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3.4 – CONCEITOS SIMPLIFICADOS PARA CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

No documento Coari : petróleo e sustentabilidade (páginas 127-130)

CENÁRIOS PROSPECTIVOS

3.4 – CONCEITOS SIMPLIFICADOS PARA CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

A metodologia de cenários faz prospecções com relação ao futuro, em que este segundo Jouvenel (2001), não é algo já decidido, pré-determinado, revelado pouco a pouco, mas ao contrário, é algo a ser criado, aberto, com muitas possibilidades de ocorrência. Assim, é necessário identificar uma matriz de futuros possíveis que estão constantemente em transformação, devendo ser monitorados em uma base permanente.

Os meios de observação e os métodos de mensuração utilizado nessas prospecções, muitas vezes, são imprecisos e podem levar a adoção de estratégias incertas ou de tendência viciada que substituem, no campo econômico-político-social, as realidades assaz dolorosas, onde o urgente já pode estar muito atrasado.

Assim, os responsáveis por tomada de decisões não podem justificar-se a si mesmos pela inexistência de opções alternativas para decidirem, pois isto acontece somente porque permitiram que a situação saísse de sua alçada de controle. A necessidade nada mais é do que falta de previsão. O caminho para se evitar essa “cegueira” é tornar-se alerta para situações que estão tomando forma e que ainda podem ser moldadas ao invés de esperar que se torne em limitações. Em termos de planejamento, sem antecipação, não existe liberdade de manobra para se tomar decisões, principalmente em situações relacionadas com a sustentabilidade da população coariense em relação à exploração de hidrocarbonetos em seu território.

Dessa forma, os cenários prospectivos são necessários para se evitar constantemente ter que gerenciar emergências, permitindo a antecipação às mudanças previsíveis. Esses cenários prospectivos, por sua vez, demandam abordagens multidisciplinares, pois os problemas a serem encarados não podem ser compreendidos se reduzidos a apenas uma dimensão, visto por meio de uma determinada disciplina acadêmica, principalmente quando se tratar de áreas como a econômica, a social e a de políticas públicas, complexas por si só devido a sua natureza não estruturada e de dinâmica incerta.

Em sistemas que existam variáveis de grande inércia, como às relacionadas com ecossistemas e mudanças demográficas, agregadas as outras que se modificam em uma curta escala de tempo, como inovações tecnológicas e preços de commodities no mercado internacional, todas relacionadas à exploração de hidrocarbonetos, somente as análises que abrangem períodos de longa duração irão permitir eliminar os “efeitos periódicos” e adentrar em profundidade em sua dinâmica e nas raízes das mudanças ocorridas.

Assim, o futuro de uma exploração de hidrocarbonetos não pode ser objeto de especulações e, sim, tema para testes de hipóteses solidificadas pelo estudo das variáveis

pertinentes e seus indicadores, que podem gerar diversos cenários distintos entre si. A abordagem por cenários prospectivos estabelece uma espécie de conversação estratégica, que permite se refletir sobre diferentes percepções da exploração econômica em si, guiando a um gradual alinhamento da compreensão do seu significado e seus efeitos sobre todos os atores sociais envolvidos. As múltiplas perspectivas são úteis por fornecerem uma imagem mais completa da sua realidade.

Heijden (2000) declara que a abordagem por cenários prospectivos oferece uma perspectiva antecipada e processual, e permite criar uma visão crítica e realista da situação em pauta.

Os cenários prospectivos são centrados na incerteza, porém permitem produzir interpretações lógicas do futuro relacionado à exploração de hidrocarbonetos, de forma qualitativa e quantitativa, com geração de tendências e com percepção dos riscos envolvidos. Promovem, também, a flexibilidade e a capacitação de reação frente a tendências que podem causar efeitos danosos e, para que tenham credibilidade, devem se ajustar aos requisitos de relevância, de importância, de coerência, de plausibilidade e de transparência. Devem, também, ser revisados periodicamente, em um processo acumulativo que permite retornar a ponto de partida em um processo de retro-alimentação e de enriquecimento da percepção.

Arape (2001) sugere que a elaboração de um cenário prospectivo implica em se sinalizar qual entre um conjunto possível de cenários (o incerto) vá ocorrer. Assim, os cenários exploratórios ou descritivos, também conhecidos como tendenciais-inerciais, são aqueles que descrevem as possíveis situações que podem se apresentar, e também podem ser considerados como uma das pedras angulares do modelo de tomada de decisões.

As descrições dos comportamentos de conjuntos das variáveis inventariadas e seus respectivos indicadores, na pesquisa em pauta, em um processo intenso de análise de dados coletados de forma rigorosa na área de estudo, produzem diagnósticos detalhados que, por sua vez, serão os subsídios fundamentais para elaboração desses cenários tendenciais-inerciais.

Por sua vez, os cenários normativos são aqueles usados para descrever como deveria ser a situação que se deseja alcançar. Ele aperfeiçoa o cenário tendecial-inercial, ao estruturar seus objetivos para o futuro e definir metas e estágios a serem alcançados em seu desenrolar.

Segundo Godet (2000), Masini e Vasquez (2000) e Wilson (2000), os cenários normativos são estratégicos em sua natureza, pois vislumbram situações que irão acontecer em um espaço de tempo relativamente longo. Sua diferença fundamental para o cenário

tendecial-inercial é que a sua elaboração pressupõe a implantação de ações indutoras que irão modificar as tendências inerciais para se obter um determinado fim desejado.

A pesquisa em pauta, de acordo com os seus objetivos geral e específico, fornece, então, os subsídios para os cenários tendenciais-inerciais e normativos para a área de estudo, cuja metodologia de elaboração está inserida no capítulo seguinte, juntamente com os materiais e métodos utilizados.

CAPÍTULO QUATRO

No documento Coari : petróleo e sustentabilidade (páginas 127-130)

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