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IMPACTO DAS MUDANÇAS DA REVISÃO DA VIDA ÚTIL DO ATIVO IMOBILIZADO E OS ASPECTOS DE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS

EQUAÇÃO 4 – Accruals discricionários

5. IMPACTO DAS MUDANÇAS DA REVISÃO DA VIDA ÚTIL DO ATIVO IMOBILIZADO E OS ASPECTOS DE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentadas algumas informações extraídas das normas técnicas e da Secretaria da Receita Federal sobre o tema revisão da vida útil, bem como as motivações para se adotar ou não a revisão.

Em janeiro de 2010 a Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu a Interpretação Técnica 10, denominada ICPC 10, que trata da Interpretação sobre Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Investimentos dos Pronunciamentos Técnicos CPC 27, 28,37 e 43.

A Interpretação busca esclarecer algumas normas emitidas no CPC 27 Ativo Imobilizado, especificamente citado nesta pesquisa por conta do tema. Parte destas Interpretações causaram polêmicas dentre os usuários das informações contábeis, especificamente relacionadas aos: (i) aspectos do assunto revisão da vida útil do ativo imobilizado e ativo intangível com vida útil definida, em específico as diferenciações entre as taxas de depreciação sugeridas pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e as taxas a serem calculadas pela administração conforme ICPC 10; (ii) reconhecimento da mudança das taxas de depreciação como sendo mudança de estimativa contábil, sendo seus efeitos diferentemente do exige o CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.”

5.1. Mudanças da taxa de depreciação

Quando o ICPC 10 foi aprovado pela Deliberação CVM n.º 619/09 as empresas brasileiras, em especifico a pesquisa as companhias de capital aberto apresentaram a CVM uma série de dúvidas quanto aos impactos fiscais das possíveis alterações nas taxas de depreciação em relação àquelas taxas “exigidas pela SRF até então interpretadas pela grande maioria das empresas, vide parágrafo a seguir:

9. Uma prática utilizada por muitas entidades no Brasil foi a de considerar, como taxas de depreciação, aquelas aceitas pela legislação tributária. Segundo essa legislação, “A taxa anual de depreciação será fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar utilização econômica do bem pelo contribuinte na produção de

seus rendimentos” (Art. 310 do vigente Regulamento do Imposto de Renda – R.I.R./99, por remissão à Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 2º). Também, segundo a legislação fiscal, “A Secretaria da Receita Federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação, quando adotar taxa diferente” (art. 310, § 1°, do R.I.R./99, por remissão à Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 3º).

Além da CVM a Secretaria da Receita Federal que até dezembro de 2010 que não havia se pronunciado sobre a maioria das alterações das normas contábeis trazidas pela Lei 11.638/07 a CVM informou por meio da Deliberação 619/09 que as taxas de depreciação poderiam ser diferentes daquelas informadas em seu regulamento, desde que a vida útil dos ativos pudesse ser comprovada. Exceto aquelas empresas que atuavam em segmentos bem distintos quanto suas operações como segmento de óleo e gás, químico e siderúrgico adotavam as taxas recomendadas pelo fisco como forma de reduzir os gastos como emissão de laudos externos. No entanto, o ICPC 10 permitiu que as avaliações da revisão da vida útil não necessariamente precisassem ser feitas por peritos externos, e sim realizado internamente por desde que a empresa tivesse conhecimento próprio (competências) da vida útil para preparação de estudos internos.

Com base nos incentivos citados nos itens de 3.3.1 a 3.3.3 as empresas em 2010 passaram a avaliar os custos e benefícios contábeis e financeiros de se realizar o estudo da vida útil tanto para fins fiscais quanto para fins societários, o que se definiu neste trabalho como gerenciamento de resultados. Ressalta-se que esta pesquisa não tem como intuito avaliar os benefícios de se utilizar as taxas fiscais ou avaliar a vida útil do ativo imobilizado, alterando assim sua taxa de depreciação. Mas avaliar por meio de Accruals discricionárias evidencia de gereniamento de resultados por parte de gestores.

