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o conceito de turismo de saúde e bem-estar adoptado no presente estudo

PARTE I: TURISMO(S) DE SAÚDE E BEM-ESTAR

2. Turismo de saúde e Bem-esTar, um produTo ainda JoVem

2.1. o conceito de turismo de saúde e bem-estar adoptado no presente estudo

recorde-se, uma vez mais, que no turismo há deslocação e afastamento do turista da sua residência habitual de pelo menos uma noite, dormida em alojamento colectivo ou privado, não exercício de qualquer actividade remunerada no destino; que as motivações que estão na base das deslocações turísticas são variadas e permi- tem definir vários tipos de turismo; que no turismo de saúde a motivação principal é a realização de tratamentos de saúde e não o lazer, o repouso, a descoberta de outros lugares e outras gentes, etc.; e que a esta motivação tradicional de cura se acrescentou a vertente da prevenção e até mesmo aspectos psíquicos associados ao bem-estar, na crença de que o ser humano é uma unidade integral corpo-mente- -espírito, no presente como no passado distante (J. Fernandes, 2006).

estas últimas motivações dilatam o âmbito do turismo de saúde e bem-estar e o seu mercado potencial: no futuro, poderá vir a ser um dos mais importantes segmentos turísticos; a curto-médio prazo tende a apresentar taxas de crescimento mais rápidas do que muitos outros, responde a procuras de descanso, libertação do stress, tranquilidade, beleza, emagrecimento, e abre-se a actividades recreativas e culturais, numa grande flexibilidade de práticas; é uma procura adulta-jovem, instruída, com rendimentos médios e superiores e predominantemente feminina, mas forte crescimento da procura masculina; procura para aprendizagem e manu- tenção de uma vida saudável e equilibrada e prevenção de determinadas doenças, não menos de um corpo jovem, belo e perfeito, de um espírito de equilíbrio, segu- rança, confiança, em detrimento da procura para cura ou atenuação dos efeitos de certas patologias; em qualquer caso, cuidados sempre acompanhados por equipas

profissionais das muitas especialidades, onde não falta o nutricionista, o esteticista e o psicólogo.

o turismo de saúde implica necessariamente:

• Viagem, estada, usufruto de equipamentos e de alojamentos; • presença no destino por mais de 24 horas e menos de um ano;

• Tratamentos com objectivos curativos, tratamentos de reabilitação e trata- mentos preventivos e de promoção da saúde e do bem-estar.

assim, neste estudo, definimos o turismo de saúde e bem-estar a partir de três princípios básicos:

• recurso a terapias utilizando águas minero-naturais e água do mar, nos lugares onde existem, sem transportes e recomposições, com os seus ambientes naturais e as suas condições climáticas, rurais, de montanha ou marítimas;

• acompanhamento médico;

• Combinação com férias, mudança de ambiente, repouso, encontro, acti- vidades de lazer e entretenimento, num quadro agradável, próprios do turismo.

note-se que o conceito de turismo de saúde e bem-estar é um conceito algo recente, dos inícios dos anos 80, apesar da componente de saúde ser antiga no turismo, e bem mais amplo do que o conceito de termalismo. quando aplicado às termas, diz respeito à estância termal no seu todo, aos equipamentos balneários, «buvettes», unidades de alojamento e actividades de lazer, ou seja, todas as activi- dades desenvolvidas pelos aquistas nos espaços termais, sejam de lazer ou de terapia balnear.

para adília ramos (2005, p. 13), «o termalismo inclui o conjunto de todos os meios medicinais, sociais, sanitários, administrativos e de acolhimento, devida- mente estruturados, com vista à utilização para fins terapêuticos das águas minerais, do gás natural e de lamas (...), água termal com virtudes curativas reconhecidas, através dos seus efeitos químicos, térmicos e mecânicos, pela classe médica».

o turismo de saúde e bem-estar abrange todavia ofertas não termais, menos rígidas e mais curtas, com programas e tratamentos do corpo e da mente promotores de estilos de vida mais saudáveis, e associados a lazeres, a que as estâncias termais não devem ficar indiferentes, refugiando-se no purismo das suas terapias curativas, com os seus programas e tratamentos sujeitos ao acompanhamento médico. distin- guem-se aliás habitualmente diferentes medicinas de água: a crenoterapia, identi- ficada com o termalismo, e que consiste no emprego externo ou interno das águas minerais provenientes das fontes termais, em função das suas propriedades tera- pêuticas; a hidroterapia, com emprego externo de qualquer tipo de água doce, pelas suas qualidades físicas, temperatura e força balística; e a talassoterapia, que utiliza os benefícios da água do mar.

