunicação a autoridade policial em caso de acidente do trabalho que resultasse em morte, fixando multa pelo descumprimento da disposição, bem como definiu a Justiça Comum como a competente para julgar ações acidentárias. 33

Atualmente está em vigor a sétima Lei acidentaria, o Decreto Lei n. 8.213, que foi publicada em 25.07.1991 que dispõe sobre planos de benefícios da Previdência Social, sendo que os aspectos centrais do acidente do trabalho estão nos arts. 19 a 23 do dispositivo mencionado. 34

Destarte que a evolução da legislação de proteção acidentária no mundo, inclusive no Brasil teve, ao longo de sua história, diversos diplomas legais que trataram do tema como visto anteriormente, mas é notório que o país não dispõe de uma lei específica de acidentes do trabalho, sendo regida pelo Decreto Lei n. 8.213/91 que é a legislação de benefícios da previdência social.35

2.2 CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO

Para melhor compreensão dos temas que seguem cabe verificar os conceitos de acidente do trabalho e suas variáveis.

Sérgio Pinto Martins36 conceitua acidente do trabalho sendo:

O evento que o ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício de trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou pertubação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.

Com o mesmo entendimento sobre o tema abordado temos os ensinamentos de Hertz que assegura que o acidente do trabalho é “um fato que

32 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 32.

33 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 299. 34

ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Responsabilidade civil do empregador e acidente de trabalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 09.

35 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 63. 36

(18)

resulta do inter-relacionamento patrão/empregado, sendo anterior e independente de qualquer definição jurídica”. 37

Para Theodoro Júnior38 acidente do trabalho é: acontecimento que determina, fortuitamente, dano que poderá ser à coisa, material, ou pessoa.

José Augusto Dela Coleta39 assevera que:

A idéia de acidente está vinculada popularmente a toda ocorrência imprevista, com pequena probabilidade de aparecimento, que não esteja sob domínio da pessoa, desencadeando rapidamente e provocando significativas perdas para o indivíduo.

A Lei n. 8.213/91 conceitua o acidente do trabalho no art.19 in verbis: Art. 19 - O acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.40

Basicamente a lei define o acidente do trabalho como um acontecimento imprevisto, que ocorre fortuitamente durante o exercício normal do trabalho podendo atingir qualquer trabalhador. Poderá provocar lesão física, perturbação emocional, redução da capacidade laborativa temporária ou permanentemente, ou até mesmo a morte.41

Portanto para a caracterização do acidente do trabalho é necessário que exista um nexo entre o trabalho e o efeito do acidente, desta forma não se pode considerar como acidente do trabalho o proveniente de acidente de trânsito que nada tenha a ver com o trabalho. 42

Em sentido contrário Hertz afirma:

Para a caracterização do acidente do trabalho, não há a necessidade do vínculo direto com a função laborativa, porque admissível que a ela fiquem associados fatores que geram o resultado final, que é a incapacidade laborativa. 43

Mister que não se confunda nexo causal com o nexo etiológico, pois no nexo etiológico o fato desencadeia o acidente do trabalho enquanto que o nexo

37

HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 20.

38 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Acidente do trabalho e responsabilidade civil comum. São Paulo: Saraiva, 1987, p. 03.

39

COLETA, José Augusto Dela. Acidentes do trabalho: fator humano, contribuições da psicologia do trabalho, atividades de prevenção. São Paulo: Atlas, 1989, p. 17.

40 BRASIL.

Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 20 maio 2009.

41

BARBOSA, Gustavo Felipe. Acidente do trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 2. ed. São Paulo: Método, 2008, p. 17.

42 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 301. 43

(19)

causal pode haver a abrangência sobre o agravamento das lesões ou doenças decorrentes do trabalho. 44

O nosso legislador por meio da Lei n. 8.213/91, no art. 20, I e II, equiparou as doenças do trabalho a acidentes do trabalho apresentando os seguintes requisitos: causalidade, lesão, nexo etiológico ou causal. 45

A causalidade advém de um acontecimento inesperado, que não foi provocado e que não estão presentes os elementos caracterizadores do dolo, já a lesão é resultante do acidente que tenha como conseqüência o dano físico ou psíquico, perda ou redução temporária ou permanente da capacidade laborativa. 46

2.3 ESPÉCIES DE ACIDENTES DO TRABALHO

Muitas são as espécies de acidente do trabalho e com a evolução da teoria da responsabilidade civil, houve uma ampliação legal do conceito de acidente do trabalho, que acabou por acolher também, além dos casos em que há culpa exclusiva da vitima, as hipóteses de doenças ocupacionais, de acidente de trajeto ou

in itinere, os quais serão estudados.

