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CARGA ÚTIL

C) Modelagem de Processo e Informações

3.1 Conceitos Básicos

3.1.1 Níveis de Pesquisa

A ciência visa explicar e representar a realidade. Para tanto descreve os fenômenos da realidade, classifica-os e explica-os. Gil (1994); Acevedo e Nohara (2004) classificam as pesquisas cientificas em três níveis: exploratórias, descritivas e explicativas.

Pesquisa exploratória. Objetiva proporcionar maior compreensão do fenômeno que está sendo investigado, permitindo assim que o pesquisador delineie de forma mais precisa o problema. Geralmente, a pesquisa exploratória é a primeira etapa de uma investigação maior que também abrangerá outros níveis de pesquisas. Uma investigação que se utiliza apenas de pesquisa exploratória não formula hipóteses, pois é ao final da pesquisa exploratória que estas são geradas. A pesquisa exploratória não tem o objetivo de verificar hipóteses. É após a etapa de exploração que as hipóteses são clarificadas e poderão ser testadas utilizando métodos positivistas. (ACEVEDO; NOHARA, 2004). O objetivo da pesquisa exploratória é familiarizar-se com o fenômeno ou conseguir nova compreensão deste, freqüentemente para poder formular um problema mais preciso de pesquisa ou criar novas hipóteses. Para Festinger e Katz (1966), os estudos exploratórios são uma subdivisão da pesquisa experimental, e procuram descobrir variáveis significativas na situação real. Na maioria dos casos a pesquisa exploratória assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso (Gil, 2002).

Pesquisa descritiva. Visa descrever o fenômeno estudado ou as características de um grupo, bem como compreender as relações entre os conceitos envolvidos no fenômeno em questão. Mas cabe ressaltar que a pesquisa descritiva não objetiva explicar o fenômeno investigado. No entanto, os conhecimentos produzidos por ela são essenciais para a pesquisa explicativa. Por isso, pode-se dizer que antecede ou dá suporte à pesquisa explicativa (ACEVEDO; NOHARA, 2004). Para Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa descritiva descreve um fenômeno ou situação, mediante um estudo realizado em determinado espaço-tempo. Gil (2002) afirma que em uma pesquisa descritiva busca-se a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de possíveis relações entre variáveis, incluindo as pesquisas que têm por objetivo levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população.

Pesquisa explicativa. Objetiva explicar por que um fenômeno ocorre, quais os fatores que causam ou contribuem para sua ocorrência, ou qual é a possível explicação para a relação entre dois ou mais fatores (ACEVEDO; NOHARA, 2004).

Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso ela se aproxima da pesquisa explicativa. Por outro lado, há pesquisas que, embora definidas como descritivas a partir de seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias (Gil, 2002).

Acevedo e Nohara (2004) definem delineamento de pesquisa como a forma com que os dados serão coletados e controlados no processo de investigação. Segundo as autoras, existem dois tipos de delineamentos: os que utilizam dados secundários e os que utilizam dados primários.

• Delineamentos com dados secundários. São aqueles que se valem de pesquisas bibliográficas ( livros e artigos científicos), documentais e estatísticas.

• Delineamentos com dados primários. Referem-se à pesquisa baseada em levantamentos, as pesquisas experimentais, as pesquisas ex post facto e os estudos de casos.

o Levantamentos. Caracterizam-se pela coleta das informações entre um grande número de pessoas e pela análise quantitativa dos dados. Neste tipo de pesquisa, geralmente, trabalha-se com amostras grandes para gerar grande quantidade de dados. Por outro lado, esse tipo de pesquisa caracteriza-se pela pouca profundidade no estudo do fenômeno investigado. Os levantamentos são muito valiosos e por isso utilizados tanto nas pesquisas descritivas como nas explicativas (GIL, 1994). o Pesquisa experimental. É utilizada somente no nível explicativo. Ela visa

explicar as relações de causa e efeito entre os conceitos envolvidos no fenômeno ou entre os fenômenos. Para isso o pesquisador necessita manipular e controlar as variáveis independentes (aquelas que não são afetadas pela presença ou podem influenciar outras variáveis presentes no contexto em análise) e verificar o que aconteceu com a variável dependente (aquela que se está tentando explicar). O controle é a atividade característica do método experimental. Por meio dele, o pesquisador visa eliminar o efeito de outras variáveis estranhas ao experimento (ditas variáveis incontroláveis) sobre a variável dependente.

o Pesquisa ex post facto. Assemelha-se à experimental, visto que compara uma situação experimental como uma situação de controle. A diferença está em que a situação experimental ocorre espontaneamente, sem a manipulação ou controle pelo pesquisador.

o Estudo de caso. Caracteriza-se pela análise em profundidade de um objeto ou grupo de objetos, que podem ser indivíduos ou organizações. O pressuposto desse estudo é que, ao se conhecer muito bem como ocorre o fenômeno em um ou poucos indivíduos, empresas ou situações, podem-se levantar hipóteses sobre como o fenômeno ocorre em geral. O estudo de caso é bastante apropriado em pesquisas exploratórias e não apropriado para estudos explicativos, já que não se podem generalizar os resultados encontrados nesse estudo (GIL, 2002).

3.1.3 Categorias de Pesquisa

A pesquisa científica pode ser classificadas em duas grandes categorias: pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa.

