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Diagrama 1: Agrupamento de Meta-categorias e Categorias da Pesquisa

1. Introdução

2.7 Competência em EAD

Em itens anteriores foram descritas as alterações no modelo de Educação a Distância por conta das influências de novas tecnologias, como, por exemplo, a Internet. Nesse tópico,

serão tratadas as competências necessárias para atuar em EAD em relação às práticas de ensino, à gestão, aos professores, aos tutores e aos alunos.

A introdução das tecnologias digitais provocou mudanças no paradigma educacional, direcionando o foco do processo de ensino para uma aprendizagem autônoma e cooperativa (BERNADI; DAUDT; et al., 2013).

As possibilidades e recursos tecnológicos são reduzidos quando as aulas presenciais são apenas replicadas em um espaço virtual (BEHAR et al., 2013a). Cabe ao grupo envolvido no processo de aprendizagem entender as mudanças sociais e educacionais e organizar um planejamento de ensino de acordo com as transformações educacionais (BEHAR et al., 2013a).

As práticas de ensino com base apenas na transmissão de conteúdo por parte do professor, sem a participação do aluno, pode gerar pouco conhecimento uma vez que a relação entre o contexto e o significado para o aluno nem sempre é considerado (BEHAR et al., 2013b). Segundo as autoras, as práticas de ensino devem considerar atividades que permitam ao aluno aprender perguntando, pesquisando, trabalhando em grupo, planejando e organizando, tornando o ambiente motivador e instiga o estudante a construir conhecimentos das mais variadas ordens. Portanto, as práticas de ensino devem ser interativas e com foco no aluno, criando situações de aprendizagem desafiadoras, permitindo ao aluno um papel ativo no processo de aprendizagem (BEHAR et al., 2013a). A concepção da didática para a EAD deve ser fundamentada no desenvolvimento de um processo de construção do conhecimento (BERNADI; MORESCO; et al., 2013).

Metodologias de ensino com base na cooperação exige que os alunos negociem, argumentem, reflitam, coloquem-se no lugar do outro, relacionem-se e cheguem a um denominador comum enquanto lidam com o conteúdo e com os desafios, desenvolvendo suas competências (BEHAR et al., 2013b).

A interação entre os envolvidos no processo de EAD pode acontecer por meio dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), através de ferramentas de comunicação como webconferência e videoconferência, acessados via web por qualquer dispositivo conectado à Internet(BEHAR et al., 2013a). Segundo as autoras, os recursos digitais, portanto, devem suportar as interações a fim de possibilitar a construção e socialização do conhecimento.

Na educação a distância, a interação é entendida como uma ação entre os participantes de uma tecnologia digital, mediado por uma ferramenta, recursos e/ou AVA, que possibilita

do diálogo entre eles, por meio de fóruns, chats, e-mail, etc, ou seja, sistemas de comunicação (BEHAR et al., 2013a).

As tecnologias digitais tem um potencial além da exposição de conteúdo, favorecendo a interação, a interatividade, a colaboração e a cooperação, sendo primordial na EAD e exigindo do usuários (professor, tutor, aluno) e gestores competências relacionadas ao domínio tecnológico (conjunto de competências relacionadas ao uso dos recursos tecnológicos) (MACHADO et al., 2013). As autoras listam as seguintes competências:

 Letramento digital: analisar a criticidade da informação e aos uso das tecnologias digitais;

 Cooperação potencializada pela interação social, que ocorre geralmente no AVA;

 Percepção da imersão do usuário ou gestor no ambiente virtual;  Autonomia na tomada de decisão;

 Organização do espaço e tempo;

 Comunicação ou forma de se expressar utilizando a tecnologia.

O número de profissionais envolvidos no processo de produção para EAD deve considerar a complexidade do projeto a ser implantado (MOREIRA, 2009).

