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5 METODOLOGIA

5.7 Instrumentos de coleta de dados

5.7.3 Exame clínico bucal

5.7.3.1 Condição de saúde bucal

Foi adotado um sistema de códigos (QUADRO 2) , construído a partir de aspectos da cavidade bucal que pudessem sugerir a presença de doença ou causar sensibilidade dolorosa e fossem comuns em crianças na faixa etária estudada. O código zero foi adotado para aqueles dentes que não apresentavam qualquer alteração ou problema e que, portanto, não se encaixavam nos códigos de um a 17.

QUADRO 2 - Códigos adotados para registro nos odontogramas

CÓDIGO CONDIÇÃO BUCAL

0 Sem alteração

1 Sangramento 2 Tártaro

3 Mudança de morfologia gengival

4 Condições inflamatórias agudas

5 Fístula

6 Mobilidade fisiológica

7 Dente em processo de erupção

8 Lesão cariosa envolvendo dentina – aguda 9 Lesão cariosa envolvendo dentina – crônica 10 Lesão cariosa envolvendo a polpa

11 Resto radicular

12 Traumatismo

13 Restauração inadequada

14 Distúrbio de formação dentária com perda de substância

15 Mobilidade patológica

16 Dente fora de posição na arcada

17 Ausência dentária

Os critérios utilizados para o diagnóstico dos problemas de saúde bucal foram anotados por dente e não por superfície, partindo da premissa de que o importante era ter ou não a condição, independente de sua localização. Segundo a OMS (1999), caso um dente permanente e outro decíduo ocupem o mesmo espaço dentário, somente a condição do dente permanente deve ser registrada. Porém, no caso desta pesquisa, foi anotada a condição do decíduo e do permanente, por ser a condição clínica de cada dente presente passível de causar dor.

Os critérios foram descritos da seguinte forma:

5.7.3.1.1 Condições dentárias:

ƒ Lesão cariosa envolvendo dentina – aguda: dente restaurado (restauração definitiva ou provisória) ou não, apresentando lesão cavitada em dentina (OMS, 1999), de coloração amarela à marrom clara e aspecto amolecido e úmido (Kramer et al., 1997).

ƒ Lesão cariosa envolvendo dentina – crônica: dente restaurado (restauração definitiva ou provisória) ou não, apresentando lesão cavitada em dentina (OMS, 1999), de coloração marrom escura à preta e aspecto duro e seco (Kramer et al., 1997).

ƒ Lesão cariosa envolvendo polpa: dente com lesão cavitada, restaurado (restauração definitiva ou provisória) ou não, que evidenciou comunicação com a câmara pulpar (OMS, 1999).

ƒ Resto radicular: dente com destruição coronária completa, com presença de raízes visíveis (OMS, 1999).

ƒ Traumatismo: dente com fratura de coroa, que tenha envolvido dentina ou polpa, sem evidência de cárie (OMS, 1999); dente com mudança de coloração da coroa, evidenciando processos degenerativos pulpares ou com deslocamento intrusivo, extrusivo ou lateral (com relato da criança sobre o trauma).

ƒ Restauração inadequada: dente com restauração definitiva, necessi- tando de reparo ou troca por fratura, margem deficiente, excesso ou falha no contorno, mas sem recidiva de cárie (OMS, 1999).

ƒ Distúrbio de formação dentária: dente com má formação dos tecidos mineralizados, ocorrida antes (origem hereditária ou congênita) ou depois do nascimento (fatores ambientais), que apresenta perda de substância com conseqüente exposição de dentina, sem presença de lesão cariosa (Shafer et al., 1987).

ƒ Mobilidade patológica: dente totalmente erupcionado, fora do período fisiológico de esfoliação, apresentando mobilidade patológica de origem endodôntica, periodontal ou ainda por traumatismo (luxações ou por fratura radicular) (Guedes-Pinto, 1995; Costa, 2000).

ƒ Dente fora de posição na arcada: más posições individuais dos dentes, como giroversões e transposições (OMS, 1999).

ƒ Ausência dentária: espaço referente a um dente previsto para estar presente, considerando a idade da criança e a cronologia de erupção dentária, mas não é visível qualquer porção de sua coroa ou raiz (Auad,1999; OMS, 1999). Para efeito de classificação, este código incluiu dentes ausentes (esfoliação fisiológica, agenesia) e perdidos (por cárie, traumatismo, extraído com fins ortodônticos, etc.), pois foi considerada a dor nos dentes vizinhos ao espaço, por estarem sofrendo sobrecarga de função ou a dor na gengiva local, durante a mastigação.

5.7.3.1.2 Condições da dentição:

ƒ Mobilidade fisiológica: dente que se encontra em período de esfoliação, processo fisiológico pelo qual os dentes decíduos são eliminados para cederem lugar à dentição permanente (Toledo, 1996).

ƒ Dente em processo de erupção: dente que se encontra no período compreendido entre o rompimento do epitélio bucal até antes do

estabelecimento do contato com o dente antagonista (período eruptivo do processo de erupção dentária) (Toledo, 1996) ou apresentando distúrbios locais de erupção (gengivite, cisto ou hematoma de erupção) (Walter et al., 1996).

