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Diagrama 1: Agrupamento de Meta-categorias e Categorias da Pesquisa

4. Análise e interpretação dos dados

4.5 Competência tecnológica Impactos

4.5.1 Mudanças nas práticas de ensino

A subcategoria da categoria mudanças nas práticas de ensino, conforme análise das entrevistas, são: aluno com acesso fácil a informação e conhecimento prévio, professor avalia criticamente o conteúdo que já foi acessado, aula orientada para solução de problemas, conhecimento sempre atualizado e aulas mais elaboradas, conhecimento construído na relação professor-aluno e aluno-aluno e utilização de ferramentas mediáticas, flexibilidade interdependência da equipe.

Segundo Orlikowski (1992), a tecnologia é criada e alterada pela ação humana, mas também é usada por seres humanos para realizar alguma ação, nesta pesquisa, a tecnologia é usada para que o processo de Educação a Distância seja possível. As tecnologia de comunicação evoluiu e sua evolução trouxe mudanças nas práticas de EAD. Essas tecnologias também influenciaram a mudança nas práticas do ensino presencial, que antes não utilizavam ferramentas tecnológicas em sala de aula. O advento da Internet fez com que a informação ficasse disponível e qualquer um podusse acessá-la, basta, apenas, o interesse do usuário. Além da Internet, tem os canais de televisão que também disponibilizam muita informação. Diante disso, o papel do professor se altera e suas práticas de ensino precisam mudar, pois ele deve ter domínio do conteúdo e precisa saber relacionar o conteúdo com a realidade. O professor orienta o aluno que já tem a informação previamente e traz situações para que eles busquem soluções e uma forma de aplicar o conteúdo já conhecido. O aluno precisa aprender a analisar o conteúdo ensinado e descartá-lo assim que ele ficar desatualizado e esse conteúdo ensinado tem que estar sempre atualizado.

[...] A informação está disponível. A rigor, hoje, se você é um bom autodidata, você não precisa ir à universidade. Aprende tudo em algum lugar, ou na biblioteca, ou na Internet, ou você assina três canais da Discovery e vai aprender tudo. “-Ah, mas e a prática?” Faz um curso técnico que está cheio de técnico aí que sabe fazer uma prática melhor do que o cara com curso superior. Então, o conteúdo está

professor? O papel do professor cresce de importância. Porque eu tenho que ter um professor que não apenas entenda do conteúdo, mas seja capaz de me ajudar a ter

o vínculo desse conteúdo à minha vida, ao mundo real. E que eu possa aprender

sem decorar, porque o decorar perdeu o sentido. A velocidade com que a informação está sendo construída, disseminada nunca foi tão grande e nunca foi num volume tão grande. Então, eu me formo hoje em Administração, daqui a dez anos, a maior parte do que eu aprendi está invalidado. [...] Então, eu preciso ensinar o

aluno hoje a respeito de algo, mas que ele saiba aprender a descartar esse algo e aprender algo novo ao longo da sua vida. [...] (Esp2)

[...] A prática de ensino tradicional acabou sofrendo bastante alteração, não só com o EAD, mas com a facilidade do aluno de ter acesso à informação. Por exemplo, eu, como professor da área de Tecnologia, na área de Computação, muitas vezes a minha aula teórica, na verdade, vai ser aplicação de conceitos que os alunos antes

do início da aula já tiveram acesso a eles. [...] Aquela leitura teórica ou

entendimento dos conceitos acaba ocorrendo antes da sala de aula e muitas vezes a aplicação na sala de aula é, por exemplo, uma aprendizagem orientada a

problemas. Então, é trazido um determinado problema prático para a sala de aula e

aí o aluno vai aplicar aquele conteúdo teórico que foi sugerido a ele antes da aula presencial. É determinado o tema da aula, tem a leitura básica, algumas referências complementares que o aluno vai pesquisar e aí utiliza-se o espaço da sala de aula para aplicação daqueles conteúdos teóricos. Então, deixou de ser aquela aula meramente expositiva, em que só o professor detém o conteúdo. E o professor

passou a agir como moderador dentro da sala de aula. Os alunos já têm o conteúdo, já conhecem um pouco desse conteúdo, e o professor vai direcionar o conhecimento. [...] (Esp3)

[...] Porque as informações acabam ficando arcaicas, tem que se renovar, a partir do momento que você cria, você tá fazendo, você tem que manter sempre o

conhecimento fresco, não aquele conhecimento já, aquelas informações já antigas.

Você tem que renovar o material de ensino. [...] (Tut2)

Um ponto importante é que o conhecimento será construído de forma colaborativo, pois não será apenas uma transferência de conteúdo do professor para o aluno, mas o próprio aluno ensinará outro aluno.