2.4 ACIDENTE DO TIPO

Segundo Sebastião Geraldo o conceito de acidente elaborado pelo nosso legislador não conseguiu regulamentar todas as hipóteses em que a atividade desenvolvida gere a incapacidade laborativa, desta forma a lei somente definiu o acidente do trabalho no sentido estrito ou o acidente do típico. 47

44

MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

Paulo: Saraiva, 1998, p. 11.

45 BARBOSA, Gustavo Felipe. Acidente do trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 2. ed. São Paulo: Método, 2008, p. 17.

46 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 301. 47 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

(20)

O acidente tipo ou típico conforme os ensinamentos de Hertz é definido como: “Um acontecimento brusco,repentino,inesperado, externo e traumático, ocorrido durante o trabalho ou em razão dele, que agride a integridade física ou psíquica do trabalhador”. 48

O acidente de trabalho-tipo, ou típico, se caracteriza pela existência de evento único, súbito, imprevisto e bem configurado no espaço e no tempo. Nesses acidentes típicos as conseqüências geralmente são imediatas, ao contrário das doenças ocupacionais que se caracterizam por um resultado mediato, porém evolutivo. 49

A Lei n. 8213/91, no art. 19, estabeleceu o conceito de acidente do trabalho, vigorando com o seguinte texto:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.50

De acordo com a definição estabelecida no art. 19 da Lei n. 8.213/91 o acidente do trabalho é aquele que advém do exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, gerando incapacidade ou morte. 51

2.5 DOENÇAS OCUPACIONAIS

Estão regulamentadas no art. 20 da Lei n. 8.213/91 as doenças ocupacionais também conhecidas como doenças profissionais com a seguinte redação:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

48

HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 82. 49

MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

Paulo: Saraiva, 1998, p. 14. 50 BRASIL.

Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 20 maio 2009.

51 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

(21)

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do trabalho e da Previdência Social.

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso. 52

É notório que a norma previdenciária equiparou as doenças do trabalho a acidentes do trabalho, e assim faz-se imperioso precisar o conceito de doença ocupacional.

Para Sebastião Geraldo a doença ocupacional é “[...] aquela peculiar a determinada atividade ou profissão, também chamada de doença profissional típica, tecnopatia ou ergopatia [...]”. 53

Daphins Ferreira Souto aufere que para caracterizar a doença ocupacional ou profissional é preciso a observação clínica de inúmeros casos, da observação entre os sintomas e os sinais da doença com a atividade profissional e dos estudos epidemiológicos para auferição de sua efetividade.54

Como exemplo de doença profissional, tem-se o empregado de uma mineradora que trabalha exposto ao pó de sílicia e contrai a silicose e partindo desta premissa conclui-se que doença profissional é aquela típica de determinada profissão, ou seja, o nexo causal da doença com a atividade é presumido. 55

2.6 DOENÇAS DO TRABALHO

Salienta-se que há uma distinção de suma importância entre as doenças profissionais e as doenças do trabalho. A diferença reside no nexo causal, cujo o nexo é presumido na doença profissional e que dispensa qualquer tipo de

52

BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 20 maio 2009.

53 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 46.

54

SOUTO, Daphins Ferreira. Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. Rio de Janeiro: SENAC Nacional; SESC nacional, 2003, p. 78.

