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EQUAÇÃO 4 – Accruals discricionários

9. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo verificar se para aquelas empresas da amostra selecionada se existem evidências de gerenciamento de resultados relacionadas com a obrigatoriedade da revisão da vida útil por meio da regulamentação do ICPC 10 (Interpretação sobre a aplicação inicial ao ativo imobilizado e à propriedade para investimento do pronunciamentos técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43), para as demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2010, além das demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2010 e 2009. Com este objetivo, foi analisada a relação entre Accruals discricionárias (proxy de gerenciamento utilizada) e as variáveis que representam os incentivos ao gerenciamento, por meio de uma perspectiva multivariada ao qual aplicou-se método de teste de hipóteses, tornando a análise univariada de acordo com as hipóteses e variáveis aplicadas.

A pesquisa fez aplicação do Modelo KS (KANG E SIVARAMAKRISHAN (1995) para o cálculo das acumulações discricionárias (Accruals discricionárias) para as empresas que fazem parte do IBOVESPA em 31 de março de 2011 utilizando informações disponíveis no banco de dados ECONOMATICA.

Pela metodologia empregada, apenas casos em que o valor da variável “Accruals discricionários” fosse nulo (AD=0), não se constataria o gerenciamento de resultados, para aquelas em que AD fosse maior que zero as empresas teriam objetivo gerenciar resultados para gerar ganhos, e se fosse negativo a empresa gerenciaria resultados para gerar perdas.

Esta assertiva refere-se especificamente ao uso de contas relacionadas as despesas de depreciação e indicadores econômicos apresentados, dentre eles receita líquida, ativo imobilizado e ativo total.

Adicionalmente deve-se chamar atenção para o fato de que os resultados não podem ser inferidos ao conjunto de empresas brasileiras, porque a amostra é não aleatória e sim induzida para as empresas do IBOVESPA em 31 de março de 2011 que representa a média dos pregões do mês. Pode-se, no entanto afirmar sobre as empresas do IBOVESPA em 31 de março de 2011. Com base em estudos prévios pode-se inferir que a tendência é de que as práticas contábeis do IBOVESPA sejam similares as demais empresas não financeiras listadas na BOVESPA, e portanto expandir para as demais empresas da bolsa.

Verificou-se que as empresas brasileiras não financeiras listadas no IBOVESPA que adotaram as taxas de depreciação diferentes daquelas sugeridas pela SRF obtiveram melhorias nos índices financeiros em relação aquelas empresas que utilizaram as taxas de depreciação utilizadas pela Secretaria da Receita Federal. Verificou-se também que as empresas que apresentam os maiores indicadores de gerenciamento de resultados contábeis também apresentaram os menores níveis de governança corporativa.

Não foram considerados nesta pesquisa aspectos fiscais relacionados a utilização de aumento de despesas de depreciação como forma de gerenciamento de resultado, no entanto, em item 5.2.2 foi apresentada perspectivas de continuidade da pesquisa para gerenciamento de resultados no uso da revisão da vida útil com base nas taxas de depreciação fiscal, para fins de gerenciamento de resultados fiscais e não contábeis como apresentado nesta pesquisa.

Verificou-se por meio de aspectos qualitativos que as empresas do IBOVESPA que pertencem aos menores níveis de governança corporativa apresentaram os maiores níveis de gerenciamento de resultados, e que as empresas que apresentam os maiores níveis de governança corporativa apresentam os menores Accruals discricionários. No entanto, não se pode expandir a afirmação ou fazer novas inferências, visto que não se trata de análise quantitativa.

Os resultados desta pesquisa somados aos estudos já realizados contribuem para o monitoramento pelos órgãos reguladores, ao evidenciar eventos aos quais a prática de gerenciamento está associada, as formas utilizadas e elementos que estimulam sua prática.

A pesquisa tem importantes implicações para diversos agentes econômicos envolvidos direta ou indiretamente com o mercado de capitais. Os resultados aqui documentados são relevantes para (a) investidores (b) autoridades reguladoras (c) gestores e executivos (d) empresas de auditoria independente (e) escritório de advocacia (e) Secretaria da Receita Federal.

Esta pesquisa auxilia os pesquisadores e agentes econômicos em considerações sobre as implicações da adoção da Lei 11.638/07 para as empresas tanto de capital aberto quanto capital fechado bem como aspectos relacionados a adoção inicial ao IFRS (International Financial Reporting Standards) para as empresas de capital aberto. As implicações estão relacionados a possibilidade de gerenciamento de resultados por meio temas em que exigem aspecto julgamental por parte da administração aos quais são essenciais para sua elaboração das demonstrações financeiras, temas além daqueles já conhecidos até 2008 como: (i) provisões; (ii) impostos diferidos e sua realização e impairment, mas sim em relação aos temas que surgiram em 2009 e 2010, como (i) apuração de valor justo de ativo biológico e

produto agrícola (CPC 29/ IAS 41), (ii) Utilização da regra do corredor (SORIE) ou regra do reconhecimento integral no resultado abrangente para os ganhos e perdas atuarias (iii) Adoção do ICPC 10 e aspecto de mensuração ao valor quanto a utilização do custo atribuído (deemed cost) e conseqüente contrapartida do ajuste na conta de patrimônio líquido e não resultado do exercício (iv) aspecto de gerenciamento de resultados pela utilização de Hedge Accouting (CPC 38/IAS 39).

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