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Instrumento de recolha de dados

No documento Aprender a comunicar (páginas 66-71)

5. METODOLOGIA

5.6. Instrumento de recolha de dados

Tabela 5 – Caracterização dos sujeitos do estudo

Sujeitos da amostra Ano de curso Idade Sexo Estado civil

A 1º 19 Feminino Solteira B 1º 21 Masculino Solteiro C 2º 19 Masculino Solteiro D 2º 20 Feminino Solteira E 2º 20 Feminino Solteira F 3º 20 Feminino Solteira G 3º 20 Feminino Solteira H 4º 22 Masculino Solteiro I 4º 24 Masculino Solteira

5.6. Instrumento de recolha de dados

Após definida a temática subjacente, assim como os objectivos do estudo, é importante definir qual o instrumento de recolha de dados. A entrevista constitui um instrumento que se encontra muito relacionado com a metodologia qualitativa. Após contacto por e-mail, com algumas docentes da Universidade de São Paulo, que se têm dedicado incansavelmente ao estudo da comunicação interpessoal com estudantes de Enfermagem, ficámos esclarecidas que não existe ainda, qualquer questionário validado sobre esta temática. Dada a afinidade da entrevista com o tipo de metodologia escolhido, aliado à impossibilidade de obter um questionário validado, optámos pela entrevista.

A entrevista tem como principais vantagens, oferecer a oportunidade para motivar o entrevistado, dado que a falta de informação é corrigida a tempo. Este instrumento também proporciona maior possibilidade para o entrevistado interpretar e entender correctamente o significado das perguntas. Permite igualmente maior flexibilidade nas questões, determinando a sequência e as palavras mais adequadas. A entrevista possibilita a observação pessoal do entrevistado e permite melhor avaliação da validade das respostas consoante a observação do comportamento não-verbal do sujeito da amostra (Lodi, 1981).

Dada a complexidade e abrangência da temática, optou-se por este instrumento de recolha de dados, tendo por base igualmente todas as vantagens que dele decorrem. O facto de permitir aos alunos que a expressão, partilha das suas experiências e

54 percepções, contribuiu para que se obtivesse um levantamento de dados enriquecedor. De acordo com Bell (1997), a grande vantagem da entrevista é a sua adaptabilidade. Um entrevistador consegue explorar determinadas ideias, testar respostas, investigar motivos e sentimentos. Através de um inquérito, estes aspectos são impossíveis de obter, bem como o tom de voz, a expressão facial, a hesitação, que podem constituir informações importantes, no processo de investigação.

5.6.1. Entrevista

Na investigação qualitativa, as entrevistas podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados, ou serem utilizadas juntamente com a observação participante, análise de documentos ou outras técnicas. Contudo, numa situação ou noutra, a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver de forma intuitiva, uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo (Bogdan & Biklen, 1994). Numa entrevista existe interacção entre duas ou mais pessoas, através da qual, uma parte tem sempre algo a aprender com a outra (Brenner, M., Brown,J., Canter, D., 1985). No presente estudo, a entrevista foi utilizada como o único instrumento de recolha de dados.

As entrevistas têm por finalidade, a recolha de dados de opinião, que possibilitam a aquisição de pistas para a caracterização do processo em estudo, mas também permitem conhecer os intervenientes do processo. Para além de se procurar uma informação sobre o real, procura-se conhecer também algumas características dos quadros conceptuais dos entrevistados (Estrela, 1994).

No entanto, no que concerne à estruturação da entrevista, esta pode ser conduzida mediante diferentes tipos. Segundo Merriam (1998), a melhor maneira de decidir quanto ao tipo de entrevista a realizar, é determinada pelo tipo de estrutura desejada. Neste sentido, existe a entrevista estruturada/estandardizada, semi-estruturada e não estruturada/formal.

Na entrevista estruturada Bell refere que “o entrevistador comporta-se tanto quanto possível como uma máquina” (1997, p.120). De acordo com o mesmo autor,

55 quanto mais standardizada for uma entrevista, mais facilmente se agregam e quantificam os dados. Este tipo de entrevista poderá adoptar a forma de um questionário. Segundo a perspectiva de Merriam (1998), na estruturada, as questões e a ordem pela qual são colocadas é previamente determinada. O grande problema deste tipo de entrevista, na investigação qualitativa, reside no facto da rigidez com a qual são colocadas as questões, impossibilitando a partilha de perspectivas por parte dos entrevistados, bem como a forma como estes percepcionam as suas experiências.

Num pólo extremo, existe a entrevista não estruturada. As entrevistas não estruturadas centradas em torno de um só aspecto, quando conduzidas por um investigador habilidoso, experiente, podem fornecer dados valiosos, no entanto a sua análise pode exigir muito tempo. Neste tipo de entrevistas, que são completamente informais, cada entrevistado determina a forma como esta será conduzida (Bell, 1997). Neste tipo de entrevista, o entrevistador não tenta obter o mesmo tipo de resposta utilizando o mesmo tipo de perguntas, sendo um método utilizado para explorar mais amplamente uma questão, obtendo resultados inesperados (Lodi, 1981). Assemelha-se a uma conversação, com questões abertas, e com carácter flexível, exploratório (Merriam, 1998).

