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3.1 – Concepção de Ciências, Técnica e Tecnologia – algumas considerações

É importante conceituar ciências, técnica e tecnologia para que possamos ir mais adiante em nosso trabalho. Saber tais conceitos nos ajudarão a compreeder quais são os usos delas, por que são tão necessárias pesquisá-las e porque as mesmas serviram para a evolução do modo de viver do homem sob certos aspectos. A autora Serra (2009) apud SILVA (2008) em sua obra Dicionário de Conceitos Históricos explica que:

Tecnologia – “é um conjunto de conhecimentos espefícios, acumulados ao longo da história, sobre as diversas maneiras de se utilizar os ambientes físicos e seus recursos materiais em benefício da humanidade.” (SILVA, 2008)

Técnica – “esforço prático de combinar e utilizar recursos materiais, como o conjunto de instrumentos e hábitos que tornam viável a produção.” (SILVA, 2008)

Ciência – é um conjunto de conhecimentos teóricos e abstratos, acumulados ao longo da história para utilização em benefício da humanidade.” (SILVA, 2008)

Ressalta-se a importância de trazer para a discussão deste trabalho, além da conceituação de tecnologia, técnica e ciência algumas considerações de autores como Pierre Lévy, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Max Horkheimer para tecer algumas críticas e reflexões sobre estes conceitos na atualidade.

Lévy traz considerações, no sentido de que o conhecimento está intimamente relacionamento com o desenvolvimento da técnica, tecnologia e das ciências e que o

desenvolvimento dos mesmos transformam as relações, estruturas sociais e até mesmo concepções de mundo.

Para Lévy (1999) se não houvesse técnicas, também não haveria conhecimento, uma vez que nestas estão implícitas a transmissão, conservação e armazenagem do conhecimento. Para o mesmo autor a existência da técnica sem um objetivo definido, não contribui em absolutamente nada, pois é o tipo de utilização que dela se faz é que se produz algo, e no caso em que ele pesquisa, produz-se conhecimento individual ou coletivo.

Historicamente, o homem inventou técnicas, que tornaram-se mais complexas, possibilitando o aumento de conhecimento (LÉVY, 1999). O uso das tecnologias permite que o homem possa construir algo, refletir e aprender sobre diversas coisas, como sujeito ativo, que ao construir o seu conhecimento, experimentando as suas hipóteses, possa alterar os seus planos.

O desenvolvimento e aperfeiçoamento de outras técnicas e de outras ciências (as mais variadas possíveis, como por exemplo: eletrônica, semiótica, psicologia cognitiva, dentre tantas outras), possibilitaram fortes mudanças paradigmáticas e uma autêntica "revolução social" (mudanças de hábitos, costumes, formas de estruturação social, de organização das empresas, de organização e estruturação do pensamento e do conhecimento) e por fim, com o surgimento da informática, originou-se a o que o autor chama de a “revolução da informática”, ocasionando outras mudanças de hábitos, costumes, formas de estruturação social, de organização de empresas, estruturação de pensamento e do conhecimento (LÉVY, 1999).

Para Adorno e Horkheimer (1988) o conhecimento está vinculado ao uso livre da razão. Estes autores buscaram expressar de forma clara e objetiva meios de se obter conhecimento que conseguisse dar explicações autênticas nas relações entre o homem e a natureza. Para eles científico é aquilo que pode ser comprovado sob as mesmas condições em diferentes espaços e temporalidades. É aquilo que não se dá aqui ou ali, sob as sombras do oculto e misterioso, mas algo que pode ser examinado pela experiência empírica e que, portanto, pode adquirir a qualidade de universal pelo mérito de ter-se comprovado pela repetição. Tal concepção leva-nos a refletir sobre o método científico em si, sobre o papel do cientista na sociedade, sobre a elaboração de hipóteses, da comprovação ou não destas hipóteses, da constante busca por questões e respostas, dos constantes acertos e erros que

implicam o desenvolvimento do trabalho científico. Mas, que constituem um trabalho que “deveria beneficiar a humanidade” (SILVA, 2008).

Benjamin (2000), em sua obra A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica25,

embora seu enfoque fosse discutir a obra de arte como mercadoria, a cultura de massa, a autenticidade de uma pintura versus a auntenticidade de uma fotografia, a padronização das obras, a proletarização e ainda outras questões, aponta-nos um ponto interessante que pode ser destacado em nosso trabalho: “por meio da reprodução técnica de uma obra, contribui-se para a destruição do caráter único da autenticidade e da tradição da mesma”, ou seja, o autor chama a atenção para o fato negativo do desenvolvimento das reproduções técnicas, quando tratam-se de obras artísticas ou mesmo outras obras, pois segundo o mesmo as reproduções destruíam a autenticidade da obra a tradição da mesma. Mas podemos perceber que com o desenvolvimento das técnicas e tecnologias nos séculos XX e início do século XXI as reproduções tornaram-se mais rápidas e amplas e isso serve-nos como reflexão: até que ponto reproduzimos uma obra por meio de uma técnica ou tecnologia contribuindo para a destruição da autenticidade e da tradição que a mesma traz consigo? Ou até que ponto modificamos uma obra por meio de uma técnica ou tecnologia contribuindo para a destruição da autenticidade e da tradição da mesma?

Não vamos nos estender nestes conceitos e nestas reflexões. A técnica é algo muito antigo e os processos de desenvolvimentos técnicos foram lentos e intuivos, durante a maior parte dos séculos. A partir desses processos intuitivos houve desenvolvimento de técnicas que se passaram de gerações para gerações. Com o advento da Ciência Moderna abriu-se a aplicação de conhecimentos científicos para resolver problemas técnicos e a partir daí surgiram os operadores de máquinas construídas e de construtores das mesmas. (VARGAS, 1999). Dentro deste contexto, no século XX, surgiram os computadores e posteriormente redes como as que conhecemos hoje, a internet. Atualmente, os processo de desenvolvimento de técnicas e tecnologias avançam rapidamente. Benjamin (2000) “anteviu” o processo de reprodução de obras por meio de técnicas e tecnologias na década de 30 no século XX, como uma espécie de mercadoria para usufruto população de modo geral, o que ele chamava, de“cultura de massa”, processo que vem ocorrendo aceleradamente neste início de século XXI.

Certamente, uma das funções sociais da escola é a transmissão dos conhecimentos científicos adquiridos historicamente e isso pode ser feito pela aplicação dos conhecimentos tecnológicos, como o uso da internet e blogs em nossas escolas públicas. Mas, o uso destes conhecimentos técnicos e tecnologicas para construção do conhecimento também deve-nos trazer-nos a reflexão sobre o uso das mesmas de modo seletivo e criterioso.