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Em que ponto a mascarada se mostra irremediavelmente falha, e, por que o fracasso da mascarada em dizer alguma coisa a mais sobre o feminino e a feminilidade aparece de maneira tão marcante em Claudia? Ao término deste trabalho, é fundamental resgatarmos a nossa tese de que a feminilidade como mascarada, tal como qualquer aparato discursivo, mostra-se como denunciadora de uma falta, dizer isso significa considerar que não haveria como analisá-la fora da seara do significante e da letra.

A mascarada, à época que foi concebida por Joan Riviere, era menos um jogo discursivo do que uma solução possível para uma feminilidade calcada no terreno da ambiguidade sexual, considerada uma resposta da mulher diante dos intensos sentimentos de inveja e ciúme oriundos de uma sexualidade profundamente ligada às questões pré-edípicas. É Lacan quem a coloca de uma vez por todas no terreno da linguagem ao percebê-la como um jogo, justamente porque as posições sexuais também assim eram percebidas, como posições discursivas, pensamos que é essa nova leitura lacaniana do conceito de Riviere que nos permite considerá-la como um elemento vital para a compreensão das diferentes posições sexuais assumidas por homens e mulheres diante do operador fálico.

De artifício-essência da feminilidade, cuidadosamente utilizado para esconder uma falta e uma apropriação indevida, a máscara se torna prótese problemática reveladora da falta e da fissura que a constitui. Tornada parte de um jogo, ensina que as posições que uma mulher ocupa diante do falo e do Outro nunca podem ser concebidas como uma definição final, apaziguando as questões concernentes à feminilidade; uma feminilidade inacabada seria, paradoxalmente, a única resposta que a mascarada poderia fornecer, por não existir fora do âmbito discursivo.

Embora ressaltemos ao longo da tese a máscara em sua relação com a dinâmica sexual e, sobretudo, sua faceta linguageira – o jogo da mascarada –, contribuição lacaniana, pareceu-nos essencial o resgate da letra de Joan Riviere, recuperá-la e fazer dela questão, não somente pela competência teórica da autora, mas também pela importância de suas ideias para a compreensão da sexualidade feminina, inclusive diante das problemáticas que a atualidade engendra.

Isso significa que falar do jogo discursivo da mascarada não é possível sem questionar o conceito de máscara que nasce em 1929 e que traz em seu bojo uma preciosa teorização acerca da sexualidade feminina e dos tributos que esta paga à vida psíquica infantil, o que Riviere faz com esmero. Abordar o conceito original de máscara nos oportunizou reconhecer a contribuição de Joan Riviere para a história e para o desenvolvimento da Psicanálise, não apenas como mera

criativa tradutora de Freud, mas como uma teórica importante que vem sendo pouco estudada ao longo dos anos, sobretudo nos ambientes lacanianos.

Articular a mascarada com o discurso promovido por uma revista idealizada para representar “A mulher” brasileira nos fez também questionar se a antiga fórmula de comunicação de Claudia, repleta de conselhos e dicas quase didáticas a serviço do ensino de uma suposta arte de ser mulher, tão popular nos exemplares da revista nos anos 1960, foi inteiramente substituída na atualidade por uma nova fórmula, mais conforme a outras saídas à feminilidade. Diferenciada das demais publicações destinadas ao público feminino de sua época, Claudia buscava concentrar em suas páginas uma gama de assuntos os quais deveriam representar os interesses típicos da mulher adulta, preferencialmente casada e mãe, uma novidade no mercado editorial, visto que as revistas existentes tinham as leitoras adolescentes como alvo.

Por isso, entendemos que Claudia nos foi essencial para que pudéssemos compreender como os significantes da feminilidade, do feminino e da mulher eram concebidos socialmente nos anos 1960. Da mesma maneira, um olhar retrospectivo sobre a revista nos permite compreender de que forma as leitoras tomavam para si esses significantes por meio de suas cartas/letras e de seus pedidos à editoria, revelando então que qualquer texto despretensioso, de fruição, pode funcionar catalisando reflexões ao promover elementos de significância.

Embora houvesse espaço para dicas e conselhos mais ou menos generalizáveis sobre o mundo supostamente feminino, deve-se ter em mente que, tendo em vista as limitações do mercado editorial à época, Claudia funcionava também como meio eficaz de propagação de uma escrita especializada sobre temas relacionados à sexualidade feminina – como, por exemplo, a coluna de Carmen da Silva, psicóloga e psicanalista – algo que dificilmente seria acessível para o grande público leitor.

