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Comunicar em Enfermagem

No documento Aprender a comunicar (páginas 92-95)

6. ANÁLISE DE RESULTADOS

6.2. Comunicar em Enfermagem

Pelo que foi explicado anteriormente, a abordagem às competências comunicacionais surge separadamente das outras competências levantadas na categoria anterior, por exigir um estudo mais pormenorizado, uma vez que constitui a questão central deste estudo. Assim sendo, de acordo com os dados fornecidos pelos alunos, foram estabelecidas as subcategorias Palavras que não causam danos, Comunicar com o doente, Comunicar com a equipa, Comunicar com a família e Comunicar com personalidade. Esta categoria vai ao encontro da questão de investigação “O que entende por uma boa comunicação interpessoal em Enfermagem?”.

6.2.1. Palavras que não causam danos

O indicador com mais contagem nesta subcategoria é o de que para uma boa comunicação interpessoal, é preciso que esta seja clara e simples, concreta e objectiva

(I, B). Segundo um dos alunos (I) ”se for muita comunicação, se for transmitida muita informação… as pessoas acabam por não ter tanta atenção, por isso tem de ser simples, tem que ser curto, o essencial” até porque se deve “manter com os restantes colegas do serviço e de outras áreas, uma comunicação eficaz e clara para benefício de todos” (B). Os restantes indicadores apenas foram referenciados uma vez: Comunicação tem de ter conteúdo (H), Linguagem comum (B), Discurso curto (I), Falar no momento crítico (H) e Saber que palavras/discurso utilizar (H).

6.2.2. Comunicar com o doente

Esta subcategoria apresenta muitos indicadores. Para simplificar a análise da mesma foi realizado o gráfico 2, que contém os indicadores com maior contagem. Os restantes indicadores, apenas um aluno fez referência, no entanto, apesar de não constarem no gráfico, serão referenciados.

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Gráfico 2 – Indicadores da subcategoria “Comunicar com o doente”

3 3 3

1 1 1 1

3

1 1

Escuta activa (A, B, F)

Saber comunicar é saber adaptarmo-nos ao outro (A, C, H) Entender o que o doente nos quer transmitir (A, D, I) Atender ao lado emocional (E)

Diálogo que marque a pessoa (H)

Ajudar a estabelecer uma ligação, diálogo (H) Comunicar não é fácil (H)

Explicar/Esclarecer/Transformar (B, C, F) Apresentação do Enfermeiro (I)

O utente percebe o que o Enfermeiro pretende (F)

Como se pode observar, um dos indicadores com maior contagem é Saber comunicar é sabermo-nos adaptar ao outro (A, C, H). De acordo com (A) “Saber comunicar …é saber ajustar a nossa personalidade à personalidade da pessoa que estamos a cuidar. No caso da pessoa extrovertida, será abandonar o seu lado enérgico, vivo, que poderá assustar o outro e adoptar uma postura mais calma, mais sóbria. É como se o enfermeiro tivesse que ser um actor, tem que se adaptar à pessoa que está a personificar”. É também “ conseguir transmitir os conhecimentos à pessoa em questão, tendo em conta o seu contexto social, o contexto escolar” (C), porque de uma forma conclusiva a “comunicação tem de ser adaptada à pessoa que vai receber comunicação” (H).

A escuta activa (A, B, F), também representa um aspecto indissociável da comunicação. “Uma boa comunicação interpessoal, começa por saber escutar. Em Enfermagem essa questão ainda se coloca mais” (A). Segundo (B) “Não adianta chegar ao pé do utente para prestar bons cuidados, se não lhe explicar os procedimentos e ouvi-lo”. Um dos entrevistados (F), acrescenta que para uma boa comunicação interpessoal é importante que não seja apenas o enfermeiro a demonstrar escuta activa, mas também o doente: “ e que demonstre a escuta activa e a mesma coisa da nossa parte”.

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Entender o que o doente quer transmitir (A, D, I) está relacionado com o sentido de observação, que os estudantes classificam como imprescindível no processo da comunicação, uma vez que o próprio corpo é revelador de significados de comunicação. “Entender bem o que o outro nos quer transmitir, porque às vezes não querem transmitir as coisas tão verbalmente (D). Esta ideia também é apoiada por (I), “a pessoa tem de saber o que doente tenta transmitir, não só técnicas verbais, mas também não verbais”, isto porque como corrobora (A) “se não estivermos atentos à comunicação, isto é, o que o doente nos está a dizer verbal e não verbalmente, podemos não conseguir alguns detalhes importantes do que a pessoa nos está a querer transmitir”.

Explicar/esclarecer/transformar (B, C, F) está presente em alguns estudantes, como um aspecto facilitador da comunicação interpessoal, uma vez que o enfermeiro é frequentemente solicitado para esclarecimento de dúvidas, por isso o enfermeiro deverá “Esclarecer ao doente… todas as dúvidas que ele possa ter” (B), até porque uma “boa comunicação será transformar os nossos conhecimentos de maneira a conseguir transmití-los à pessoa” (C). O profissional de Enfermagem, na sua conduta diária, não deverá estar à espera de explicar algo apenas quando solicitado, a explicação deverá preceder a dúvida do doente, tal como indica (F) “então acho que devemos falar com ela, esclarecer tudo o que ela precisa, explicar-lhe tudo o que vamos fazer.”

A Apresentação do Enfermeiro (I,) também é vista como uma atitude francamente positiva neste processo. “Tento apresentar-me” (I).

Aspectos como Atender ao lado emocional (E), Diálogo que marque a pessoa

(H), Ajudar a estabelecer uma ligação, um diálogo (H), Comunicar não é fácil (H) e O utente percebe o que o enfermeiro pretende (F) são indicadores que também foram levantados pelos alunos, e que constituem pistas importantes sobre a importância que os mesmos atribuem à comunicação interpessoal.

6.2.3. Comunicar com a equipa

Esta subcategoria e a seguinte surgem, porque foram incluídas pelos alunos, na tentativa de definirem uma boa C.I. Considerámos um dado importante, o facto de alargarem a comunicação em Enfermagem à equipa e à família, elos cruciais num

82 contexto de cuidados de saúde. Desta forma, Falar com os colegas/equipa (E) e

Comunicação intra-hospitalar (B, I) são os indicadores correspondentes a esta subcategoria.

Como indica (E) “falar com os colegas, isso é muito importante, falar com a equipa, sempre em prol do doente”, porque boa comunicação interpessoal implica que a mesma “seja interdisciplinar, e intra mesmo, entre Enfermeiros, entre médicos” (I) para “manter com os restantes colegas do serviço e de outras áreas, uma comunicação eficaz e clara para benefício de todos (enfermeiro, utente, hospital) ” (B).

6.2.4. Comunicar com a família

Comunicar com a família também foi apontada por um aluno (I), como uma dimensão importante da comunicação: “é muito importante saber comunicar com um doente, como com a família”.

6.2.5. Comunicar com personalidade

Apenas três alunos (E, G, H) referiram a pertinência e influência dos traços da própria personalidade na comunicação interpessoal, porque é preciso “deixar os problemas cá fora” (E) e “tentar estar sempre com um sorriso na cara. Às vezes não é possível… é ter uma grande capacidade de estar ali porque quero e estou ali para compreender a pessoa” (E). (G) considera “ter acima de tudo uma boa perspectiva, não ser pessimista. Um enfermeiro acho que, acima de tudo tem de ser uma pessoa optimista para passar isso ao utente”. É crucial que este processo “nos deixe a nós também mais à vontade… na prestação de cuidados” (H).

No documento Aprender a comunicar (páginas 92-95)