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1.4 UMA BREVE RETROSPECTIVA DA EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA NA AMAZÔNIA

No documento Coari : petróleo e sustentabilidade (páginas 42-45)

MATRIZ ENERGÉTICA

1.4 UMA BREVE RETROSPECTIVA DA EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA NA AMAZÔNIA

Segundo Cáuper (2000), as pesquisas na Amazônia sobre a ocorrência de petróleo começaram no início do século XX, quando em 1904, foi organizada a Missão White, chefiada pelo geólogo americano Charles White, contratado pelo Governo Brasileiro para avaliar o potencial carbonífero do País. Durante a I Guerra, o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB) em 1917, perfurou na Bacia do Amazonas, o poço S-1 (Sondagem Um), com objetivo de localizar jazidas de carvão e outros combustíveis.

Em 1925, na localidade de Bom Jardim, às margens do rio Tapajós, nas proximidades do município de Itaituba (PA), surgiram os primeiros indícios da presença de petróleo e gás natural, contudo a falta de resultados efetivos levou o recém-criado Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM) a direcionar suas pesquisas para a região fronteiriça do Acre com o Peru.

Cáuper (2000) cita que, para minimizar o problema de abastecimento de combustíveis na região amazônica, o empresário Isaac Benayon Sabbá obteve licença do CNP em 1953, antes da promulgação da Lei No 2004/53, para inaugurar a Refinaria de Manaus (Reman). A Companhia Isaac Sabbá era distribuidora da empresa norte-americana Companhia de Petróleo Ganso Azul, que atuava no Peru, com uma produção diária de 3500 barris extraídos de poços da região do rio Pachitea, localizado a cerca de 200 km do estado do Acre, transportado do Peru em balsas pela calha do rio Solimões para a Reman.

Em 1953, a Petrobrás contratou o geólogo americano Walter K. Link para chefiar o Departamento de Exploração (DPEX), o que acarretou na descoberta de petróleo no município de Nova Olinda/AM. De 1953 a 1963 foram perfurados doze poços, sempre às margens dos rios, que resultou nas descobertas de poços não comerciais nos municípios de Nova Olinda, Autaz, Mirim e Maués, todos na bacia do rio Amazonas.

Também, foram desenvolvidos nessa época os primeiros trabalhos exploratórios na bacia do rio Solimões, contudo, sem descobertas significativas. O insucesso comercial e os problemas encontrados na logística de apoio aos trabalhos realizados na floresta amazônica levaram a Petrobrás a suspender suas atividades, entre 1964 a 1972. A partir de 1972, com a

utilização de helicópteros no apoio logístico de transporte, foram retomadas as atividades de exploração, interiorizando-se mais adentro da floresta.

Em 1970, a Reman foi comprada pelo Governo Federal e incorporada à Petrobrás. Em 1978 ocorreu a primeira descoberta significativa de petróleo na região: a província de gás natural do Juruá, no município de Carauari. A província era composta de dez campos, com volume de gás recuperável da ordem de 30 bilhões de m3. Foram perfurados quarenta poços, sendo vinte produtores e/ou descobridores de campo de gás. Todavia, as distâncias dos campos entre si e dos mercados consumidores, na época, inviabilizaram o seu aproveitamento comercial. O gás natural foi, então, reinjetado em seus respectivos poços, e a infra-estrutura montada pela Petrobrás em Carauari, na Província Petrolífera de Porto Gavião, foi desativada.

Na exploração petrolífera na Amazônia, em particular na bacia do rio Solimões, durante as fases de prospecção, utilizaram-se técnicas de sísmica de reflexão (ONIP, 2002). Em meados de 1984, a Petrobrás iniciou trabalhos sísmicos entre os rios Tefé e Coari.

Em outubro de 1986, após sete décadas de atividades exploratórias na Amazônia, finalmente foram apresentados resultados positivos com a descoberta das reservas comerciais de petróleo em Urucu, no poço I-RUC-I-AM, no município de Coari, na bacia do rio Solimões (AM), com vazão diária na ordem de 150 m3/dia. Em 1988 teve início a sua produção comercial, passando a Reman a refinar toda a produção da Província Petrolífera de Urucu (PPU).

Em meados de 1984, a Petrobrás iniciou trabalhos sísmicos entre os rios Tefé e Coari. Em outubro de 1986, após sete décadas de atividades exploratórias na Amazônia, finalmente foram apresentados resultados positivos com a descoberta das reservas comerciais de petróleo em Urucu, no poço I-RUC-I-AM, no município de Coari, na bacia do rio Solimões (AM), com vazão diária na ordem de 150 m3/dia. Em 1988 teve início a sua produção comercial, passando a Reman a refinar toda a produção da PPU.

Na exploração petrolífera na Amazônia, em particular na bacia do rio Solimões, durante as fases de prospecção, utilizou-se técnicas de sísmica de reflexão (ONIP, 2002).

