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No ano 2001 aconteceu o primeiro vestibular indígena na Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat – MT, município de Barra do Bugres, o curso de Graduação Específico e Diferenciado, intitulado “Projeto 3ª Grau Indígena - Formação de Professores Indígenas”. Esse curso em nível superior visava à formação específica para professores indígenas que tivesse terminado o ensino médio.

Para concorrer ao vestibular, foi necessária a apresentação do documento da comunidade indígena, em que se dava a permissão para a participação no vestibular. Foi então neste contexto que a comunidade Umutina, em reunião, assinou a carta da permissão para que nós, eu e os demais colegas interessados, pudéssemos participar deste vestibular indígena.

Para mim foi uma oportunidade de fazer e realizar o sonho que era o curso superior, pois, assim que terminei o magistério, fiquei parada por aproximadamente 3 a 4 anos, os

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estudos, devido à falta de recurso para continuar a cursar uma universidade, era o meu sonho, e esse vestibular seria uma forma de ingressar e almejar a tal universidade.

Então, eu fiz o vestibular, porém, não estava entre os números de vagas, fui classificada, ou seja, na fila de espera, caso alguém desistisse de ocupar a vaga eu seria convocada. Quando eu vi o resultado, nossa, pra mim foi um desastre, fiquei revoltada e decepcionada, chorei muito, super arrasada de ficar na classificação que apareceu, queria estar entre os números de vagas, principalmente, pois os demais colegas que fizeram o vestibular foram aprovados e somente eu não havia conseguido. Foi um momento de decepção e chorei muito.

Em um belo dia, quando menos esperei, a equipe da coordenação do projeto iniciou a segunda chamada das pessoas que tinham sido classificadas, então, o meu nome estava na sequência de uma pessoa que havia desistido. Na terceira semana de aula recebi um telefonema da minha irmã dizendo que a equipe da secretaria do 3ª Grau Indígena queria falar comigo e que era para eu ir fazer a matrícula para o curso.

Naquele momento foi o renascer de uma nova etapa e oportunidade para realizar o meu sonho em ingressar numa universidade, fiquei feliz e imediatamente compareci, fazendo todos os trâmites da matrícula. Em seguida, já participando das aulas, estaria desvendando entre risos, diversidades, adversidades, desafios e novamente superação, pois, seria um contexto acadêmico de pluralidades culturais, enfim, me lancei em novas experiências e aprendizagem.

Nesse sentido, relato o meu ingresso ao ensino superior, novamente observa-se que a minha trajetória não é linear, houve um intervalo entre o ensino médio e o superior, não fui aprovada entre as vagas ofertadas, no entanto, houve um desequilíbrio entre os anseios e as ofertas escassas de oportunidade ao redor.

O Projeto de Formação de Professores Indígenas-3ºGrau Indígena, foi o resultado de lutas, demanda e reivindicação dos professores, lideranças e movimento indígena do Estado de Mato Grosso, nos eventos e encontros e, principalmente, na ocasião que estava sendo realizado em Cuiabá, no ano 1997, a Conferência Ameríndia de Educação e o Congresso de Professores do Brasil, foi organizada pela Secretaria de Educação do Estado. É importante relembrar que a política pública tem origem nas reivindicações dos indígenas, ou seja, reivindicações parte dos movimentos indígenas e não o contrário, portanto, foi um marco histórico.

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A partir dessa reivindicação dos indígenas, o governo do Estado Dante de Oliveira proporcionou uma iniciativa inédita para instituir a implantação e elaboração do Projeto de cursos específicos na área de educação que atendesse questões particulares e diferenciadas, juntamente com os povos indígenas. Nesse contexto de construção, esteve presente nas reuniões representantes e lideranças indígenas, Bororo, Xavante, Bakairi, Paresi e Umutina, assim como os segmentos: a Fundação Nacional do Índio (Funai), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Conselho de Educação Indígena (CEI), Conselho de Educação do Estado (CEE), estava em foco a construção e reconstrução de novas pedagogias, metodologias e conhecimentos milenares dos povos, principalmente visando atender as expectativas das comunidades indígenas, o currículo, a proposta pedagógica e os temas norteadores do referido projeto.