55 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

(22)

comprovação através de provas,enquanto que nas doenças do trabalho faz necessário a comprovação da presença do elemento causador da enfermidade. 56

Desse modo, a diferença entre doença profissional e doença do trabalho reside no fato de as doenças profissionais resultarem de risco específico direto (característica do ramo de atividade), enquanto que as doenças do trabalho têm como causa ou concausa o risco específico indireto.57

Com mesmo entendimento temos os ensinamentos de Antonio Lopes Monteiro:

As doenças profissionais são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional peculiar a determinada atividade. Dada a sua tipicidade, prescindem de comprovação do nexo de causalidade [...]. Por sua vez as doenças do trabalho, também conhecidas por moléstias profissionais atípicas são aquelas desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e como ele se relacionem diretamente, portanto exigem a comprovação do nexo de causalidade com o trabalho, via de regra através de vistoria no ambiente laboral. 58

A doença do trabalho, também chamada mesopatia ou doença profissional atípica tem origem na atividade laborativa do empregado mas não está vinculada necessariamente a esta ou aquela profissão, ou seja, apesar de ter origem na atividade do trabalhador o seu aparecimento decorre da forma em que o trabalho é prestado ou das condições específicas do ambiente de trabalho. 59

Nos ensinamento de José de Oliveira as doenças do trabalho não são decorrentes do trabalho mas são adquiridas em virtude das condições em que o trabalho é realizado. 60

Antônio Lopes Monteiro61 expõe: ”doença do trabalho são aquelas desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacionam diretamente.”

56

BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. São Paulo: LTr, 2006, p. 39.

57

OPITZ, Silvia. Acidentes do trabalho e doenças profissionais. São Paulo: Saraiva, 1984, p. 49. 58 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

Paulo: Saraiva, 1998, p. 11-12.

59 OLIVEIRA, José de. Acidentes do trabalho: teoria, prática, jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 162.

60 OLIVEIRA, José de. Acidentes do trabalho: teoria, prática, jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 02.

61 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e

doença ocupacional: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas. São

(23)

No mesmo norte sustenta Russomano62:

[...] são doenças cujo o aparecimento e progresso resultam de circunstâncias que cercam a prestação de serviços, exemplificando com o serviço executado num pântano que pode ocasionar doenças especiais, como o impaludismo, sem que seja doença profissional.

São doenças comuns, que, no entanto, numa determinada hipótese, foram, excepcionalmente, geradas pelas condições momentâneas do trabalho. 63

Como grande exemplo de doença do trabalho tem-se a Lesão por Esforço Repetitivo (LER/DORT), sendo considerada um dos males da vida moderna, podendo ser desencadeada em qualquer atividade, sem vinculação direta a determinada profissão. 64

2.7 CONCAUSAS

O art. 21, I, da Lei n. 8.213/91 prevê a chamada concausa, ou seja, quando o acidente ou a doença do trabalho não são únicas causas para a incapacidade ou morte do segurado, mas contribuíram diretamente para isso (ou melhor, de forma fundamental, embora não exclusiva). 65

A doutrina admite que a doença que tenha no trabalho a sua concausa se equipara ao acidente de trabalho para fins previdenciários e de indenização civil.66

Esclarece Cavalieri Filho sobre a concausa:

A concausa é outra causa que, juntando-se á principal, concorre para o resultado. Ela não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas o reforça, tal como um rio menor que deságua em outro maior, aumentando-lhe o caudal.67

62

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários á lei de acidente do trabalho. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970, p. 30.

63 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Acidente do trabalho e responsabilidade civil comum. São Paulo: Saraiva, 1987, p. 07.

64

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 46.

65 BARBOSA, Gustavo Felipe. Acidente do trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 2. ed. São Paulo: Método, 2008, p. 20.

66

DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade civil no direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 226.

67 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2007, p. 109.

(24)

É o elemento que concorre com outro, formando o nexo entre a ação e o resultado, entre o acidente e o trabalho exercido pelo empregado. 68

Tupinambá Nascimento69 define a concausa:

É o ingresso na relação causal de fatos estranhos à atividade de trabalho, ou a aceitação de que, no acidente, podem concorrer uma causa vinculada ao trabalho e outras tantas sem qualquer relação com a atividade laboral ou, em outras palavras, a circunstância independente do infortúnio que é adicionada à sua causa para gerar o resultado danoso final.

