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CONSTRUÇÃO

O primeiro acto, a Ruptura, tem como princípio “(…) romper com os preconceitos e as falsas evidências (…).” (Idem: 2008; 26), permitindo criar a distância necessária do conhecimento proveniente do senso comum, adquirido do quotidiano, das vivências ou difundido de geração em geração (VILELAS: 2009), uma vez que é composto por “(…) numerosas armadilhas (…) que somente nos dão a ilusão de compreendermos as coisas. (…)” (QUIVY e CAMPENHOUDT: 2008; 26).

Somente a quebra com o senso comum possibilita edificar a Construção teórica (segundo acto), das “(…) proposições do fenómeno a estudar e prever o plano de pesquisa a definir, as operações a aplicar e as consequências que logicamente devem esperar-se no termo da observação. (…)” (Idem: 2008; 26 e 28).

A passagem do quadro teórico erguido à respectiva experimentação constitui o princípio do terceiro acto – Verificação -, este “(…) vai buscar o seu valor à qualidade da construção.” (Idem: 2008; 28).

No que concerne à definição do objecto de estudo, esta acompanhou as regras enunciadas por ECO (2008; 33): “Que o tema corresponda aos interesses do candidato [profissionais e pessoais] (…), as fontes a que se recorre sejam acessíveis (…) [e] manuseáveis (…) e que o quadro metodológico da investigação esteja ao alcance da experiência do candidato.”.

Instituído o objecto de estudo, definiu-se o fio condutor da investigação “(…) na forma de uma pergunta de partida, através da qual o investigador (…) [exprime] o mais exactamente possível o que procura saber, elucidar, compreender melhor.(…)” (QUIVY e CAMPENHOUDT: 2008; 32).

Em conformidade, visando os objectivos genéricos e específicos propostos anteriormente (subcapítulo 1.1) e o referencial teórico em análise, a investigação teve como ponto de partida, assumindo-se como eixo central, dar resposta à seguinte questão:

Existem condições para que (futuramente) o destino Alqueva se desenvolva de forma sustentável?

Enquanto eixo secundário e a título hipotético de confirmação da questão supra, tornou-se imperativo perceber que mais-valias usufruirá a região estudada, lançando-se uma outra pergunta:

Quais os benefícios expectáveis para o desenvolvimento da região envolvente ao Grande Lago do Alqueva?

Estabelecida a pergunta de partida (etapa 1), impera “(…) explorar o terreno para conceber uma problemática de investigação. (…)” (QUIVY e CAMPENHOUDT: 2008; 49).

A etapa 2, Exploração, traduzida em acções de leituras e entrevistas, facultou a delineação do enquadramento teórico face ao objecto de estudo,permitindo identificar e conciliar os conceitos capitais que abordam o paradigma da sustentabilidade aliado ao turismo, bem como a posição e a evolução do pensamento científico e académico relacionado com a temática investigada.

Após o balanço dos resultados obtidos na precedente fase exploratória, a Problemática (etapa 3), visa “(…) escolher uma orientação teórica, uma relação com o objecto de estudo (…) [que] deve relacionar-se com a pergunta de partida e o seu objecto. (…)” (Idem: 2008; 100). Neste sentido, estabeleceu-se a abordagem ao problema levantado, determinando o rumo teórico a seguir, com base na materialização do levantamento bibliográfico do estado da arte.

A revisão da literatura de referência capacitou a definição dos conceitos vitais e da sua relação, como a complexidade do sistema turístico, o planeamento estratégico e o desenvolvimento sustentável associado à actividade turística, dandoênfase aos impactos negativos e positivos nos territórios turísticos e como estes efeitos poderão influir no desenvolvimento regional e a enunciação das hipóteses, estabelecendo assim, o Modelo de análise (etapa 4) da investigação. Deste modo, foram levantadas as seguintes hipóteses:

• A importância da gestão integrada dos destinos turísticos como forma de garantir a qualidade de vida das populações autóctones;

• A garantia de durabilidade dos recursos naturais e culturais, ou seja, dos recursos turísticos, pela minimização dos impactos nefastos nestes;

• A integração do espaço turístico e espaço territorial de forma equilibrada sem correr o risco de perda dos valores e recursos.

A formulação das hipóteses “(…) fornece à investigação um fio condutor particularmente eficaz (…) [apresentando-se] como uma resposta provisória a uma pergunta (…).” (QUIVY e CAMPENHOUDT: 2008; 119 e 121).

Assim, com base na literatura e na definição das hipóteses, ergueu-se um conjunto de indicadores estratégicos ao nível do planeamento e sob a égide do modelo de desenvolvimento sustentável, aplicado ao destino turístico Alqueva.

