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Q UADRO 2 | S ISTEMA DE G ESTÃO T ERRITORIAL : ÂMBITOS DE ACTUAÇÃO E RESPECTIVOS INSTRUMENTOS

ÂMBITO INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL

Nacional • Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT); • Planos Sectoriais com incidência territorial;

• Planos Especiais de Ordenamento do Território: Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas, Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas, Planos de Ordenamento da Orla Costeira e Planos de Ordenamento dos Estuários.

Regional • Planos Regionais de Ordenamento do Território.

Municipal • Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território (PIOT);

• Planos Municipais Ordenamento do Território (PMOT): Planos Directores Municipais (PDM), Planos de Urbanização (PU) e Planos Pormenor (PP). FONTE: Produção própria a partir de Lei nº 48 / 98 de 11 de Agosto, DL nº 380 / 99 de 22 de Setembro e

Lei nº 54 / 2007 de 31 de Agosto6

Ressalva-se que a LBPOTU “(…) não consagra nenhum instrumento de gestão territorial específico para o turismo. No entanto, a necessidade de enquadramento territorial da actividade turística é citada amiúde nos vários diplomas que constituem os diferentes instrumentos de ordenamento” (SIMÕES: 2008; 355).

Como nota final, e conforme enfatiza VIEIRA (2007; 11-12):

(…) o processo de planeamento de desenvolvimento turístico deve englobar, para além das valências da vida em sociedade (sociais, culturais, económicas, ambientais e territoriais), todos os sectores e políticas a montante e a jusante do fenómeno turístico (formação, relações com o exterior, política comunitária, organização política interna, etc.) e todos os sectores e políticas sectoriais (transportes, indústria, etc.) com ele relacionados.

3.3 | Desenvolvimento Regional e Local

É consensual o reconhecimento da capacidade da actividade turística enquanto catalisador de desenvolvimento das regiões, através dos efeitos positivos que repercute, patenteado no Quadro 1 (subcapítulo 2.4.): “Um dos efeitos do turismo mais evidenciados, e que melhor corresponde aos anseios de vastas camadas das populações localizadas em zonas economicamente desfavorecidas, é o contributo para o desenvolvimento regional.” (CUNHA: 2006; 391).

Em determinadas regiões onde sectores económicos como, por exemplo, a agricultura, a pecuária ou o pequeno comércio não possuam capacidade de impulsionar o desenvolvimento das mesmas, mas que detenham recursos que permitam a sua vocação para o turismo, fomentando assim, o seu potencial endógeno, o turismo pode assumir-se como uma alternativa

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viável de valorização do território, permitindo mesmo, a dinamização desses outros sectores económicos que lhe são tributários.

Como afirma CABUGUEIRA (2005; 102), “(…) O turismo pode ajudar a estimular a actividade económica de determinados locais que possuem, por diversas razões, poucas possibilidades de alternativas de desenvolvimento económico. Talvez seja mesmo a única alternativa real para o crescimento de tal regiões (…).”

Por sua vez, o turismo permite que o desenvolvimento regional se repercuta também ao nível nacional, ou seja, “(…) [é] , simultaneamente, um factor de expansão económica global (…) de vária ordem.” (CUNHA: 2006; 391).

CUNHA (2006) refere que são diversos os factores que permitem que o turismo influencie positivamente o desenvolvimento regional. Assim, em primeira instância, como evidenciámos anteriormente, o desenvolvimento turístico de uma determinada região depende dos seus recursos endógenos, ou seja, “(…) só é viável quando existem valores locais que garantam uma vocação turística.(…)” (Idem: 2006; 391).

Por outro lado, o turismo opera uma transferência de rendimentos das regiões mais desenvolvidas para as menos desenvolvidas. Com efeito, o visitante ao consumir bens e serviços produzidos localmente provoca exportações que nenhuma forma de comércio poderia ocasionar.

Outra faceta do turismo como impulsionador do desenvolvimento regional prende-se com a sua capacidade de proporcionar o lançamento de infra-estruturas e de equipamento social, os quais servem os turistas mas também a população local, permitindo a instalação de outras actividades que acrescem a produção local (Idem: 2006).

Pode-se igualmente concluir que o turismo contribui para a dinamização e modernização da produção local. Esta incidência faz-se notar, sobretudo, em três planos de intervenção, especificamente no domínio industrial e agro-pecuário, na geração de condições e oportunidades para o aparecimento de novas actividades (entre as quais sobressaem os serviços pessoais) e no fortalecimento das produções artesanais.

CUNHA (2006) destaca ainda a particularidade do turismo permitir o aproveitamento de instalações abandonadas ou obsoletas garantindo-lhes uma nova função, exemplificando com as situações de utilização para fins turísticos de minas esgotadas, construções fabris desmobilizadas ou mesmo casas e aldeias abandonadas pelo êxodo populacional.

Face aos aspectos atrás referidos parece-nos lícito concluir que poucos sectores de actividade terão capacidade de versatilidade e flexibilidade como o turismo, para se adaptarem às características endógenas dos territórios, transformando essas características em oportunidades reais para as populações autóctones.

Neste contexto, e em síntese, o adequado desenvolvimento da actividade turística permite contribuir para atenuar as assimetrias regionais, sendo condição indispensável a existência de um quadro de articulação integrada para garantir a potenciação dos efeitos benéficos do turismo e minimizar os seus impactes sobre o meio físico.

3.4|Desafios, parcerias e acções

Como demonstrado, o turismo é uma actividade que, para se desenvolver equilibradamente e de forma sustentável, necessita da participação de todos os agentes-chave (entidades institucionais, empresas, turistas e comunidades locais), envolvidos numa lógica articulada e integrada.

A responsabilidade do desenvolvimento turístico não é tarefa exclusiva das entidades governamentais, mas também do sector privado, que tem um papel primordial. Resultante da importância e dos interesses em comum é crucial a criação de sinergias entre o sector público e o privado, através de parcerias.

Ao sector público compete estabelecer as políticas de turismo, assegurar os mecanismos de coordenação, planeamento e ordenamento do território, a promoção institucional do turismo e a intervenção ao nível da formatação dos produtos turísticos, através da preservação do património cultural e natural, criação ou melhoria de acessibilidades, meios de transporte, infra- estruturas básicas (redes de saneamento, electricidade, água, gás) e de apoio, ou de equipamentos de lazer; e zelar pela saúde e segurança públicas. Por outro lado, fiscaliza, regula e estabelece níveis de qualidade dos serviços e infra-estruturas do turismo; concede licenças para a abertura e funcionamento das empresas turísticas; e apoia o investimento privado no sector, através de incentivos financeiros.

Em síntese, o sector público encontra-se incumbido:

(…) pela política, pelo planejamento e pela pesquisa, oferecendo a infra-estrutura básica, desenvolvendo alguns atrativos turísticos, fixando e administrando padrões para serviços e instalações, estabelecendo e administrando os regulamentos referentes ao uso da terra e à protecção ambiental, determinando padrões para a educação e o treinamento para o turismo, além de estimulá-los, mantendo a segurança e a saúde públicas e responsabilizando-se, ainda, por algumas funções de marketing. (…) (OMT: 2003b; 85).

A intervenção pública manifesta-se a diferentes níveis: nacional, regional e local, que se resumem no quadro seguinte: