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O problema de distribuição de terraplenagem motiva inúmeras tentativas de

automação, por parte dos engenheiros que trabalham na área, onde nem todas

obtém o sucesso. Encontrar uma alternativa de automação para a poderosa e

consagrada metodologia de Brückner não é tarefa fácil. A primeira tentativa de

automação, realizada pelo autor, foi através de planilha eletrônica, onde, foram

gerados a partir da planilha de cubação índices e resumos que deram uma visão

mais ampla do trecho a ser distribuído. Esta planilha conduzia a iterações manuais e

trabalhosas, ao ponto que pelo método de Brückner, elaborado em um software de

CAD, tornou-se a alternativa mais atrativa e mais organizada, com tanta precisão

quanto ao modelo numérico da planilha.

A segunda tentativa de automação baseou-se em um problema de otimização

apresentado por HOEL, GARBER e SADEK (2011), onde foi proposto um modelo de

otimização resolvido através do suplemento SOLVER no software de planilha

eletrônica MS Excel.

O SOLVER é uma ferramenta que pode ser usada para a programação

matemática, inclusive a solução de problemas de PL – Programação Linear; o MS

Excel é um software comercial que trabalha com planilha eletrônica capaz de

interpretar fórmulas matemáticas e realizar cálculos diversos, num ambiente

amigável de fácil utilização. Segundo HILLIER e LIEBERMAN (2013) a possibilidade

de exibir imediatamente os resultados de alterações feitas nas soluções é, com

certeza, o grande poder e atratividade do uso de planilhas eletrônicas para

formulação de modelos de PL.

O problema de otimização apresentado por HOEL, GARBER e SADEK (2011)

consiste em encontrar as quantidades de determinado suprimento a serem

transportados de fornecedores para clientes com o menor custo de aquisição e

transporte. Cada fornecedor possui uma capacidade de fornecimento de quantidade

de suprimento e um preço por seu produto e, cada cliente possui uma demanda a

ser suprida. Este problema foi modelado na forma de duas tabelas que cruzam as

informações dos fornecedores, que são listados na primeira coluna, e dos clientes,

que são listados na primeira linha. A primeira tabela apresentou o custo unitário do

transporte de suprimento entre cada fornecedor e cada cliente, à capacidade de

cada fornecedor na última coluna e a demanda de cada cliente na ultima linha. A

segunda tabela foi preparada para receber as quantidades de suprimentos

transportados de cada fornecedor para cada cliente. A última coluna de cada linha

da segunda tabela contém a soma das quantidades de suprimento que cada

fornecedor enviou para cada cliente, porém, o resultado desta soma não pode ser

maior que a capacidade do fornecedor. A última linha de cada coluna da segunda

tabela contém a soma das quantidades de suprimento que cada cliente recebeu dos

fornecedores, onde o resultado desta soma deve ser igual à quantidade demandada

pelo cliente. A função objetivo deste problema consiste em minimizar os custos com

a aquisição e o transporte destes suprimentos entre os fornecedores e os clientes.

A partir deste modelo, foi elaborada a segunda tentativa de automação da

distribuição de materiais de terraplenagem, que considerou como critério de

distribuição dos materiais a composição dos custos unitários de serviços por metro

cúbico de material. Esta modelagem foi elaborada utilizando o MS Excel e o

SOLVER, a partir do cruzamento informações relativas às escavações e os aterros

(fornecedor e cliente). Os dados de partida para elaboração das tabelas deste

modelo surgiram de um exemplo reduzido, onde os volumes de cada maciço foram

acumulados para reduzir o número de variáveis e restrições do problema, devido à

limitação de capacidade de variáveis de decisão e restrições do SOLVER.

O modelo deste trabalho foi desenvolvido a partir de tabelas de entrada de

dados e apresentação dos resultados modeladas no MS Excel, combinadas com um

algoritmo em linguagem de programação matemática MPL que utiliza o solucionador

o CoinMP em alternativa ao SOLVER.

O fluxograma apresentado na FIG. 4.1 ilustra o fluxo de informações que são

tratadas pelo modelo. A princípio, mostra o fluxo das informações ainda na planilha

de cubação dos materiais de terraplenagem, tratando das informações necessárias

para a entrada de dados do problema. Em seguida, mostra o fluxo que as

FIG. 4.1 – Fluxo de informações do modelo de PL para a distribuição de materiais de

terraplenagem

PLANILHA DE CUBAÇÃO PLANILHAS DO MODELO NO MS EXCEL PLANILHA DE CUBAÇÃO

CARREGAR INFORMAÇÕES DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS:  KM OU ESTACA;

 ÁREAS DAS CAMADAS DE ESCAVAÇÃO;  ÁREAS DAS CAMADAS DE ATERRO. CARREGAR INFORMAÇÕES GEOTÉCNICAS:

 CBR E EXPANSÃO DAS CAMADAS DE ESCAVAÇÃO. CÁLCULOS:

 SEMI-DISTÂNCIA ENTRE SEÇÕES TRANSVERSAIS;  VOLUME GEOMÉTRICO DE CADA CAMADA;  FH – FATOR DE HOMOGENEIZAÇÃO;  VOLUME GEOTÉCNICO DE CADA CAMADA.