Destarte que a concausalidade pode ser definida, como uma circunstância independente do acidente, mas que somada ao mesmo, dá origem ao resultado danoso final, tendo exatamente aí sua importância para se chegar à real extensão do dano que acometeu o trabalhador. 70

Há que se frisar que as concausas podem ser classificadas em anteriores, simultâneas ou concomitante. 71

Neste diapasão assevera Hertz:

As concausas anteriores, também conhecidas como prévias ou predisponentes são aquelas que o trabalhador apresenta uma predisposição latente,que se evidencia, mais tarde com o infortúnio.Ou seja, causas não relacionadas com o trabalho mas que, a ele associadas, produzem a lesão capaz de leva-lo á redução de sua capacidade laboral ou mesmo á sua morte. 72

Não mantêm vinculação com o trabalho, mas, quando com ele se agregam, determinam as conseqüências ocasionadas pelo acidente e/ou doença ocupacional. Existem antes da ocorrência do acidente. 73

Nos dizeres de Irineu Antonio Pedrotti 74, concausas anteriores é o elemento que concorre com o outro, formando o nexo entre a ação e o resultado, entre o acidente e/ou doença profissional ou do trabalho e o trabalho exercido pelo empregado.

68

PEDROTTI, Irineu Antonio. Comentários às leis de acidente do trabalho: áreas urbana e rural. São Paulo: Universitária de Direito, 1986, p. 70.

69 NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Curso de direito infortunístico. 3. ed. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1992, p. 21.

70

OLIVEIRA, José de. Acidentes do trabalho: teoria, prática, jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 02.

71 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 92-93. 72 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 41. 73

BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. São Paulo: LTr, 2006, p. 170.

74 PEDROTTI, Irineu Antonio. Doenças profissionais ou do trabalho. 2. ed. São Paulo: Universitária de Direito, 1998, p. 40.

(25)

E mais, para ilustrar a concausa anterior Pedrotti 75 cita o exemplo do trabalhador que é portador de grave hipertensão arterial e que, atuando numa fundição junto a fornos, em trabalho pesado e sujeito a elevadas temperaturas, tem agravada a patologia hipertensiva, conduzindo-o á morte.

Já as concausas simultâneas ou concomitantes se evidenciam quando os sintomas coincidem praticamente com o momento do infortúnio, ou seja, não eram anteriores senão que se apresentam paralelos ao evento danoso e servem para constituir um típico fator concausal.76

É o caso do trabalhador que após o ingresso na empresa passou a apresentar determinada anomalia orgânica, sem qualquer relação com a atividade laborativa, mas que, exatamente em razão dela vem a sofrer agravamento, que determina incapacidade permanente, ou evento letal. 77

Complementando a classificação das concausas encontraremos as concausas posteriores ou supervenientes que nada mais são que aquelas que acabam agravando o infortúnio contribuindo para o aumento do prejuízo na saúde do acidentado. 78

O exemplo de concausas posteriores pode ser visualizado quando o infortunado sofreu amputação de uma perna, como resultado de esmagamento ocorrido durante o trabalho, mas que, durante o período de internação hospitalar, vem a sofrer de infecções, que lhe causem a morte. 79

2.8 ACIDENTE DE TRAJETO

Cumpre ainda registrar outra espécie de acidente do trabalho, o acidente de trajeto, também chamado de in itinere, regulamentado no art. 21 da Lei n. 8.213/91.

75 PEDROTTI, Irineu Antonio. Doenças profissionais ou do trabalho. 2. ed. São Paulo: Universitária de Direito, 1998, p. 40.

76 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de acidente do trabalho. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2008, p. 93. 77

OLIVEIRA, José de. Acidentes do trabalho. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 22.

78 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. São Paulo: LTr, 2006, p. 172.

79

(26)

Oportuno remeter-se aos ensinamentos de Tupinambá80:

O acidente in itinere,ou de trajeto (art. 21, IV, ”a”, ”b” e “d”) é aquele que ocorre na realização de trabalho externo ´por determinação do empregador, ou no percurso da prestação de serviço do trabalhador até sua residência, ou vice versa. Em linguagem mais simples é chamado ‘acidente do itinerário’.

Complementando o acidente de trajeto Hertz 81:

Pelo fato do infortúnio ocorrer fora do controle direto do empregador, deve esse acidente obedecer a alguns requisitos indispensáveis para a admissão de sua existência: a) que o percurso habitual não tenha sido interrompido, isto é, que haja uma concordância cronológica; b) que o percurso não tenha sido alterado para atendimento de interesses particulares, ou seja, que exista concordância topográfica. Daí dizer-se da exigência do nexo direto com o trajeto escolhido pelo segurado.