A gestão da EAD está atrelada ao paradigma da sociedade em rede, que exige flexibilidade e apresenta a necessidade de uma gesto adequada e diferenciada, principalmente nos aspectos de projeto pedagógico, de planejamento e estratégias de comunicação (BERNADI; DAUDT; et al., 2013). O processo de gestão requer autonomia, ação decentralizadora, com organização na determinação, implementação e controle dos recursos (BERNADI; DAUDT; et al., 2013).

A equipe gestora é composta por profissionais que definem, acompanham e organizam as atividades do projeto (MOREIRA, 2009).

O gestor de EAD necessita ter uma visão inovadora e conhecer as tecnologias educativas, seus avanços e suas possibilidades pedagógicas, além de administrar o relacionamento e a interação entre os envolvidos nas tarefas acadêmicas (professores, tutores, suporte tecnológico) (BERNADI; DAUDT; et al., 2013). Elas indicam que as competências devem atender a dois aspectos:

a) Intensa inclusão tecnológica

b) Conhecimento de novas técnicas e métodos de gestão que resultem em novos e mais adequados procedimentos acadêmicos.

Mais do que ter conhecimento da estrutura da gestão do curso, o coordenador necessita ter competência na sua prática profissional, tendo como base a importância dos aspectos pedagógicos, administrativos, tecnológicos e de gestão (BERNADI; DAUDT; et al., 2013).

A equipe que desenvolve o material didático digital deve ser multidisciplinar formada por designers, pedagogos, programadores, educadores, professores e alunos. O desafio é identificar as responsabilidades, distribuí-las entre as área envolvidas e gerenciar esse processo de comunicação e articular as diferentes funções de cada membro do grupo (TORREZZAN; BEHAR, 2013).

O professor assume o papel de mediador no processo de ensino e aprendizagem, favorecendo a troca e a cooperação, além de oferecer ao aluno situações-problema e valorizando a produção de novos conhecimentos (MACHADO et al., 2013). O papel do professor tem a responsabilidade fundamental de organizar e aplicar uma arquitetura pedagógica adequada à modalidade, considerando as mudanças sociais e educacionais e atua mais próximo do aluno (SCHNEIDER et al., 2013).

O professor de EAD é muito exigido e não cabe improvisações, tendo sua atividade bem planejada, com materiais de apoio desenvolvidos e o professor precisa saber compreender quem faz parte do seu grupo de alunos (SCHNEIDER et al., 2013).

O saber do docente é construído em grande parte pela experiência, participação na comunidade escolar e pela interação com outros professores e suas competências são desenvolvidas com base na sua ação pedagógica ou seja, no fazer (MORESCO; BEHAR, 2013). O professor passa a lidar com outros agentes, como os tutores, deixando de ser uma entidade individual para se tornar uma entidade coletiva, mudando o foco do ensino para a aprendizagem (SCHNEIDER et al., 2013).

Ser competente implica em saber inventar soluções originais para obter sucesso em novos desafios, isso exige dedicação dos professores, que devem mobilizar um conjunto integrado e dinâmico de saberes, habilidades, capacidades, destrezas, atitudes e valores no desempenho de suas funções (MORESCO; BEHAR, 2013).

Os autores são profissionais que desenvolvem conteúdos, escolhem e reúnem materiais, organizando e propondo dinâmicas, estratégias e recursos pedagógicos a serem desenvolvidos e também podem ser conhecidos como conteudistas, geralmente são professores, especialistas em conteúdo, redatores e revisores (MOREIRA, 2009).

A estrutura de tutoria tem um papel fundamental para a organização das atividades e para trazer segurança ao aluno quanto ao suporte que terá ao longo do curso (BEHAR et al.,

2013a). O tutor exerce a função de mediação e atua como professor auxiliar na medida em que utiliza as tecnologia de informação para acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos e a orientação dos alunos deve acontecer de forma planejada e organizada (SCHNEIDER et al., 2013).