Efetuou-se apenas para fins explanatórios uma simulação dos impactos contábeis no resultado líquido do exercício, e nos principais indicadores de rentabilidade, por conta de alterações na vida útil de uma empresa pertencente ao IBOVESPA, tendo suas demonstrações extraídas do ECONOMATICA.

Desta forma apresenta-se a seguir a demonstração financeira de uma das empresas de capital aberto no caso a Marcopolo S.A (“Marcopolo”), que atua no segmento de fabricação de ônibus, veículos automotores, carrocerias, peças, máquinas agrícolas, e industriais e, é empresa auditada por firma de auditoria independente, no caso pela PricewaterhouseCoopers (PwC), não tendo nenhuma ressalva em seu parecer, não teve nenhuma incorporação, fusão que alterasse o valor de seus ativos significativamente e distorcesse a análise. A seguir

colocaram-se as Demonstrações do Resultado dos Exercícios de 2008, 2009 e 2010 conforme publicado na CVM.

TABELA 6 – DRE Marcopolo S.A

Fonte: Dados extraídos da Demonstração Financeira Marcopolo S.A dos períodos findos em 31 de dezembro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.

Com base neste quadro com destaque às despesas de depreciação, desta forma nas notas explicativas ás demonstrações financeiras com número de referência 12(b) “Síntese da movimentação do imobilizado consolidado”.

TABELA 7 – Nota da taxa de depreciação do imobilizado comparativa

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Fonte: Dados extraídos da Demonstração Financeira Marcopolo S.A dos períodos findos em 31 de dezembro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.

Aplicou-se a revisão da vida útil para 01 de janeiro de 2010 tendo como base o estabelecido pela ICPC 10 parágrafos 5 a 8:

5. No item 139 da Orientação OCPC 02 - Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008, o CPC estabeleceu o seguinte:

“139. O CPC emitirá seu Pronunciamento Técnico CPC 27 – Imobilizado em 2009 e recomendará aos reguladores a sua aplicação em 2010. Com isso, ainda podem ser utilizadas no exercício social de 2008 as taxas que a empresa vinha normalmente utilizando, permitida, naturalmente, as mudanças por revisão de estimativas ou correção de erros. Mas, quando da adoção das novas regras em 2010, os efeitos do exercício social de 2009 deverão ser calculados para fins comparativos. Assim, sugerem-se controles para a implantação em breve desses novos procedimentos.” 6. Com a emissão do Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado neste exercício de 2009, o CPC tratou do valor depreciável e do período de depreciação,

estabelecendo, dessa forma, o conceito de valor depreciável e a necessidade de revisão dos critérios utilizados para a determinação da vida útil estimada dos bens do imobilizado da seguinte forma:

“50. O valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada.

51. O valor residual e a vida útil de um ativo são revisados pelo menos ao final de cada exercício e, se as expectativas diferirem das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa contábil, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.”

7. Com isso, a obrigação da revisão periódica determinada pelo Pronunciamento Técnico CPC 13, item 54, a ser efetuada durante o exercício social iniciado a partir de 1o de janeiro de 2009, cuja aplicação em 2009 foi excepcionalizada, deverá ser efetuada na abertura do exercício social iniciado a partir de 1o de janeiro de 2010. 8. Nessa data também deverão ser efetuados os ajustes ao custo atribuído (deemed cost) pelo valor justo tratados nesta Interpretação e no Pronunciamento Técnico CPC 37 e, como decorrência, no Pronunciamento Técnico CPC 43. Para efeitos comparativos, a não ser que haja evidência forte de que o valor justo desses ativos na abertura do exercício social iniciado a partir de 1o de janeiro de 2009, diminuído da depreciação contabilizada nesse exercício, seja significativamente diferente do valor justo apurado na abertura do exercício social a ser iniciado a partir de 1o de janeiro de 2010, e que os efeitos dessa diferença sejam relevantes e possam induzir o usuário a erro, poderá ser admitido esse valor como valor justo na abertura do exercício social dessa demonstração comparativa.

A seguir apresentou-se a análise dos saldos de 31 de dezembro de 2010 com a vida útil alterada considerando os efeitos da revisão da vida útil em percentual, com valorização com os valores contábeis da depreciação no ano.

