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Turismo de saúde e bem-estar em estudos recentes

PARTE I: TURISMO(S) DE SAÚDE E BEM-ESTAR

2. Turismo de saúde e Bem-esTar, um produTo ainda JoVem

2.2. Turismo de saúde e bem-estar em estudos recentes

para a saer (2005), o turismo de saúde corresponde ao conjunto de deslo- cações a todo o tipo de locais/infra-estruturas orientados para o bem-estar físico e emocional e que fornecem serviços de relaxamento e reabilitação, através de um espectro de cuidados que integram a medicina com tratamentos complementares anti-stress, relaxamento e beleza, num enquadramento de grande conforto e de um excelente acolhimento; muitas vezes esses serviços/produtos baseiam-se na utili- zação da água com fins terapêuticos (águas com qualidade minero-naturais) ou com objectivos anti-stress e de melhoria da estética somática.

neste estudo é recordada com oportunidade a latitude do conceito na pers- pectiva do english Tourism Council: o turismo de saúde compreende os produtos e serviços que permitem aos seus consumidores melhorar ou manter a sua saúde através de uma combinação de actividades de lazer, recreativas e educacionais num local longe das perturbações do trabalho e da casa. é recordado também como o conceito de spa, inicialmente associado às águas minero-naturais (salut per aqua) tem sido alargado nos últimos anos a todo o tipo de local, infra-estrutura, produto, tratamento ou solução relacionada, mesmo vagamente, com a saúde física, mental ou espiritual.

licínio Cunha (2003, p. 23), no que concerne a tipos de turismo (motivações e intenções) destaca o turismo de repouso: deslocação de viajantes originada pelo facto de pretenderem obter um relaxamento físico e mental, um benefício para a saúde, ou de recuperarem fisicamente dos desgastes provocados pelo stress ou pelos desequilíbrios psicofisiológicos provocados pela agitação da vida moderna, ou pela intensidade do trabalho. ressalta então: recuperação física e mental, locais calmos, contacto com a natureza, as estâncias termais ou os locais onde tenham acesso à prestação de cuidados físicos, como as modernas health farms ou beauty farms, a procura por parte das populações dos grandes centros urbanos, e a valo- rização da animação, dos desportos e da recreação.

na sugestão de produtos turísticos para portugal (idem, p. 159 e seguintes), refere o turismo de saúde entre 9 produtos (sol e mar, golfe, cinegético, desportivo, turismo em espaço rural, turismo de negócios, turismo religioso e turismo cultural: produtos vistos como respostas para satisfação de necessidades de consumo dos turistas, tendo em conta os recursos disponíveis), e considera-o estratégico, em espe- cial a sua componente termal. Como produto turístico entende-se a combinação de elementos diversos, pacote de serviços: alojamento, restauração, transporte, lazeres, animação, objectos culturais, como património, folclore, sítios, paisagens e elemen- tos não palpáveis, como hospitalidade, ambiência, imagens sedutoras.

para este autor, o conceito de turismo de saúde tem registado alterações signi- ficativas, acompanhando a própria evolução do conceito de saúde, menos depen- dente de ausência de doença. abrange assim, não apenas aspectos terapêuticos ou curativos mas também actividades físicas ou desportivas e outras complementares que favorecem o bem-estar.

nesta perspectiva teríamos, por um lado, um turismo de saúde tradicional- mente ligado apenas aos factores terapêuticos: equipamentos sanitários utilizando os recursos naturais, climáticos ou hidrológicos, e prestação de cuidados de saúde a doentes (recursos naturais, fins curativos); e por outro lado, um turismo de saúde abrangendo actualmente uma ampla gama de situações no sentido de melhorar os estados de saúde, prevenir os diferentes factores de risco e recuperar os estados de debilitação provocados pela doença, muito embora os recursos naturais se mante- nham como essenciais.

Como definição de Turismo de saúde licínio Cunha propõe: «conjunto de produtos, que tendo a saúde como motivação principal e os recursos naturais como suporte, tem por fim proporcionar a melhoria de um estado psicológico ou físico fora da residência habitual». o turismo de saúde integra então três dimen- sões: a terapêutica ou curativa; a preventiva; e a de recuperação ou reabilitação. são assim incluídos no turismo de saúde os cuidados físicos ou psicológicos para eliminar o stress, a fadiga, recuperar a forma física por meio de hidroterapia, cinesiterapia, desporto, dietética e higiene na forma de viver, no quadro do cres- cente interesse pelo bem-estar físico e psicoló-gico e afirmação social/moda; e são excluídos do turismo de saúde os produtos de saúde como emagrecimento, tratamentos de beleza, desintoxicação, sem relação directa e independentes da localização dos recursos naturais e não motivando deslocações turísticas, mesmo se integrados nos equipamentos turísticos (health centers).

Figura 1 – Modelo para a qualificação de férias de saúde e de bem-estar

Repouso/Estabelecimento

Turismo de repouso

Prevenção e o sentir-se bem

Turismo de bem-estar

Cura/Doença

Turismo de cura/reabilitação

Fazer caminhadas, jogging, andar

de bicicleta, nadar, golfe e ténis Boa forma física Ginástica acrobática/aeróbica

sol/água/ar Beleza massagens/Cuidados com a pele

sociabilidade alma/espírito/descontracção

Treinos de autogéneo */Banhos de água salgada/lama/Vapor/ Tratamentos de ayurveda/Yoga Tradição/Cultura mente/espírito educação ao nível da saúde

Cozinha tradicional dieta alimentação cuidada

natureza/paisagem Forte relação com ambiente educação ambiental * que existe por decisão própria/individual.

FonTe: adília ramos (2005): adaptação a partir de nahrstedt (1999, p. 374).

o turismo de saúde integra, por sua vez, diversas modalidades:

• Termalismo, do esplendor aristocrático à decadência popular e relança- mento e renovação das estâncias (limites da quimioterapia no caso de doenças crónicas, melhor aproveitamento dos recursos naturais e maior procura termal), podendo integrar a remise en forme;

• Talassoterapia, semelhante às termas mas na base de factores de tratamento marítimos (aplicação para fins terapêuticos das propriedades da água do mar, algas, lamas e areias marinhas e do clima marítimo);

• Climatismo, que mobiliza as propriedades curativas do clima e da quali- dade do ar ambiente e que conhece um novo impulso com a valorização da natureza, recuperação da forma, física e psicológica (remise en forme, fitness);

• Turismo médico, para a realização de tratamentos e a prestação de cuida- dos médicos em locais distantes dos de residência habitual, mesmo em lugares localizados noutros países (turismo internacional de saúde, ou seja, turismo internacional tendo a saúde como motivação central da viagem).