O tutor ajuda o aluno, esclarece dúvidas, monitora e media o processo pedagógico das atividades a distância utilizando ferramentas de interação e comunicação como chat, fórum, e- mail e tem a função de promover a comunicação entre os alunos (SCHNEIDER et al., 2013). Por essa razão, as autoras afirmam que o tutor precisa conhecer o perfil de seus alunos, como a localização geográfica, as condições de acesso as tecnologias, faixa etária e experiências profissionais, além de saber acompanhar, avaliar e ter conhecimento sobre o conteúdo ensinado.

O tutor deve saber lidar com ritmos diferentes de cada aluno, apropriar-se dos novos recurso digitais, dominar técnicas e instrumentos de avaliação, criar uma cultura questionadora e ter disponibilidade para intervir sempre que necessário (BENTES, 2009).

O número de alunos EAD aumentou em especial aqueles que estão longe dos estudos acadêmicos há um certo tempo e tem pouca experiência com o uso dos recursos digitais. Os alunos que ainda estão se ambientando com os recursos digitais são levados a duas situações de aprendizado: entender o conteúdo ensinado e saber usar os recursos selecionados de suporte ao curso (SCHNEIDER et al., 2013).

O artigo de Schneider et al. (2013) fez o mapeamento das competências necessárias aos professores, tutores e alunos que irão atuar em EAD. O mapeamento é apresentado em 3 blocos:

1. Competências comuns a professores, tutores e alunos:

a) Fluência digital: uso, criação e produção de conteúdos/matérias na tecnologia. b) Autonomia: ser governado por si mesmo.

c) Reflexão: refletir e analisar criticamente situações, atividades e modo de agir. d) Organização: ordenação, sistematização de atividades, teorias e grupos. e) Comunicação: clareza e objetividade da expressão oral, gestual e escrita.

f) Administração do tempo: cumprimento da agenda, conciliar atividades, atingir metas e objetivos.

g) Trabalho em equipe: destreza para interagir com as pessoas, trazendo benefícios para todos os participantes desta interação.

h) Motivação: criar condições para manter a motivação entre pares e consigo mesmo, sendo um facilitador de processos.

2. Competências comuns a professores e tutores:

a) Planejamento: estabelecer prioridades, metas e objetivos. Criar situações e aplicar estratégias de aprendizagem.

b) Relacionamento interpessoal: empatia, mediação pedagógica, facilitação nos processos de ensino e de aprendizagem, cooperação, transparência, foco no ser humano e adequado relacionamento com o parceiros.

c) Mediação pedagógica: incentivar e mobilizar trocas entre os alunos. Organizar grupos, orientar ações, administrar conflitos, gerar discussão sobre o conteúdo, realizar negociações. Aproximar o aluno ao conteúdo ensinado.

d) Dar e receber feedback: ler e compreender ações e mensagens emitidas por outros e retornar ao emissor de forma respeitosa e adequada e aceitar de forma respeitosa o retorno de outro agente. Postar mensagens por meio dos recursos digitais.

e) Didática: capacidade de seleção e aplicação de procedimentos, métodos, técnicas e recursos aos conteúdos por meio da determinação de objetivos e finalidades pedagógicas.

f) Gestão acadêmica: planejamento, adequação e organização de várias etapas do processo de desenvolvimento do curso, como a idealização do curso, a produção de conteúdo, o desenvolvimento da disciplina e a elaboração de relatórios.

3. Competências identificadas apenas nos alunos:

a) Presença virtual: presença no ambiente virtual por meio da interação com os colegas e da realização das atividades propostas.

b) Auto avaliação: compreensão sobre o próprio processo de aprendizagem, com a finalidade de colaborar ou avaliar as atividades.

c) Flexibilidade: saber lidar com diferentes necessidades, examinado e interpretando as possibilidades de ações, opiniões e atitudes.

Conforme apresentado a seguir, o recorte conceitual adotado neste estudo para o entendimento das competências tecnológicas tem como base a perspectiva da interação entre tecnologia e práticas organizacionais.