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2.2. Diálogos de Saberes Intercultural Brasil Suriname

2.2.16. Viagem a Nickerie – Bigipan

Entre os dias 2 a 3 de dezembro de 2017, fui com o grupo de pessoas para a cidade de Nickerie, saímos de Paramaribo às 10h00 da manhã de ônibus. A viagem durou em torno de 4 horas.

Nickerie é uma cidade/distrito de Suriname que fica a oeste do país, próximo a Corantyn River, é um lugar lindo. A viagem foi fascinante, outra experiência a ser vivenciada com esse grupo de pessoas que gostam de passear e interagir com lugar natural em meio à natureza.

Durante a viagem passamos por algumas cidades e rios, dentre eles Saramacca e Coronie. Observei que havia muitas plantações de arroz, de coqueiros e vi pela primeira vez pasto/criação de gado, que até então não tinha visto, chegando a Nickerie vi vários gados.

Chegamos a Nickerie em torno de 14h00 horas, fomos nos hospedar em uma casa onde íamos pernoitar e, no dia seguinte, seguir a viagem a Bigipan. Fomos conhecer a cidade de Nickerie de ônibus e em alguns pontos turísticos, dentre ele o Corantyn River, muito lindo e extenso, e atravessando o rio já é a Guiana fica na divisa.

No domingo, a partir da 8h00 da manhã partimos para Bigipan. Bigipan fica ao leste de New Nickerie, encontra-se ao longo dos lagos do oceano, o Bigi Pan é o maior lago. Possui característica única, a reserva natural de pelo menos 135 mil hectares. Está sob a influência do reflexo e do fluxo do mar e é alimentado tanto com água salgada como com água fresca do interior. O resultado é um “esturiam” impressionante, onde está repleto de pássaros dentre eles destaca-se os flamingos. O tamanho não penetra primeiro por que a água é pontuada com pedaços de terras semi-submersas. Neste ambiente há grupos de árvores mortas, sobressai acima da superfície da água, um lugar espetacular pela beleza impressionante que a natureza nos proporciona.

Seguimos a vigem de barco, foram dois barcos, em torno de aproximadamente duas horas, durante a viagem pode observar e surpreender com a beleza da natureza, lugar lindo e ao mesmo tempo de adrenalina. Vi muitos pássaros e sauís espécies de macaco, ouvi cantos dos pássaros, é um grande pântano, tem vários peixes. Chegamos a casa, no lago

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tem oito casas feitas de madeira no meio do rio, onde as pessoas geralmente ficam para apreciar e contemplar a beleza do lugar.

Ficamos um pouco na casa descansando e tirando fotos, em seguida, fomos de barco ver os pássaros flamengos uma grande quantidade deles caminhando e cantando no grande pântano, algo muito lindo.

Depois fomos ver os pescadores como pescam neste grande lago. Tinha dois pescadores no barco pegando vários peixes, pescam de rede, ou seja, armam a rede de um lado para o outro e depois só vai tirar, pois, dessa forma pegam muitos peixes. Tinha muitos peixes no barco e fora os que estavam dentro de um frizer com gelo no barco. Pode conhecer um pouco desse lugar lindo e turístico onde tem constantemente pessoas visitando turistas de vários lugares.

Retornamos para Nickerie e almoçamos num restaurante, logo seguimos viagem para Paramaribo. Essa experiência de aprendizagem e superação gostei muito, conheci outras pessoas, lugares lindos, pode praticar mais o inglês, superando os desafios. As pessoas desse grupo falam mais o holandês, mas, teve pessoas que falam o inglês e para mim é uma oportunidade de praticar o inglês, são pessoas legais e simpáticos possibilitaram uma abertura para o diálogo.

Acredito que direta ou indiretamente consegui interagir com eles, e isso é muito importante nesse processo de aprendizagem. Reporto-me de um pensamento de Rubens Alves: “Não diga nada! Nem mesmo a verdade. Há tanta suavidade em nada se dizer. E tudo se entende”. Faz-me refletir sobre que quando deixamos permiti a olhar o outro e interagir de forma franca e serena nós enfrentamos os desafios de qualquer obstáculo, seja, eles culturais ou linguísticos e são momentos de enfretamento e interação com outras realidades. Sinto-me grata por tudo que a vida tem me proporcionado e estar nesses lugares natural, me traz mais energias para que possa enfrentar as adversidades.

2.2.17. Experiências Interculturais e aprendizado em diferente contexto de culturas

No contexto do intercâmbio do Projeto de Diálogos de Saberes é pertinente compartilhar os encantos e desencantos em estar em outro país. Viver em Suriname e participar do intercâmbio de Diálogos de Saberes foi muito fascinante e lancei ao desconhecido, ao mesmo tempo tive receio, aprendi a conviver com o novo e enfrentei os

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desafios. Foi algo inusitado e ao mesmo tempo interessante de transitar em diferentes universos, é testar limites, é um investimento que apesar de todas as complicações enfrentadas, são aprendizagem e experiências de vida pessoal e profissional.

