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Estágio 3: Aceleração do crescimento.

2.2.5 Conectividade das Empresas Instaladas no Brasil

Barrizzelli e Santos (2005) relatam pesquisa realizada pelos autores do livro Lucratividade pela Inovação sobre o estágio de conectividade entre as maiores empresas instaladas no país. A pesquisa abrangeu grandes empresas dos setores de agronegócio, têxtil, saúde, automobilístico, eletroeletrônico, financeiro, telecomunicações, energia elétrica e logística. De um universo de 13.614 empresas foram recebidas 668 respostas válidas. Dentre uma série de dados interessantes apresentados na pesquisa são destacados alguns.

A tabela 2.1 demonstra a importância relativa atribuída aos respondentes da pesquisa com relação aos fatores determinantes das iniciativas de conexão computador a computador entre empresas. Os fatores estão em ordem descrente de importância.

Tabela 2.1 - Fatores determinantes das iniciativas de conexão Classificação Fator Determinante

1 Imperativo da redução de custos (associado a mercados competitivos).

2 Pressão por flexibilidade (menor tempo de resposta, expectativa de personalização da oferta e diversidade de mercados).

3 Grandes mudanças na forma de fazer negócios (revisão de focos da empresa e atuação em redes).

4 Mobilidade (acesso a dados e pessoas em qualquer lugar a qualquer hora). 5 Continua redução de margens (aumento e diversificação da concorrência). 6 Valorização dos talentos (competências pessoais) e do conhecimento (negócio

e mercado).

7 Demanda por crescimento acelerado (inovação sistêmica). 8 Aumento da capacidade de transmissão de dados via Web.

9 Pressões governamentais, ambientais, sociais e regulatórias (tanto internas como em outros países).

10 Convergência das comunicações e mídias.

11 Incerteza maior devido à globalização e diferenças interculturais (tanto do mercado interno como aquelas relativas ao mercado externo).

Fonte: Adaptado de BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. A economia brasileira sob a ótica da conetividade. In: BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. (Coord.) Lucratividade pela inovação: como eliminar ineficiências nos seus negócios e na cadeia de valor. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.1-19, p.9.

As tabelas 2.2 e 2.3 resumem as evidências encontradas com relação à existência e o nível da conectividade computador-a-computador compartilhando e integrando dados de

interesse comum das empresas. A análise é feita analisando as conectividades com fornecedores e prestadores de serviços e também com os clientes.

Tabela 2.2 - Resumo do estágio de conectividade das empresas Descrição Fornecedores e Prestadores

de serviços Clientes Existe conectividade 74 % 68 % Inexiste conectividade 26 % 32 % Base 668 668

Fonte: Adaptado de BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. A economia brasileira sob a ótica da conetividade. In: BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. (Coord.) Lucratividade pela inovação: como eliminar ineficiências nos seus negócios e na cadeia de valor. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.1-19, p.13.

A tabela 2.3 se refere aos respondentes que declararam ter algum nível de conectividade.

Tabela 2.3 - Distribuição do nível de conectividade

Descrição Fornecedores e Prestadores de serviços Clientes Avançada (acima de 61%) 38,5 % 45,1 % Moderada (entre 31% e 60%) 28,5 % 23,5 % Baixa (30% e inferior) 33,0 % 31,4 % Base 491 452

Fonte: Adaptado de BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. A economia brasileira sob a ótica da conetividade. In: BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. (Coord.) Lucratividade pela inovação: como eliminar ineficiências nos seus negócios e na cadeia de valor. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.1-19, p.13.

A tabela 2.4 demonstra os principais obstáculos apontados pelos respondentes para a adoção de conectividade computador a computador entre a empresa e seus fornecedores e prestadores de serviços. Os fatores estão em ordem descrente de número de menções.

Tabela 2.4 - Obstáculos ao aumento da conectividade Classificação Obstáculos

1 Cultura organizacional.

2 Incompatibilidade de sistemas e aspectos técnicos. 3 Problemas de segurança.

4 Fornecedores não possuem condições mínimas para conexão. 5 Falta de conhecimento dos benefícios.

6 Recursos financeiros. 7 Custo das comunicações. 8 Recursos humanos.

9 Disponibilidade da banda larga para conexão.

10 Qualidade e estabilidade no fornecimento de energia elétrica.

Fonte: Adaptado de BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. A economia brasileira sob a ótica da conetividade. In: BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. (Coord.) Lucratividade pela inovação: como eliminar ineficiências nos seus negócios e na cadeia de valor. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.1-19, p.15.

