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2.2. Diálogos de Saberes Intercultural Brasil Suriname

2.2.13. Comunidade Post Utrecht e Cupido

Entre os dias 20 e 23 de setembro de 2017, estive numa atividade de campo na comunidade indígena a village Post Utrecht, Wageningen/Nickerie River, no leste de Suriname. Foi convidado pelo Giorgio Awankaroe, que faz parte da organização da VIDS (Organização indígena tradicional e liderança indígena do Suriname).

A atividade de campo foi uma reunião com os indígenas sobre “mapeamento do território”, onde vivem esses indígenas, foi realizada em duas comunidades, a Post Utrcht e Cupido. Saímos de Paramaribo às 13h00 da tarde de ônibus, a viagem demorou entre 4 e 5 horas de viagem para a cidade Wageningen, leste de Suriname, a estrada é asfaltada muito boa, durante a viagem passamos pela cidade/distrito de Saramacca e Coronie. Fui observando a estrada, os lugares, as paisagens muito bonitas, havia plantações de arroz em um determinado lugar que passamos.

Foi outra experiência vivenciada e que deu tudo certo, uma grande expectativa em conhecer as comunidades indígenas, uma convivência próxima com o Giorgio e uma forma

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de praticar o inglês. Chegamos às 6h30 horas da tarde, na cidade de Wageningen. Tinha uma indígena esperando para nos levar para a aldeia. A aldeia fica próximo à cidade é só atravessar do outro lado de barco já está na aldeia, que fica a margem do Nickerie River. Atravessamos o Nickerie River e chegamos à aldeia, fomos recebidos pela kapitein Marius, uma senhora muito simpática, desejo-me boas-vindas. Em seguida levou para a casa do basja Uma Sambaio onde íamos pernoitar, o basja desejou boas-vindas e mostrou o lugar para arma as nossas redes na varanda da casa dele.

À noite ficamos conversando foi muito interessante, pratiquei o inglês, tentei dialogar com eles, apesar de os indígenas falarem diversas línguas, consegui comunicar com eles. Sabe foi uma experiência boa, senti acolhida, um bem estar da excelente recepção.

No dia seguinte, teve a reunião com os indígenas sobre o mapeamento do território, o objetivo é de os indígenas construírem um mapa do seu território destacando os lugares como os rios, as florestas, onde estão os animais, os peixes entre outros, lugares que faz parte da biodiversidade que eles usufruem no seu território.

Esteve presente na reunião cerca de 25 pessoas, dentre estes, são as mulheres adultas, homens, algumas crianças e adolescentes. O que chamou a minha atenção foi a participação das mulheres, demonstraram ativa e animada na elaboração do trabalho. Eu ajudei o Giorgio registrando por fotos os trabalhos que estava sendo feito. Algo que me marcou muito foi uma senhora de uns oitenta anos que veio até em mim, desejou boas-vindas e me deu um abraço, nossa sabe aquela simplicidade e acolhimento, me senti bem uma sensação inexplicável, senti acolhida e enfretamento de comunicar apesar das diferentes línguas, foi muito marcante esse gesto.

A comunidade Post Utrecht, fica a margem do Nickerie River, com uma população aproximadamente 136, são do grupo indígena Lokono, são falantes da língua nativa, holandês, inglês e o sranantongo, as famílias estão em torno de 10 famílias.

As casas são próximas às outras que fica na margem do Nickerie River, são feitas de madeira e coberta de telha e Eternit, tem algumas casas que são de palhas. Observei que nos quintais das casas tem muitas plantas frutíferas.

Com relação à educação formal o basja disse que não tem escola na comunidade, e que as crianças vão todos os dias na cidade Wageningen para estudar, o ensino é na língua holandês. A comunidade é liderada pela kapitein Marius, basja Uma Sambaio, Jonas Bernarch Sabajo e Marciano Sinandan.

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A comunidade é um lugar muito bonito e tranquilo, está ao lado da cidade. Os indígenas estão constantemente transitando entre a cidade e a aldeia, visto que é só atravessar de barco já está na aldeia.

No domingo a reunião se deu em outra comunidade, chamado Cupido, na cidade Wageningen, num salão que realiza evento chamado kampung garuda. Esses indígenas vivem na cidade Wageningen aproximadamente em torno de 10 famílias, são do grupo Lokono, uma mistura entre negros e javaneses.

Segundo informação eles não vivem na aldeia, pois, não tem acesso à comunicação e o acesso e muito difícil, por isso vivem na cidade. O kapitein é o Daniel Reginaldo e a basja a Jubithana.

Foi realizada a mesma atividade sobre o mapeamento do território. O Georgio fez a explicação e socialização do trabalho, em seguida, às pessoas presente começaram a discutir e a realizar o trabalho. Nesta comunidade já tinha menor grupos de pessoas em torno de oito participantes, dentre estes somente três mulheres os demais os homens. Assim que terminou a reunião fomos conhecer a cidade, o bosque onde realizar o evento e depois fomos almoçar. É uma cidade pequena e não tem muito movimento. Retornamos para a aldeia para pegar as malas e dormir na cidade, no outro dia iriámos pegar o ônibus cedo.

Foi uma experiência importante de grande aprendizagem e superação das diversidades linguísticas. Acredito que a língua é importante para comunicar com as pessoas, quando nós permitimos adentrar no mundo do outro as barreiras das línguas são superadas e a comunicação e interação se flui de forma natural, então, consegui ter uma interação e a vivência proporcionou essa experiência fantástica. Viver novas experiências na adversidade nos leva uma visão holística dos mundos, pois, a experiência é uma incógnita.

Sou grata a Giorgio pela paciência, pela troca de experiência e aprendizagem, retornamos às 6h00 da manhã de segunda-feira, dia 23 de outubro de 2017, chegamos as 10h00 em Paramaribo. Encerro agradecendo a Haipuku pela dádiva da vida e por proporcionar essa experiência de aprendizagem e superação.