O 3º Grau indígena foi um marco significativo na história dos povos indígenas do Estado de Mato Grosso, assim, como no Brasil, a seleção para ingressar foi através do vestibular específico para os indígenas que contemplavam o Estado de Mato Grosso (MT) e de outras regiões do território brasileiro. Ofertando “200 vagas, sendo 180 para os indígenas do MT e 20 vagas para indígenas de outras regiões do Estado” (C E E I, 2002).

O Projeto de Formação de Professores Indígenas-3ºGrau Indígena foi considerado como “inédito e pioneiro”, na história do Estado de MT, do Brasil, e até o nível internacional, serviu como exemplo e espelho para a construção de curso de formação em nível superior para outros Estados do Brasil.

No entanto, esclareço sobre o vanguardismo do referido projeto e convido a pensar nos desafios enfrentados por mim, que estava ingressando na primeira turma de uma experiência pioneira.

O curso proposto, cujo nome era conhecido como “3º Grau Indígena”, foi esperado com grande expectativa e esperança pelos indígenas, principalmente por aqueles (as) que iria concorrer o vestibular indígena, considerado o primeiro do país.

A realização do vestibular indígena para os professores se deu em vários lugares diferentes dentro do Estado de Mato Grosso, foram: “Sangradouro, Meruri, Campinápolis, Água Boa, São Marcos, Pakuera, Barra do Bugres, Rondonópolis, Xingu e Araguaia” (C E E I, 2002).

O diálogo com a minha orientadora, Antonádia Borges, me fez refletir que as cidades mencionadas apresentam e reúnem nomes de cidades que em si nos dizem muito

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sobre o arquivo colonial do MT, tem nomes indígenas ao lado de termos que aludem aos empreendimentos coloniais – nomes de santos, termos derrogatórios, alusões ao Marechal.

Lembro-me no dia que fomos fazer o vestibular, entrando na sala de aula, os indígenas professores estavam radiantes de emoções e, ao mesmo tempo, com receio, devido que aquela era a primeira vez que estávamos realizando o vestibular indígena, era início de uma longa história a ser percorrida durante cinco anos, uma oportunidade de continuar os estudos em nível superior. Os participantes indígenas saiam em silêncio e apreensivos se seriam aprovado ou reprovado. Todos ficaram na espera e em grande expectativa do resultado final.

Após algumas semanas, saiu o resultado que todos esperavam. O ambiente de felicidade e emoção emergia de muitos indígenas que conseguiram a aprovação, enquanto outros ficaram desapontados e com uma sensação de tristeza, assim, como citado acima, aconteceu comigo, não fiquei entre as vagas, porém, fui classificada.

Na oportunidade, fui chamada, aceitei fazer parte da construção dessa história de interagir, compartilhar a convivência e aprender neste contexto das diversidades culturais étnicas.

Neste contexto, foram ingressados 10 indígenas do povo Umutina, uns já atuavam como professores e outros eram somente professores substitutos, porém, com o objetivo de fazer a formação e, posteriormente, serem professores e atuar na nossa comunidade Umutina. Movidos pela radiante felicidade de estar cursando o curso superior, éramos em 10 professores, vale ressaltar que eram cinco mulheres e cinco homens que estariam engajados a lutar para conquistar a ampliação da escola na aldeia, assim, como para a revitalização da cultura e trabalhar junto ao nosso povo.

No início do curso, no ano 2001, foi realizada a aula inaugural no Ginásio de Esporte Arlindo Buck, em Barra do Bugres, MT, e esteve presente o Sr. Dante de Oliveira, o governador do Estado e as autoridades locais e regionais, lideranças e representantes indígenas, prestigiando o cerimonial. Os acadêmicos de diferentes etnias fizeram apresentação da cultura com suas vestimentas e danças tradicionais para as autoridades presentes, assim, para os barrabugrenses.

Na primeira etapa de estudo, teve a recepção aos acadêmicos, desejando boas- vindas, informes sobre o currículo, horários e os procedimentos das aulas e a abordagem da temática que foi Gênese, que seria trabalhado e discutido nas diferentes áreas de conhecimento. A classificação das áreas estava centrada em: Línguas, Artes e Literatura,

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Ciências Matemática e da Natureza e Ciências Sociais, a cada semana iria estudar essas áreas de conhecimentos.