A subsequente e quinta etapa, a Observação, visa a passagem da teoria à sua aplicação empírica. Esta tem como objectivo abranger o “(…) conjunto das operações através das quais o modelo de

análise (…) é submetido ao teste dos factos e confrontando com dados observáveis.” (QUIVY e CAMPENHOUD: 2008; 155).

De forma a aferir as hipóteses enunciadas anteriormente, foi definida a técnica de observação (indirecta), inquérito por questionário, tendocomo objectivo genérico sondar, analisar e avaliar as percepções dos diversos intervenientes no sistema turístico, tais como organismos institucionais, do poder central ao local, promotores do sector turístico e visitantes.

A fundamentação da escolha do instrumento enunciado e dos seus respectivos objectivos, que espelham os conceitos teóricos e as hipóteses levantadas da presente investigação, encontram-se pormenorizados no subcapítulo 4.2.

A sexta etapa do procedimento científico, a Análise das informações, encerra dois objectivos, sendo o primeiro o cruzamento dos dados observados com as hipóteses levantadas, confirmando ou infirmando as mesmas; como segundo objectivo, o estudo das informações pode revelar também outras, alheias das previstas (QUIVY e CAMPENHOUDT: 2008).

Deste modo, urge “(…) interpretar (…) [os] factos e rever ou afinar as hipóteses para que, nas conclusões, o investigador esteja em condições de sugerir aperfeiçoamentos do seu modelo de análise ou propor pistas de reflexão e de investigação para o futuro. (…)” (Idem: 2008; 211).

A aplicação efectiva dos indicadores de gestão sustentável de um destino turístico ao objecto de estudo - destino Alqueva -, permitiu traçar um conjunto de recomendações diagnóstico, perspectivando de que forma a gestão deste destino, ainda no início do seu ciclo de vida, se coaduna com os conceitos e as teorias presente no levantamento do estado da arte.

As Conclusões assumem a sétima e última etapa do processo metodológico, onde se procede à reflexão do mesmo, se apresentam os resultados, colocando em destaque os novos conhecimentos alcançados e as consequências práticas destes (Idem: 2008).

4.2 | Observação e respectivos instrumentos

Como vimos, a Observação consiste em estabelecer a ligação entre os conceitos teóricos e os factos. Segundo QUIVY e CAMPENHOUDT (2008), para criar esta relação é essencial responder a três questões: observar o quê?; observar quem?; e observar como?.

Em suma, os autores enfatizam que Observar comporta três operações:

(…) a primeira (…) consiste em conceber um instrumento capaz de produzir todas as informações adequadas e necessárias para testar as hipóteses. (…). A segunda operação a realizar na observação consiste então em testar o instrumento de observação. (…) A terceira (…) é a recolha dos dados. (…)” (Idem: 2008; 181 e 183)

Ainda segundo QUIVY e CAMPENHOUDT (2008), importa assinalar que a Observação pode ser operacionalizada de forma directa ou indirecta.

Assim, “A observação directa é aquela em que o próprio investigador procede directamente à recolha das informações (…)” (Idem: 2008; 164). Na observação indirecta “(…) o investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação procurada (…)” (Idem: 2008; 164), através de técnicas (exemplo: inquérito ou entrevista) e instrumentos de observação (exemplo: questionário ou guião de entrevista).

A presente investigação assentou na observação indirecta, determinando-se as técnicas e instrumentos com base nos “(…) objectivos da investigação, (…) modelo de análise e (…) características do campo de análise. (…)” (Idem: 2008; 186).

Assim, os objectivos gerais e específicos que nortearam a pesquisa espelham a resposta à questão observar o quê?. Por outro lado, o modelo de análise definido e as características do objecto de estudo facultaram a definição dos diversos agentes-chave do sistema turístico a inquirir, refutando a pergunta observar quem?. Concretamente:

• Sector público nacional, regional e local;

• Empresários do sector turístico;

• E Visitantes.

Após a delimitação da população a auscultar, é necessário definir observar como?, ou seja, apurar quais os instrumentos de observação mais apropriados e como recolher os dados. Salienta-se que a apropriada estruturação dos instrumentos de observação permite “(…) que a investigação (…) [alcance] a necessária correspondência entre a teoria e os factos.” (VILELA: 2009; 265).

Deste modo, a recolha dos dados primários, ou seja, “(…) aqueles que o investigador obtém directamente da realidade, recolhendo-os com os seus próprios instrumentos. (…)” (VILELA: 2009; 266), executou-se através da técnica de inquérito por questionário, suportada pelo instrumento questionário.

Em síntese, apresentamos os “casos”7 indagados e o correspondente instrumento aplicado: