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3.3 – O ensino de Ciências no Brasil atualmente

O ensino de Ciências no Brasil atualmente está sendo tratado neste trabalho, pois o

blog foi elaborado a partir de uma temática trabalhada nas escolas no conteúdo de Ciências

que é a da sexualidade. Temática esta que deveria ter perpassado por todo currículo escolar, mas não é o que o ocorre nas escolas hoje em dia. É importante trazer a discussão sobre que abordagem de ensino de Ciências os alunos estão expostos hoje nas escolas atuais.

Segundo Krasilchik (1992) houve um grande processo de desenvolvimento no ensino de Ciências que influenciou outras áreas. Segundo a autora esse processo sofreu grandes transformações. Para a autora há duas grandes vertentes controversas no ensino de Ciências no Brasil. A primeira delas é a seguinte:

que considera não só o papel atribuído às disciplinas científicas no currículo escolar, no que respeita à formação do homem comum, capaz de contribuir para a melhoria da qualidade de vida, mas que também atue na formação de quadros de cientistas e tecnólogos capazes de trabalhar para a superação das diferenças existentes entre os países desenvolvidos e um país de terceiro mundo como é, hoje, o Brasil.

E uma segunda vertente que focaliza:

os processos do ensino das ciências, [havendo] necessidade de um mapeamento das tendências preponderantes para explicar a aprendizagem e suas conseqüências para atuação dos docentes nas salas de aula e também face aos conhecimentos, atitudes e habilidades adquiridos pelos alunos dos diversos graus de ensino.

A autora demonstra que tais processos no ensino de Ciências encontravam bastante “força” nos anos 80 e 90, mas mostra-nos que é muito importante atualmente estabelecer diretrizes para o ensino de Ciências, revisão dos currículos escolares e a necessidade de

26 A Secretaria Municipal de Educação do Município de São Paulo, em parceria com pesquisadores e professores atuantes em sua própria rede, desenvolveram um Caderno de Orientações Didáticas - Ler e Escrever – Tecnologias da Educação com orientações específicas para os professores orientadores de informática educativa, fornecendo também capacitações constantes na área de informática educativa nas diversas diretorias de ensino no município de São Paulo.

formar alunos e professores autônomos. A autora ainda argumenta a importância e a urgência da articulação do ensino de Ciências com os problemas sociais contemporâneos:

Não se pode perder de vista os objetivos maiores do ensino de Ciências, que deve incluir a aquisição do conhecimento cientifico por uma população que compreenda e valorize a ciência como empreendimento social. Os alunos não serão adequadamente formados se não correlacionarem as disciplinas escolares com a atividade científica e tecnológica e os problemas sociais contemporâneos.(KRASILCHIK, 2000).

Alguns autores investigam as atividades e discussões ocorridas em sala de aulas em diferentes locais do mundo e podem contribuir com suas pesquisas para o debate, reflexão, revisão dos currículos escolares relacionados com a sociedade contemporânea e a necessidade de formar professores autônomos para o ensino de Ciências no Brasil.

Um pesquisador fortemente embasado nas teorias socioculturais, Mercer (1997) por meio de suas investigações pode permitir aos educadores atuais compreender alguns dos processos de ensino aprendizagem que ocorrem em sala de aula e que podem ser motivadores e pontos de reflexão para o ensino de Ciências. Suas pesquisas buscam analisar os discursos e interações em salas de aulas. Suas investigações são muito contributivas para a discussão do ensino de Ciências no Brasil. Estes processos de suas investigações são: conversas ou diálogos para a resolução de problemas que podem ser efetivas desde quando os envolvidos possam expressar suas idéias de forma clara e explícita e avaliá-las em conjunto; o compartilhamento de idéias que possibilitam as crianças alcançar compreensões generalizadas e baseadas em princípios, ou seja, podem ser aplicadas em outras situações (tornando possível raciocinarem juntos a resolução de problemas, analisar, comparar as possíveis explicações e tomar decisões juntos e não somente aplicar procedimentos).

Outros pesquisadores do ensino de Ciências nas salas de aulas que podemos destacar neste trabalho são Mortimer e Scott. Os autores comentam que na pesquisa em educação em Ciências sob a influência das concepções socioculturais tem-se “desenvolvido um gradual interesse sobre o processo de significação em sala de aula de Ciências, gerando um programa de pesquisa que procura responder como os significados são criados e desenvolvidos por meio do uso da linguagem e outros modos de comunicação.” Para estes pesquisadores “as interações discursivas são consideradas como constituintes do processo de construção de significados”, portanto os mesmos buscaram analisar como os professores “podem agir para

guiar as interações que resultam na construção de significados em sala de aulas de Ciências (MORTIMER; SCOTT, 2002).

Mortimer e Scott (2002) após suas pesquisas e análises chegaram a conclusão de que é necessário três momentos para promover a aprendizagem no contexto da sala de aula: discussão da estória científica (momento de discusssão entre alunos e alunos, alunos e professor, participando ou escutando); intervenção do professor para trabalhar a estória científica, ou desenvolvimento de um roteiro de trabalho científico (faz parte do trabalho do professor dar novas idéias, introduzir novos termos para fazer a estória científica avançar); revisão da estória científica (momento em que o professor sintetizará o progresso realizado até o momento, fará um entendimento compartilhado).

Menezes (2000) quando trata do ensino de Ciências no Brasil, revela a importância para os educadores levarem para seus alunos questões ou temas do cotidiano, da realidade dos mesmos, comentando:

É importante discutir questões que interessem diretamente ao aluno, diante das quais seu posicionamento seja decisivo... é importante apresentá-los, em “exercício real”, como questões efetivas das comunidades de que esses alunos participam, retomando temas a que os alunos estão sendo apresentados diariamentente pelos meios de comunicação (MENEZES, 2000).

Mas, a surge uma questão : o ensino de Ciências atual permite que o aluno discuta questões de seu interesse e a partir dos mesmos crie posicionamentos sociais ou mesmo políticos? É uma questão direcionada a reflexão de todos os educadores, não somente aos professores de Ciências e para começar a respondê-la é importante considerar a revisão de currículos escolares, a revisão das práticas escolares, dos sistemas escolares, das políticas de educação e a própria formação de professores (KRASILCHIK, 1992).

3.4 - Histórico e conceituação de tecnologias de informação e comunicação