A pesquisa qualitativa não procura enumerar ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesse amplos, que vão se definindo à medida que o estudo prossegue. Envolve a obtenção de dados

com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação estudada (GODOY, 1995). Entrevistas e observações são as fontes mais comuns de dados, sendo que a validade e confiabilidade desses dados dependem muito da habilidade metodológica, sensibilidade e integridade do pesquisador (STRAUSS; CORBIN, 1990). No caso de pesquisas exploratórias, a abordagem qualitativa parece ser mais adequada que a quantitativa. Métodos qualitativos permitem o estudo de determinadas questões em profundidade e detalhe, focalizando mais a compreensão dos fatos do que a sua mensuração. A pesquisa qualitativa refere-se a qualquer tipo de pesquisa cujos resultados não foram obtidos através de procedimentos estatísticos ou outros meios de quantificação. Alguns dados podem ser quantificados, porém a análise propriamente dita é qualitativa (STRAUSS; CORBIN, 1990).

Na pesquisa quantitativa, aplicada a amostras mais extensas, o pesquisador conduz seu trabalho a partir de um plano estabelecido a priori, com hipóteses claramente especificadas e variáveis operacionalmente definidas. Ele se preocupa com a medição objetiva e a quantificação dos resultados. Busca a precisão, por meio da eliminação da interferência do pesquisador como no caso da pesquisa qualitativa, evitando distorções na análise e interpretação dos dados (GODOY, 1995).

3.1.4 Métodos de Coleta de Dados

Existem basicamente dois meios de coletar dados primários: a comunicação e a observação (ACEVEDO; NOHARA, 2004). As observações podem ser estruturadas e não estruturadas. Nas estruturadas, os comportamentos a serem observados, bem como a forma de registro são preestabelecidos. Observações estruturadas são geralmente usadas quando o pesquisador trabalha com um quadro teórico a priori que lhe permite propor questões mais precisas, bem como identificar categorias de observação relevantes para respondê-las. Porém o tipo de observação característico dos estudos qualitativos é a não estruturada, na qual os comportamentos podem ser observados e relatados na forma como ocorrem, visando descrever e compreender o que está ocorrendo numa dada situação. Esta é a forma, por excelência, da observação participante, uma das técnicas mais utilizadas pelos pesquisadores que usam métodos qualitativos. Nela o observador de torna parte da situação observada, interagindo por longos períodos com os sujeitos, buscando partilhar o seu cotidiano para sentir o significa estar naquela situação (ALVES-MAZZOTI; GEWANDSZNAJDER, 2002).

O método da comunicação apresenta duas técnicas de coleta de dados: a entrevista e o questionário (ACEVEDO; NOHARA, 2004). Ambos podem ser estruturados ou semi- estruturados.

Por sua natureza interativa, a entrevista permite tratar de temas complexos que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente através de questionários. A entrevista pode ser a principal técnica de coleta ou pode, ser parte integrante da observação participante. De um modo geral, as entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas, sem um fraseamento e uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se muito a uma conversa. Tipicamente o investigador está interessado em compreender o significado atribuído pelos sujeitos a eventos, situações, processos ou personagens que fazem parte de sua vida cotidiana (ALVES-MAZZOTI; GEWANDSZNAJDER, 2002).

Nas entrevistas não estruturadas o entrevistador introduz o tema da pesquisa, solicitando ao sujeito falar um pouco sobre o mesmo, eventualmente inserindo alguns tópicos de interesse no fluxo da conversa. Este tipo de entrevista é geralmente usado no início da coleta de dados,

quando o entrevistador tem pouca clareza sobre aspectos mais específicos a serem focalizados, e é freqüentemente complementado, no decorrer da pesquisa, por entrevistas semi-estruturadas. Nestas, também chamadas focalizadas, o entrevistador faz perguntas especificas, mas também deixa que o entrevistado responda em seus próprios termos. É também possível optar por um tipo misto, com algumas partes mais estruturadas e outras menos (ALVES-MAZZOTI; GEWANDSZNAJDER, 2002).

No questionário não existe a presença do entrevistador. As questões são pré-elaboradas de forma estruturada e o formulário é entregue ao entrevistador para se respondido por escrito. Os questionários normalmente são aplicados em pesquisas descritivas e explicativas (ACEVEDO; NOHARA, 2004).

3.1.5 Um Modelo para Aplicação de Estudo de Caso

Gordon (2001) tem utilizado um modelo para aplicar sistemicamente o método de estudo de caso. Uma adaptação do modelo de Gordon é demonstrada na figura 3.1. Este modelo pode servir aos propósitos de uma pesquisa que pretende estudar o contexto de um fenômeno.

Figura 3.1 – Modelo para o estudo de caso

Fonte: Rodrigues, Leonel Cezar, adaptado de GORDON, J.R. A Diagnostic Approach to Organizational Behavior, Boston: Allyn & Bacon, 2001, p.7.

O desenho do método é constituído por dois eixos básicos: o contextual e o processual. No eixo contextual, estabelece-se as fases que permitem ao pesquisador modelar a coleta, a análise e a interpretação dos dados, chegando às conclusões possíveis, incluindo-se aí, as propostas para a solução do caso. No eixo do processual estão contidos os processos de análise mais detalhada dos fatores, suas origens históricas, suas localizações contextuais (pessoas, grupos, estruturas) e suas implicações para a atual situação em estudo.

DESCRIÇÃO