Acrescenta ainda que o acidente vincula-se ao percurso do trabalhador porque, se inexistir tal vínculo, o nexo etiológico deve ser negado: Trabalhador que sai do trabalho na direção de seu domicílio e que no trajeto assedia mulher acompanhada de marido e diante do fato vem a sofrer lesões graves em virtude de um espancamento, o nexo etiológico conforme o exemplo utilizado deverá ser negado por não ter ficado reconhecido o vínculo entre o fato ocorrido e o acidente. 82

Corroborando com este entendimento Sebastião Geraldo afirma que para a caracterização do acidente de trabalho in itinere a legislação acidentária considera aquele ocorrido fora das dependências da empresa, porém, ocorrido com nexo direto com atividade desempenhada no trajeto percorrido. 83

2.9 COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO – CAT

Ocorrido o acidente do trabalho a primeira providência a ser tomada pela empresa é comunicar a Previdência Social até o 1° dia útil seguinte ao da ocorrência

80 NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Curso de direito infortunístico. 3. ed. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1992, p. 76.

81

HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 41. 82 HERTZ, Jacinto Costa. Acidentes do trabalho. Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 83.

83 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

(27)

e, em caso de morte, de imediato, á autoridade competente, sob pena de multa caso não o faça. 84

Da comunicação de acidente do trabalho receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes e o sindicato a que corresponda sua categoria profissional.85

A comunicação visa proteger o obreiro, apurando as causas e conseqüências de evento, e, por conseguinte, liberar o benefício adequado ao segurado. 86

Encontra-se previsto na Lei n. 8.213/91 art. 22 o dever do empregador na expedição da comunicação do acidente, porém caso não seja efetuada pelo mesmo a lei confere que tal comunicação seja efetuada pelo próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública. 87

Ressalta-se que mesmo que a comunicação tenha sido efetuada pelas pessoas acima arrolada em nada exime a empresa de responder pela falta de cumprimento da comunicação. 88

Na falta de comunicação os sindicatos e as entidades representativas de classe poderâo acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas no art. 22, § 2°, da Lei n. 8.213/1991. 89

Outro ponto de extrema relevância na emissão da CAT está prevista no art. 169 da CLT, ao fazer referências da obrigatoriedade da empresa na comunicação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, é estabelecer a partir de que momento passa a ser dever do empregador e direito do empregado a comunicação sob a alegação de que não existe um diagnóstico firmado da doença ocupacional. 90

84

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 33. ed. São Paulo: LTr, 2007, p. 571.

85

OLIVEIRA, Aristeu de. Prática trabalhista e previdenciária: enfoque constitucional: emenda constitucional n. 20, de 15-12-98. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 211.

86

TORTORELLO, Jayme Aparecido. Acidentes do trabalho: teoria e pratica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 23.

87 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 295. 88 OLIVEIRA, Aristeu de. Prática trabalhista e previdenciária: enfoque constitucional: emenda

constitucional n. 20, de 15-12-98. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 307. 89

BARBOSA, Gustavo Felipe. Acidente do trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 2. ed. São Paulo: Método, 2008, p. 52.

90 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

(28)

Cabe destacar que as doenças profissionais e do trabalho normalmente não se manifestam de forma brusca, mas vão instalando-se pouco a pouco até causarem a impossibilidade de labor, portanto considera-se como dia do acidente no caso de doença profissional ou trabalho a data de início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico. 91

91 BARBOSA, Gustavo Felipe. Acidente do trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 2. ed. São Paulo: Método, 2008, p. 54.

(29)

3 DANO MORAL

É de suma importância para a presente pesquisa a observação do instituto Dano Moral, visto que para sua reparação é necessária a comprovação do dano sofrido, uma vez inexistindo o dano, consequentemente não haverá reparação. Em seguida, veremos como ocorreu a sua inserção no mundo jurídico como ilícito, sua conceituação e os requisitos que são imprescindível para configuração do dano.

