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Q UADRO 23 | I NDICADORES TERRITORIAIS E SOCIAIS DOS C ONCELHOS INTEGRANTES DO DESTINO A LQUEVA 2008 E

NUT II N º E STABELECIMENTOS C APACIDADE DE ALOJAMENTO

Q UADRO 23 | I NDICADORES TERRITORIAIS E SOCIAIS DOS C ONCELHOS INTEGRANTES DO DESTINO A LQUEVA 2008 E

CONCELHOS ÁREA KM2 POPULAÇÃO RESIDENTE 2009 (Nº) DENSIDADE POPULACIONAL KM2-2009 ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO –2009 TOTAL Nº EMPRESAS 2008 ALANDROAL 542,7 5 968 11,0 269,2 469 BARRANCOS 168,4 1 670 9,9 176,6 131 MOURA 958,4 16 022 16,7 140,2 1 142 MOURÃO 278,6 3 395 12,2 142,1 181 PORTEL 601,2 7 084 11,8 201,8 432 REGUENGOS DE MONSARAZ 463,8 11 594 25,0 180,8 1 062 NUT II ALENTEJO 31 603,2 753 407 23,9 173,2 67 502

FONTE: Produção própria a partir de MAOT: 2010 e INE: 2010a

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Turismo de Portugal, I.P., (site DescubraPortugal) acedido a 14 de Novembro de 2011, disponível em http://www.descubraportugal.pt/edicoes/tdp/regional.asp?idcat=29

Em termos globais, os seis concelhos estudados abrangem uma área de aproximadamente 3000 km2 e uma população residente de 45 733 pessoas (dados de 2009).

O município com a maior extensão de território e o maior número de população residente é Moura (958,4 Km2 e 16 022 pessoas); por sua vez, Barrancos encontra-se em último lugar nestes dois indicadores, sendo o concelho com menor área, 168,4 km2 e uma população de 1670 pessoas.

Refira-se ainda que Reguengos de Monsaraz apresenta a maior densidade populacional dos seis concelhos (25 habitantes por km2) e Barrancos a menor (9,9 habitantes por km2).

Quanto ao índice de envelhecimento, Moura manifesta o índice mais baixo (140,2) e o município de Alandroal o mais alto, 269,2.

Moura e Reguengos de Monsaraz demonstram o maior dinamismo empresarial, revelando-se como os concelhos da sub-região com o maior número de empresas e com a maior densidade de empresas por km2 (INE: 2010a).

Em síntese, a região em estudo reflecte as principais tendências globais da região Alentejo:

• Diminuição do número de efectivos populacionais;

• Baixo índice de densidade populacional;

• Estrutura etária duplamente envelhecida (menos representatividade de jovens e mais de idosos);

• Despovoamento dos núcleos populacionais de menor dimensão;

• Baixa densidade de empresas;

• E uma estrutura empresarial de reduzida dimensão (mais de 96% das empresas detém menos de 10 pessoas ao serviço).

Quanto ao desempenho do Alqueva enquanto destino turístico, apresenta-se seguidamente uma súmula dos principais indicadores estatísticos de performance da actividade turística na região, em 2009:

• Capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros: 209 camas;

• Obteve 35 mil dormidas, das quais o mercado nacional foi distintamente maioritário, representando 87% do total das dormidas (aproximadamente 31 mil), face aos 13% de quota do mercado externo (quase 5 mil dormidas);

5.3 | Caracterização da área abrangente do Alqueva 5.3.1 | Alqueva – historial da barragem

O aproveitamento hidráulico da bacia do rio Guadiana e o consequente projecto da barragem do Alqueva surge para fazer face ao problema de carência de água que ainda hoje afecta a região do Alentejo.