O 3ª Grau Indígena foi um curso que houve um espaço de diversidade e adversidade, onde se reuniu culturas de diferentes etnias num espaço de diálogos, interação, porém, também houve impacto e conflitos, preconceitos, por se tratar de povos e grupos étnicos oriundos de diferentes lugares e regiões do Estado brasileiro, cada qual com sua história de contato distinto e suas concepções de mundo.

Início de um grande processo de busca pela identidade cultural. Algo que me marcou muito na I Etapa Intensiva do curso foi à diversidade de etnias e o estranhamento, nós fomos cobrados para apresentar a nossa cultura, teve a discriminação entre os próprios parentes indígenas, por não falar a língua, assim, foi com os demais colegas Umutina e com os acadêmicos indígenas de outros Estados que não são falantes da língua, tudo por um processo de colonização usurpador de contato com esses povos.

Novamente em diálogo com a minha orientadora, Antonádia Borges, me ocorreu uma reflexão que, diante do exposto, revela que ter a cultura para apresentar e para compartilhar era no princípio do 3º Grau uma moeda de troca valorada. Um divisor de águas se fez entre o que tinha e os que não tinham. A ideologia colonial resistia mesmo no mais bem intencionado dos projetos. Quem não a tinha, não tinha mérito. O princípio não era o do reconhecimento da usurpação, mas a celebração do indígena imaculado em pleno estado do MT, em pleno século XXI.

Como mencionado anteriormente, éramos dez indígenas acadêmicos do povo Umutina, cada qual com histórias e descendência de etnias distintas como o Paresi, Nambikwara, Bakairi e Umutina, algo em comum era que morávamos no mesmo território indígena Umutina, na aldeia Umutina.

Foi diante dessa situação e discussão que se iniciam os meandros de questões referentes à cultura, a identidade do povo. Emergiram indagações identitárias como: Quem sou eu? Quem é você? Conta a sua história? Quem são os Umutina? Por que não falam a língua?

Assim, expresso em palavras pensamentos que a tormentavam, compartilho o dilema de deixar de ser indígena, diante de indígenas, no momento em que mais se aproximou de ser indígena.

Neste contexto, passa a discutir sobre a cultura e identidade, fomos cobrados com relação à cultura Umutina, principalmente no quesito das apresentações das danças, das

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vestimentas tradicionais, entre outros. Todos os grupos étnicos tinham que apresentar algo da história do seu povo para os demais acadêmicos.

Diante do contexto percebo que eu não aceitava o “não” como resposta, não temos língua. O nosso povo renasce a cada dia daquelas crianças que foram confinadas após o genocídio de seus pais.

Diante da emblemática abordagem, a universidade impõe um conflito, conflito este que até então não foi percebido naquele momento entre nós. Somente mais tarde, através de discussão, debate, diálogos e socialização do contexto histórico de cada grupo étnico entre os acadêmicos e os docentes, começaram a vislumbrar outro olhar mais interativo e recíproco, mostrar novos horizontes de refletir e atuar diante a essa realidade de buscar conhecimento no percurso acadêmico. Os temas que eram abordados nas disciplinas que contemplavam as áreas de conhecimentos contribuíram muito para ter um olhar mais aberto diante das diferentes realidades.

Faço uma reflexão sobre o ensino como aprendizagem. Também os inocentes propositores do projeto se deram conta do que seus anseios implicavam e gradualmente passaram a revisar suas expectativas e as cobranças sobre os estudantes.

A partir do curso do 3ª Grau Indígena eu e os demais colegas despertamos o interesse de aprender, conhecer e buscar aperfeiçoar melhor a nossa história, a pesquisar a vida dos nossos ancestrais, dos antepassados, a conversar com os anciões para repassar os conhecimentos e saberes do povo. O fato de terem sido interpelados sobre a nossa cultura levaram ao processo de pesquisa busca de informações sobre a história do lugar e das pessoas que o habitam, em suma, a vasculharem o arquivo colonial.