Entre estes dois opostos, encontram-se as entrevistas semi-estruturadas. Tanto neste tipo de entrevistas, como na anterior, é atribuído ao entrevistado, um papel preponderante e determinante no processo de investigação.

A entrevista semi-estruturada, é um tipo de entrevista que reúne questões que são colocadas de forma mais flexível, a qual constitui um misto entre o estruturado e o não estruturado. Uma parte da entrevista é estruturada, contudo a maior parte é constituída por questões ou tópicos que têm de ser explorados, no entanto a ordem pela qual são colocadas, até mesmo o tipo de palavras que são usadas, pode não ser a mesma. Neste tipo de formato, possibilita aos entrevistados que exteriorizem o seu ponto de vista, fornecendo mesmo novas ideias ou tópicos (Merriam, 1998). Neste tipo de entrevistas fica-se com a certeza de se obterem dados comparáveis entre os próprios sujeitos, contudo perde-se a oportunidade de compreender como os mesmos estruturam o tópico em questão (Bogdan & Biklen, 1994).

56 Em síntese, a entrevista pode ser activa ou passiva, directiva ou não-directiva, dirigida ou livre, com perguntas fechadas ou abertas. As perguntas abertas são aquelas que podem exigir diversas palavras para a resposta, tendo um valor descritivo ou valorativo. A pergunta fechada é aquela que pode ser respondida com poucas palavras, identificando normalmente um nome, data, um dado concreto, do tipo sim ou não (Lodi, 1981).

De acordo com as características deste estudo, o tipo de entrevista realizada foi a semi-estruturada, com perguntas abertas. Dada a imensidão de aspectos que podem ser analisados na comunicação interpessoal, julgamos ter sido a melhor opção a entrevista semi-estruturada, no sentido de não constituir um processo redutor de recolha de dados, e por permitir uma maior permeabilidade e adaptabilidade no decorrer da entrevista, ajustando a mesma ao diferente discurso dos alunos. As questões abertas seguem a mesma linha de raciocínio. De acordo com esta temática e respeitando os objectivos deste estudo, este tipo de questões, são as que melhor se coadunam no presente trabalho, por permitirem a livre expressão do discurso dos entrevistados, possibilitando a aquisição de novos dados, lançamento de ideias novas que enriquecerão a análise de dados.

5.6.2. Construção do guião da entrevista

Uma vez delineados os objectivos do estudo, o tipo de entrevista e problemas a compreender, o passo seguinte é sem dúvida a construção do guião. A sua construção, teve por base a pesquisa bibliográfica realizada, que serviu de suporte às questões escolhidas para o mesmo.

O guião de entrevista (anexo II) encontra-se dividido em três partes. Esta divisão vai de encontro com a estruturação apontada por Estrela (1994). Essas mesmas partes correspondem efectivamente a:

a) Definição do tema geral, objecto de estudo: Aprender a comunicar: um estudo com estudantes de Enfermagem;

57 - Identificar na formação dos estudantes de Enfermagem, o lugar que ocupam o treino das competências comunicacionais.

c) Criação de blocos temáticos. A cada bloco temático correspondem objectivos específicos, assim como questões a formular aos entrevistados, que respondem aos objectivos estabelecidos para cada bloco e que foram criados tendo por base os objectivos específicos que norteiam o presente trabalho e que já foram anteriormente apresentados.

O guião da entrevista encontra-se desta forma dividido em seis blocos temáticos, que correspondem efectivamente:

Bloco A - Legitimação da entrevista e motivação. Neste bloco pretende-se que o entrevistador se apresente e explique a finalidade da entrevista, motivando o entrevistado através da sua consciencialização para a importância da sua participação no processo de investigação;

Bloco B - Concepção de comunicação interpessoal. Neste bloco iniciam-se as questões de investigação propriamente ditas, avaliando a importância que os alunos de Enfermagem atribuem à comunicação interpessoal;

Bloco C - Competências comunicacionais. As questões inseridas neste bloco pretendem a obtenção de respostas relativas à identificação e à importância que os estudantes atribuem, ao desenvolvimento das competências comunicacionais;

Bloco D - Formação teórico-prática. Pretende-se nesta parte, perceber como é realizada a formação teórico-prática, na área da comunicação interpessoal, no curso de Licenciatura em Enfermagem;

Bloco E - Comunicação não-verbal. Neste bloco pretende-se diagnosticar e avaliar a importância que os estudantes atribuem à comunicação não-verbal, a forma como a integram na comunicação interpessoal e consequentemente nas relações interpessoais;

Bloco F - Finalização da entrevista. Finalmente neste bloco, pretende-se que os alunos opinem sobre a importância da problemática em estudo e sobre a pertinência das questões de investigação que foram colocadas.

No documento Aprender a comunicar (páginas 66-71)