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3.3 ANÁLISE DAS RODAS DE CONVERSA COM OS ESTUDANTES

3.3.2 COMPONENTES CURRICULARES E CONTEÚDOS ESSENCIAIS À

3.3.2.1 Componentes curriculares

Diferentes componentes curriculares práticos, teóricos e de estágios profissionalizantes foram referidos, como podemos ver no Quadro 24, o que demonstra a heterogeneidade dos currículos na formação de terapeutas ocupacionais para o cuidado na APS, esse aspecto foi observado no Capítulo 3.1 que trata sobre a análise documental da formação.

Quadro 24 – Componentes Curriculares referidos

RODAS DE

CONVERSA E IES COMPONENTES CURRICULARES REFERIDOS PELOS ESTUDANTES (Roda de Conversa

1, IES A).

No eixo do trabalho em saúde (TS)* a gente faz muito essa questão descritiva, do território, dos equipamentos de saúde, de como que funciona, de como é a equipe que está trabalhando, então isso a gente tem em quatro semestres[...]

O foco desse estágio [TO na APS], era trazer essa população para a UBS e fazer com que ela compreendesse a atenção básica [...]

Uma construção de conhecimento que me permitiu fazer esse olhar para o detalhe foi Atividades de Recursos Terapêuticos 1, que a gente tem uma aula sobre “olhar” [...]

Eu fiz PET de saúde mental e articulava com a UBS [...] (Roda de Conversa

2, IES B).

Eu acho que principalmente PSTO, que era uma unidade prática, onde ficamos inseridas na atenção básica nos nossos dois primeiros anos, mas eu acho que atenção básica permeou todas as outras unidades, sempre tivemos discussões sobre isso no eixo teórico, no eixo de atividades, até na UCON [...]

Minha experiência do PET-Saúde foi com um grupo de adolescentes, com as meninas de lá do território, que foi uma demanda identificada junto com as ACS e que era uma demanda que a unidade tinha, de pensar questões relacionadas à sexualidade e à adolescência [...]

(Roda de Conversa 3, IES C).

Aparecem várias demandas no estágio, de deficientes intelectuais, de saúde mental, de idoso, de deficiência física e lá no estágio, a gente tem pensado mais propostas coletivas, para a gente conseguir atingir o máximo de pessoas. A nossa UBS é privilegiada, por que tem uma TO, e nossa supervisora também atua lá, e ainda tem os estagiários já há algum tempo, isso dá um aporte diferenciado para você conseguir atender [...]

(Roda de Conversa 4, IES D).

Primeiro foi a disciplina de TO aplicada a atenção básica, depois a de saúde pública, introdução a epidemiologia, iniciação a saúde, que foram as disciplinas que a gente teve com outros cursos, que ai foi mais geral sobre SUS... Não era muito focado na ação da T.O., era mais conceitual, T.O. aplicada às condições sociais, o intuito dela é o social, não é a atenção básica, é a terapia ocupacional social. Acontece que na nossa prática ela vai encaixar dentro da atenção básica, mas pode não ser assim, necessariamente [...]

(Roda de Conversa 5, IES E).

Estávamos fazendo o estágio na UBS, que são de idosos, a demanda era hipertensão e diabetes [...]

Eu aprendi o que é mesmo Atenção Primária quando eu fui pro VER- SUS e quando eu comecei a ter aula da disciplina T.O. e Contextos Sociais e as Atividades e Recursos Terapêuticos (ART), caso contrário, eu não saberia [...]

Eu participei do VER-SUS, que é um projeto do Ministério da Saúde, eu fui pro Rio, elas foram para São Paulo, o que ficou muito claro, que a Atenção Básica, é, muito além de ser a porta de entrada, é fazer o acolhimento, fazer os encaminhamentos é a prevenção e promoção de saúde [...]

(Roda de Conversa 6, IES F).

Seria mais a disciplina de TO em Saúde coletiva, patologia, Saúde mental, mas eu acho que entram todas as disciplinas, porque T.O. é isso, é o paciente como um todo, então não vai ser só uma disciplina

[...] (Roda de Conversa

7, IES G).

Teve a matéria de Saúde Coletiva de uma forma geral, terapia ocupacional em saúde coletiva, estágio na UBS e na saúde do trabalhador [...] contribuem também para atenção primária outras disciplinas como pediatria, gerontologia, atividades e recursos terapêuticos, não tivemos uma disciplina especifica de atenção primária, mas em várias disciplinas a gente viu um pouquinho dessa atenção primária [...]

(Roda de Conversa 8, IES H).

Acho que Saúde e Cidadania lá no primeiro ano, onde a gente estudou o SUS de maneira mais especifica. A Epidemiologia deu uma base no aspecto geral, não algo específico da TO, mas no aspecto geral de como funciona a atenção primária. As disciplinas de Recursos Terapêuticos, uma era de narrativas e a outra era de cotidiano, além da Imunologia [...]

(Roda de Conversa 9, IES I).

Tinha uma disciplina de saúde coletiva, que eu lembro da professora falando assim “por favor, a Atenção Primária não é pra ser clínica”, [...] eu tive prática na comunidade lá no centro comunitário, então, a gente não podia impor [...] tivemos também Terapia Ocupacional e sociedade; TO e saúde física [...]

*Os componentes curriculares/disciplinas citados pelos estudantes nas Rodas de Conversa estão apresentados sublinhados no quadro.

Entre os diversos componentes curriculares referidos pelos estudantes, os campos de conhecimento da Saúde Coletiva e da Epidemiologia aparecem com destaque, o que demonstra que essas áreas alimentam a formação de terapeutas ocupacionais com contribuições para a profissão na APS. Outro componente curricular enfatizado está circunscrito às Atividades e Recursos Terapêuticos Ocupacionais, o que demonstra a APS como um contexto de ampliação das intervenções da terapia ocupacional.

Os estágios profissionalizantes e as atividades práticas nos cenários da APS foram considerados essenciais pelos estudantes para a construção de competências para realização do cuidado terapêutico ocupacional não só na APS, mas também em outros cenários de intervenção na saúde, no campo social e na educação. Além disso, as buscas dos estudantes por projetos como PET-Saúde e VER-SUS também contribuíram para a reforçar a formação.

Em relação à relevância dos cenários de prática para fortalecimento do ensino dos diferentes conteúdos e da aprendizagem sobre a APS, Carvalho, Duarte e Guerrero (2015) que estudaram a percepção dos alunos e docentes de um curso de medicina e dos profissionais dos serviços sobre a integração ensino-serviço na APS, avaliaram a necessidade de maior esforço conjunto da universidade e dos serviços para o planejamento político e pedagógico. Além disso, há a necessidade de incentivos aos

atores envolvidos nesse processo, tanto em torno da formação permanente desses profissionais dos serviços como também para articulação do ensino teórico-prático às necessidades dos usuários que utilizam os dispositivos de cuidado na APS.