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Condicionantes gerais ou exógenas

2. Análise crítica dos resultados

2.1. Análise inferencial univariada

2.1.1. Condicionantes gerais ou exógenas

Entende-se por condições gerais ou exógenas aquelas que derivam de fatores conjunturais externos ao quotidiano íntimo das famílias: a tomada de decisão na envolvente da vida familiar; a necessidade de deslocação e transporte; a disponibilidade da oferta e sua perceção valorativa; a recolha de informações pertinentes ao processo de seleção e escolha. A análise incidirá na ação do decisor no processo de seleção e nas condicionantes da escolha da escola. Para tal agruparam-se os itens da 1ª sub-parte – itens n.º 10 a 18 – da 2ª parte do inquérito, conforme tabela subsequente.

Tabela 10 Inquérito: parte II – Processo de seleção e de escolha da escola

1. A decisão 10. Quem tomaria a decisão de escolha da escola na família? 2. As condicionantes

a) Fontes

13. Quais as fontes de informação que a família procuraria sobre as escolas de interesse?

14. Quem procuraria para solicitar indicações e referencias sobre a(s) escola(s)?

b) Instituição

i) Setor

11. Na tomada de decisão privilegiaria como mais conveniente o ensino… (transformação em… Setor de ensino)

12. Na tomada de decisão privilegiaria como mais conveniente o ensino de raiz… (transformação em… Ensino de raiz)

ii) Localização

15. No processo de escolha da escola, o fator referente à localização seria relevante?

16. No processo de escolha da escola, procuraria uma instituição… c) Residência

i) Localização

17. Habita em zona…

18. A zona habitacional limita a sua capacidade de seleção/escolha da escola?

Os resultados da avaliação pessoal dos respondentes sobre quem tomaria a decisão da escolha, que tipo e que matriz de ensino seria mais conveniente, quais as fontes de informação sobre as escolas de interesse, quem a família procuraria para solicitar informações//indicações, e a se a localização da escola seria ou não um fator relevante são apresentadas na tabela 11. Por comodidade de leitura e análise dos resultados transpõe-se igualmente para a forma gráfica esta mesma informação.

Tabela 11 – Análise inferencial univariada

Parte II: Perante a possibilidade de livre escolha da escola do(s) seu(s) educando(s)…

10. Quem tomaria a decisão de escolha da escola na família? 212 157%

A Mãe 81 60,0%

O Pai 79 58,5%

Os pais com o(a) filho(a) 48 35,6%

Outrem 4 3,0%

11. Na tomada de decisão privilegiaria como mais conveniente o ensino… 134 99,3%

Público (estatal) 100 74,1%

Privado 34 25,2%

12. Na tomada de decisão privilegiaria como mais conveniente o ensino de raiz… 134 99,3%

Laica 30 22,2%

Confessional (religiosa) 59 43,7%

Indiferente 45 33,3%

13. Quais as fontes de informação que a família procuraria sobre as escolas de interesse? 152 113%

Referência /rankings 36 26,7%

Contacto directo 90 66,7%

Internet /materiais impressos 26 19,3%

Outras 0 0,0%

14. Quem procuraria para solicitar indicações e referencias sobre a(s) escola(s)? 154 114%

Familiares /Amigos 120 88,9%

Colegas de trabalho 31 23,0%

Outrem 3 2,2%

15. No processo de escolha da escola, o factor referente à localização seria relevante? 135 100%

Sim 115 85,2%

Não 20 14,8%

16. No processo de escolha da escola, procuraria uma instituição… 135 100%

Próxima de casa 70 51,9%

Próxima do local de trabalho 13 9,6%

No trajecto de casa e/ou do local de trabalho 32 23,7%

Outra 20 14,8%

17. Habita em zona… 134 99,3%

Urbana 54 40,0%

Periferia urbana 43 31,9%

Rural 37 27,4%

18. A zona habitacional limita a sua capacidade de selecção/escolha da escola? 133 98,5%

Sim 38 28,1%

Não 95 70,4%

A análise do gráfico n.º 18 demonstra que a decisão de escolher a escola, na sua larga maioria, é tomada pelos pais, eventualmente em conjunto atendendo à paridade de resultados, – a mãe com 60,0% das decisões dos respondentes e o pai com 58,5% destes.