Com relação aos benefícios percebidos pelos respondentes na adoção das conectividades interna e externa as menções mais freqüentes, superiores a 60%, referem-se a aumentos de produtividade; melhora no nível de integração com o sistema financeiro; redução de erros e retrabalhos e melhora no nível de atendimento.

No patamar entre 50% e 59% estão reduções no tempo médio de fechamento de negócios com os clientes; do tempo decorrido entre o pedido e a entrega ao cliente; nos custos de transações financeiras; do tempo médio de entrega ao cliente e aumento da conformidade às especificações do cliente.

Na faixa de 40% a 49% de menções estão aspectos relacionados a aumento de receita com clientes atuais; diminuição dos custos de aquisição dos pedidos; aumento da receita com clientes novos; aumento da receita com novos produtos; aumento da receita decorrente do fornecimento de produtos e serviços com maior grau de personalização; aumento do nível de descentralização das decisões.

Na faixa de menções inferiores a 39% está um grupo de temas relacionados a gestão de estoques de matérias-primas, produtos em processo e acabados; redução de faltas de estoque para os clientes e a possibilidade de terceirização.

Na pesquisa relatada por Barrizzelli e Santos (2005) além do levantamento de dados quantitativos foram também realizadas entrevistas com profissionais de empresas pré- selecionadas de cada um dos setores da economia.

Segundo Di Serio e Santos (2005) o programa Quick Response surgiu no setor têxtil dos Estados Unidos como forma de melhorar a performance da cadeia de suprimentos. Grande parte do sucesso do programa se baseia no compartilhamento de informações, colhidas nos pontos de venda, ao longo de toda a cadeia. É interessante analisar a pesquisa realizada por Rodrigues (2005) no setor têxtil brasileiro para verificação dos progressos em termos de conectividade das empresas instaladas no Brasil.

Rodrigues (2005) verifica que ainda é extremamente baixo o nível de conectividade com fornecedores e prestadores de serviço no setor têxtil brasileiro. Cerca de 10% dos

respondentes declaram não ter nenhuma conectividade. Porém 70% declaram ter baixa conectividade com nível igual ou inferior a 30%. Segundo os executivos do setor apenas algumas grandes empresas, entre elas cooperativas de fornecedores e grandes redes de atacadistas, estão conectadas. A adesão destas empresas se deve a sua percepção do retorno possível, porém Rodrigues (2005) observa que suas conexões ainda são emergentes e servem apenas para a reposição de sistemas tipo KanBan ou Just-In-Time.

Rodrigues (2005) afirma que o principal problema para o alcance da conectividade parece estar na falta de infra-estrutura existente nas empresas da cadeia. Três fatores institucionais são determinantes: falta de padrões, custo das comunicações e disponibilidade de infra-estrutura. Dentro do fator infra-estrutura representam problemas a disponibilidade de recursos humanos qualificados, a disponibilidade de banda larga e a segurança da informação. O avanço das tecnologia, a redução de seu custo e o aumento da sua disponibilidade podem minimizar todos estes problemas.

A pesquisa de Rodrigues (2005) aponta uma conectividade com os clientes um pouco mais desenvolvida, porém longe de patamares que seriam desejáveis. Cerca de 60% das empresas situam-se no patamar não superior a 50% de conectividade.

Para o setor têxtil brasileiro existem seis fatores determinantes da conectividade. A tabela a seguir indica, por ordem de citação, os fatores críticos mais importantes.

Tabela 2.5 - Fatores críticos de conectividade Classificação Fatores

1 Conhecimento da tecnologia disponível. 2 Condições técnicas das empresas envolvidas. 3 Segurança.

4 Cultura organizacional favorável. 5 Recursos financeiros. 6 Disponibilidade de banda larga.

Fonte: Adaptado de RODRIGUES, L.C. Tecendo uma nova rede de integração. In: BARRIZZELLI, N.; SANTOS, R.C. (Coord.) Lucratividade pela inovação: como eliminar ineficiências nos seus negócios e na cadeia de valor. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.63-103, p.93.