CAPÍTULO IV – EDUCAÇÃO MORAL E RELIGIOSA CATÓLICA
3. Reflexão sobre a Prática de Ensino Supervisionada e o contributo para o
3.2. Conceção e concetualização da unidade letiva
Iniciei a preparação da lecionação da unidade letiva três, do sétimo ano de escolaridade, “Riqueza e sentido dos afetos”, com uma abordagem à planificação anual, a partir da qual desenvolvi a planificação da unidade. Para tal procedi à calendarização189 das seis aulas, atendendo à dinâmica e às atividades próprias da escola, constantes no Plano Anual de Atividades.
Com a calendarização e a planificação da unidade pretendi associar “num conjunto uma série de objetivos, conteúdos e atividades que o professor tem em mente. Determina o decurso geral de uma série de aulas durante dias, semanas ou mesmo meses e geralmente reflete a compreensão que o professor tem tanto do conteúdo como do processo de ensino”190
. Assim, procedi à seleção dos conteúdos relativos a esta
188 Cf. anexo 1 - relatório a solicitar pedido de plano de tutoria para um aluno. 189
De acordo com Richard Arends a calendarização consiste num mapa cronológico de uma série de atividades de ensino que o professor pretende realizar. Descreve, assim, a diretriz geral das atividades e tudo o que possa vir a ser produzido durante um determinado tempo. Cf. Richard ARENDS,
Aprender a ensinar, Editora McGraw-Hill de Portugal, Lda, Lisboa, 1995, 61.
190
unidade letiva, baseando-me essencialmente no programa191 da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica. Após a análise cuidada do currículo proposto, tive de proceder a algumas adaptações, atendendo às características dos alunos e ainda por querer privilegiar um ensino-aprendizagem com vista ao desenvolvimento da inteligência espiritual. Os conteúdos de aprendizagem foram distribuídos por seis aulas de quarenta e cinco minutos que planifiquei e lecionei.
Para o domínio destes conteúdos e lecionação dos mesmos, foi de suma importância o estudo e o aprofundamento do ponto de vista teórico apresentado nos capítulos anteriores deste relatório. O domínio científico dos conteúdos favoreceu a adoção de estratégias, recursos e metodologias pedagógico-didáticas de fácil aprendizagem por parte dos alunos. Pois que “o desenvolvimento curricular requer a reorientação (contextualização, flexibilidade, dinâmica) dos supostos básicos do currículo (de caráter pedagógico, psicológico, epistemológico e social) em práticas de ensino”192
.
Na planificação da Unidade Letiva 3 “Riqueza e sentido dos afetos” procurei desenvolver um itinerário formativo assente nas metas curriculares193, dado que a partir do final do ano de 2011, o documento Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais deixou de ser o documento orientador do Ensino Básico em Portugal, revogado através do Despacho n.º17169/2011 de 23 de dezembro de 2011.194 Este documento, ainda em vigor, aponta como solução a existência de um currículo que deverá “incidir sobre conteúdos temáticos, destacando o conhecimento essencial e a compreensão da realidade que permita aos alunos tomarem o seu lugar como membros instruídos da sociedade
”
195.
De acordo com este último normativo relativo à organização e gestão curricular do ensino básico que introduziu transformações significativas na conceção do processo ensino - aprendizagem e na sequência das orientações emanadas do Ministério da
191 Cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e
Religiosa Católica, Secretariado Nacional da Educação Cristã, Lisboa, 2007.
192 António RIVILLA, Francisco MATA, (cood) Didáctica General, Pearson Prentice Hall, Madrid, 2005, 373.
193 Por metas curriculares, entendemos a organização dos conteúdos programáticos da disciplina, por forma a evidenciar os conteúdos fundamentais e a sequência e hierarquia dos mesmos ao longo das várias etapas da escolaridade.
194 Cf. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA, Despacho n.º17169/2011 de 23 de dezembro de 2011 in DIÁRIO DA REPÚBLICA, 2ª série – n.º245 – 23 de dezembro de 2011.
195 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA, Despacho n.º17169/2011 de 23 de dezembro de 2011 in DIÁRIO DA REPÚBLICA, 2ª série – n.º245 – 23 de dezembro de 2011.
Educação, houve a necessidade de se fazer uma revisão dos programas de EMRC, enquadrada nos objetivos gerais da reorganização escolar.
No que concerne à disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, a Fundação Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), já fez chegar a todas as escolas e professores o novo programa,196 onde são definidas as metas de aprendizagem.
Na planificação, tive em consideração as metas curriculares propostas para o nível de ensino, facilitando na definição de um conjunto de objetivos programáticos, articulados com os conteúdos. Às metas curriculares e aos objetivos referir-me-ei quando apresentar a planificação.
No centro do processo de ensino-aprendizagem, tive em conta procedimentos que levassem os alunos a compreender a fase do ciclo vital da adolescência não como uma etapa difícil, desagradável, irreverente, marcada por uma certa rebeldia, medo e desconfiança, mas como uma etapa de transições e de opções a ser vivida com confiança. Uma fase assinalada pelo desenvolvimento dos carateres sexuais secundários, pela descoberta da identidade própria, da personalidade única e irrepetível que é capaz de dizer o que sente e o que pensa, de escutar e respeitar e aceitar os outros, de perceber os referenciais da família, de compreender a linguagem do amor, da doação e da aceitação do outro na construção da comunhão, de se autonomizar, de despertar para novas responsabilidades e para assumir valores éticos fundamentais, de se descobrir amado por Deus e capaz de reconhecer o contributo que a dimensão religiosa oferece no desenvolvimento integral da pessoa.
Face à apresentação sumária e ao enquadramento concetual da unidade letiva, procederei de seguida à apresentação detalhada da planificação e lecionação de toda a unidade letiva assim como às justificações metodológicas. Apresentarei também as planificações descritivas e detalhadas das seis aulas, remetendo a planificação esquemática para os anexos.197 Terminarei, fazendo uma reflexão de avaliação do conjunto das aulas, evidenciando o contributo para o enriquecimento das aprendizagens dos alunos e o desenvolvimento da inteligência espiritual e da própria missão docente.
196 SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e
Religiosa Católica, Secretariado Nacional da Educação Cristã, Lisboa, 2014.
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3.3. Planificação e lecionação das aulas no âmbito da Prática de Ensino