Estar diante das páginas de Claudia torna inevitável questionar qual é o lugar da mensagem que se escreve numa revista feminina na era em que a comunicação se torna mais fluida e rápida, o que significa pensar sobre a validade de uma letra de feminino que se escreve no papel a despeito das novas possibilidades de comunicação que surgiram com o avanço da tecnologia.

Apesar dos inegáveis avanços na seara comunicativa propiciados pela atualidade, não há garantias de que as pessoas estejam se comunicando melhor ou que estejam mais engajadas em uma comunicação sem ruídos do que em épocas em que a telecomunicação ainda não havia se expandido tanto. Dito de outro modo, o avanço da comunicação, no seu sentido mais geral, em nenhuma medida torna possível que o desencontro e a equivocidade da linguagem sejam

por fim superados e nada nos faz pensar que isso seja possível; acreditar nisso seria rechaçar tudo o que foi dito até aqui com o esteio da teoria lacaniana.

Talvez a única garantia que se tenha na atualidade é que a comunicação disposta em rede, aberta e descentralizada, é mais fluida, viaja com mais rapidez entre emissor e receptor. Mas será que a mensagem emitida sofre alterações? Dizer isso implica mais uma vez considerar o ponto em que a comunicação – e a linguagem – mancam, e isso não parece ser um problema do canal pelo qual a mensagem é transmitida.

Podemos supor que a mensagem emitida por Claudia, uma mensagem que forja versões a partir de uma relação dialógica, não sofre alterações causadas apenas pelas novas contingências atuais ou por causa do novo lugar social da mulher no espaço público. Isso nos leva a pensar em novas leitoras que em nada se assemelham às rainhas do lar, nem ao eterno do feminino.

Contrariamente, é possível inferir que existirá sempre um resto a dizer, não importa o canal, não importa o meio de comunicação, porque, necessariamente, a mensagem continua sendo um enunciado infiltrado pelos significantes de cada leitora. Por isso ela manca, por ser infiltrada por significâncias.

Sendo assim, o que mais nos interessa são as versões de feminino que se produzem quando a infiltração significante ocorre; por isso essas versões forjadas por Claudia com a participação de suas leitoras, por mais atualizadas que sejam, ainda se detém diante de algo sobre um saber-fazer com a feminilidade que não é comunicável. Com isso vislumbramos o que há de basilar na feminilidade que, se de certa forma se recusa à petrificação, por outra se nega à emissão destituída de ruídos, não cessando de causar efeitos em uma condição feminina nunca apaziguada, por mais que lhe sejam dadas novas vertentes de enunciação social.

Isso é compreensível ao resgatarmos o texto de Riviere que deu origem ao conceito de mascarada abordado ao longo deste trabalho. Lembramos que na apresentação do caso clínico da propagandista americana existia uma feminilidade em conflito: desempenho profissional e as questões relativas a uma sexualidade que, embora parecesse bem resolvida se revelava problemática a partir de inibições e sintomas abordados ao longo do tratamento que originou uma escrita – ainda que teórica – feminina sobre uma saída para a feminilidade pela via da mascarada.

Parece ser ainda esse conflituoso desejo feminino algo basilar que subjaz às tantas versões de feminino e aos tantos modelos de mulher que Claudia fez e ainda faz transitar em suas páginas. Os conflitos sobre o desempenho feminino, tão comuns às discussões sobre a feminilidade ensejadas por Claudia na atualidade, de alguma forma remetem a dilemas

semelhantes aos da paciente emblemática de Riviere, caso se tenha em mente que a mensagem emitida pela revista ainda hoje faz pensar em uma feminilidade a ser, ainda, pensada para além da culpa e da angústia.

Dessa forma, entendemos que a mensagem de Claudia para suas leitoras não se altera tanto na atualidade, e se transporta novos significantes da feminilidade advindos dessas novas possibilidades de existência social permitida às mulheres, não é suficiente para resolver os impasses relacionados à condição feminina, estes que não cessam de retornar às páginas da revista.

Isso diz respeito a uma feminilidade que será sempre problemática porque resta algo que o campo da linguagem não pode resolver. Por ser irresolvível, portanto, a condição feminina forja saídas possíveis ao conflito que a caracteriza; por isso a feminilidade não é essência pétrea, mas sim a resultante dos estratagemas que cada mulher precisa empregar para não sucumbir ao vazio do significante fálico que a torna afeita ao crime e ao dissimular.