Esta experiência viabilizou conhecer outras culturas, formas de pensar, de ser e estar no mundo, reconhecendo a valorização da diversidade cultural e linguística. Adaptar à nova realidade é processo que vai moldando no cotidiano da vida, distintos modos de convivência exige muito responsabilidade e novos olhares, instiga a pensar e agir nos diverso aspecto da vida social, cultural e no ambiente na qual está inserido.

Ressalto que o percurso do intercâmbio deu-se em encantos e desencantos, em estar e viver em outro país diferente da minha realidade. O desencanto, o momento da adaptação foi crucial, principalmente pela questão da língua, uns dos obstáculos foi língua inglesa, para mim tornou-se complexo a pronunciar determinadas palavras. Nesse contexto aconteceu uma situação constrangedora na Universidade do Suriname com uma docente linguística que iria acompanhar e ministrar as aulas de inglês disse: “como que você não sabe inglês, você tem PHD. Eu sei várias línguas”. Nesse momento observa-se a atuação de profissionais que não dispõe para uma abertura para o outro e nem para a diversidade cultural. Diante dessa situação acreditei que são processos e desafios que foram sendo superados partindo dos estudos das aulas me esforcei o máximo fazendo o curso online em site e das práticas do cotidiano com as pessoas. A expectativa positiva consiste nas superações que vai sendo conduzida no transcorrer da vivência e com o tempo.

Outra situação constrangedora em relação ao visto da permanência em Suriname, a princípio obteve por trinta dias, em seguida, por noventa dias, até ter informação como conduzir essa situação, foi um processo muito burocrático e desgastante.

Observei por se constituir numa experiência nova com os estudantes do Brasil, a Universidade de Suriname não soube conduzir essa questão da permanência. Somente a partir de uma reunião com o Reitor Jack Menke, professores e nós estudantes indígenas e quilombolas, foi feito os encaminhamentos como proceder sobre essa questão do visto e a questão pedagógicas de atividades a serem desenvolvidas na Universidade. Nesse sentido, ficou designada uma pessoa do departamento de relações exterior da universidade para resolver a questão da permanência para os estudantes e um assistente para auxiliar na elaboração do cronograma de atividade a ser executada.

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Diante dessa reunião as coisas começaram em passos lentos a encaminhar de forma positiva, vale ressaltar a articulação dos professores Rudi e Regina que coordena o Projeto de Intercâmbio da Universidade de Brasília.

Poderia ter encontros e atividades com os estudantes da universidade para que pudesse ter mais interação entre os estudantes brasileiros e surinamese, foi algo que deixou a desejar.

O encanto do Intercâmbio Diálogo de Saberes Intercultural se deu em vários contextos no que tange à recepção e interelações com as pessoas da universidade, o reitor e seus assistentes que nos auxiliaram, fomos bem recebidos, assim, como os professores que estiveram mais próximo nos acompanhando durante esse intercâmbio, tive um bom relacionamento.

Viabilizou a conhecer e vivenciar experiências dos modos e saberes das comunidades indígenas Powaka, Galibi, Bigiston, Pierre Kondre, Kwalasamutu, Redi Doti, Apoera, Nickerie river (Post Utrecht e Cupido) e Cassipora, assim, como participar das danças tradicionais indígenas sambura e maraká. Proporcionou ainda conhecimentos junto às comunidades Maroons, presenciar em in loco o modo de viver e interagir ao ambiente, a diversidade sociocultural e linguística dos grupos étnicos do Suriname.

Conhecer todos os grupos indígenas e maroons com suas peculiaridades e modos de interações com o meio ambiente. A participação de um ritual religioso na comunidade Timbut Dadi Utomo Islam dos Javaneses, foi uma vivência gratificante, uma excelente recepção, apesar da língua, pode comunicar e interagir neste ritual com as mulheres javanesas.

Tive a oportunidade de conhecer diferentes lugares, povos e suas culturas. Uma pessoa que foi fundamental na articulação e mediador foi o jornalista Charles Chang que escreve para um jornal do Suriname sobre eventos relacionados a questões culturais e que me apresentou as lideranças indígenas e convidava para ir a várias atividades e eventos culturais que eram realizadas.

O seminário de apresentação sobre a diversidade cultural entre Brasil/ Suriname que foi realizado no auditório da Universidade Anton de Kom, com finalidade da socialização do projeto diálogos de saberes, dando ênfase aos aspectos culturais e educacionais dos grupos quilombolas e indígenas dos referidos estudantes intercambistas. Neste sentido, como já destacado acima as experiências em diversas situações e contextos, possibilitaram a aprendizagem, conhecimentos linguísticos e culturais,

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valorização pessoal e uma visão ampla de diferentes realidades, apesar das várias línguas que tem nas comunidades consegui comunicar e interagir de forma recíproca.