Datam dos finais do século XIX as primeiras menções “(…) sobre a necessidade de levar a água às terras alentejanas (…).” (SANCHES e PEDRO: 2007; 27). No entanto, o Projecto como Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA) somente entra na agenda política durante o regime do Estado Novo à data de 1957, aquando da criação do Plano de Rega do Alentejo (Idem: 2007):

A construção do aparecimento de Alqueva constituiu um passo decisivo na solução do problema secular da rega do Alentejo, problema que foi anseio de sucessivas gerações e somente pôde começar a ser resolvido a partir de 1957 (Idem: 2007; XV).

Sendo o Guadiana um rio internacional, surgiu a necessidade de celebrar um acordo entre as duas partes envolvidas - Portugal e Espanha -, de forma a regulamentar a utilização do mesmo, abrangendo também outros rios internacionais de interesse comum aos dois países. Assim, em 1968, celebrou-se o Convénio Luso-Espanhol21, designado de Convénio entre Portugal e Espanha para Regular o Uso e o Aproveitamento Hidráulico dos Troços Internacionais dos Rios Minho, Lima, Tejo, Guadiana, Chanca e seus Afluentes (Idem: 2007).

No que diz respeito ao rio Guadiana, o Convénio concedeu a Portugal o aproveitamento hidráulico do mesmo entre as confluências dos rios Caia e Cuncos, apontando já a criação da barragem nas proximidades da localidade de Alqueva, dentro das várias hipóteses estudadas (Idem: 2007).

Tendo a sua construção como intuito primário o regadio e a produção de energia eléctrica e “(…) sendo um aproveitamento hidráulico de fins múltiplos de valia eléctrica muito significativa, deveria ser integrado na rede eléctrica primária (…).” (Idem: 2007; 94).

Desta forma, em Março de 1973 a concessão da exploração hidroeléctrica do rio Guadiana (troço atribuído a Portugal) foi adjudicada à Companhia Portuguesa de Electricidade, S.A.R.L. (Idem: 2007).

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Em 1975 é aprovado pelo Conselho de Ministros22 a execução do EFMA e a criação de uma comissão de gestão do mesmo, iniciando-se as obras no ano seguinte, sendo interrompidas dois anos mais tarde para que novos estudos fossem realizados, uma vez que os existentes foram considerados insuficientes (Idem: 2007).

Os trabalhos de construção da barragem são reiniciados com força de lei em 1980, através de uma nova RCM23, desta feita, o empreendimento tinha como objectivo único a edificação da barragem para produção de energia eléctrica (Idem: 2007). Durante a década de 80, o EFMA amargou numa fase de impasse, pois o projecto sofreu diversos recuos e avanços.

Foram entretanto realizados diversos estudos de impacto ambiental, que reflectem a preocupação generalizada sobre as questões ambientais a partir dos anos setenta (mencionado anteriormente no subcapítulo 2.2):

O facto de grandes empreendimentos hidráulicos afectarem recursos naturais e poderem, por vezes, ter efeitos significativos sobre vastas áreas, veio também determinar a formação de uma consciência ambiental neste domínio específico. E assim, a par de critérios baseados na análise económica tradicional, houve que ter em conta critérios de natureza ambiental. (Idem: 2007; 194).

Sobre esta matéria, de entre os documentos produzidos sobre o Alqueva, destacamos o Estudo Integrado de Impacto Ambiental, realizado pela empresa SEIA24 a partir de 1994, tendo “(…) como principais objectivos: a identificação dos impactos associados à realização e a proposta de medidas minimizadoras ou de compreensão dos impactos negativos.” (Idem: 2007; 199).

Este estudo designa como grande impacto positivo para a região Alentejo “ (…) a garantia de água, o que tornaria possível o desenvolvimento de um conjunto de actividades que ‘poderão dar uma nova força ao Alentejo’ ”. (Idem: 2007; 201).

Em 1993 surge, através de outra decisão de Conselho de Ministros, a retoma das obras e criação da Comissão Instaladora da Empresa do Alqueva25, “(…) com vista à instituição da entidade empresarial gestora do empreendimento, era o lançamento da execução do empreendimento hidráulico de fins múltiplos de Alqueva.” (Idem: 2007; 124).