Diante do exposto, parece importante questionar se a mascarada será um dia passível de esquecimento, se ela um dia deixará de representar uma saída possível à feminilidade ou se será suplantada por uma alternativa menos problemática. Por enquanto, por mais que os significantes fálicos com os quais as mulheres se enfeitam na atualidade sejam alterados ou recriados, ainda há um saber-fazer que incita à criação de um lugar, não necessariamente o lugar da mulher coquete, sedutora contumaz, mas um lugar de esteio para um feminino que está destinado a manejar a falta como quem maneja os adornos com os quais se disponibiliza ao olhar do Outro. Essa forma de lidar com a falta certamente se altera com o tempo, produz novas significâncias para a feminilidade, areja os sentidos que podem ser atrelados ao “ser mulher”. A prevalência de uma estratégia, a necessidade de um saber-fazer que convida à leitora a jogar com o que tem à mão para tentar dar conta dessa feminilidade, parece insinuar a importância da saída pela mascarada.

Embora vacilante, essa estratégia ainda parece útil, providencial – e ainda mais o é na atualidade, sobretudo se pensarmos que ela constitui um meio de preservação dessa mínima diferença que opera para situar as mulheres no campo oposto ao masculino diante do falo na seara discursiva. Dessa maneira, como preservação da mínima diferença que distingue as posições discursivas, Claudia não parece modificar tanto a mensagem destinada às mulheres que continuam mobilizadas por uma falta.

Essa falta, embora não se possa resolver, parece ofertar alguma forma de compensação às mulheres que se mascaram. Dizer isso é reencontrar a mascarada “furada” presentificada na leitora que também empresta sua letra à Claudia, que não cessa de buscar, seja na aparência,

no sucesso profissional, no retorno ao lar, seja na ascensão à maternidade – ainda que tardia –, a legitimação da sua diferença num mundo em que as diferenças não parecem mais tão marcadas.

Essa afirmação nos mobiliza e nos faz considerar se a mascarada não se torna ainda mais necessária nestes tempos em que a diferença parece cada dia mais instada a se reduzir. Quando questionada a partir desses elementos, parece-nos cada vez mais relevante entender a mascarada e seu jogo como estratégia resistente ao apagamento da diferença, justamente porque nesse momento se insinua um importante avanço no que tange à representatividade social da mulher em um mundo marcadamente falocêntrico.

Essa percepção, embora tentadora no que se refere à sustentação de um feminino reivindicador de um lugar social, não é capaz de responder/resolver a problemática do feminino, objeto de estudo da Psicanálise, sobretudo porque a distância entre as posições masculina e feminina não pode ser desconsiderada em nenhum estudo que tenha por premissa a ideia de que estas posições são elementos discursivos, ou seja, não existem foracluídas do discurso.

A partir do que é dito, a despeito de tantos anos que separam a contribuição de Riviere dos tempos atuais, pensamos que não se pode prescindir da mascarada, pois ainda hoje – e talvez ainda mais atualmente – é necessário marcar o lugar da feminilidade como construção particular legitimada pela diferença, é justamente isso que torna fracassada toda pretensão de significância de qualquer discurso sobre as mulheres e sobre a feminilidade.

É por ser aparato discursivo, aparato furado/falhado, que a mascarada se apresenta como recurso sempre prestes a concluir. Nenhum discurso petrificado, como o de Claudia, por mais que tente encontrar um lugar de legitimidade social para o feminino, será suficiente para resolver a questão do (des)encontro, tanto no que diz respeito ao outro sexo, como no que tange às vicissitudes da feminilidade.

Tem-se que o eterno do feminino corresponde menos a uma versão específica do feminino, resistente ao tempo e aos contextos sociais que se sucedem e mais ao saber fazer com a letra e com o significante que supostamente diz sobre a feminilidade. Isso nos faz supor que a quantidade de versões de feminino é diretamente proporcional às possibilidades de saber-fazer com a letra, com o discurso.

À guisa de conclusão, é possível pensar que mais importante do que investigar vestígios da mascarada imiscuída ao discurso, nas páginas de Claudia, foi interessante perceber de que maneira essa saída pela feminilidade é consequência do saber-fazer com a letra, definindo-se ela mesma como aparato discursivo. Essa compreensão da mascarada, de saída, distancia-nos

do apreço pelo conceito, pois permite o arejamento da noção de feminilidade como construção particular de cada falasser.

Diante de tudo que foi exposto, questionar a importância da mascarada na atualidade não parece mais interessante do que concebê-la como uma estratégia que, embora problemática, funciona ao promover uma forma de ex-sistência para a mulher. Dizer isso é compreender que essa antiga estratégia feminina nunca se tornará obsoleta, por mais que avancemos no campo das conquistas sociais.

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No documento UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO (páginas 193-200)