Mas não é o professor que vai deter exclusivamente todo o conteúdo. Não, esse

conteúdo vai ser construído de forma colaborativa com todos os participantes,

É muito mais fácil de eles aprenderem, porque eles têm um linguajar semelhante do que o professor, que está distante do aluno, muitas vezes distante do mercado, tentar passar um referencial teórico, um conteúdo teórico, que o aluno de imediato não vai ver uma aplicação prática. Então, isso é uma das coisas que acabou mudando bastante com o uso da tecnologia do EAD. Você acaba tendo estudos de caso reais em sala de aula, aplicando conhecimentos teóricos que os alunos já viram antes

do início da aula. É a aprendizagem ativa. [...] (Esp3)

O EAD trouxe a necessidade de utilização de recursos que não eram usados, como vídeo, imagens. Na opinião da Gestora 2, as aulas elaboradas pelo professores que atuam no EAD é mais elaborada e tem uma gestão melhor em relação aos professores do ensino presencial.

[...] Ele criou uma necessidade para a docência, que é justamente a necessidade de colocar ou trazer para o ensino presencial a intermediação de ferramentas

midiáticas, que antes não existiam. O que a gente percebe, é só uma percepção, o

que nós temos de percepção aqui? Os professores que atuam no EAD possuem

aulas e formas de gestão inclusive, das suas aulas, mais elaboradas. Trabalham

mais com imagens, com vídeos. [...] (Ges2)

O Especialista 2 afirma que o EAD mirou em um ponto e acertou outro, pois ofertou flexibilidade ao aluno que precisava de algo diferente do ensino presencial, que tem aulas diárias e um horário fixo. O aluno consegue adequar o ritmo do seu curso com sua rotina diária. Anderson e Dron (2012) destaca esse ponto, cursos podem ser oferecidos em todo o mundo, ampliando o público alvo, que não fica limitado ao campus da universidade, trazendo a facilidade na redução de custos, pois elimina os gastos que envolvem a viagem e a estadia fora do país. Neste caso, os alunos não precisam abandonar suas atividades diárias (SCHUMANN et al., 2012).

Aí, entra a questão da metacognição, é outro papel do professor. Então, a EAD veio mirando uma coisa e acertou nisso. E o que a EAD ofertou? Simplesmente

flexibilidade. Olha, eu te dou mais flexibilidade de tempo, eu te dou mais flexibilidade de espaço para você poder estudar onde você quer e eu te dou mais flexibilidade de ritmo. [...] Você precisa aprender isso essa semana. Se você vai ser

mais lento na quinta-feira, mais rápido na sexta-feira, não sei. Se você vai aprender de madrugada, no horário do almoço ou de manhã, não sei. Mas você precisa aprender isso. E aí, as pessoas adoram, por quê? Tem gente que estuda melhor de

manhã, tem gente que estuda melhor à tarde, tem gente que só consegue estudar de madrugada. Tem gente que só consegue estudar depois que colocar o filho para dormir. Então, você pega os ambientes virtuais de aprendizagem, quando você faz uma análise do horário que as pessoas se conectam nele é no horário do almoço, é de seis às sete da manhã, e depois das 23 horas, 22h30. Elas chegam em casa, conversou com o marido. Eles chegam em casa, conversou com a esposa, brincou com os filhos, assistiu um jornal para dar uma acalmada, tomou um banho, jantou... (Aí vai estudar.) “-Ah! Acho que agora eu consigo estudar.” E aí fica muito mais produtivo. [...] Não tem a ver com hora-aula. Tem a ver com objetivo de aprendizagem. [...]Então, a EAD está tateando um negócio que o presencial se recusava a tratar. [...] (Esp2)

O EAD criou a relação de dependência entre o Professor EAD e os tutores. As novas práticas de ensino têm que considerar essa interpelação e o que foi planejado tem que ser necessariamente executado pela equipe.

[...] Só que agora um depende do outro. Se a Professora-EAD passou uma atividade prática, a Professora-tutora-presencial tem que aplicar essa atividade prática. Claro, no perfil dela, mas de acordo com o contexto da Professora-EAD. [...] (Tut1)

Categorias Subcategorias Definição

FXB Flexibilidade.

AFI Aluno com acesso fácil a informação e conhecimento prévio para participar da aula. ACC Professor avalia criticamente o conteúdo que já foi acessado. CHA Conhecimento sempre atualizado e aulas mais elaboradas.

ITE Interdependência da equipe.

FMV Utilização de ferramentas mediáticas, imagem e vídeo durante as aulas. Quadro 23 : Mudanças nas práticas de ensino - IES pesquisada

Fonte: elaborado pela autora MUDANÇAS NAS PRÁTICAS DE

ENSINO

O próximo item traz os impactos na qualificação do profissional.