3.1 DANO MORAL

Dano consiste no prejuízo sofrido pelo agente. Pode ser individual ou coletivo, moral ou material, ou melhor, econômico e não econômico. 92

O dano segundo Sérgio Cavalieri Filho nada mais é que uma diminuição no bem jurídico, podendo ser de qualquer natureza. O bem pode ser patrimonial ou um bem integrante da própria personalidade da vítima, como a sua honra, a imagem, a liberdade. 93

No mesmo norte Agostinho Alvim94 o termo dano tem a seguinte conotação:

Dano em sentido amplo vem ser a lesão de qualquer bem jurídico, e aí se inclui o dano moral. Mas em sentido estrito, dano é, para nós, a lesão do patrimônio; e patrimônio é o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro. Aprecia-se o dano tendo em vista a diminuição sofrida em seu patrimônio [...].

O dano é uma lesão a interesses juridicamente tuteláveis; é a ofensa ao patrimônio patrimonial ou extrapatrimonial de alguém. 95

A Constituição da República do Brasil (CRFB) de 198896 consagrou a

92

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 33. 93

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2007, p. 96.

94 ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 3. ed. Rio de Janeiro: Jurídica e Universitária, 1975, p. 171.

95

DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade civil no direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 143.

96 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível: http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 10 fev. 2009.

(30)

distinção entre a indenização por dano moral e por dano material em seu art. 5º, X,

in verbis:

Art. 5°:

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.97

Dallegrave registra tal distinção como transcrita abaixo:

Quando o dano repercute sobre o patrimônio da vítima, entendido como aquele suscetível de aferição em dinheiro, denominar-se-á dano patrimonial. Ao revés, quando a implicação do dano violar direito geral de personalidade, atingindo interesse imaterial, dir-se-á, então, dano extrapatrimonial.98

Ocorre o dano patrimonial ou material quando são atingidos os bens integrantes do patrimônio da vítima, entendendo-se como tal o conjunto de relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro. 99

O dano moral seria aquele que não tem caráter patrimonial, ou seja, todo dano não-material. 100

Ao contrário do dano patrimonial, pode-se dizer que o dano moral tem uma natureza mais profunda, visto que a lesão sofrida pela vítima fere um interesse espiritual, alterando o seu bem-estar psicológico, não permitindo num primeiro momento uma valoração monetária. 101

Muitos são os conceitos acerca desse instituto. O setor doutrinário-civil é vasto e de imenso potencial e nesse particular há conceitos para todos os gostos. 102

O dano moral é um assunto de rigorosa atualidade e de uma forte tendência ao crescimento. É sabido que qualquer pessoa munida de um mínimo de discernimento jurídico saberá dizer o que ele seja, mas se perguntarmos sua definição, as dificuldades certamente surgirão.103

97

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível: http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 10 fev. 2009.

98

DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade civil no direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 143.

99

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 6. ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 96.

100 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 6. ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 96.

101 OLIVEIRA, Milton. Dano moral. São Paulo: LTr, 2006, p. 46. 102

MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 248.

103 ALENCAR, Eduardo Fornazari. A Prescrição do dano moral decorrente de acidente do

(31)

Gustavo Andrade104 define o conceito de Dano Moral: “o dano moral é um conceito em construção e, com o desenvolvimento social e a conseqüente evolução dos direitos da personalidade, tende a ser ampliado para alcançar situações hoje ainda não consideradas”.

E nos ensinamentos Aguiar Dias105 assevera:

O dano moral consiste na penosa sensação da ofensa e humilhação perante terceiros, na dor sofrida, enfim, nos efeitos puramente psíquicos sensoriais experimentados pela vítima do dano, em conseqüência deste, seja provado pela recordação do defeito ou da lesão [...].

No mesmo sentido Yussef Said Cahalli106 entende o Dano Moral como: Tudo aquilo que molesta gravemente os valores fundamentais inerentes á sua personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está integrado, qualifica-se, em linha de princípio, como dano moral; não há como enumera-los exaustivamente, evidenciando-se na dor, na angústia, no sofrimento, na tristeza pela ausência do ente querido falecido; no desprestígio, na desconsideração social, no descrédito á reputação, na humilhação pública, no devassamento da privacidade; no desequilíbrio da normalidade psíquica, nos traumatismos emocionais, na depressão ou no desgaste psicológico, nas situações de constrangimento moral.