Um fato que aconteceu foi relatado por minha irmã, que num determinado momento reunido, um dos nossos colegas dizia que ele era Paresi e os demais da nossa turma começaram a questionar ele. Como você é Paresi? Se estamos na mesma turma e moramos na mesma aldeia?

Os Paresi já estão presentes, são de outra região, apesar de nossos pais serem descendentes do Paresi, precisamos entrar em consenso. Foi um momento tenso, de discussão muito delicada ao se tratar dessa questão, que foi um impacto para cada um de nossa turma, repensar as nossas atitudes e, principalmente, a reafirmação da identidade étnica. A complexidade da experiência não deixa espaço para inocentes, nesse sentido, a pergunta sobre a autenticidade não é feita apenas pelos organizadores do curso.

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Entretanto, após várias conversas, debates entre os acadêmicos da aldeia Umutina e com ajuda dos docentes que estavam ministrando as aulas, houve um consenso e a reafirmação enquanto pertencimento coletivo do povo Umutina. Pois, éramos professores e tínhamos que fortalecer e buscar conhecer com mais profundidade a nossa história e os saberes Umutina, que por circunstância e necessidade imposta pelo mundo ocidental, a cultura Umutina ficou muito tempo “adormecida”, e que estava em nossas mãos enquanto professores ou futuro professores indígenas, a responsabilidade, o compromisso de lutar para a revitalização e fortalecimento da cultura do povo Umutina, visto que todos nós que ingressamos, tivemos uma carta da comunidade, um aval e permissão para participar e que deveríamos honrar o compromisso com a nossa aldeia e com o povo da comunidade Umutina.

Em nome de um objetivo maior era o compromisso de luta e a revitalização da cultura Umutina, uma luta coletiva dos indígenas Umutina. Nesta empreitada, mostra-se que a caminhada é feita de muitos desvios, de muitos retrocessos, de alguns poucos passos adiante.

A etapa se encerrou mostrando a diversidade étnica no meio acadêmico, diferenças de comportamentos, as relações social, linguística e cultural, envolvendo rodas de debate e atividades em salas de aula. Para finalizar a etapa do curso, foi realizado a “noite cultural”, um evento de confraternização e agradecimento dos docentes e das autoridades presentes pelo apoio, companheirismo e respeito para com os indígenas acadêmicos, que estava sendo encerrada a I etapa intensiva do curso do 3ª grau indígena no Campus da Unemat, na cidade de Barra do Bugres.

O Projeto de Formação de Professores Indígenas-3ª Grau Indígena foi projetado pelos estudos presenciais no período de férias nos meses de janeiro e julho, e os estudos da etapa intermediária que se realizava nas aldeias, onde o indígena professor atuava na escola, na sua comunidade. Dando prosseguimento aos estudos, era realizada a etapa intermediária que acontecia nas aldeias. Os coordenadores do curso, juntamente com sua equipe de profissionais, iam para as aldeias para realizar a etapa que denominava “etapa intermediária”, havia atividades a serem executadas nas escolas das aldeias, as pesquisas que os acadêmicos faziam e entregavam na secretaria a cada etapa do curso. Os acadêmicos apresentavam boas expectativas, crescimento intelectual, compromisso e responsabilidade frente ao Projeto entregando em dia as atividades propostas.

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A II etapa intensiva do curso 3ª grau indígena começou com as aulas proporcionando um diálogo amistoso referente à metodologia e a dinâmica das atividades, viabilizando mais participação entre os acadêmicos através da discussão de um determinado tema, cuja temática foi o “Tempo”.

Durante o período do curso, nós ficávamos alojados na escola agrícola, aproximadamente 12 km distante da cidade de Barra do Bugres. Neste ambiente, havia alojamento feminino e o masculino. Todos os dias da semana se fazia o translado da escola agrícola para a universidade, cujo transporte escolar um ônibus cedido pela prefeitura.

O café da manhã era servido das 6:00 horas às 6:30 horas da manhã, pois, as aulas iniciavam-se às 7:30 horas da manhã. Após o café, ficávamos aguardando o horário de saída do ônibus para a Unemat.

