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3.2 Redes de Parcerias Colaborativas

3.2.2 Conceitos Básicos sobre a Análise de Redes Sociais

Existem importantes conceitos-chave na análise de redes e eles são fundamentais para a discussão de redes sociais. Esses conceitos são: atores, vínculo de relações, pares, trios, subgrupos, grupos, relações e rede (WASSERMAN; FAUST, 1994). A seguir são descritos cada um desses conceitos para que haja um entendimento na análise de estrutura de redes.

A análise de redes sociais está concentrada em entender os laços relacionais entre entidades e as implicações dessas ligações. As entidades sociais são denominadas “atores” e podem ser caracterizadas como indivíduos, corporações ou unidades sociais coletivas (WASSERMAN; FAUST, 1994). Como exemplos de atores, destacam-se: pessoas em grupo, departamentos em uma corporação, agências de serviços públicos em uma cidade ou Estados de uma nação.

Os laços vinculam os atores a partir de uma relação estabelecida. Wasserman e Faust (1994) citam alguns exemplos de vínculos empregados em análise de redes:

• Avaliação de uma pessoa por outra (por exemplo: amizade, relacionamento direto ou respeito).

• Transferência de recursos materiais (por exemplo: transações de negócios, emprestar ou tomar emprestado recursos).

• Associações ou afiliações (por exemplo: eventos sociais ou fazer parte de uma mesma entidade social).

• Interação comportamental.

• Movimentos entre lugares (migrações e mobilidade física ou social).

• Conexões físicas por meio de rodovias, rios ou pontes conectando dois pontos. • Relacionamento biológico (parentesco ou descendência).

Wasserman e Faust (1994) definem as unidades básicas de análise de uma rede e o mais básico nível de relacionamento são as díades (pares) que representam o relacionamento entre dois atores da rede. A análise de pares foca nas propriedades desse tipo de relacionamento, se o relacionamento é recíproco ou não, se tipos específicos de múltiplos

relacionamentos ocorrem a partir desses pares. Ao relacionamento de três atores dá-se o nome de tríades (trios), os quais ocorrem da mesma forma que os pares, entretanto o relacionamento de reciprocidade ou não é analisado entre três atores de uma rede (WASSERMAN; FAUST, 1994). A análise subseqüente se dá por meio dos subgrupos em que os pares são as associações de dois atores e os trios são associações de três atores. Os subgrupos são uma formação básica de pares e trios que se formam através destes. A análise dos subgrupos é feita com base na importância do mesmo para a rede (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Os grupos são uma coleção de pares, trios e subgrupos. Em uma análise mais extensa, os grupos são analisados em relação ao poder de transmissão de informações entre os atores da rede. A delimitação dos grupos está na forma de medição do relacionamento e existem cálculos matemáticos que suportam esse tipo de análise (WASSERMAN; FAUST, 1994). Os relacionamentos na rede são uma coleção de vínculos. Para um dado grupo, podem-se medir diferentes tipos de relacionamento. Por fim, as redes sociais são uma coleção de pares, trios, relacionamentos de subgrupos e grupos que definem as características de colaboração entre todos os atores (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Para Wasserman e Faust (1994), existem vários tipos de redes sociais que podem ser estudadas e podem ser caracterizadas pela natureza do conjunto de atores e das propriedades dos vínculos entre eles. O modo de uma rede, assim como o número de conjuntos de entidades, possui diferenças estruturais e pode ser medida (WASSERMAN; FAUST, 1994). Segundo Wasserman e Faust (1994), as redes sociais representam um mundo em movimento, no qual os atores sociais se conectam temporariamente para juntos compartilharem recursos e obterem benefícios mútuos. Redes sociais referem-se a um conjunto de pessoas, organizações ou outras entidades sociais conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela amizade, por relações de trabalho, compartilhamento de informações e relações de confiança mútua, por meio de ligações que vão construindo e reconstruindo a estrutura social.

No ambiente de redes, o compartilhamento da informação e de conhecimento é constante e a disposição de compartilhar a informação entre os atores de uma rede, asseguram ganhos, havendo segurança e redução de incertezas, promovendo o crescimento mútuo (GRANOVETTER, 1983).

Para entendimento dos mecanismos de funcionamento de uma rede social, Wasserman e Faust (1994) definem os elementos que as caracterizam e que são apresentados a seguir:

• Centralidade da rede: um indivíduo ou ator é central em uma rede quando pode comunicar-se diretamente ou está próximo de outros. Ainda, quando há muitos atores que se utilizam de sua centralidade como intermediário para suas comunicações.

• Centralidade de informação: é a medida de centralidade que emprega a teoria de aproximação estatística (statistical estimation). Baseada no conceito de informação usa uma combinação que analisa todos os caminhos entre os atores. Para cada percurso analisado, considera-se a informação contida no caminho correspondente. • Centralidade de grau: é o recurso que identifica o número de laços diretos que um

ator mantém na rede, medindo o nível de comunicação de um ator. Quando um ator recebe muitas informações de forma direcionada a ele, diz-se que ele é proeminente ou possui prestígio na rede. Dessa forma, outros atores buscam compartilhar informações com o proeminente.

• Centralidade de intermediação: considera um ator como o meio de se alcançar outros atores, já que ele está posicionado nos caminhos geodésicos entre outros pares de atores na rede.

• Centralidade de fluxo: medida de centralidade de fluxo que analisa todos os caminhos possíveis para o contato entre os atores. Este amplia a medida de centralidade de intermediação, que analisa apenas o menor caminho geodésico entre os atores.

• Centralidade de proximidade: enfatiza a distância de um ator em relação a outros na rede. Este enfoque está baseado na distância geodésica de cada ator com os demais, considerando-se as distâncias tanto diretas quanto indiretas.

Em análise feita por Granovetter (1983), há a identificação do conceito de ligações fortes e fracas, sendo que as fortes são caracterizadas pela proximidade dos atores na rede e garantem um relacionamento maior, enquanto as fracas são definidas pelo relacionamento mais distante e no qual os atores estão envolvidos em menor grau. As ligações fracas são responsáveis pela baixa densidade na rede, em que muitas das possibilidades de relacionamento estão ausentes, por outro lado os conjuntos consistentes dos mesmos atores e seus parceiros mais próximos estão densamente ligados (GRANOVETTER, 1983).