Sinto feliz e missão cumprida por viver essa experiência do intercâmbio durante esses doze meses, por ter a oportunidade de vivenciar esse estranhamento que com certeza foi o amadurecimento na vida profissional, acadêmica e pessoal. Durante esses meses aprendi muito e estou aprendendo, tenho certeza que continuarei aprendendo, apesar dos desafios que foi enfrentado e superado a cada dia, a aprendizagem é um processo contínuo. Ressalto que o projeto Diálogo de Saberes Intercultural foi experiências relevantes na minha formação enquanto profissional da área da educação, acadêmica e especialmente na vida pessoal, foi convivência marcante que ficará na minha memória e compartilhar esse momento único com outras pessoas que visa pensar e agir um novo olhar dessa diversidade de culturas e línguas dos grupos étnicos que lutam para garantir e valorizar os seus saberes no mundo globalizado.

Conheci a realidade de diferentes aldeias indígenas a forma de organização tradicional, as conquistas, os gargalos e lutas que os povos de outro país enfrentam para garantir os seus direitos. E que as lutas são iguais, a luta constante do direito de viver, direito a terra, a educação, a saúde e a uma boa qualidade de vida, diante a esse sistema capitalista que vai adentrando as comunidades indígenas.

Considero que me tornei mais fortalecida diante do novo, de saber lidar com a diferente forma de pensar e agir, melhorou a capacidade de comunicação em inglês e continuo me esforçando, acredito que a aprendizagem é contínua, possibilitou uma reflexão do meu país, da minha comunidade da aldeia, da universidade na qual estudo e melhorei a relacionar com outras pessoas.

Como sugestão para o projeto diálogos de saberes para estreitar e consolidar as interrelações deve ter atividade na universidade de interação entre os estudantes brasileiros e os surinameses, grupo de estudos que viabiliza uma relação mais próxima e amistosa. Que a Universidade possa dar mais apoio nas visitas para as comunidades.

Mostrou-me o valor da diversidade de culturas, de conhecer e interagir com indígenas de diferentes formas e de comunicar-se seja por meio de expressões, de gestos ou de oralidade. Acredito que a comunicação indígena dá-se de diferentes formas, senti- me bem e energizada para enfrentar os desafios da academia e considero que compartilhar experiências é estar aberto ao conhecimento e à aprendizagem de diferentes culturas.

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Ao término do intercâmbio foram produzidos os seguintes materiais como: o vídeo com sistematização das atividades de campo realizadas nas comunidades marrons e indígenas, através de fotos, assim, como atividade realizada na Universidade Anton de Kom, dois artigos sobre: Intercâmbio de Saberes: Relatos de experiência e conhecimento, num contexto de pluralidade de culturas e línguas na Conferência dos Povos Indígenas do Suriname e o outro sobre: Diálogos de Saberes: um relato de experiência intercultural.

Publicação nos Anais do Resumo (trabalho científico): Interculturalidade de Saberes: Relatos de experiência e conhecimento, num contexto de pluralidade de culturas e línguas Anais do Fórum de Educação e Diversidade, Tangará da Serra/Mato Grosso, Brasil, 07-10 Novembro 2017, Núcleo de Atividades Estudos e Pesquisa sobre Educação, Ambiente e Diversidade, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, da estudante-bolsista de Doutorado Eliane Boroponepa Monzilar.

Publicação de matéria no Jornal do Suriname sobre o intercâmbio intercultural Brasil – Suriname, como parte das ações do Projeto Diálogos de Saberes Interculturais Brasil – Suriname.

Um livro de fotos (book livro) sistematizando através de fotos as atividades que foram realizadas no evento e nas comunidades Indígenas e Maroons. Estes foram entrega para o Kapitein da comunidade Kwamalasamutu e para a VIDS (Organização Indígena).

Apresentação da Experiência do Intercâmbio na Universidade Anton de Kom, realizado dia 28 de fevereiro de 2017.

Matéria no Jornal DWT sobre: Experiência e Projeto do Intercâmbio Intercultural. Apresentação e socialização da Experiência do Intercâmbio para os estudantes e professores da Escola de Educação Indígena “Jula Paré”, na Aldeia Umutina, município de Barra do Bugres, Estado de Mato Grosso/ Brasil.

Pretendo no futuro fazer um livro sobre esses relatos de experiências desse intercâmbio.

Seguem algumas fotos das atividades de campo que foram realizadas durante o Intercâmbio nas comunidades maroons e indígenas.

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Fotografia 64: Encontro na Comunidade Powaka -2017

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Fotografia 66: Comunidade Galibi – Xamã e Kapitein

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Fotografia 68: Comunidade Bigiston Mulheres e crianças

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Fotografia 70: Comunidade Kwalasamutu - Roça

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Fotografia 72: Comunidade Alalapadu

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Fotografia 74: Pintura da etnia Tryo sul do Suriname

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Fotografia 77: Conferência dos Povos Indígenas

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Fotografia 81: Acesso a comunidade Maroons – Suriname River

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Fotografia 83: Comunidade Asidonhopo

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Fotografia 86: Evento no Centro Cultural Brasil/Suriname – Autores Surinameses

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Fotografia 88: Reunião de planejamento das atividades do Intercâmbio

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Fotografia 90: Equipe do Suribraz