5.7.3.1.3 Condições periodontais:

ƒ Sangramento: dente com sangramento espontâneo ou provocado por tato ou pressão durante o exame clínico. O sangramento gengival é um sinal precoce e consistente de inflamação (Costa, 2000). A gravidade do sangramento e a facilidade com que ele é provocado dependem da intensidade da inflamação. Sangramento gengival anormal pode ocorrer em casos de inflamação crônica, a partir de estímulos geralmente inócuos, como mastigação ou pressão (Carranza & Newman, 1997). Sangramento espontâneo e provocado por um leve toque pode ocorrer em casos de inflamação aguda (Lindhe,1999).

ƒ Tártaro: foi considerada a presença de tártaro visível, sub ou supragengival. O tártaro é o fator retentivo de placa mais importante e sua presença torna impossível a remoção da placa, impedindo uma higienização adequada (Lindhe, 1999), o que pode perpetuar uma inflamação.

ƒ Mudança da morfologia gengival: foi anotada qualquer mudança no contorno e posição gengivais normais, tanto em excesso quanto em falta (hiperplasia, hipertrofia, recessão, fissuras, etc.) (Carranza & Newman, 1997).

5.7.3.1.4 Condições da mucosa:

ƒ Condições inflamatórias agudas: foram enquadradas nesta classificação processos de origem endodôntica ou periodontal, como abscessos, pericementites, alveolites, gengivites como a úlcero-necrosante aguda (GUNA), pulpites, etc. (De Deus, 1986; Shafer et al., 1987).

ƒ Fístula: via de drenagem que se forma para o escape do pus formado durante o processo inflamatório crônico, consistindo em uma abertura puntiforme externa localizada na gengiva ou na pele (De Deus,1986).

ƒ Lesões de mucosa: será anotada a presença de qualquer tipo de lesão de mucosa, as quais foram classificadas em traumáticas (identificadas por meio de relato da criança), em estomatite aftosa recidivante (afta) e herpes, lesões comuns nesta faixa etária (Shafer et al., 1987; Flaitz, 1996). A opção “outras”, incluiu todas as lesões que não se encaixavam nas duas primeiras alternativas. Pela semelhança do aspecto clínico de muitas lesões e conseqüente impossibilidade de um diagnóstico diferencial preciso, já que não foi feito o levantamento de outras condições da criança (anamnese), algumas lesões não tiveram seu diagnóstico definido. Houve, contudo, o registro da presença do problema para efeito de encaminhamento para tratamento.

Foi realizado, também, o registro da presença de aparelho ortodôntico, fixo e/ou móvel, cujo uso é comum nesta faixa etária e é causa freqüente de dor, seja pela movimentação dentária, seja por lesão provocada na gengiva ou mucosa, a qual, estando presente, foi concomitantemente anotada no espaço apropriado.

5.7.3.1.5 Problemas ortodônticos

Apesar de não ser objetivo desta pesquisa um completo diagnóstico ortodôntico, pois necessitaria do auxílio de exames complementares e de um estudo mais aprofundado que, certamente, fugiria ao escopo deste trabalho, foi feito o seu registro no item “observações” da ficha clínica, pois alguns deles poderiam levar à sensibilidade dolorosa quando presentes (Araújo, 1988; Moyers, 1991).

Mantendo-se a pesquisadora assentada e a criança em pé à sua frente, foram analisados os seguintes itens, de acordo com Serra-Negra (1997):

ƒ Apinhamento ou falta de espaço nos arcos – dentes presentes encavalados/apinhados; dente em processo de erupção com pouco ou nenhum espaço para ocupar no arco

ƒ Desvio de linha média – com os dentes ocluídos, considerando-se normal uma linha imaginária que saísse da papila entre os incisivos centrais superiores até a papila entre os incisivos centrais inferiores, não havendo coincidência desta linha nos dois arcos, esta foi considerada desviada.

ƒ Mordida cruzada posterior – quando as cúspides vestibulares dos dentes posteriores superiores ocluíam nos sulcos oclusais dos inferiores.

ƒ Bruxismo – desgaste anômalo dos dentes decíduos e/ou permanen- tes, com exposição de dentina.

ƒ Trespasses – medidos com marcação em palitos de picolé, considerados normais até a medida de três milímetros e classificados em:

1) Horizontal

a) Sobressaliência – excessivo trespasse horizontal, estando os superiores à frente dos inferiores

b) Mordida cruzada anterior – presença de contato entre os dentes anteriores e posteriores, porém com cruzamento da região anterior

2) Vertical

a) Sobremordida – sobreposição excessiva dos incisi- vos superiores em relação aos inferiores

b) Mordida aberta anterior – falta de contato entre os dentes anteriores, estando os posteriores em oclusão

3) Relação de topo - quando a medida dos trespasses fosse igual a zero , e os dentes anteriores apresentavam o bordo incisal superior em contato com o bordo incisal antagonista.