Verifica-se que essa seleção//escolha com a participação da mãe e/ou do pai, é a forma mais utilizada pelas famílias, atingindo os 138,5%71 – sinal evidente de multirrespostas às alternativas apresentadas. Este resultado mostra a importância da decisão conjunta sobre o

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É possível selecionar, no questionário, mais de uma caixa de verificação, pelo que as percentagens podem somar mais de 100%.

futuro dos filhos, o que atenua algo que se pensava há algum tempo atrás ser uma função atribuída apenas às mães, que nesta variável é representada por 60,0%. Assim, se são efetivamente as mães que comunicam com a escola, já no que concerne às decisões ou preocupações dos pais parecem destacar-se mais no seio íntimo da família, o seu “inner

circle”, que nesta variável é representada por 58,5%.

60,0% 58,5% 35,6% 3,0% 0% 45% 90% A Mãe O Pai Os pais com o(a)

filho(a) Outrem

10. Quem tomaria a decisão de escolha da escola na família?

Gráfico 18

De realçar a opção de decisão partilhada com o(s) filho(s) (afinal, o(s) usufruidor(es) final(is) da decisão tomada em conjunto, com 35,6% respondentes. Esta constatação importa destacar pois a assunção decisória partilhada de pais e filhos na escolha da instituição de ensino é um facto que as escolas deverão levar em conta, preocupando-se em criar materiais informativos focados na família como um todo, podendo até oferecer algo diferenciado e específico para as crianças e os jovens. Outro aspeto relevante é preparar um ambiente apropriadamente acolhedor para receber este “público”72, no caso de um contacto personalizado, com a

expertise e qualificação exigível aos meios humanos afetos. Residualmente, com 3,0% de

resposta, surgem EEs, que não os pais, em coerência com a informação anteriormente explanada no gráfico n.º 18.

Sempre no intuito de aquilatar as vontades das famílias, resulta da análise do gráfico n.º 19 sequente a clara opção das famílias (74,1%) pelo ensino público estatal, com uma franja ainda apreciável de 25,2% dos respondentes a optar pelo sistema de ensino privado. Este valor suplanta a real inserção deste setor de ensino e o seu contributo para o sistema de ensino

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português que se cifra em cerca de 18% (ver capítulo I – 2.2 Sistema privado). A oferta não concorda com a procura.

De acordo com o gráfico n.º 10, a faixa etária preponderante de EEs, com 83,0%, situa-se entre os 30 e os 50 anos, portanto tendo as suas vivências mais marcantes decorrido já num Portugal democrático, mas ainda muito marcado pela herança sócio-política da Revolução de abril no que concerne à propriedade – material ou intelectual – e do espaço de ação e de intervenção da dita sociedade civil, onde o sistema privado de ensino se poderá inserir.

25,2% 74,1% 0% 25% 50% 75% Público (estatal) Privado

11. Na tomada de decisão privilegiaria como mais conveniente o ensino…

Gráfico 19

Herança que representa uma visão comunitária (não de comunidade) da sociedade, imbuída de uma superioridade conceptual do modelo social, vulgarmente denominada de “complexo de esquerda”.

Mas se na análise anterior a larga maioria de respondentes optaria pelo sistema de ensino público, não deixa de se encontrar uma situação algo contraditória, mesmo discordante, pela observação dos resultados obtidos do gráfico n.º 20 sequente. Pela sua análise verifica-se que a maioria das famílias (43,7%) privilegia o ensino confessional, de índole religiosa, que acrescida das famílias indiferentes (33,3%) à opção a tomar, que não são opositores a um ensino com essa matriz religiosa, resulta uma percentagem conjunta de 77,0% de respondentes. Mas o estado português é, por natureza, laico!

A diferença percentual da opção “laica” (22,2%) em relação à opção “indiferente” (33,3%) permite inferir que na raiz do ensino além de uma ética, que é do foro social, aceita-se (privilegia-se) uma moral, que é do foro pessoal.

22,2% 33,3% 43,7% 0% 15% 30% 45% Laica Confessional (religiosa) Indiferente

12. Na tomada de decisão privilegiaria como mais conveniente o ensino de raiz…

Gráfico 20

Exige a transparência da análise produzida que igual ponderação percentual se poderá fazer entre a opção “indiferente” com a opção da escola laica. A percentagem agrupada assim obtida é de 55,5% dos respondentes. Constata-se que a maioria agora formada (55,5%) é menos “robusta” que a referida anteriormente (77,0%). Também se constata que essa maioria é aquela que já vigora no terreno com 82% da oferta, representando o contributo do sistema de ensino público estatal. De novo, a oferta não concorda com a procura.

Uns por opção, outros por inação poder-se-á permitir, acreditar-se, extrapolar, sem exaltação ou regozijo despropositado, para a existência de uma ampla maioria da população que apoia e simpatiza com a variedade de propostas letivo-pedagógicas no de sistemas de ensino em Portugal.

Numa perspetiva de “fora para dentro”, na obtenção de informação pertinente e relevante de suporte ao processo decisório das famílias na seleção e escolha da “sua” escola, observa-se da análise do gráfico n.º 21, que as opções a tomar tomadas serão múltiplas com predomínio do contacto direto.

Eventualmente este contacto ocorreria após consulta e estudo das fontes informais, sugeridas no questionário, como demonstra uma distribuição percentual de respostas superior a 100%. Assim, como primeiras fontes de informação sobre as escolas de interesse, constata-se que ⅔ dos respondentes optariam pelo contacto direto com as instituições de ensino pretendidas.

26,7% 66,7% 19,3% 0,0% 0% 20% 40% 60% 80% Referência /rankings Contacto directo Internet /materiais impressos Outras

13. Quais as fontes de informação que a família procuraria sobre as escolas de interesse?

Gráfico 21

A variável contacto direto é o fator mais relevante, representado por 66,7% dos respondentes. A partir dessa informação, constata-se que será de grande importância para as instituições direcionar profissionais específicos e capacitados com total conhecimento sobre os serviços oferecidos, que possam atender de forma clara e eficiente o seu “público estratégico” – as famílias – que procuram informações (e soluções) factuais e independentes da forma de comunicação.

No entanto as famílias também optariam por fontes de informação informais como

internet//flyiers (19,3%) ou referências//rankings (26,7%), como meio de preferência para

eventual primeira abordagem sobre as escolas da sua conveniência.

Esta situação deverá ser levada em consideração pelas instituições de ensino, que precisarão de dar atenção à forma como se relacionam com os seus “públicos estratégicos”, alunos, pais, comunidade, e os seus “públicos operacionais”, imprensa, fornecedores, entre outros, pois qualquer uma desses poderá ser uma futura fonte privilegiada de informação, indicando ou recomendando a escola.

Na suposição que nem todos os pais têm o hábito de usar a internet (ou mesmo ter acesso privado) e que nem todos os sítios de iniciativa das escolas têm links ou espaços direcionados a este público, com informações e dúvidas mais frequentes, poder-se-ia sugerir uma especial atenção aos meios formais de marketing do projeto escolar pretendido divulgar.

Também numa perspetiva de “dentro para fora”, na obtenção de informação pertinente e relevante de suporte ao processo decisório das famílias na seleção e escolha da “sua” escola, observa-se da análise do gráfico n.º 22, que as opções tomadas serão múltiplas com

predomínio do aconselhamento ou pareceres de familiares ou de amigos. Igualmente este tipo de contacto, em particular, ocorrerá após consulta ou “conversa” com colegas de trabalho ou outros” como demonstra uma distribuição percentual de respostas superior a 100%.

Os familiares e amigos, com um expressivo valor de 88,9%, serão as pessoas mais procuradas para se solicitar indicações e referências sobre as escolas-alvo, como se observa no gráfico n.º 22. Acredita-se que as famílias procurariam os amigos do mesmo círculo social, que eventualmente também já passaram por essa experiência de seleção e de escolha, possuindo algum conhecimento sobre as instituições de ensino desejadas. Ou, então, teriam conhecimento de quem já teve essa mesma experiência.

A opção pela recolha de informação e/ou aconselhamento junto dos colegas de trabalho (23,0%), segue o padrão de comportamento desenvolvido para os amigos, pois à falta física ou de conhecimentos destes, procura-se respostas junto de alguém mais próximo e confiável.

23,0% 2,2% 88,9% 0% 30% 60% 90% Familiares /Amigos Colegas de trabalho Outrem

14. Quem procuraria para solicitar indicações e referencias sobre a(s) escola(s)?

Gráfico 22

Os colegas de trabalho, pelo contacto assíduo e pelas relações pessoais desenvolvidas, surgem assim como solução credível, refletindo uma situação atual vividas pelas famílias, em que os pais (e agora até os filhos, ver os horários escolares) passam grande parte do seu dia ativo fora de casa, fora do meio familiar. E os momentos vocacionados ao lazer, frequentemente, nas sempre presentes tarefas domésticas(!), longe dos amigos.

