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3. Dinâmica demográfica, ciclo de vida domiciliar e uso da terra: referencial teórico

3.5. Conclusões

Iniciamos este capítulo citando um artigo sobre transição demográfica e os determinantes da queda de fecundidade verificada no decorrer da segunda metade do século XX na maioria dos países em desenvolvimento. A partir do que foi exposto sobre o tema migração, é fácil perceber que a conclusão de Kaa (1996) – de que as explicações teóricas para a queda da fecundidade e para transição demográfica representariam “ilhas de conhecimento em um grande arquipélago” – pode ser aplicada às explicações teóricas sobre o fenômeno migratório.

Apresentamos, inicialmente, as teorias sobre ciclo de vida domiciliar e dinâmica populacional em áreas de fronteira agrícola e a Teoria das Respostas Multifásicas – e, a seguir, apresentamos as principais vertentes teóricas que tratam do tema migração, sendo essas enquadradas em dois grandes grupos: as teorias focadas em aspectos micro e as focadas em aspectos macro. Evidentemente, não houve a pretensão de esgotar todas as diversas abordagens teóricas que buscam explicar este fenômeno social extremamente complexo que é a migração, principalmente as suas relações com o ciclo de vida dos domicílios e as mudanças no uso da terra. Desta forma, buscou-se neste capítulo

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apresentar, de forma bastante sucinta, as principais correntes teóricas com as quais se pretende dialogar no decorrer deste trabalho.

As hipóteses dessa tese, apresentadas na introdução, foram elaboradas a partir de aspectos específicos levantados no estudo da bibliografia que compõe o referencial teórico. No Quadro 2, são novamente apresentadas as hipóteses, sendo essas associadas às várias vertentes teóricas abordadas neste capítulo.

Quadro 2 – Relação entre os pressupostos e as hipóteses do trabalho com o referencial teórico

Pressupostos e hipóteses Referencial teórico

I. NÍVEL INDIVIDUAL Pressuposto: Os produtores agirão racionalmente, dadas as informações

disponíveis, sejam elas perfeitas ou não, visando maximizar seus ganhos e/ou minimizar o risco de perda do padrão de qualidade de vida de seus domicílios.

. A Teoria Microeconômica Neoclássica

. As abordagens com foco na família e no domicílio . A Teoria do Capital Humano

II. NÍVEL DOMICÍLIAR

1a hipótese principal: Os movimentos migratórios que têm como origem ou

destino a região do Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP) estão diretamente, embora não de forma exclusiva, associados ao ciclo de vida dos domicílios nas regiões de origem dos migrantes.

. As teorias sobre ciclo de vida domiciliar e dinâmica populacional nas áreas

de fronteira agrícola

- Mudanças na relação produtores/consumidores no decorrer do ciclo de vida do domicílio/família;

- Migração como uma possível estratégia de sobrevivência dos domicílios/famílias.

. A Teoria das Respostas Multifásicas

- Possibilidade de adoção, pelos produtores, de um número variado de estratégias visando garantir o padrão de sobrevivência;

- Migração como uma possível estratégia de sobrevivência dos domicílios/famílias.

. As abordagens com foco na família e no domicílio

- Processo de tomada de decisão de migrar ocorrendo no âmbito da família ou do domicílio a partir de interações dos seus membros (consenso ou conflito);

- As funções da família como unidade de subsistência, unidade de socialização e como grupo e rede social;

- Harbison (1981): Aprendizado dos filhos nas atividades desenvolvidas na propriedade dos pais.

. Os Novos Economistas da Migração do trabalho

- Processo de tomada de decisão de migrar ocorrendo no âmbito da família ou do domicílio;

- Busca, pelos domicílios, não apenas da maximização dos ganhos, mas, também, da minimização dos riscos de queda do padrão de vida.

Quadro 2 – Relação entre os pressupostos e as hipóteses do trabalho com o referencial teórico

Pressupostos e hipóteses Referencial teórico

II. NÍVEL DOMICÍLIAR

2a hipótese principal: Mudanças no uso da terra – mais especificamente,

mudanças o tipo de cultura plantada – têm o efeito de retardar futuras migrações, também relacionadas ao ciclo de vida dos domicílios.

. As teorias sobre ciclo de vida domiciliar e dinâmica populacional nas áreas

de fronteira agrícola

- Relações entre as formas de uso da terra, a dinâmica populacional dos domicílios e suas estratégias de sobrevivência.

. A Teoria das Respostas Multifásicas

- Intensificação e extensificação como possíveis estratégias de sobrevivência dos domicílios/famílias.

1a hipótese secundária: Domicílios com maior número de indivíduos

possuem estratégias de produção e reprodução que favorecem a mobilidade de seus membros.

. As teorias sobre ciclo de vida domiciliar e dinâmica populacional nas áreas de fronteira agrícola

. As abordagens com foco na família e no domicílio

- Harbison (1981): tamanho da família como push factor

. Os Novos Economistas da Migração do trabalho

- Taylor (1986): efeito positivo do tamanho do domicílio sobre a migração.

2a hipótese secundária: Domicílios em estágios iniciais de seus ciclos de vida

possuem estratégias de produção e reprodução que restringem a mobilidade de seus membros.

. As teorias sobre ciclo de vida domiciliar e dinâmica populacional nas áreas de fronteira agrícola

. Os Novos Economistas da Migração do trabalho

- Taylor (1986): efeito positivo do número de adultos. No caso do PADAP, domicílios mais novos equivalem a famílias recém constituídas e, logo, com menor número de adultos.

III. NÍVEL COMUNIDADE 3a hipótese secundária: A existência no local de destino de uma rede social,

formada por parentes ou amigos que tenham emigrado anteriormente, reduz os custos e aumenta as expectativas de retorno em relação ao movimento migratório.

. Os Novos Economistas da Migração do trabalho

. O Princípio da Causalidade Cumulativa e o papel das redes sociais . As abordagens com foco na família e no domicílio

- Harbison (1981): família como grupo e rede social

Quadro 2 – Relação entre os pressupostos e as hipóteses do trabalho com o referencial teórico

Pressupostos e hipóteses Referencial teórico

III. NÍVEL COMUNIDADE

4a hipótese secundária: Além dos efeitos de coorte, determinados pelas

trajetórias dos ciclos de vida, a mobilidade dos membros do domicílio é fortemente afetada por efeitos de período. A interação dos efeitos de coorte e de período pode determinar efeitos aparentemente ambíguos sobre a mobilidade, podendo favorecê-la ou restringi-la. No caso deste estudo, estaremos analisando, como efeitos de período, as políticas de crédito, o apoio técnico aos produtores rurais e a ação do mercado de terras.

. As abordagens histórico-estruturalistas

- Importância das condições sociais, culturais e objetivas no local de destino e de origem dos migrantes;

- Migrações como o resultado de um processo global de mudança dentro do qual estão inseridas.

. A Teoria Macroeconômica Neoclássica

- Mercado de trabalho como mecanismo primário que induz os movimentos migratórios. No caso do PADAP, está relacionado com a incorporação de diferenças nos mercados de terra e de capitais.

. Os pioneiros no estudo sobre a migração

- Existência de fatores de push e pull nos locais de origem e destino; - Seletividade dos migrantes.

. A teoria institucionalista

- Instituições atuando como intermediadoras no recrutamento de migrantes. Fonte: Elaboração própria.