TABELA 8 – Nota de variação da taxa de depreciação do imobilizado comparativa

Variação ICPC X SRF em % Variação ICPC X SRF em R$ mil Ativo imobilizado Saldo em 31/12/2010 ICPC 10 Edificações 3.838 -60% (2.303) Máquinas 17.337 -33% (5.779) Veículos 972 0% -

Móveis, utensílios e equipamentos 2.440 -100% (1.220)

Outros 781 N/A N/A

Total 25.368 8.521

Fonte: Dados extraídos da Demonstração Financeira Marcopolo S.A dos períodos findos em 31 de dezembro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.

* N/A – Trata-se de um “mix” de taxas, não sendo possível efetuar comparações

Com referência ao quadro acima se verifica que se a Marcopolo S.A teve uma redução na despesa de R$ 8,5 milhões, vide a seguir:

TABELA 9 – Nota de variação da taxa de depreciação do imobilizado comparativa valorizada

Saldo 31/12/2010 Saldo 31/12/2010 Variação

Ativo imobilizado ICPC 10 SRF em R$ mil

Edificações 3.838 6.141 2.303 Máquinas 17.337 23.116 5.779 Veículos 972 972 - Móveis, utensílios e equipamentos 2.440 3.660 1.220

Outros 781 N/A N/A

Total 24.587 33.889 (9.302)

Fonte: Dados extraídos da Demonstração Financeira Marcopolo S.A dos períodos findos em 31 de dezembro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.

* N/A – Trata-se de um “mix” de taxas, não sendo possível efetuar comparações

Abaixo se apresentam os efeitos na demonstração do resultado no qual a empresa teve uma economia de R$ 9,3 milhões de reais, sem considerar os efeitos de impostos.

TABELA 10 – Demonstração do resultado com ICPC 10 X taxa fiscal

Fonte: Dados extraídos da Demonstração Financeira Marcopolo S.A dos períodos findos em 31 de dezembro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.

De forma complementar apresenta-se os principais índices de rentabilidade alterados após as alterações da vida útil:

TABELA 11 – Variação em índices financeiros

Portanto, com base na simples análise de uma empresa que detém em torno de 10% (R$ 318 mil) do ativo imobilizado que compõem o total de ativos (R$ 3.029 mil), no entanto, para as demais empresas a serem analisadas nesta pesquisa os percentuais do ativo imobilizado em relação ao total de ativos passam a ser mais relevantes.

5.2. Adoção da taxa de depreciação igual ao sugerido pela Secretaria da Receita Federal (“SRF”)

Algumas empresas têm avaliado também utilizar as mesmas taxas de depreciação sugeridas pela SRF, usualmente maiores que as taxas apuradas após a revisão da vida útil, uma vez que em casos em que a taxa de depreciação apurada por estudos técnicos da empresa for superior a taxa anteriormente utilizada (isto é menor vida útil) podem existir fortes evidências de redução ao valor recuperável do ativo (Impairment) o que para fins de gerenciamentos não seria um resultado interessante, visto que a contrapartida do impairment (despesa no resultado) ocorre no resultado do exercício reduzindo assim a rentabilidade da empresa.

Algumas empresas principalmente do segmento industrial conseguem apresentar prejuízo fiscal nas controladas num primeiro momento e conseqüentemente após anos de acumulo destes prejuízos receberem de uma empresa rentável as operações para esta empresa com prejuízo fiscal suas operações de forma que no resultado consolidado o grupo econômico tenha altos índices de rentabilidade e redução na carga tributária. Apresentam-se a seguir um modelo de utilização na forma de gerenciamento de resultados utilizando-se a taxa fiscal como parâmetro e a taxa como revisão da vida útil controlada de forma diferente num grupo de três empresas descritas a seguir.