As operações de sísmica de prospecção que foram executadas durante a década de 1970 utilizou explosivos TNT. As equipes de topografia determinavam as linhas de sísmica e os pontos de tiro. No biênio de 1977/78 foram feitas algumas linhas de reconhecimento na bacia do rio Solimões que obtiveram dados com qualidade e apontaram para anomalias estruturais antes não imaginadas no contexto geológico amazônico. O poço localizado em

uma dessas anomalias descobriu o primeiro campo de gás no rio Juruá. Anos depois, num alinhamento semelhante, foram descobertos os campos de petróleo da região do rio Urucu.

Os métodos de sísmicas de reflexão, utilizados pela Petrobrás na bacia do rio Solimões, até 1971, adotavam como procedimento a colocação das cargas em furos profundos (com profundidade superior a quinze metros). Em função das inovações tecnológicas, começou-se a utilizar furos rasos e arranjos com menos quantidade de carga por furo, isto é, furos múltiplos e rasos, detonados simultaneamente. O tipo de explosivo também foi alterado, passando a utilizar-se o pentolite, de maior estabilidade química. Se, por um lado, houve um grande impulso operacional com ganho de qualidade e menor custo, os riscos humanos quando da perda de cargas explosivas aumentaram muito, pela pouca profundidade das cargas e sua longevidade. Na época não se havia fomentado o modelo de segurança operacional onde haveria preocupações com possíveis encontros destas cargas pela população.

A Petrobrás parou de utilizar explosivos à base de pentolite, em meados de 1984, substituindo por explosivos à base de nitratos. Em 1999, durante a fase de elaboração da regulamentação sobre poços abandonados, a ANP foi alertada por especialistas sobre a existência de mais de vinte e cinco mil cargas abandonadas desde o início da indústria do petróleo no Brasil. Este informe redundou na preocupação em se gerar também uma regulamentação específica para a eliminação deste passivo de cargas de explosivos.

Segundo Rezende, Gomes e Pombo (2004), constatou-se que os explosivos utilizados nas operações de prospecção sísmica poderiam manter sua composição química original por vários anos. Não havia um levantamento específico da Petrobrás quanto ao montante e quanto às posições das cargas perdidas e, que qualquer solução passaria pela leitura de um banco de dados contendo uma quantidade significativa de linhas sísmicas, o que demandaria anos de avaliação a custos elevados.

O problema da localização das cargas, em específico, se mostrou particularmente crítico, pois não havia registro completo em papel de todas as posições de tiro já realizadas. Quando eram encontrados os registros, os mesmos apresentavam um alto grau de imprecisão e de incertezas do tipo: linhas com traçado remanejado e não anotado; mudanças de locais de furos não anotadas; direção e afastamento dessas mudanças de locais não anotadas; e, profundidades não anotadas ou modificadas. Os locais das linhas de tiro não possuem mais indicadores que permitam a sua localização no terreno, além de terem seus dados perdidos dentro da própria Petrobrás. Ainda, na eliminação ou remoção dos explosivos, haveria um elevado risco de acidentes no impacto de ferramentas utilizadas sobre as cargas escavadas.

Em 2000, a ANP foi novamente pressionada por artigos publicados em revistas técnicas, o que a fez retomar a análise do passivo de cargas não detonadas nas operações de prospecções sísmicas. Nessa oportunidade, percebeu-se que as cargas explosivas efetivas apresentavam os maiores riscos nos locais onde teria havido expansões urbanas (com escavações para fundações, tubulações, edificações etc.) ou sob expansão rural, com ocupação antrópica.

Ao final de 2001, a ANP concluiu que era impossível tentar recuperar as cargas devido aos riscos associados de se acionar a parte mecânica ainda ativa das espoletas. Entretanto, era possível realizar um “mapeamento de áreas de risco”. Tendo-se como fato à impossibilidade do resgate das cargas, a solução aventada seria fazer campanhas, em todas as áreas acima de certo nível crítico, de alerta dos riscos associados a explosivos e essas campanhas teriam que ser reaplicadas enquanto houvesse o risco dos explosivos continuarem ativos.

Segundo Rezende, Gomes e Pombo (2004), foram adotados critérios abrangentes para a análise do potencial de risco associado, definidos em função dos fatores ambientais, tipo de explosivo, profundidade dos furos, ação antrópica, histórico de acidentes e morfologia do terreno. Esta análise permitiu a classificação do risco potencial em cinco níveis, associados às áreas prospectadas. Segundo gráficos apresentados por esses autores, a área rural do município de Coari possui áreas com todos os cinco níveis citados.

1.5 - A EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA NA PROVÍNCIA PETROLÍFERA DE

No documento Coari : petróleo e sustentabilidade (páginas 42-45)

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