• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

7.1 Conclusões

Pode-se considerar que os objetivos dessa pesquisa foram alcançados, face uma análise das não-conformidades relativas ao ensino profissionalizante na área de Turismo e Hospitalidade, através dos Cursos de Guia de Turismo Nacional e de Cozinheiro, bem como ter conseguido conhecer o perfil profissional que está sendo formado pelo SENAC/SC, através do Centro de Formação Profissional de Florianópolis e conhecer o que o mercado está buscando, uma vez que as entrevistas concedidas foram em número reduzido.

Constatou-se, também, que o tema educação ambiental é uma atividade educacional que, de forma reduzida, não é desenvolvida pelos professores, uma vez que apenas uma parte dos mesmos faz uso do tema ambiental em suas unidades curriculares.

Ficou claro, também, através da fundamentação conceitual, que a inter- relação do turismo e o meio ambiente, ainda desencadeia atividade predatória em diversos espaços, mas que há por parte de alguns segmentos da sociedade, a preocupação em desenvolver projetos que venham minimizar os impactos causados pela atividade.

Há, por parte da instituição SENAC, motivação para desenvolver os temas transversais, expressos nos programas dos cursos, bem como, no projeto pedagógico e também de seus coordenadores, porém, a prática deixa a desejar, uma vez que a articulação entre todas as partes é ineficiente, devido a uma série de fatores, como exemplo, a sobrecarga de atividades cotidianas sobre os responsáveis por fazerem o processo fluir. Os projetos pedagógicos, portanto, não estão

efetivamente integrados, como pode ser constatado nos depoimentos dos professores, bem como no dos alunos.

Falta, por parte dos professores de maneira geral, uma interação entre eles, sendo que as atividades do processo ensino-aprendizagem ocorrem isoladamente, não obtendo resultado positivo, pois estes não atuam através de projetos, como por exemplo, a interdisciplinaridade, que é um fato concreto, pois diversos professores desconheciam os temas transversais, suas práticas e forma de atuação com os mesmos.

O percurso desta pesquisa, que iniciou empiricamente há algum tempo atrás, veio demonstrar que alguns pontos elencados no item Descrição do Conjunto das Ocorrências Objetivas, como por exemplo, o não-estabelecimento imediato de conexão da dimensão teórico-prático; perfil básico dos alunos da área de Turismo e Hospitalidade, através dos cursos de Guia de Turismo Nacional e Cozinheiro; mercado de trabalho dos profissionais da área investigada; contradições do turismo enquanto atividade produtiva.

Outras análises empíricas, dizem respeito ao caso do professor não conhecer os resultados finais das suas atividades realizadas, uma vez que permanece em sala de aula em um determinado espaço de tempo, não chegando ao término do curso; e a não inserção de temas como turismo sustentável, meio ambiente ou educação ambiental nestes cursos. Tais questões foram analisadas através de pesquisas documentais da própria instituição, aplicação de questionários aos três segmentos mais próximos: alunos, professores e empresários e embasamento teórico através das referências bibliográficas, que orientaram para solucionar o problema da pesquisa.

Assim, ao se buscar o tema Educação Ambiental como suporte para uma sustentabilidade ambiental, deve-se levar em conta que a mesma necessita ser trabalhada a partir de mudanças de valores, comprometimento e justiça social. Se não houver trabalho intensivo, dinâmico e prático com os atores sociais envolvidos na instituição SENAC, para a incorporação de atitudes, habilidades e conhecimentos, de nada adiantará criar projetos, organizar espaços físicos para a inserção da mesma, dando a impressão de que é “amigo da natureza”.

A inserção desse programa de Educação Ambiental na instituição deve iniciar a partir de resoluções de problemas concretos do dia a dia dentro da própria escola, através das áreas atuantes, além da gerência, com enfoque interdisciplinar, uma vez que há profissionais de diversas áreas das ciências atuando dentro da mesma. Isto dará um enfoque interdisciplinar, reforçando o sentido de valores e contribuindo para o bem estar geral. A possibilidade de atuar sob este enfoque portanto, dará sentido à cidadania.

O SENAC, assim como em diversas outras instituições de ensino, segmentos empresariais, entre outros, abordam continuamente o tema “cidadania”, porém, foi verificado de acordo com o que os estudiosos colocam, que este tema pode ter conotações diferenciadas, de acordo com o objetivo de cada instituição.

Os eventos sobre educação ambiental, como por exemplo RIO-92, vieram reforçar conceitos para alguns agentes mais envolvidos ou preocupados com o caminho que a humanidade está percorrendo, e para outros, apenas conhecer, sem que nada fosse mudado em sua prática diária. Os programas orientadores para atividades de ações ambientais foram reforçados e, assim, os PCN’s auxiliaram, ainda com certa fragilidade e resistências, àqueles interessados nessas ações. Ao menos, foi documento orientador e possível de trabalhar.

O SENAC apresentou no programa de ensino do Curso de Guia de Turismo Nacional e de Cozinheiro, disciplinas específicas ou melhor, dentro da nova modalidade do trabalho por competência, fez inserção do meio ambiente como unidade curricular (Princípios de Ecologia e Meio Ambiente, Ecossistemas, Legislação Ambiental, Educação Ambiental, Manifestações da Cultura Popular, História Regional, Ética, Trabalho e Cidadania, entre outras).

A transversalidade exposta através dos PCN’s, demonstrada no discorrer da presente dissertativa, não obtém ainda por parte dos atores sociais envolvidos no processo educacional da instituição, efetividade, pois não ocorre conexão entre professores de maneira que esta prática pedagógica possa ser adquirida por todos.