Destarte que dano moral consiste em uma ofensa aos direitos integrantes da personalidade do indivíduo, à integridade, à vida do indivíduo.107

Sobre o dano moral, preleciona Cláudio Soares Levada pondera que: Dano moral é a ofensa injusta a todo e qualquer atributo da pessoa física como indivíduo integrado à sociedade ou que cerceie sua liberdade, fira sua imagem ou sua intimidade, bem como a ofensa à imagem e à reputação da pessoa jurídica, em ambos os casos, desde que a ofensa não apresente quaisquer reflexos de ordem patrimonial do ofendido. 108

Por fim Orlando Gomes109 conceitua o dano moral como: ”o constrangimento que alguém experimenta em conseqüência de lesão em direito personalíssimo, ilicitamente produzido por outrem”.

Logo após o advento da Constituição de 1998 uma questão mereceu reflexão e acirrou debates sobre a possibilidade das pessoas jurídicas serem passíveis de sofrer dano moral.110

104

ANDRADE, Corrêa André Gustavo de. A Evolução do conceito de dano moral. São Paulo: Revista

da AJURIS, v. 30, n. 92, p. 139, dez. 2003.

105 DIAS, José Cláudio Aguiar de. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 743

106

CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 22-23.

107 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 01. 108 LEVADA, Cláudio Abtônio Soares. Liquidação de danos morais. 2. ed. São Paulo: Copola, 1997,

p. 23-24.

109 GOMES, Orlando. Obrigações. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989, p. 24.

110 MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 156.

(32)

Uma parcela da doutrina defendia a tese que a pessoa jurídica, enquanto figura abstrata, não se sujeitariam à dor e ao sofrimento.111

Nessa linha de pensamento Wilson de Melo112 assevera: “[...] Que pessoas jurídicas sejam passivamente responsáveis por danos morais, compreende-se. Que, porém, ativamente, possam reclamar indenizações, conseqüentemente deles é absurdo.

Corroborando com este entendimento Yussef Sai Cahali afirma que quando a pessoa jurídica for ferida em seus sentimentos específicos, somente poderá pleitear a indenização a título de dano material.113

Vários autores entendem que a pessoa jurídica é passível de dano moral.114

A existência do dano diz respeito tanto à pessoa física como à jurídica, pois esta também pode ter abalada a sua reputação no mercado, sua imagem e ser ofendida ao seu nome, inclusive por afirmações falsas. 115

Nehemias comenta sobre a possibilidade de a pessoa jurídica ser beneficiária de dano moral:

Ora, o que se pode constatar é que muito antes do advento da Constituição de 1998 o legislador ordinário já tinha prevê a possibilidade da pessoa jurídica ser beneficiária de indenização por danos morais. Aliás, a nossa Carta Magna não fez distinção entre pessoas físicas e jurídicas quando assegurou o direito à intimidade,à vida privada, à honra e à imagem e assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 116

Em relação á possibilidade de pessoa jurídica sofrer dano moral, o STJ por meio da Súmula 227 estabelece que a pessoa jurídica também pode ser passível de sofrer dano moral.117

Consagrada a ofensa se faz necessária a punição do ato ilícito mesmo que contra pessoa jurídica, pois não é somente dor e sofrimento que traduzem o dano moral, mas, de forma ampla, um desconforto extraordinário na conduta do

111

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2007, p. 118.

112

MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 248.

113 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990, p. 171.

114 DIAS, José Cláudio Aguiar de. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 937.

115

MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 38.

116 MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 159.

(33)

ofendido e, sob esse aspecto, a vítima pode ser tanto pessoa natural como pessoa jurídica. 118

3.2 AS ORIGENS DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL

Numa primeira fase negava-se ressarcibilidade do dano moral, na qual o instituto de reparação por dano moral era visto como algo imoral. Foi com o progresso das civilizações que as possibilidades da indenização advindas do dano moral foram conquistadas. 119

A reparação do dano moral nas civilizações antigas mesmo que de uma forma incipiente foi prevista foi no Código de Ur-Nammu. 120

O melhor modo de reparação do dano nas civilizações da antiguidade fazia-se valer do preceito “dente por dente e olho por olho”, onde aquele que fosse vítima de dano poderia se vingar do causador do dano utilizando-se deste preceito.121

Na Índia a sistematização das leis de reparação do dano moral se fez presente no Código de Manu, que facultava á vitima de danos uma oportunidade de ressarcir-se á custa de uma soma em dinheiro. 122

Ainda nas civilizações antigas vale ressaltar que é o Código de Hamurabi, que auxiliava os babilônicos ao instituir regras e normas na reparação de danos mas não possuía regras específicas sobre o tema de reparação mas direcionava tal entendimento ao enunciar que “o forte não prejudicará o fraco”. 123

117

CIANCI, Mirna. O Valor da reparação moral. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 15. 118

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 250.

