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CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO CONCEITUAL

2.3 Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Educação Ambiental

O termo “parâmetro” utilizado, inicialmente, no estudo das estatísticas, tornou-se extensivo a outros campos do saber humano, mas conservou o significado - valor calculado a partir de uma amostra - com o objetivo de caracterizar o universo onde a mesma foi tomada. Pode-se demonstrar que esses documentos elaborados pelo MEC servem como referência e que, não necessariamente, têm que ser implantados.

Os PCN’s foram lançados em 15 de outubro de 1997, pelo MEC, com base na LDB, de nº 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996, formando um conjunto de dez livros orientadores para o ensino dos temas transversais. Esses são apresentados como subsídio para apoiar o projeto das escolas, na elaboração dos seus planos curriculares.

A partir dos PCN’s, a educação ambiental passou, efetivamente, a ser institucionalizada, apesar de não tratar exclusivamente da mesma. Veio incluída como um dos cinco temas transversais, que são incorporados pelas diversas áreas do conhecimento, quais sejam, Meio Ambiente, Saúde, Ética, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. A obra que trata do capítulo Meio Ambiente discorre sobre a crise ambiental vivida atualmente e aponta as alternativas para tratar esse tema em sala de aula.

Em abril de 1999, o MMA promulgou a Lei nº 9.795, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental.

Cap. 1 – [...].

Art. 1 - Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (MMA, 2002).

Esse entendimento já foi descrito anteriormente, nestes mesmos moldes, mas é importante ressaltar e ratificar enquanto legislação institucionalizada pelo Governo Federal, através de seus canais competentes, e que passa a orientar os programas curriculares das redes públicas e privadas de ensino no Brasil.

O art. 9 da Seção I, da Lei nº 9.705, de 1999, sobre o Plano Nacional de Educação Ambiental, especifica que essa deve ser trabalhada nos currículos de ensino formal e não-formal18. Nessa mesma Lei, é interessante observar, também,

que a educação ambiental “não deve ser implementada como disciplina específica no currículo de ensino” (art. 10, § 1º). “Nos cursos de formação e de especialização técnico profissional - em todos os níveis - deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas” (art. 10, § 2º). Estes dois itens abordados nos PCN’s demonstram, na teoria, que a educação ambiental é assunto em pauta nos programas curriculares das instituições de ensino, propiciando ao direcionamento das transformações necessárias para chegar à educação crítica. (MMA, 2002).

Professores dos mais diversos campos do conhecimento têm, hoje, uma vasta literatura para incluir o tema ambiental em suas propostas educacionais, fazer inclusão não apenas como tema informativo, mas apontar e trabalhar problemas concretos vivenciados dentro da comunidade em que o aluno está inserido, problemas do bem-estar individual ou coletivo; ajustando em seu plano de ensino o tema ambiental juntamente com os conteúdos de sua disciplina. Esta é uma atividade que se constrói em conjunto com os alunos, para que ocorra por parte dos

18 Ações voltadas à sensibilização da comunidade, das instituições de ensino público e de iniciativa privada, inclusive na educação profissional.

mesmos, um comprometimento para a solução de problemas. Este modelo é chamado de transversalidade19.

Dias (2000, p.212) aponta que a educação ambiental utiliza novos métodos, os quais priorizam os problemas concretos, “a utilização do meio ambiente imediato como recurso pedagógico, a colaboração entre o pessoal docente de diferentes disciplinas e a necessidade que a escola esteja aberta à comunidade”.

Estes novos métodos de trabalho ainda não são incorporados de forma homogênea pelas instituições de ensino ou por parte de alguns professores, que têm em sua prática pedagógica a informação como acúmulo – “passar conteúdo” - sem que deste ocorra uma crítica levada à realidade do espaço em que está sendo estudado.

Um programa de educação ambiental para ser efetivo, de acordo com Dias (2000, p.216) “deve promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimentos, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental”.

Os PCN’s deixam claro o tema de meio ambiente como um assunto a ser tratado na transversalidade, portanto tema como Meio Ambiente, Saúde, Ética, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual serão contemplados em todas as áreas do conhecimento, privilegiando a todos em conjunto, como alternativa à formação da cidadania.

O tema transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais tem como função promover uma visão ampla que envolva não só os elementos naturais, mas também, os elementos constituídos e todos os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental. (MEC, 2001).

A estrutura pedagógica da educação ambiental no modelo citado através do PCN’s requer, por parte dos educadores, um preparo, pois muitos continuam trabalhando seus conteúdos tradicionais (disciplinas de História, Geografia, Matemática, etc.) sem saber como fazer a relação entre os dois pontos. A transversalidade perpassada através dos conteúdos tradicionais, propiciará uma relação clara e objetiva do processo ensino-aprendizagem. Estes temas

19 A transversalidade é um princípio teórico, do qual decorrem várias conseqüências e busca resgatar valores para a formação do cidadão. É um assunto (tema) analisado em todas as disciplinas.

transversais, se bem orientados serão pressupostos básicos para a democratização e à cidadania.

“A transversalidade, bem como, a transdisciplinariedade é um princípio teórico do qual decorrem várias conseqüências práticas, tanto nas metodologias de ensino quanto na proposta pedagógica” (Instituto Paulo Freire, 2002).

Castro (2000, p.165-167) faz críticas ao Plano Curricular, pois enquanto teórico-metodológico não especifica certos tópicos ou definições, os quais prejudicam o desenvolvimento ou a praticidade do mesmo.

Necessária se faz uma capacitação e formação continuada de professores, no sentido de superar a falta de clareza quanto à relação entre conteúdos e transversalidade, bem como de se suplantarem lacunas metodológicas [...] os Parâmetros Curriculares Nacionais pouco ajudaram no que concerne ao esclarecimento quanto à diferença entre interdisciplinaridade, temas transversais e trabalho por projetos. (CASTRO, 2000, p.165-167).

Portanto, para que ocorra a inserção dos temas transversais nos projetos pedagógicos, há necessidade de orientação, coordenação e boa vontade dos sujeitos participantes, de forma que se torne efetiva as mudanças dos espaços naturais, sociais, políticos e econômicos.