22 Resolução nº DD 1419 de 31 de Dezembro de 1975. 23 RCM nº 395 / 80 de 21 de Outubro.

24 Sociedade de Engenharia e Inovações Ambientais, S.A. 25

Em conformidade, em 1995, através do DL nº 32 / 95 de 11 de Fevereiro, é constituída a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, S.A. (EDIA), enquanto sociedade anónima de capitais públicos:

A Empresa é a entidade gestora do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva [EFMA], que tem como objecto social a concepção, execução, construção e exploração daquele Empreendimento, contribuindo para a promoção do desenvolvimento económico e sócia na respectiva área de intervenção pelo aproveitamento das potencialidades do empreendimento. (DL nº 32 / 95; 887).

Por sua vez, publicado na mesma data, o DL nº 33 / 95 de 11 de Fevereiro, identifica as infra- estruturas afectas ao EFMA e expõe a utilização e concessão destas, designando “(…) algumas medidas preventivas, para disciplinar a utilização do espaço, em particular nos terrenos a submergir pelas futuras albufeiras de Alqueva e Pedrógão.” (SANCHES e PEDRO: 2007; 124).

Actualmente, a EDIA rege-se pelo DL nº 42 / 2007 de 24 de Dezembro26, diploma que surge maioritariamente por adaptação à legislação em vigor em matéria de gestão de recursos hídricos e do sector energético.

Em termos de infra-estruturas, o EFMA reúne a barragem e central hidroeléctrica do Alqueva, a barragem e central hidroeléctrica do Pedrógão, o sistema de adução Alqueva – Álamos, a rede primária e secundária (infra-estruturas de captação, adução e distribuição de água) e outras infra-estruturas acessórias ou complementares (DL nº 42 / 2007).

Apesar da longevidade de todo o processo, de consecutivos avanços e recuos, o ano de 2002 é marcado com a conclusão do corpo central da barragem, encerrando-se as comportas e procedendo-se ao enchimento da albufeira. Em 2010, oito anos depois de fechar as comportas, a albufeira da barragem do Alqueva atingiu a sua cota máxima (EDIA: 2010a).

O espelho de água que se formou, considerado o maior lago artificial da Europa, tem cerca de 250 km2, um perímetro de 1160 km e possui aproximadamente 440 ilhas (EDIA: 2010a). Tenha- se igualmente presente que “(…) a Albufeira de Alqueva insere-se na bacia hidrográfica do Rio Guadiana (…) estendendo-se por vários concelhos do Alentejo (Portel, Moura, Mourão, Alandroal e Reguengos de Monsaraz), isto sem ter em conta a barragem complementar de Pedrógão, e ainda por Espanha (Olivença, Cheles, Alconchel e Villanueva del Fresno).” (FERNANDO: 2008; 21).

26 Revoga o DL nº 32 / 95 de 11 de Fevereiro, o DL nº 33 / 95 de 11 de Fevereiro e o DL nº 335 / 2001 de

Caracterizado em linhas gerais o historial inerente à barragem, importa destacar igualmente a envergadura da obra de engenharia que sustentou a sua construção, ao ponto de se reconhecer que o “(…) Alqueva é certamente um valioso testemunho da cultura técnica portuguesa.” (SANCHES e PEDRO: 2007; XV).

5.3.2 | A intervenção da EDIA

Como se assinalou, a EDIA é responsável pela gestão do EFMA e tem como missão “(…) conceber e potenciar o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva nas suas diversas vertentes numa perspectiva empresarial, não se limitando à região em que se insere o Empreendimento, mas tendo em vista a consolidação do projecto empresarial no contexto nacional.” (EDIA)27.

O EFMA abrange o território, total ou parcial, de 20 concelhos28 das NUT III Alto e Baixo Alentejo e é reconhecido como de grande interesse a nível nacional, igualado a projecto de potencial interesse nacional (DL nº 42 / 2007).