EXIBIÇÃO:

 QUADRO RESUMO DAS ESCAVAÇÕES;  QUADRO RESUMO DOS ATERROS.

FIM DA PLANILHA DE CUBAÇÃO

MODELO DE OTIMIZAÇÃO:

PLANILHAS DE ENTRADA DE DADOS NO MS EXCEL DISTRIBUIÇÃO DOS MATERIAIS DE TERRAPLENAGEM

ESTRUTURAÇÃO E FORMATAÇÃO DAS MATRIZES DO MODELO: 1. DMT ENTRE ESCAVAÇÕES E ATERROS;

2. CUSTO UNITÁRIO POR M³ DOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÃO, CARGA E TRASNPORTE; 3. CUSTO UNITÁRIO POR M³ DE COMPACTAÇÃO DE CAMADAS DE ATERRO E BOTA-FORA; 4. CUSTO UNITÁRIO POR M³ DE MOMENTO EXTRAORDINÁRIO DE TRASNPORTE;

5. CUSTO UNITÁRIO POR M³ POR INDENIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS OU OUTROS CUSTOS ADICIONAIS;

6. DISTRIBUIÇÃO DOS MATERIAIS ENTRE AS ESCAVAÇÕES E ATERROS, RESTRIÇÕES E PARÂMETROS DE SENSIBILIDADE.

FIG. 4.1 – Fluxo de informações do modelo de PL para a distribuição de materiais de

terraplenagem (continuação)

PLANILHAS DO MODELO NO MS EXCEL CÁLCULOS:

 CONVERSÃO EM CUSTO UNITÁRIO POR M³ DO MOMENTO EXTRAORDINÁRIO DE TRANSPORTE

CARREGAR CUSTOS UNITÁRIOS DO SICRO2 - DNIT:  CUSTO UNITÁRIO POR M³ DOS SERVIÇOS DE

ESCAVAÇÃO, CARGA E TRASNPORTE;

 CUSTO UNITÁRIO POR M³ DE COMPACTAÇÃO DE CAMADAS DE ATERRO E BOTA-FORA;  CUSTO UNITÁRIO POR t.km DE MOMENTO

EXTRAORDINÁRIO DE TRASNPORTE. 1

ENTRADA MANUAL:

 CUSTO UNITÁRIO POR M³ POR INDENIZAÇÃO PARA AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE EMPRÉSTIMO OU BOTAFORA / DEMAIS CUSTOS INDIRETOS

CÁLCULOS:

 DMT ENTRE O CENTRO DE MASSA DE CADA ESCAVAÇÃO E O CENTRO DE MASSA DE CADA ATERRO.

FINALIZAÇÃO DA ENTRADA DE DADOS PLANILHAS DO MS EXCEL PROCESSAMENTO DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO NO MPL OTIMIZAÇÃO NO MPL 2 CARREGAR DADOS DO MS EXCEL:

 VETORES DE DADOS DAS ESCAVAÇÕES;  VETORES DE DADOS DOS ATERROS;  MATRIZ DE DMT;

 MATRIZES DE CUSTOS UNITÁRIOS POR M³ DE MATERIAL TRANSPORTADO ENTRE UMA ESCAVAÇÃO E UM ATERRO.

FIG. 4.1 – Fluxo de informações do modelo de PL para a distribuição de materiais de

terraplenagem (continuação)

A concepção deste fluxograma procurou seguir o fluxo dos dados entre a

distribuição dos materiais e a composição da planilha de serviços e quantidades –

PSQ, que para a forma de elaboração sugerida pelo DNIT, baseia-se nas

composições de custos apresentadas nas tabelas do SICRO2.