Residualmente 2,2% de respondentes procura outras pessoas que não os casos mais tipificados propostos no questionário.

O evidente destaque da importância da informação prestada por familiares deverá levar a escola a direcionar também o seu investimento promocional em ações de relacionamento com

extensão a outros familiares próximos – destaca-se os avós. Assim como atividades focadas em ex-alunos, que poderão ser futuros pais decisores ou fontes de informação para decisões. No processo de seleção e escolha da escola, após a fase inicial de recolha de informação pertinente, o fator localização da escola é muito relevante para as famílias como se observa da análise do gráfico n.º 23, no qual 85,2% dos respondentes assim o afirma, contra uma reduzida percentagem de respondentes (14,8%) que consideram este fator não relevante ou, supõe-se, não perturbador do quotidiano familiar.

Eventualmente, como se constata no gráfico n.º 25, no qual 71,9% dos respondentes habita em zona urbana ou na sua periferia próxima, esta franja de população usufrui de redes de transporte público ou privado ou opta por transporte próprio.

85,2% 14,8% 0% 15% 30% 45% 60% 75% 90% Sim Não

15. No processo de escolha da escola, o factor referente à localização seria relevante?

Gráfico 23

Na conjugação de respostas do gráfico n.º 22 e do gráfico n.º 23, infere que se a localização da escola é um fator relevante, a limitação da capacidade de escolher devido à localização da habitação de família não o é, como se deduz da percentagem de 70,4% de respondentes. Nesta inquirição, contudo, uma franja ainda apreciável, com 28,1%, assume essa limitação.

28,1% 70,4% 0% 15% 30% 45% 60% 75% Sim Não

18. A zona habitacional limita a sua capacidade de selecção/escolha da escola?

O que não é de estranhar pois está em concordância, conforme gráfico n.º 25, com os respondentes (27,4%) que habitam em zonas rurais. Esta concordância também se estabelece nos respondentes que não sentem limitações devido à zona onde habitam (70,4% – gráfico n.º 23), pois constata-se, de acordo com o gráfico n.º 25, que 71,9% dos respondentes habita em zona urbana ou na sua periferia próxima, onde eventualmente existe um sistema de transporte público municipal ou redes de transporte privadas minimamente eficientes e atrativas.

Tendo ainda presente que 85,2% dos respondentes assume a relevância da localização da escola da sua preferência, serão essencialmente estas famílias que maioritariamente (51,9%) privilegia a localização da escola perto de casa ou no trajeto local de trabalho//trajeto de

casa (23,7%) ou então na área onde exerce a sua atividade profissional (9,6%). De constatar

um comportamento muito consentâneo com as disposição legal em vigor – que já foi um forte avanço em relação ao imobilismo da situação anterior onde apenas e só(?!) se poderia realizar a matrícula sob o critério residencial – que não chega ou satisfaz.

40,0% 31,9% 27,4% 0% 15% 30% 45% Urbana Periferia urbana Rural 17. Habita em zona… Gráfico 25

A não opção das situações anteriormente referidas, com 14,8% de respondentes, está em concordância com os respondentes que de acordo com o gráfico n.º 23, responderam que a zona de localização da escola não seria relevante no processo decisório de seleção e escolha. O que poderá demonstrar que haverá famílias que não se importam em procurar escolas fora de sua região.

51,9% 9,6% 23,7% 14,8% 0% 15% 30% 45% 60% Próxima de casa

Próxima do local de trabalho No trajecto de casa e/ou do local de

trabalho

Outra

16. No processo de escolha da escola, procuraria uma instituição…

Gráfico 26

A informação sobre a preferência da escola próxima da residência da família reforça a importância da instituição de ensino possuir um bom relacionamento com a comunidade local envolvente, que pode ser realizado e potenciado através de eventos especiais, notificações sobre acontecimentos da instituição que possam afetar a rotina, como reformas ou festividades, enfim, ações que intensifiquem esta relação e ajudem a construir uma boa imagem da “instituição escola”.

As famílias que procuram a sua escola no trajeto casa-trabalho-casa, provavelmente o fazem pela facilidade de locomoção e de economia de tempo que esta localização proporciona. Também no caso das pessoas que procuram a escola próxima ao seu local de trabalho, se supõe que o fazem pelas razões invocadas no caso anterior ou mesmo porque os pais desejam ficar próximos de seus filhos caso haja alguma necessidade ou eventual problema.