• Nenhum resultado encontrado

3.1 ANÁLISE DOCUMENTAL E CONTRIBUIÇÕES DE COORDENADORAS DE

3.1.3 Curso de Terapia Ocupacional da IES C

Os dados gerais do curso de Terapia Ocupacional da IES C são apresentados no

Quadro 10.

Quadro 10 - Caracterização do curso da IES C

Ano de criação do curso: 1956

Forma de Ingresso: Anual Número de vagas atual: 25 Regime do Curso: Semestral com quatro anos de duração

A carga horária total para a integralização do curso: 3.915 horas PPP do curso atualizado em 2010

O curso de Terapia Ocupacional da IES C, por ter sido criado, em 1956, um dos primeiros cursos do país tem contribuição marcante para a história da profissão. Sua importante trajetória não será abordada, devido ao nosso interesse específico em compreender a formação que o curso oferece para APS.

O curso da IES C visa formar profissionais críticos, conscientes e preparados para enfrentar os desafios inerentes ao desenvolvimento de seu papel social, bem como capacitados para atuar em todos os níveis de atenção à saúde e também nos campos da educação e da assistência social, tendo como prioridade o ensino com foco em concepções abrangentes do processo saúde-doença e do processo de inclusão-exclusão social (PPP - IES C, 2010).

Esse curso estrutura-se de forma a proporcionar ao aluno dois grandes conjuntos de conhecimento que podem, esquematicamente, serem apresentados na forma de Conteúdos básicos e Conteúdos específicos (PPP - IES C, 2010).

Quanto à entrevista com a coordenadora sobre a inserção da formação para o campo da APS. Ela relatou:

Eu acho que nós somos um grupo de docentes que sempre se preocupou em formar alunos capacitados para a APS, para os princípios da saúde, considerando que nós somos uma universidade pública, e acreditamos que também como é uma missão entender o Sistema Único de Saúde, para que possamos responder a demanda desse Sistema Único de Saúde, então com isso, nosso curso, desde que eu me conheço como docente, nós temos uma preocupação grande em criar um perfil e de pensar em perfil para esses alunos, que eles saiam capacitados a entender o que é esse sistema de saúde e com ele a atenção primária [...] Temos atividades práticas no campo e os estágios curriculares (Coordenadora 3, IES C).

A coordenadora expôs que pelo menos nove docentes do curso trabalham com a temática da APS na formação dos alunos de maneira transversal em seus componentes curriculares. Duas docentes desse conjunto, coordenam estágios no campo da APS.

A) Interface da formação do terapeuta ocupacional com a APS

Após a análise do PPP do curso da IES C e das entrevistas com a coordenadora, identificamos uma disciplina, uma prática supervisionada e dois estágios profissionalizantes que contemplam a APS, como podemos observar no Quadro 11.

Quadro 11 – Disciplinas e Estágios do Curso da IES C 3º ano – 1º semestre

Disciplina Obrigatória: Políticas de Saúde e Reabilitação no Brasil Carga horária: 60 horas

Programa

1. O conceito de política social;

2. A política de saúde como parte das políticas sociais no Brasil e sua importância para a estabilização da ordem sócio-política;

2.1. A primeira república; 2.2. O período populista; 2.3. Os anos 50 e 60; 2.4. O estado militarista; 2.5. A nova república e a luta pela reforma sanitária;

3. A inserção da terapia ocupacional nos serviços de saúde e de reabilitação: entre 1950 e 1980; 4. A proposta constitucional de criação do Sistema Único de Saúde e seus princípios: 4.1. A unificação dos serviços; 4.2. A descentralização dos serviços; 4.3. A hierarquização das ações e serviços de assistência médica individual; 4.4. A participação da população nos serviços; 5. A política de saúde mental: do asilo à reestruturação da assistência segundo os princípios do sistema único de saúde e da reforma psiquiátrica;

6. A política de saúde da pessoa portadora de deficiência: em Hanseníase e para portadores de deficiências motoras, mentais e sensoriais. O papel das instituições filantrópicas e dos serviços públicos na assistência a esses grupos;

7. A política de saúde do idoso;

8. A inserção da terapia ocupacional como parte das políticas públicas para portadores de deficiência, idosos, pessoas com transtornos psíquicos graves: novas propostas assistenciais nos anos;

9. Os direitos sociais das pessoas com deficiência, com sofrimento psíquico e dos idosos; 10. Serviços de saúde para esses grupos populacionais: novos desafios colocados pela reorganização do setor público dos anos 90;

11. Políticas públicas: atualização das principais discussões e proposições em curso. 3º ano – 2º semestre

Disciplina Optativa: Prática Supervisionada: T.O. na Atenção Territorial e Comunitária em Reabilitação

Carga horária: 150 horas Programa

1. Contexto sociocultural e demandas das pessoas com limitações na realização de atividades cotidianas e na participação social;

a) Pessoas com limitações na realização de atividades cotidianas e restrições a participação social: relevância do problema e identificação de suas necessidades;

b) Território, condições de vida e saúde e alternativas locais para ações comunitárias: a territorialização e o diagnóstico situacional como processo de organização e desenvolvimento de atenção;

c) Redes sociais e de suporte; fundamentos e importância para o desenvolvimento de atenção comunitária.