119 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

ocupacional. 4. ed. rev, e ampl. São Paulo: LTr, 2008, p. 06.

120

MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 12.

121 MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 248.

122

SILVA, Américo Luís Martins da. O Dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 20.

123 MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 06.

(34)

Seguindo as origens da reparação do dano moral defrontamos com a civilização romana, que encontravam disciplinadas as questões atinentes ao ressarcimento de danos como decorrência de ofensas morais. 124

Não podemos deixar de fazer referencias ao Direito canônico que abordava vários casos que constituem danos morais e atribuindo a estes a correspondente reparação. 125

Esta codificação merece uma atenção especial, pois esse sistema normativo tem importante significação para nós brasileiros, já que, antes da vigência da Lei n. 3.071 de 1.01.1916, impunha-se aqui normas previstas naquele Código. 126

No Brasil o reconhecimento ao direito de indenização por dano moral passou por longos períodos de maturação, no Código de 1916, algumas hipóteses de reparação de dano, sem fazer nenhuma distinção entre dano material e moral,mas que com o advento da Constituição da República de 1988 foram superadas as resistências que havia contra a reparação do dano moral.127

A Constituição Federal acerca do dano moral no art. 5°, inciso V e X, estabelece a reparação por dano moral em nosso direito da seguinte forma:

Art. 5°.

V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano moral ou à imagem.

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 128

No mesmo rumo o Código Civil de 2002 também apreciou o dano moral no art. 186 in verbis: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.129

124

MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática do cabimento à fixação do Quantum. São Paulo: Juares de Oliveira, 2004, p. 13.

125

SILVA, Américo Luís Martins da. O Dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 83.

126

SILVA, Américo Luís Martins da. O Dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 83.

127 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 620-621.

128 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível: http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 10 fev. 2009.

129 BRASIL.

Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?hl=pt-R&q=Recurso+de+Revista+n%C2%B01643 %2F2005-771-04-00.6&meta=&aq=f&oq=>. Acesso em: 10 fev. 2009.

(35)

Portanto não há mais dúvidas a respeito da reparabilidade do dano moral uma vez que o dispositivo 186 do Código Civil de 2002 prevê claramente a possibilidade de uma pessoa causar dano moral a outra. 130

3.3 DANOS MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO

O dano moral trabalhista ocorre, portanto no âmbito do contrato de trabalho, envolvendo o empregado e empregador, na qual normalmente é o empregado o lesionado na relação jurídica.131

O dano moral trabalhista segundo Nehimias Domingos de Melo132: “É o agravo ou constrangimento moral infligido quer ao empregado, quer ao empregador, mediante violação a direitos ínsitos á personalidade, como conseqüência da relação de emprego”.

Portanto também se pode afirmar que o empregado pode dar ensejo a indenização por dano moral, ou seja, ambos podem configurar no pólo passivo e ativo na ação de indenização. 133

Na mesma diretriz Alencar afirma que o Direito do Trabalho é um terreno extremamente propício ao cometimento de atos ilícitos em bens extrapatrimoniais por qualquer uma das partes da relação de trabalho. 134

Diogo Nicolau Pítisica assevera: ”No que se refere ao Dano Moral Trabalhista, convém destacar que uma das finalidades principais do Direito do Trabalho é garantir o respeito á dignidade do trabalhador”.135

Na relação de trabalho é o empregador que possui a faculdade de dirigir o empregado, determinando o que deve fazer no emprego, em decorrência disso,

130

MARTINS, Pinto, Sérgio. Dano moral decorrente do contrato de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 54.

131 PAMPLONA FILHO, Rodolfo. O Dano moral na relação de emprego. 3. ed. São Paulo: LTr, 2002, p. 94.

132 MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral trabalhista. São Paulo: Atlas, 2007, p. 21. 133

MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral trabalhista. São Paulo: Atlas, 2007, p. 23.

134 ALENCAR, Eduardo Fornazari. A Prescrição do dano moral decorrente de acidente do

trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 32.

135

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