5.2.1. Empresas que adotam a taxa fiscal

Apresenta-se o Grupo ABC como modelo, sendo que a estrutura societária deste grupo em 31 de dezembro de 2010 era assim apresentada:

FIGU que e de c finan Oper a 2010 URA 1 – Estrut Consider esta empres consolidação nceiras. A s racional e A Situação a) ABC Op resultado taxa fisc TABELA 0 tura societária ra-se que a sa não tenha o das dem seguir apre ABC Prejuíz o 1 peracional – o fiscal e so al como par A 12 – Re a do Grupo AB ABC Hold a atividade o ais empres sentam-se zo; – empresa d ocietário con râmetro de esultado d BC dings tenha operacional sas do grup as Demons de produção nforme resu depreciação do exercício 100% de p l, tendo ape po, bem co strações dos o e venda de umo da dem o: o ABC Ope participação nas equival omo emitin s Resultado e alimentos monstração eracional em o nas duas lência e pro ndo as dem os das emp s, atualment abaixo cons m 31 de de empresas e cedimentos monstrações presas ABC te apresenta siderando a ezembro de e s s C a a e

b) A empresa ABC Não Operacional apresenta apenas mútuos com as demais empresas do grupo não apresentando operações, além de ter prejuízo fiscal e contábil vide demonstração de resultado a seguir utilizando a taxa de depreciação fiscal:

TABELA 13 – Resultado do exercício ABC Não Operacional em 31 de dezembro de 2010

De forma consolidada o resultado contábil e fiscal da Holding considerando uma despesa de depreciação fiscal consolidada de R$ 5.000 mil fica assim apresentado:

TABELA 14 – Resultado do exercício ABC Holding em 31 de dezembro de 2010

Situação 2

A administração da ABC Holdings com base na estimativa de resultado decidiu por transferir as operações da empresa ABC Operacional para a ABC Prejuízo, agora se utilizando da vida útil com base nas taxas fiscais desta forma a administração, transferiu os ativos da ABC Operacional para a ABC Prejuízo e desta última para a primeira, bem como os mútuos das companhias, de forma que o resultado contábil entre as empresas fosse invertido. Outra medida adotada foi a adoção da taxa fiscal (SRF) de depreciação na ABC Prejuízo e a adoção da vida útil prolongada na Operacional tendo em vista que as máquinas não estão produzindo e que não há evidências de impairment.

O objetivo desta transferência em última análise é tornar a empresa ABC Prejuízo uma empresa rentável e utilizar-se do prejuízo fiscal e conseqüentemente da presunção fiscal dada pela SRF de utilização do limite de até 30% do lucro tributável como forma de abater da despesa com imposto de renda, por tanto o resultado da ABC Prejuízo fica:

TABELA 15 – Resultado do exercício ABC Prejuízo em 31 de dezembro de 2010

TABELA 16 – Resultado do exercício ABC Operacional em 31 de dezembro de 2010

Com o gerenciamento de resultados a demonstração de resultado da ABC Holding fica em termos comparativos com as taxas fiscais e ICPC 10 apresentadas:

TABELA 17 – Resultado do exercício Consolidado ABC comparados com resultado pela SRF e ICPC 10 - 31 de dezembro de 2010

A ABC Holding em sua demonstração de resultado consolidado e adotando a taxa recomendada pela SRF, usualmente maior que a taxa utilizada quando do cálculo da vida útil, sem considerar indicadores de impairment, aos quais poderiam deflagrar uma taxa fiscal menor que a taxa da vida útil. Com base no gerenciamento de resultados utilizando a taxa fiscal o Grupo Econômico ABC teria lucro maior ao invés de utilizar as taxas de vida útil.

5.2.2. Adoção Inicial da revisão da vida útil

As firmas de auditoria, consultores e comunidade acadêmica apresentaram uma série de críticas ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) acerca dos períodos de adoção inicial dos ajustes da revisão da vida útil do ativo imobilizado, especificamente quando aos critérios utilizados na forma de adoção inicial para os demais CPCs emitidos quanto aos períodos de comparabilidade e quanto ao ICPC 10. Segundo ICPC 10:

5. No item 139 da Orientação OCPC 02 - Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008, o CPC estabeleceu o seguinte:

“139. O CPC emitirá seu Pronunciamento Técnico CPC 27 – Imobilizado em 2009 e recomendará aos reguladores a sua aplicação em 2010. Com isso, ainda podem ser utilizadas no exercício social de 2008 as taxas que a empresa vinha normalmente utilizando, permitida, naturalmente, as mudanças por revisão de estimativas ou correção de erros. Mas, quando da adoção das novas regras em 2010, os efeitos do exercício social de 2009 deverão ser calculados para fins comparativos. Assim, sugerem-se controles para a implantação em breve desses novos procedimentos.”