neste quadro, a balneoterapia corresponde à utilização da água, não neces- sariamente termal, mineral ou do mar, para fins terapêuticos. nela distinguem-se a balneoterapia medicinal, aplicada exclusivamente em estruturas específicas de cuida-

dos, como hospitais, clínicas, gabinetes médicos; e a cinesoterapia, que decorre nos estabelecimentos termais e com água termal. paralelamente, a balneoterapia não medicinal é praticada em instalações muito variadas, e indicada para relaxamento e bem-estar. «a balneoterapia quer em meio termal, quer em institutos de talasso- terapia, pode apresentar-se sob diferentes práticas ou modalidades: percurso aquá- tico de carácter lúdico, hidroginástica, fitness, sauna, hammam, banhos quentes» (adília ramos, 2005, p. 14). a mesma autora distingue três domínios: o domínio terapêutico e medicinal, que compreende a reeducação funcional, o termalismo e a balneoterapia; o domínio de prevenção e bem-estar, com talassoterapia e balneo- forma, no sentido de remise en forme, tanto com utilização de água corrente como de outras águas; e por último, o domínio do lazer (idem, p. 15).

nos últimos anos o termalismo reduz-se cada vez menos à vertente puramente medicinal e curativa, e associa outras vertentes, preventiva, lúdica, de bem-estar, sempre na base da água termal e dos seus potenciais efeitos, capazes de captar outras clientelas. o termoludismo traduz a utilização da água termal com fins lúdicos e recreativos, enquanto o talaludismo se refere a práticas semelhantes com água do mar e meio marinho. neste quadro, importa proceder à revitalização e reestru- turação das estâncias termais, diversificando as suas estruturas e as actividades que possibilitam, tornando-as agradáveis e atractivas para novos tipos de clientes, activos, adultos e adultos-jovens, com capacidade financeira, mobilidade, conhe- cimentos e exigências, profissões e modos de vida terciários e urbanos, clientes em busca de equilíbrios físicos e mentais, de actividades recreativas, lúdicas, de bem-estar, de prazer, de sociabilidades... para adília ramos (2005, p. 308), estas deverão «evoluir duma visão negativa (a doença) e curativa (os tratamentos) a uma visão positiva: estar em forma, sentir-se bem e conservar a saúde». em suma, deverão passar de estâncias termais a centros de saúde e bem-estar, relaxamento, distracção, entretenimento e lazer, a estâncias turísticas atractivas.

alguns autores opõem no campo das motivações, turismo medicinal, termas, talassoterapia e spa, em que se cruzam as vertentes curativa e preventiva do turismo de saúde e estas se combinam com lazer, diversão, relaxamento e bem-estar: no turismo medicinal pesam os tratamentos médicos; nos spas, os tratamentos dedi- cados ao bem-estar, do corpo e da mente, com ou sem recurso a água e com água de diversa natureza, e com ou sem acompanhamento médico, alguns apenas de estética e beleza, quando não de prazer: massagens, vapores, tratamentos de relaxamento, estética e beleza, meios adjuvantes como aromas, óleos, sais, algas, lamas, e equipamentos como hammam, saunas, jacuzzis, salas de relaxamento. o conceito anglo-saxónico de spa envolve, com efeito, uma nova arte de viver que alia harmonia, bem-estar, cuidados do corpo, repouso, relaxamento, e responde a procuras regulares, mesmo quotidianas, acessíveis e de proximidade.

no universo dos spas (international spas association), um universo muito alargado mas que na origem correspondia a lugares de tratamentos de saúde com recurso a águas termais (spa da Bélgica), distinguem-se:

• resort/hotel spa (ásia; associam-se experiências de spa e de férias); • destination spa (programas inclusivos desde exercícios de emagrecimento,

• day spa (américa do norte: eua e Canadá, com ritmos de expansão muito fortes na viragem do século, e grande expressão da componente dos salões de beleza; dispensam o recurso a alojamento no local de funcionamento, o de residência ou de vizinhança, acessível por pendulação diária);

• medical spa ou medi-spas (combinam-se cuidados médicos com terapias de spa);

• outros: mineral springs spa, cruise ship spa, fitness/club spa e eco-spa.