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Vimos a sentença e o instituto da coisa julgada, que a sentença é o resultado da tutela jurisdicional, é o ato do juiz que implica nas situações dos artigos 267 e 269 do Código de Processo Civil, enquanto a coisa julgada é a qualidade da sentença que não lhe permite ser modificada.

Estudamos as formas de controle de constitucionalidade difusa e concentrada, enquanto a primeira gera efeitos ex nunc e apenas entre as partes, a segunda opera efeitos ex tunc e erga omnes (para todos). Observa-se que apenas a segunda forma aplica-se ao disposto nos arts. 741, papágrafo único e no 475-L, parágrafo primeiro. Eis que àquela que gera efeitos apenas entre as partes, não pode ser arguida como forma de defesa por terceiros estranhos à lide na qual foi declarada.

Quanto à defesa no processo ou fase de execução, observa-se que sua matéria é restrita, sendo uma das possibilidades de defesa do executado a alegação de que a sentença, que originou a execução, foi fundamentada com base em lei ou interpretação de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

Vimos, contudo, que a eficácia rescisória dos embargos à execução e da impugnação ao cumprimento de sentença devem ser aplicados sempre em situações excepcionais, levando em consideração a segurança jurídica e diante de relevante motivo de interesse público.

Eis que os jurisdicionados buscam do judiciário a segurança sobre a tutela jurisdicional prestada. Deste modo, as decisões já transitadas em julgado não podem ser alteradas conforme a mudança de composição ou de entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca da constitucionalidade de determinada lei.

Desta forma, os artigos. 741, parágrafo único e 475-L, parágrafo primeiro do CPC devem ser interpretados e aplicados de forma restrita, atingindo apenas as sentenças que não respeitaram o precedente de inconstitucionalidade já proferido pelo STF à época de sua prolação.

Ademais, não entendemos que possa a coisa julgada, um instituto de suma importância jurídica, existir sob a condição do Supremo Tribunal Federal não a declarar inconstitucional, uma vez que não cabe àquele tribunal fazer o controle de constitucionalidade das decisões judiciais.

Por outro lado, evidente é a necessidade da doutrina debruçar-se sobre o tema, fazer maiores reflexões sobre a melhor forma de manter a segurança jurídica e o respeito à Constituição Federal, apontar para soluções acerca do problema, sempre que possível respeitando a Lei Máxima e os princípios do estado democrático de direito.

Nesta mesma seara, é importante o legislador rever os referidos artigos do Código de Processo Civil no intuito de eliminar ou, no mínimo, restringir as possibilidades de interpretações acerca da aplicabilidade dos mesmos.

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