O estudo acontecia em três períodos, matutino, vespertino e noturno. No Matutino iniciava-se às 7:30 horas até as 11:30 horas, havia o intervalo do almoço que era servido as 12:00 horas, em seguida, a partir das 13:30 horas iniciavam-se as aulas, as quais iam até as 17:30 horas. O jantar era servido às 18:00 horas, logo em seguida, às 19:30, iniciava as aulas do noturno, que iam até as 22:30 horas.

A princípio, foi difícil se acostumar ao ritmo de acordar bem cedo, depois fomos nos acostumando a esse ritmo dinâmico do curso. No início, os indígenas acadêmicos sentiram a pontualidade, compromisso e a responsabilidade da equipe que fazia parte do curso de 3ª grau indígena, assim, como a coordenação do projeto, a logística da escola agrícola, as cozinheiras, os motoristas e os docentes, havia um conjunto de apoiadores para o bom andamento e funcionamento do curso e da formação de todos os acadêmicos.

Durante as etapas, tivemos aulas práticas para desenvolver experiências na área de ciências da matemática e da natureza (física, química, biologia e computação).

Para mim, foi muito bom, gostei muito de realizar as experiências, foi uma aprendizagem que contribuiu e despertou-me novas formas pedagógicas de trabalhar e atuar na escola da nossa comunidade.

Na aula de computação, o ensino partiu da orientação básica de como manejar o meio tecnológico que é a informática, foi um trabalho de fazer gravação em disquetes, o trabalho dos alunos que foi realizado na etapa intermediaária, essa atividade visava mostrar e gravar os trabalhos para que, posteriormente, tornasse um apoio nas nossas práticas pedagógicas.

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Neste sentido, era fascinante ver a paciência, o carinho e a sensibilidade de aprender e entender o ritmo dos acadêmicos, pois, eram grupos étnicos distintos, uns falantes fluentemente da sua língua, outro falante bilíngue ou trilíngue e com costumes e culturas diferentes, sendo assim, no curso estava presente 36 etnias distribuídas em 13 Estados da Federação.

Durante a etapa do curso do 3ª Grau Indígena foram fomentados momentos de entretenimento, lazer e relaxamento para os acadêmicos, para reabastecer a energia consumida durante a semana de estudos. Os acadêmicos tiveram a oportunidade de conhecer e visitar as aldeias: Formoso dos Paresi, localizada na cidade de Tangará da Serra, a aldeia Umutina, do povo Umutina, a 15 km de Barra do Bugres, conheceram um clube campestre que tinha piscina para tomar banho e campo de futebol.

No auditório da Unemat, foram realizadas as aulas de Línguas, Artes e literatura, foram intercaladas com encontro, oficina e seminários em sala de aula. Foi no seminário de Línguas, Arte e Literatura que fizemos a apresentação sobre a história do povo Umutina, abordando de forma lúdica, através de teatro, fazendo narração da “Origem da vida dos Umutina”, nos vestimos com os trajes tradicionais. Foi a primeira vez que nós, o grupo dos Umutina acadêmicos, marcou e deixou registrado a história, o processo de contato entre os índios Umutina e o não indígena, a cultura dos nossos antepassados, foi um momento marco e mágico, a apresentação atingiu boas expectativas. A socialização da história Umutina mostrou que apesar da adversidade que houve na etapa anterior, nos levou a pesquisar, trazer as memórias dos nossos ancestrais e com a transmissão dos conhecimentos dos anciões foi possível afirmar e reafirmar que sempre há a possibilidade de construção e reconstrução, que nós, essa geração de professores, estaria levando à frente a continuidade da História, que emergem novos pensamentos e que sempre há a possibilidade de continuar.

As fotos a seguir ilustram a nossa apresentação no seminário de Línguas, Arte e Literatura:

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Fotografia 3: Apresentação Origem da Vida

Como exposto, descrevo a estrutura do curso, a localização, a dinâmica ao longo dos sucessivos e intensivos dias. As várias áreas disciplinares eram abordadas a partir de um tópico comum. Na ocasião, a etapa foi o tema Tempo. Ao longo do tempo, como apresento, as expectativas foram sendo respondidas por meio de transformação em indígenas com conhecimento cultural. A transformação atestada na peça teatral que foi apresentada, afirmava a eficácia da formação intercultural. Os desafios que passamos e as