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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.3 Estratégias de Coleta de Dados

O estudo de caso qualitativo é uma pesquisa multimétodo e que utiliza variadas fontes de informação (GODOY, 2006). Para Yin (2003), a coleta de dados pode ser feita a partir de seis fontes de evidência: documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos, que podem ser combinados de diferentes formas.

Para essa pesquisa, todas as fontes de evidência foram utilizadas, com exceção da observação participante, que não se encaixa às necessidades de informação para este autor, uma vez que se desejou entender o processo decisório estratégico em redes de parcerias colaborativas sem que houvesse qualquer interferência externa, exceto a dos agentes que fazem parte desse processo.

Também foram usados dados quantitativos, quando necessários, para esclarecer algum aspecto da questão de investigação que o método qualitativo não comporta. Para Yin (2003) e Eisenhardt (1989b), dados quantitativos podem ser utilizados e geralmente o tratamento estatístico não é sofisticado.

Reduzindo as fontes de evidências citadas por Yin (2003) em três grupos principais, temos: observação, entrevistas e documentos. O caso de observação simples tem atenção especial deste autor, uma vez que será a principal a ser utilizada. Por meio da observação procurou-se apreender aparências, eventos ou comportamentos (GODOY, 2006).

Para Yin (2003), na observação não-participante, observação direta, o pesquisador atua apenas como espectador externo e atento, sem interferir e fazer parte do grupo de atores do processo decisório estratégico. Baseado em Yin (2003), este autor, por meio dos objetivos da pesquisa e de um roteiro de observação, procurou ver e registrar o máximo de ocorrências que contribuíram para o estudo em questão.

Segundo Godoy (2006), o conteúdo das observações geralmente envolve uma parte descritiva do que ocorre no campo e uma parte reflexiva, incluindo comentários pessoais do pesquisador.

As entrevistas iniciais e recorrentes com os atores do processo decisório estratégico foram semi-estruturadas, tendo como base Godoy (2006), que menciona o pesquisador com desejo de apreender a compreensão do mundo do entrevistado e as elaborações foram usadas para fundamentar opiniões e crenças. E, neste caso, a estratégia de entrevistas semi- estruturadas se adéqua por ser um tema complexo, pouco explorado e confidencial para o setor de indústria farmacêutica. Não essencialmente pelo constructo do processo decisório estratégico, mas pelas redes de parcerias colaborativas em empresas do setor farmacêutico que se estabelecem em forma de redes interorganizacionais e híbridas.

Para Yin (2003), o uso de documentos dá-se pela contribuição e ampliação das evidências oriundas de outras fontes de dados. Além das entrevistas, este autor teve um cuidado especial com a fonte de dados documental, que objetiva consolidar as evidências durante o processo decisório estratégico em redes de parcerias. Essa fase exigiu muita atenção deste autor, como anteriormente citado, por se tratar de um tema pouco explorado em redes interorganizacionais.

Como citado por Godoy (2006), para os estudos de caso qualitativo não se trabalha com conceito de amostragem estatística e é estabelecido algum critério para a seleção. Por meio da entrevista inicial com a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais – ALANAC (www.alanac.org.br), foi definida uma amostra de três empresas do setor de acordo com a acessibilidade e apoio da entidade e três entrevistas por empresa, sendo duas com gerentes de nível médio da empresa escolhida e uma com participantes do parceiro que esteve presente no processo decisório. De forma mais clara, o estudo dos processos decisórios selecionados foi conduzido por meio de entrevistas em profundidade, pessoais e individuais, com os gerentes/executivos envolvidos na decisão. Para cada empresa da amostra, foi definido o contato inicial o qual teve indicação direta da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais – ALANAC (www.alanac.org.br). Para esse contato inicial foram feitas ligações telefônicas apresentando o pesquisador e solicitando permissão para o envio de um protocolo de entrevista por e-mail.

Este e-mail com o protocolo de entrevistas conteve explicações gerais do tema de pesquisa e a metodologia que foi empregada. Detalhou quais recursos seriam solicitados da empresa, por exemplo: entrevistas com os gerentes e executivos.

Durante o processo de entrevista inicial, foi solicitado ao entrevistado que escolhesse um processo decisório da rede de parcerias colaborativas. Para ajudar na seleção do processo decisório foram usados os critérios definidos por Eisenhardt (1989a), que resumidamente são: envolver posicionamento estratégico; não ser estruturado, gerando incerteza; envolver o maior número possível de funções organizacionais e ser considerado um processo representativo pelo qual as decisões são tomadas. Acrescentou-se a esses critérios a necessidade de a decisão envolver o maior número possível de parceiros. Dessa forma, a intenção foi analisar, em cada empresa entrevistada, um processo decisório que envolvesse o maior número de parceiros estratégicos para o negócio.

O perfil do processo decisório estratégico, ou seja, o conjunto de atividades que compõem o processo decisório, seu fluxo no tempo e suas características, foi traçado por intermédio das entrevistas individuais com cada um dos três entrevistados. Aqui, usa-se o modelo proposto por Nutt (1998) para a operacionalização desse constructo.

Para o processo decisório, foi considerado o seu início na primeira reunião da organização e das empresas da rede para a tomada da decisão e seu fim, o momento da tomada da decisão que influenciou os aspectos operacionais da rede.

Nas entrevistas semi-estruturadas com os decisores em cada empresa, foram utilizados os roteiro dos Apêndices 4 e 5, que foram definidos por meio das cadeias de evidências para a entrevista inicial e o estudo de caso dos Apêndices 2 e 3.

Após a realização das entrevistas com os decisores em cada empresa, foi elaborada uma síntese do processo decisório percebido e enviado aos decisores. Eles foram solicitados a avaliar a fidelidade do texto. O objetivo foi eliminar qualquer divergência entre o processo de coleta da informação com o que foi transcrito no relatório. Os casos em que não se chegou a um consenso foram descartados (NUTT, 1998).