2. Reabilitação Baseada na Comunidade e Reabilitação com ênfase no Território: estratégias de acompanhamento de pessoas com limitações na realização de atividades cotidianas e restrições a participação social: diferenças e semelhanças;

3. Terapia Ocupacional comunitária e territorial em reabilitação fundamentação e práticas; a) O trabalho com grupos sob a forma de oficinas: fundamentação e acompanhamento de uma experiência;

b) O desenvolvimento de projetos e alternativas para ampliar a participação na vida social de pessoas com limitações na realização de atividades cotidianas.

4º ano

Estágio Supervisionado optativo: T.O. na Atenção Territorial e Comunitária em Reabilitação Carga horária: 420 horas

Programa

1. A atenção às pessoas com limitações na realização de atividades cotidianas e restrições à participação social: necessidades assistenciais e o desenvolvimento de ações e políticas públicas para esse grupo na saúde, educação, trabalho, lazer, cultura e inclusão social. 2. Reabilitação baseada na comunidade como uma das estratégias colocadas para a construção do acesso a direitos, exercício de cidadania e participação na vida social: reabilitação como uma questão de direitos humanos;

3. Trabalho comunitário e territorial:

a. diagnóstico situacional e possibilidades de ação no âmbito de serviços de saúde, serviços comunitários e em articulação intersetorial com educação, trabalho, lazer e cultura. b. construção de espaços e oportunidades de participação social no contexto dos serviços e da comunidade.

4. Terapia ocupacional e as estratégias de acompanhamento da pessoa, sua família e seu entorno social, incluindo possibilidades de adaptação do ambiente e de prescrição de equipamentos de ajuda, no domicílio, na escola, no trabalho entre outros ambientes. 5. Terapia ocupacional e o trabalho com grupos sob a forma de oficinas: tecendo a rede, ampliando as possibilidades de inclusão social:

a. atividades e projetos grupais de convivência; b. atividades e projetos de geração de renda e trabalho;

c. atividades relacionadas à constituição de fóruns de direitos das Pessoas com Deficiência. 6. O trabalho em equipe e o desenvolvimento de planos e projetos terapêuticos e de inclusão social.

7. Atenção primária em saúde e a estratégia de saúde da família como possibilidade de trabalho comunitário: desafios e possibilidades para a terapia ocupacional;

8. Estudos de caso: a intervenção em terapia ocupacional a partir de uma abordagem territorial incluindo processos de avaliação, planejamento de intervenções e seguimento bem como estudo, desenvolvimento de recursos tecnológicos específicos para demandas identificadas. 4º ano

Estágio Supervisionado optativo: Deficiência Física Carga horária: 420 horas

Programa

Na atenção Primária à Saúde

1. Ações de atenção à saúde, reabilitação e de terapia ocupacional na Atenção Primária à Saúde;

2. Possibilidades e desafios do trabalho em equipe na Atenção Primária à Saúde. Ações compartilhadas e específicas da Terapia Ocupacional;

3. Ações na comunidade, território e junto a outros setores sociais (educação, assistência social, cultura, lazer etc): contribuições da terapia ocupacional;

4. Modalidades de intervenção terapêutica ocupacional na Atenção Primária à Saúde: atenção ambulatorial, domiciliar, individual, em grupo, nos espaços comunitários e em parceria com outros setores sociais;

5. Ampliação de redes sociais e de desmonte de processos de exclusão social e de segregação da população com deficiência física/sensorial e /ou incapacidades.

Atenção de Média Complexidade à Saúde

1. Atuação junto às pessoas jovens, adultas e idosas com deficiência e diferentes quadros de incapacidade, decorrentes de quadros clínicos diversos no contexto do Hospital Universitário da USP (HU) nas enfermarias e no serviço ambulatorial tendo como eixo a integralidade do cuidado em saúde;

2. Comunicação interprofissional e ações da terapia ocupacional junto à equipe; 3. Interlocução com a rede de suporte formal e informal dos usuários atendidos; 4. Processo de referência e contra referência com os serviços públicos e privados de uso dos pacientes.

Na Atenção de Alta Complexidade à Saúde

1. Conhecimento, discussão e participação no projeto do serviço de TO no ICHC que tem como eixo a Integralidade e, redimensiona a atenção às populações - que apresentam comprometimentos neurológicos, reumatológicos, dermatológicos e vasculares - para além do binômio saúde-doença e da assistência ancorada no modelo biomédico, pois inclui as dimensões culturais e sociais das deficiências/incapacidades em acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF).

B) Apontamentos sobre a formação para APS

Apesar da existência de relevantes atividades práticas e estágios no campo da APS, alguns alunos podem não realizar essas atividades. Essa situação é possível devido a uma particularidade do curso da IES C, que usa a estratégia de disciplinas optativas e eletivas e a montagem de perfil curricular do estudante.

Esse perfil é caracterizado da seguinte maneira, o estudante do curso inicia suas atividades de estágio por meio das disciplinas denominadas de Práticas

Supervisionadas (são 10 disciplinas, optativas eletivas, com carga horária de 150 horas

cada). Dentre essas o estudante deverá cursar três delas, preferencialmente no 4º, 5º e 6º período (semestral). Já nos 7º e 8º períodos, o estudante deverá cursar as disciplinas denominadas Estágios Supervisionados, optando por duas delas (são 9 disciplinas, optativas eletivas, com carga horária de 420 horas cada) (PPP - IES C, 2010).