Em um projeto elaborado de forma convencional, primeiro a distribuição é feita

pelo método de Brückner, em seguida elabora-se a planilha de distribuição e a partir

PROCESSAMENTO DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO NO MPL PLANILHAS DO MODELO NO MS EXCEL

APLICAÇÃO DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO:  MINIMIZAÇÃO DOS CUSTOS SOB AS RESTRIÇÕES

 CORTE OBRIGATÓRIO DEVE SER TOTALMENTE ESCAVADO;  ATERRO OBRIGATÓRIO DEVE SER TOTALMETE CONSTRUÍDO;  A ESCAVAÇÃO DE UM EMPRÉSTIMO NÃO DEVE EXCEDER SUA

CAPACIDADE;

 O DESCARTE DE MATERIAL EXCEDENTE OU DE BAIXA QUALIDADE NÃO DEVE SER SUPERIOR A CAPACIDADE DO BOTA-FORA.

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RESULTADO DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO:  ARQUIVO DE SOLUÇÃO DO MPL;  EXPORTAR RESULTADOS PARA O MS

EXCEL.

FIM DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO NO MPL

APRESENTAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS DE TERREPLENAGEM NO MS EXCEL

EXIBIR:

 DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS ENTRE ESCAVAÇÕES E ATERROS;  DADOS DE PÓS OTIMIZAÇÃO. REALIZAR ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

FIM DA DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS DE TERREPLENAGEM

desta, é elaborado um quadro resumo da distribuição dos materiais. No quadro

resumo são apresentadas as quantidades acumuladas de materiais para cada faixa

de DMT constante do SICRO2, por categoria de material. As quantidades de

serviços, relativas à distribuição dos materiais, são preenchidas na PSQ a partir das

quantidades informadas no quadro resumo. As outras quantidades de serviços de

terraplenagem que são inseridas na PSQ, que não estão relacionadas à distribuição

dos materiais, são extraídas em grande parte do projeto de geometria, do

levantamento planialtimétrico e cadastral e de outros documentos das demais

disciplinas do projeto, não sendo objeto de estudo deste trabalho estes outros

serviços.

Tendo em mente a forma convencional descrita acima, partiu-se do pressuposto

que a distribuição poderá ser elaborada em função do menor custo dos serviços.

Para isto, torna-se necessário compor o custo unitário por metro cúbico de material

transportado de um local a ser escavado para um local a se construir um aterro.

A segunda parte do fluxograma, à direita, primeiramente sugere que seja

avaliada a DMT entre cada iteração possível entre uma escavação e um aterro. A

partir do levantamento das DMTs de cada iteração, pode-se classificar em qual faixa

de DMT prevista na planilha de custos do SICRO2 cada iteração estará. Com a

categoria do material informada na planilha de cubação (primeira parte do

fluxograma) e a faixa de DMT que a iteração está, obtém o custo unitário por metro

cúbico do serviço de escavação, carga e transporte da planilha de custos do

SICRO2, que é o primeiro grupo de serviços relacionados à distribuição que deverá

ser levantado.

O segundo grupo de serviços está relacionado à construção dos aterros. Com a

informação do tipo de construção (corpo de aterro, camada final de terraplenagem

ou bota-fora) é levantado o custo unitário por metro cúbico de construção conforme

a categoria do material escavado para cada iteração.

O terceiro grupo de custos unitários por metro cúbico de material é o do

momento extraordinário de transporte, que será pago em t.km quando a DMT de

alguma das iterações extrapolar as faixas de DMT contempladas pelo SICRO2.

O quarto grupo de custos unitários por metro cúbico de material é o de

indenizações por aquisição de material de empréstimos ou jazidas. Este custo é

escavado. Em algum caso específico ou em um projeto onde a disponibilidade de

materiais de boa qualidade não é satisfatória, esta aquisição representará uma

parcela significativa no custo final da obra. Nestes valores poderão ser incluídas

indenizações para gastos diversos, como por exemplo, ampliações de dispositivos

de drenagem.

Diante do levantamento dos custos unitários para cada grupo de serviços por

iteração, a etapa seguinte é aplicar um algoritmo de PO para distribuir os materiais

escavados para os aterros com o menor custo. Esta distribuição está sujeita às

restrições: a qualidade de material requerida pelos aterros deve ser atendida; os

cortes devem ser escavados na sua totalidade; os aterros devem ser construídos na

sua totalidade; os bota-foras não devem receber material além de sua capacidade;

e, os empréstimos não devem ser escavados além de sua capacidade.

Assim sendo, na forma convencional, os custos totais dos serviços são

apresentados na PSQ elaborada a partir do quadro resumo. Na forma proposta, o

quadro de distribuição preenchido de forma automática pelo algoritmo de PO

alimentará a planilha de distribuição e o quadro resumo de materiais, que subsidiará

o preenchimento da PSQ. A diferença é que a obtenção do custo total relativo à

distribuição dos materiais já foi apresentado como resultado da FO antes mesmo do

preenchimento da PSQ.