Se a Instituição SENAC apresenta em seus projetos pedagógicos a formação de um sujeito crítico, autônomo, criativo e participativo, requer que a mesma encontre alternativas para conseguir garantir aos alunos a aquisição deste perfil profissional almejado. Ainda, há muito para se trabalhar para se conseguir, até

mesmo, a interdisciplinaridade, sendo esta aparentemente mais fácil de ser incorporado na prática, uma vez que os professores irão trabalhar seus temas, fazendo uso da outra disciplina para reforçar o seu tema, de forma mais dinâmica e vice versa ao outro professor. Neste caso, necessitando de diálogo, engajamento, participação dos professores, na construção de um projeto comum voltado para a superação da fragmentação do ensino e de seu processo pedagógico. Esta característica é difícil de ser encontrada, também, em outras instituições de ensino.

Toda essa discussão pedagógica tem razão de ser, uma vez que o mundo do trabalho sob uma perspectiva da sociedade do conhecimento (privilegia o conhecimento mais do que a técnica), busca profissionais com perfil voltado à cidadania. Porém, as empresas, mesmo atuando no setor de serviços, ainda têm uma visão da sociedade industrial, modelo tecnicista, em que o funcionário executava tarefas rotineiras.

Assim, este estudo demonstrou a fragilidade das instituições de ensino do Brasil (objeto de estudo – Florianópolis) em pôr em prática um ensino voltado à “mudança”. Tem-se repetido erros e, assim, não poderá acompanhar a evolução técnico-científica. As pesquisas em revistas especializadas na área apontam que tais empresas têm um ciclo de vida reduzido, uma vez que não se adaptaram às mudanças na realidade do mercado global.

A educação, de forma geral, tem orientado o aluno para o mundo do trabalho, pois o mundo é capitalista e, enquanto tal, será voltado aos interesses do capital. Em alguns casos as orientações continuam direcionadas um treinamento dos sujeitos, para que estes desempenhem apenas determinadas tarefas rotineiras.

Os Cursos de Ensino Profissionalizante do SENAC de Florianópolis, na área de Turismo e Hospitalidade tiveram um salto qualitativo desde a época das investigações empíricas, tal fato, demonstrado através dos programas e planos de ensino analisados. Porém, o que discorre nos programas atuais, ainda necessita de revisões de suas práticas.

A atividade turística, faz parte da sociedade moderna, dentro dos padrões hoje apresentados pelas tecnologias. O direito ao lazer e ao tempo livre é discurso novo, enquanto atividade planejada e geração de renda, e que está sendo incorporada somente por parte da sociedade que tem condições econômicas. Em

nome deste número de pessoas (22 milhões de turistas estrangeiros no mundo), os empresários conseguiram devastar imensas áreas, afastar a população residente e animais de seu habitat e explorar a mão-de-obra. Em virtude destes fatos, mais uma vez é apresentada a importância em trabalhar o tema ambiental na Instituição SENAC, pois para o sujeito agir corretamente em relação ao meio ambiente, deverá necessariamente, adquirir posições definidas quanto aos valores – ético, moral e social, assumindo responsabilidades e agindo em favor ao meio ambiente, direcionando portanto, ao resgate da cidadania.

O turismo como atividade econômica, poderá auxiliar nesta direção, porém, há a necessidade de um maior envolvimento do empresariado local para tal prática. O que ainda ocorre, freqüentemente, é a exploração do trabalhador que recebe baixo salário, horas extras trabalhadas com direito a folgas que não consegue usufruir, além das contratações esporádicas devido à baixa estação turística. Este é um fator chave para mudanças, pois o que está sendo aqui tratado, diz respeito à não sustentabilidade orientada no decorrer dos capítulos anteriores.

A Ilha de Santa Catarina e o Município de Florianópolis necessitam de planejamento que possam minimizar os problemas causados ao meio ambiente, devido às atividades econômicas de exploração, inclusive a atividade turística.

O respeito ao meio ambiente como um sistema integrado , nesse caso o homem como parte integrante neste meio, merece atenção especial de todos os envolvidos no processo de transformação da sociedade. Assim, os alunos do Curso de Guia de Turismo e do Curso de Cozinheiro, ao receberem orientação de ensino com qualidade, que privilegiem os temas formadores da cidadania, irão auxiliar para as mudanças da sociedade, lançando novos conceitos e hábitos e atitudes por onde estiverem atuando e, com isso talvez, conseguir influenciar outros mais. Este é o papel da educação, bem como da educação ambiental, ser agente de transformação da sociedade.

Aos professores e coordenadores da instituição, cabe a observância da aquisição de novos processos de ensino aprendizagem que venham contribuir para a melhoria de suas performances enquanto influenciadores do destino de muitos outros. Daí também o compromisso desses educadores com sua ética, respeito, responsabilidade com sua prática bem como com os demais colegas de trabalho e toda a sociedade.

A inter-relação da educação ambiental com o turismo é desafiadora, pois ambos deveriam buscar resultados próximos; um modelo de desenvolvimento que considere a população, enfoque a melhoria de qualidade de vida, com participação democrática, justiça social e que conserve os recursos naturais.

Finalizando, ressalta-se o compromisso da instituição SENAC, enquanto agente formador de profissionais e formador de opiniões. O SENAC, como um dos participantes do organismo regulador do comércio e indústria, poderá se comprometer para a inclusão de debates entre empresários, para a inclusão do trabalhador enquanto sujeito de direitos – cidadania.

As propostas de programas apresentadas no Capítulo 6, através dos três temas: ”O Senac vai à comunidade”, “15 minutos diários de tributo ao meio ambiente” e “Capacitação do corpo docente e funcionários”, podem servir para melhorar o desempenho da instituição referente às não-conformidades percebidas.