Com base neste parágrafo extraído na integra do ICPC 10 a norma deixa claro que a mudança de estimativa contábil não é um erro e sim uma mudança de estimativa ou prática contábil, desta forma os seus ajustes deveriam ser apresentados sem comparabilidade ao ano de 2009, tendo em vista que o CPC 23 que trata de políticas contábeis, mudanças de estimativa e retificação de erro, sugere que:

7. O uso de estimativas é parte essencial da preparação de demonstrações contábeis, não fazendo diminuir a sua confiabilidade. Uma alteração na estimativa contábil é um ajuste no valor de um ativo, passivo ou do consumo periódico de um ativo, que resulta da avaliação atual das obrigações e benefícios futuros esperados associados a esses ativos e passivos.

8. As alterações nas estimativas contábeis resultam de nova informação ou maior experiência e, portanto, não são correções de erros. São exemplos: mudança na expectativa de vida útil econômica de um ativo imobilizado, mudança na classificação de perda esperada de uma obrigação de provável

para possível ou remota, mudança no valor da parte não recuperável de um ativo (impairment) etc.

9. O efeito de uma alteração numa estimativa contábil deve ser reconhecido prospectivamente e reconhecido no resultado: (a) do período da alteração, se a alteração afetar apenas esse período; ou (b) do período da alteração e futuros períodos, se a alteração afetar todos.

Desta forma por tratar-se de uma estimativa contábil seus ajustes deveriam ser prospectivos, no nosso caso nas demonstrações de 1º de janeiro de 2010, não afetar os saldos comparativos de 31 de dezembro de 2009. Os usuários da informação contábil com base nisto sugeriram em audiência pública patrocinada pelo CPC a alteração da redação da norma ficando, portanto da seguinte forma:

6. Com a emissão do Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado neste exercício de 2009, o CPC tratou do valor depreciável e do período de depreciação, estabelecendo, dessa forma, o conceito de valor depreciável e a necessidade de revisão dos critérios utilizados para a determinação da vida útil estimada dos bens do imobilizado da seguinte forma:

“50. O valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada.

51. O valor residual e a vida útil de um ativo são revisados pelo menos ao final de cada exercício, e, se as expectativas diferirem das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa contábil, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.”

7. Com isso, a obrigação da revisão periódica determinada pelo Pronunciamento Técnico CPC 13, item 54, a ser efetuada durante o exercício social iniciado a partir de 1o de janeiro de 2009, cuja aplicação em 2009 foi excepcionalizada, deverá ser efetuada na abertura do exercício social iniciado a partir de 1o de janeiro de 2010.

Logo, a alteração da data inicial da revisão da vida útil é um disposição transitório em particular, isto é própria do ICPC 10, conforme parágrafo 23 (b) do CPC 23:

b) Quando a entidade muda uma política contábil na adoção inicial de Pronunciamento, Interpretação ou Orientação que não inclua disposições transitórias específicas que se apliquem a essa mudança, ou quando muda uma política contábil voluntariamente, ela deve aplicar a mudança retrospectivamente.

Entretanto, o CPC informa que a administração deve fazer um exercício de recálculo da revisão da vida útil com base nos saldos retrospectivos de ativo imobilizado de forma a avaliar os impactos da revisão da vida útil nos anos anteriores, e em caso de identificar um erro possa ajustar os saldos nos períodos mais antigos da demonstração financeira publicada.

5.3. Desenvolvimento de Hipóteses

Um grande volume de explicações tem sido feito sobre o gerenciamento de resultados para fins de alavancagem alguns deles vinculados a influencia de mercado de capitais principalmente na Europa e Estados Unidos após a crise de crédito iniciada em 2008. Alguns autores informam que a administração busca melhorias nos indicadores de alavancagem tendo como motivação reduzir a percepção de risco por parte dos investidores, o que em última análise reduzirá o valor do prêmio numa possível emissão de ações, aumentará o custo de

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